PAIXÃO, INVEJA E CONQUISTA

Quando Abril chegou, a neve já havia derretido nos jardins de Hogwarts, e lentamente as flores começavam a brotar, anunciando o início da primavera, a mais romântica das quatro estações. Pelo menos assim parecia ser para Severo Snape(?!!). Há muitos anos ele não percebia o quanto a mudança das estações poderia mexer com as emoções e os sentidos das pessoas. Mas agora, ele conseguia notar esse pequeno milagre. Ele esforçava-se para ser um pouco mais sociável e extrovertido. O nome de tal mudança radical? Lyra Black, a mulher que tomava conta do seu corpo e mente . Os únicos momentos em que não se perdia em devaneios, ansiando pela chegada da noite quando finalmente poderiam ficar a sós, eram suas aulas. Pelo menos seus alunos não teriam desculpas para aprontarem me suas aulas. Severo Snape continuava a ser o mesmo professor chato e ranzinza.

Mas eram as horas que passava com Lyra que o transformavam, e ele quase voltava a ser o Severo adolescente, apaixonado, quando poucas coisas realmente o preocupava. Todas as noites, quando todos já estavam recolhidos aos seus dormitórios, Snape subia da masmorra para o quarto andar, e batia discretamente no terceiro quarto do enorme corredor...e ali passava as melhores horas do dia, nos braços da mulher que estava transformando a sua vida.

- Severo? - murmurou Lyra, certa manhã , sonolenta, apoida no peito de Snape, que a acariciava carinhosamente.

- Hum?

- Você promete que sempre vai tomar cuidado? Não deixar que nada aconteça com você?

Snape beijou-a nos cabelos, e perdeu-se nos seus belos olhos azuis.

- Por que esse medo agora?

- Eu tenho medo de perder você...de te descobrirem.

- Você me surpreende a cada dia, Lyra. Você já viveu tanta coisa, que supus que a palavra medo estava riscada do seu vocabulário.

- Não consigo ser fria a esse ponto, Severo. Eu tenho medo sim, de muitas coisas...eu ainda consigo me lembrar de como eram aqueles dias...e não quero te perder porque te amo.

As últimas palavras de Lyra fizeram com que Snape ficasse mudo por uns instantes. Ela era a primeira a lhe dizer isso, em palavras tão claras. Tocou o seu rosto pálido, e a puxou para si, numa resposta a altura da declaração que acabara de receber.


Edwiges entrou imponente pelo salão principal, numa ensolarada manhã de Abril, trazendo no bico uma carta . Harry esperou ansioso que a coruja pousasse diante de si, mas a bela ave pousou no colo de Vívian, sentada poucas cadeiras depois de Harry. A garota desdobrou o pergaminho, e logo reconheceu a letra apressada de seu pai.

Vivian,

O bebê nasceu essa madrugada, é uma menina, e resolvemos lhe dar o nome de Diana, o que você acha? Sua mãe está passando bem, e lhe mandou um beijo. Avise o Harry, sim? Sua tia também está recebendo uma carta.

Beijos do seu pai

S. Black

Vívian demorou um tempo para perceber o que aquelas linhas significavam...ela acabava de ganhar uma irmã, mas não conseguia se empolgar muito com a notícia. Fez um sinal para Harry, e lhe entregou a carta. O garoto a leu, com Gina acompanhando por cima do seu ombro.

- Que bom, Vívian, outra menina. Seu pai deve estar bastante orgulhoso, não? - Gina comentou, sorrindo. No entanto, não percebeu que Vívian não estava compartilhando daquele momento como todos. Pegou a carta novamente, pediu licença e saiu do salão.

- Eu disse alguma coisa de errado? - Gina perguntou a Harry, que sacudiu a cabeça negativamente.

- Ela deve estar confusa, sei lá - Harry beijou-a levemente, e pegou a mochila - até mais.

Harry desceu as escadas para as masmorra, onde teriam aula de Poções, acompanhado de Rony e Hermione, que ainda comentavam a estranha reação de Vívian. Neville vinha logo atrás, indeciso.

- Acho que vou procurar a Vívian, ver se ela precisa de ajuda.

- Você ficou louco? Nós temos aula com o Snape, Neville. Só a Vívian mesmo é louca o suficiente para se atrasar para a aula de Poções - comentou Hermione, indignada.

