A Renúncia

Uma multidão concentrava-se em frente ao Ministério da Magia, revoltada pela série de ataques da noite anterior, nas mais diversas regiões da Grã-Bretanha. Era uma cena inédita, nunca vista nem mesmo na época em que Voldemort estivera no apogeu de seus poderes.

Acuado em seu gabinete, Fudge assistia àquelas pessoas indignadas com as ações dos Comensais da Morte. Seu rosto permanecia impassível, mas interiormente sentia-se vencido, impotente. Nos últimos meses, havia aceitado o fato de que Voldemort realmente voltara, mas não admitiu que a população ficasse a par do assunto. Mesmo a invasão de Azkaban havia sido abafada, e o Ministério não justificou porque tirara o controle do presídio dos dementadores. Além disso, impusera uma rígida censura aos jornais.

Estava perdido em seus pensamentos quando Danyela McKinnon entrou em sua sala.

- O senhor mandou me chamar, Ministro?

- Ah, sim, Srta McKinnon. Por favor, mande alguns guardas acabarem com essa ridícula manifestação, sim? Agora vamos pegar a mania dos trouxas, de protestarem contra as instituições?

- Me desculpe, Ministro, mas não vou acatar suas ordens. Essas pessoas estão revoltadas, e têm motivo para isso. Nós nunca poderíamos ter ocultado a verdade dessa forma. A Sra Figg alertou o senhor...

- EU FIZ O QUE ERA CERTO!!!! E não vou aceitar que a senhorita critique o meu trabalho, todos esses anos de dedicação ao Ministério...

- ...que não impediram Voldemort de voltar ao poder. Sinto muito, Sr Fudge. Se o senhor quiser, dê as ordens aos guardas pessoalmente. - Danyela fez uma pausa - Quase me esqueci. Vamos ter uma reunião às dez horas, para decidir que rumo iremos tomar. A Sra Figg convocou todos os departamentos.


Nunca uma reunião como aquela havia sido tão tensa e conturbada. Todos os chefes de departamento estavam presentes, e discutiam entre si os ataques da noite anterior e a intensa manifestação que tomava conta da rua em frente ao prédio do Ministério. Aquela situação começava a se tornar crítica, pois não demoraria muito tempo para os trouxas perceberem o estranho aglomerado de pessoas num terreno baldio...

- Essas pessoas estão exagerando. Não houve nenhuma morte, pelo que eu saiba - resmungou Fudge.

- E o senhor acha que precisa de mortes para a situação ficar crítica, ministro? - emendou Mundungos Fletcher, mal-humorado - os Comensais da Morte fizeram um bom estrago, sim. A tragédia só não foi maior porque conseguimos reunir algumas informações vitais, poucos minutos antes dos ataques. Embora muitos de vocês não levem a sério o nosso serviço de espionagem, posso dizer que estamos trabalhando sério - encarou Sirius, irritado - aí está, Sr Black, uma lista com nomes de alguns envolvidos nos ataques. - disse, entregando o pergaminho para Sirius.

- Agora precisamos discutir o que fazer frente a essas pessoas que estão lá embaixo, esperando uma explicação. E a imprensa já está a postos, pronta para nos atacar se for preciso- Arabella levantara-se, encarando todos os presentes - minha proposta é abrir o jogo de uma vez por todas, e assumir que Voldemort voltou, e com força total.

- Você está ficando louca...COMPLETAMENTE LOUCA, Arabella? - Fudge levantou-se também, completamente insano - Você quer desestabilizar a nossa sociedade?

- Voldemort já se encarregou disso, Cornelio. Essas pessoas estão apavoradas. Elas têm o direito de saber.

- Mas eu não concordo, e não aceito. Precisamos abafar esse escândalo, mandar esses loucos para Azkaban e pronto. Problema resolvido.

Um silêncio constrangedor tomou conta da sala. Fudge parecia ter perdido a razão, e Sirius lembrou-se da noite da final do Torneio Tribuxo, quando o ministro reagira daquela mesma forma. Não imaginava, porém, que o ministro não mudara sua forma de agir.

- Arabela, o seu departamento já tem os nomes dos responsáveis pelos ataques, não? - Fudge perguntou, um pouco mais tranquilo. - Então capture-os e os mande para Azkaban o quanto antes. Acredito que isso encerra a questão. Agora, se os senhores me derem licença, vou providenciar para que esse arruaceiros parem com essa bagunça.


A idéia de Fudge para encerrar a manifestação não poderia ter sido pior. O ministro convocara vários guardas do Ministério para que estes espantassem as pessoas que ali estavam reunidas, usando os feitiços que julgassem necessários para isso. No entanto, a situação fugiu de controle, quando alguns jovens resolveram revidar. O que se viu foi uma verdadeira baderna.

- Era isso o que você pretendia, Cornelio? - Arabella invadiu o gabinete do Ministro, indignada - nos dividir ainda mais, nos enfraquecer?

- Eu perdi o controle, Arabella...perdi. - Fudge encarou a velha colega de ministério - tanto trabalho para isso. Eu não aguento mais!!

- O conselho acabou de se reunir, Cornelio. Eles estão votando o seu afastamento do Ministério...

- Não precisam mais se dar ao trabalho - entregou um pergaminho para Arabella - minha carta de renúncia.

- Isso é covardia. Você tem que ficar e lutar, provar para todos que você é capaz de controlar o caos...

- Você sabe que não é verdade, Arabella. Eu prefiro me retirar do Ministério, a ser responsabilizado pelo que está por vir.

Fudge deixou o gabinete, enquanto Arabella lia o conteúdo da carta, na qual o Ministro deixava o seu cargo a disposição. "Como você pôde ser tão fraco" - pensou, indignada. "Bem, hora de agir."

Arabella saiu do gabinete, disposta a interromper a reunião do conselho. Pressentia que mais uma grande mudança estava prestes a acontecer no Ministério novamente.


Já anoitecia quando Sirius aparatou exausto dentro do prédio do Profeta Diário. Se conhecia bem Isabella, num dia como aquele ela dificilmente já estaria em casa a uma hora daquelas. Ignorando os poucos jornalistas que ainda se encontravam na redação, Sirius seguiu direto à sala da esposa.

Isabella encontrava-se perdida num mar de pergaminhos e fotografias, espalhados por toda a sua mesa. As notícias ainda estavam desencontradas, e tudo o que sua equipe conseguira recolher estava ali, aguardando para serem publicadas na manhã seguinte.

- Isso são horas, Sra Black? - Sirius entrou na sala, fechando a porta atrás de si.- Não acha que está um pouco tarde? - Deu um beijo na esposa, e a encarou preocupado - você já não devia estar em casa?

- Devia, mas não consegui sair ainda...Sirius, o que está acontecendo? Eu sei que você tem ordens expressas para não dar nenhuma declaração à imprensa, mas estamos sendo pressionados, ainda teve aquela baderna em frente ao ministério...

- Ei, calma...vamos por partes? - Sirius fez uma pausa, para