- Será que você não pode dar uma folga, Mione? A Vívian tem todos os motivos para ser meio louquinha, ela não teve uma vida muito fácil - comentou Rony - Ai, Harry, pára de me cutucar...

Harry indicou Malfoy parado à porta da sala de aula, a cara debochada de sempre, prestando atenção em cada palavra dos três.

- A pirralhinha não vai assistir aula, hoje? O que aconteceu, está emocionada com o nascimento do bebê?

- Por que você não vai cuidar da sua vida, Malfoy ?

Antes que Draco pudesse responder qualquer coisa, Snape se adiantou pelo corredor. O garoto não estava muito disposto a arrumar uma briga debaixo do nariz do professor, mesmo que esse nunca descontasse pontos da Sonserina.


Vívian sentara-se numa poltrona, diante de Lyra, e mesmo com essa dizendo para procurá-la na hora do almoço, a garota não saiu da sala enquanto não conseguisse falar tudo o que estava entalado na sua garganta.

- Qual o problema com a sua irmã?

- Eu não sei dizer, mas eu estou incomodada. Quando eu chegar em casa, vai ter um bebê no meu quarto, o meu pai vai pegá-la no colo quando ela chorar, vai dar papinha - Lyra então entendeu o queVívian estava sentindo. Apesar da idade, ela sentia ciúmes da irmã, ciúmes de algo que ela nunca tivera quando bebê.

- Você vai ter que aprender a conviver com isso, Vívian. Ao invés de tentar imaginar como teria sido se você tivesse crescido em companhia do seu pai, você deve estreitar cada vez mais os seus laços, confiar no amor que , eu tenho certeza, vocês sentem um pelo outro.

Ficaram em silêncio por alguns instantes, Lyra aflita pelo atraso da sua aula. Mesmo assim, ainda teve tempo de entregar uma carta para a sobrinha.

- Eu escrevi para uma amiga minha, de Boston, sobre o seu caso...aquelas visões que você tem.

- E ela descobriu o que pode ser?

- Segundo o que ela me contou, você tem uma espécie de dom, que existe até mesmo entre os trouxas, embora num nível muito inferior. Você, através dos seus poderes, consegue captar as emoções de pessoas muito ligadas a você. Dependendo do lugar, e da intensidade de energia ali depositada por essas pessoas - no seu caso seu pai e sua mãe.

Vívian deu uma lida na carta, escrita para ela mesma, pela tal amiga de Lyra, Patricia Campbell.

- Ela escreveu essa carta somente para você. Leia com atenção e carinho, a Patty é uma pessoa muito sensata e inteligente, e está disposta a lhe ajudar. Agora, por favor, vá para a sua aula, aliás, nós duas estamos atrasadas.


Com o passar das semanas, a proximidade dos exames tornava o ambiente em Hogwarts tenso e carregado. Viam-se poucos alunos à toa pela propriedade, sendo mais fácil encontrá-los nas suas casas, ou estudando na biblioteca. Para os alunos do quinto ano, a situação tornava-se ainda mais séria, visto que estavam se preparando para prestar os N.O.Ms.

Harry não sabia se estudava para os exames, ou se preparava para a final do campeonato de quadribol, contra a Sonserina. Sabia que precisava tirar boas notas, se quisesse um bom emprego quando se formasse. Mas por mais que se esforçasse, não conseguia pensar em carreira alguma senão a de jogador de quadribol. Essa idéia simplesmente horrorizava Hermione.

- Você tem muito potencial, Harry, poderia ser o que quisesse. Auror, por exemplo.

- Auror? Não, muito obrigado, Mione, mas eu não tenho a mínima vontade de sair por aí, arriscando minha vida.

- Então você prefere passar a vida fugindo de balaços?

- Hermione, quer parar de implicar com o Harry? - Rony bocejou, ameaçando dormir sobre os livros.

- Aposto como você ainda não sabe o que quer fazer da vida , Rony.

- Não sei mesmo. Tenho muito tempo para pensar nisso. Por enquanto, quero curtir a vida, estudar o suficiente para passar de ano.

- Como você consegue ser tão, tão...relaxado?!!

- Relaxado? Mione, se liga. Você é quem leva sempre tudo a sério, preocupada com notas, suas tarefas como monitora. Tente relaxar de vez em quando.

Rony guardou os livros na mochila, e subiu irritado para o dormitório. Hermione ficou pensativa, e encarou profundamente os olhos de Harry.

- Você também acha que eu preciso...relaxar?

- Você precisa se apaixonar um pouco, Mione - disse Harry, sorrindo.

Hermione observou o amigo juntar o material, atravessar o salão para se despedir de Gina com um beijo de boa-noite. No fundo, sentiu falta de um pouco de carinho, gostar de verdade de alguém...mas quem seria essa pessoa?


Conforme se aproximava o dia da final da Quadribol, o clima em Hogwarts tornava-se cada vez mais tenso e carregado. Todos sabiam que Grifinória e Sonserina jamais jogavam limpo, o que aumentava as especulações sobre o jogo e quantos jogadores sairiam machucados daquela vez.

A Grifinória treinava cada vez mais intensamente, à medida que o dia do jogo estava mais perto. Harry era o que mais se esforçava, permanecendo durante horas no campo, tentando diminuir cada vez mais o tempo de captura do pomo. Invariavelmente, era Gina quem ficava ao lado de Harry, arremessando o pomo, para que o namorado o pegasse.

- Você não acha que está exagerando? - Gina bocejou, ao arremessar o pomo pela enésima vez .

- Eu...preciso...diminuir...meu... tempo...- Harry saiu veloz, em busca do pomo. Voltou três minutos depois, com a pequena bola entre os dedos, sorrindo satisfeito - Viu?

Harry pousou no campo e guardou o pomo juntamente com as outras bolas.

- Podemos voltar então?

- Quem ouve você falar assim, pensa que não está nem um pouco a fim de ficar aqui...- o garoto sorriu, segurando Gina pela cintura e beijando-a deliciosamente na boca - eu tive uma ótima idéia .

- Qual?

- Quer dar uma volta de vassoura? - Harry indicou a firebolt com a cabeça - que tal?

Instantes depois, Harry e Gina decolavam na firebolt, margeando as árvores da Floresta Proibida. Gina agarrava-se firmemente à cintura de Harry , encostando seu rosto nas costas do garoto. Harry, então, virou sua cabeça, e buscou a boca de Gina, beijando-a . E assim permaneceram por um tempo que pareceu infinito para ambos.

O que ambos não sabiam era que estavam sendo atentamente vigiados.


Harry entrou em campo já sentindo a costumeira dor de barriga que antecedia cada jogo, principalmente contra a Sonserina. Não havia como negar, mas os sonserinos eram os seus maiores adversários, e ele sabia bem disso.

Draco Malfoy mantinha a expressão fria de sempre, zombando dos adversários com o olhar, principalmente ao contemplar as velhas vassouras dos Weasley. Mas foi em Harry que se deteve por mais tempo, uma estranha fúria misturada ao desesperado desejo de provar que era melhor apanhador que o famoso Harry Potter.

Quando Madame Hooch apitou, Harry procurou subir o mais rápido possível, tentando deixar Malfoy para trás. No entanto, a tática de Draco parecia ser colar em Harry, vigiando todos os seus movimentos. Foi então que Harry viu o pomo, e imprimiu maior velocidade, sempre com Malfoy atrás. Fred disparou um balaço, que passou cortando por debaixo da vassoura de Harry, acertando a Nimbus 2001 de Malfoy. Quando Harry pensou que o pomo estava ao seu alcance, sentiu o balaço acertá-lo em cheio no ombro direito.

- Seu filho da ...- Jorge disparou novamente o balaço, enquanto Angelina pedia tempo.

- Tá ok, Harry? A pancada foi feia.

Harry levantou o ombro, fazendo uma careta, mas aparentemente não tinha nenhum osso quebrado.

- Ok, dá pra continuar ...- Harry olhou na direção de Malfoy, que ria desdenhosamente - eu já sei o que vou fazer em relação ao Malfoy.

O jogo recomeçou, ainda mais violento. Num espaço de quinze minutos foram tantos balaços voando de um lado para outro, jogadores agarrando as vassouras dos adversários, que Madame Hooch não fazia outra coisa senão marcar faltas para os dois times.

Das arquibancadas, Rony, Hermione , Vívian, Neville e Hagrid acompanhavam cada movimento de Harry, já aflitos com demora da captura do pomo. Mione parecia a mais nervosa, roendo doidamente as unhas.

- O que o Harry está fazendo, ele localizou o pomo? - Hagrid cutucou Rony nervosamente, observando Harry pelo binóculo.

Do alto de trinta metros, Harry tomou a decisão mais arriscada até então. Não podia esperar mais, o braço inteiro doía e ele não tinha certeza quanto tempo ainda aguentaria. Quase na vertical, encarou uma rápida descida, a vassoura firme entre as mãos. Deu uma olhada, para se certificar que Malfoy continuava a segui-lo. Faltavam agora quatro, três, dois metros "vai ter que funcionar..." pensou desesperadamente...um metro e meio...Harry inclinou a vassoura , e começou a ganhar altura novamente. Agora podia ouvir a torcida da Grifinória hurrando, a Sonserina vaiando, e Malfoy meio abobado, o nariz sangrando , no chão. E , ao seu alcance , o pomo brilhando, esperando para ser pego.

A torcida levantou-se e aplaudiu Harry, soltando alegres faíscas vermelhas pelas varinhas. Harry pousou, ao mesmo tempo que todo o time, todos abraçados, a emoção de conquistarem a taça de Quadribol novamente.

Na plataforma onde se encontravam os professores, Lyra aplaudia animadamente, ao lado da Profª Minerva e Remo. Snape sorriu amarelo, e manteve-se sisudo, a boca tremendo nervosamente.

- Você não poderia ser menos parcial? - murmurou, mal-humorado.

- Não sabe perder? - Lyra zombou, divertida - Tenha um pouco mais de senso de humor, querido .

Dumbledore entregou a taça a Angelina, que a passou para os outros jogadores. Harry não sabia o que pensar, quando segurou o troféu em suas mãos. No fundo, uma vozinha o incentivava "siga o seu talento".


Sentado na janela do seu dormitório, Harry contemplava as sombras das árvores da floresta Proibida. Já era muito tarde, e ele deveria estar dormindo. No dia seguinte embarcaria para casa, dois meses de férias...o que mais o preocupava era o estranho ano que tivera. Nunca tantas coisas boas haviam acontecido em sua vida: a absolvição de Sirius, sair da casa dos Dursley e viver com seus padrinhos, o namoro com Gina, a segunda Taça de Quadribol. E não se metera em nenhuma confusão, o que aumentava ainda mais o seu sentimento de insegurança. Alguma coisa não cheirava bem, como se Voldemort estivesse a sua espreita, esperando o melhor momento para agir. E Harry sabia, que mais cedo ou mais tarde Voldemort tentaria matá-lo novamente.

O silêncio do quarto só era quebrado pelos roncos de Neville. Rony remexeu-se na cama, e entreabriu os olhos:

- Já é manhã? - resmungou.

- Não...são duas horas ainda.

- Hã ...- Rony virou-se na cama e voltou a dormir. Harry imitou o amigo, e deitou-se. Puxou as cortinas, e procurou sonhar tranquilamente com Gina.


Deitado na cama, ainda de pijamas, Snape observava Lyra fazer suas malas. Mordia os lábios, tentando conter a raiva e frustração que estava sentindo desde a noite anterior, quando ela lhe anunciara que iria passar boa parte das férias na casa de Sirius e Isabella.

Lyra por sua vez, resmungava em voz baixa frases aparentemente sem sentido.

- Vocês são dois idiotas...

- O que você está resmungando? - Snape levantara-se, e encarou Lyra furioso.

- Eu estou dizendo que você e o meu irmão são dois idiotas!!! - gritou, atrirando as malas sobre a cama.

- E o que você queria que eu fizesse? Lhe dissesse "sim, Lyra, vá, fique com o seu irmão, eu me viro para vender as passagens para um cruzeiro pelo Mediterrâneo,que eu comprei para nós dois"?

- Você está sendo egoísta. Eu ainda nem conheci minha sobrinha. Você podia ter me consultado antes de comprar essas passagens, saber o que eu estava planejando...

- Eu queria te fazer uma surpresa!! Coisa que eu nunca havia feito antes...

- Suas intenções foram as melhores, mas você não me avisou, eu tinha outros planos...- Lyra disse, e saiu da sala, as malas flutuando ao seu lado.

Snape parou no meio do corredor, ignorando a presença dos alunos que passavam apressados, se preparando para ir para casa. Ele viu Lyra afastar-se, e foi como se tivesse levado um soco no estômago. Ele tinha quase certeza que se a deixasse partir, aquele seria o fim.

- Lyra !!

Os dois se encararam, num misto de amor e raiva.

- Eu remarco as passagens, a gente viaja mês que vem...pode ser assim?

- Eu já lhe disse que você é um tolo? - ela lhe sorriu, e respondeu a pergunta com um beijo, em pleno corredor.


No tumulto que sempre se formava na estação King's Cross, Sirius aguardava ansioso a chegada de Harry, Vívian e Lyra. Finalmente os localizou na multidão, e acenou para que andassem depressa.

- Então, como vão?

- Estamos todos muito bem. - Lyra se apoiou no braço de Sirius animadamente, e começou a fazer um monte de perguntas sobre o bebê e Isabella, enquanto Harry e Vivian se despediam de Rony, Hermione, Gina e Neville.

- Você promete que vai passar parte das férias conosco novamente, Harry? - Gina estava praticamente pendurada no pescoço do namorado, agurardando ansiosamente a resposta.

- Eu só não iria se fosse louco - Harry ajeitou os cabelos de Gina, e lhe deu um beijo de despedida - eu te escrevo.

O carro de Sirius estava estacionado do outro lado da rua que dava acesso à estação. Harry e Vívian se acomodaram no banco de trás, e Lyra sentou-se ao lado do motorista.

- Então, quais as novidades de Hogwarts? - Sirius não parava de sorrir. Para Vívian, o pai parecia um bobo alegre.

- Continua tudo na mesma, Sirius. Quer dizer, esse ano foi um pouco estranho, não ocorreu nada de anormal. - Harry respondeu.

- Menos mal. Harry, eu já pedi para você não ficar pensando muito nesse assunto...

- Eu não fico pensando, isso simplesmente faz parte da minha vida.

Sirius, habilmente, mudou de assunto.

- Estou sabendo de uns namoros naquela escola, Srta Black, e gostaria de maiores detalhes...

Por um instante, Lyra ,que não percebera que Sirius na verdade se referia ao namoro de Vívian e Neville, teve um acesso de raiva. Virou-se para trás, e encarou a sobrinha:

- Eu te pedi, Vívian, para não contar nada ao Sirius, que depois eu calmamente explicaria...

- Mas eu não disse nada...

- Afinal, do que vocês duas estão falando?

- Você não pediu detalhes do meu namoro? - Lyra respondeu, confusa.

- Eu falei da Vívian...você está namorando? Quem? - perguntou, curioso.

Lyra hesitou. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que abrir o jogo com o irmão. "Mas que droga, eu ainda ajo como se fosse uma criança", pensou , irritada.

- Você resolveu dar uma chance para o Remo?

- Eu ainda tenho orgulho, Sirius. Não, eu estou namorando o Severo.


Sirius nunca conseguiu entender como conseguira dirigir até River Country, atravessar a praça e entrar com o carro na garagem de casa. Não trocou nenhuma palavra até entrarem em casa. Vívian e Harry, prudentemente, permaneceram em silêncio.

Só conseguiu sair daquele mutismo quando Isabella apareceu na sala, trazendo Diana nos braços. Sirius resolveu deixar a discussão que fatalmente teria com a irmã para mais tarde. Pegou a filha no colo, e a apresentou para Vívian, Harry e Lyra.

- Quero apresentar o restante da sua família, Diana. Sua tia Lyra, e os seus irmãos Vívian e Harry.

Surpreso, Harry virou-se para Sirius, mas o padrinho falara com tanta espontaneidade, que não percebera a reação do garoto.

- Você não quer pegar a sua irmã, Vívian?

Desajeitadamente, a garota recebeu Diana dos braços do pai, e a acomodou no seu colo. Só então reparou que a irmã tinha os cabelos negros, como os de Sirius. E os olhos azuis, a marca registrada dos Black. Lyra aproximou-se do bebê, e pegou na mãozinha delicada de Diana.

- Ela está dando muito trabalho, Bella?

- Menos que a Vívian. A Diana é mais tranquila, só chora quando está com fome.

Vívian não prestava atenção ao diálogo entre a mãe e a tia. Continuava a segurar Diana no colo, que agora sorria tranquilamente, observando todo o seu redor. Era uma sensação boa ter a irmã no colo, embora seus sentimentos ainda fossem confusos. E por mais que se esforçasse, e por maior que fosse o amor entre ambas, Vivian não conseguia encarar Diana sem sentir uma pontinha de inveja, muito bem guardada no seu íntimo e jamais revelada a ninguém.

Capítulo11...

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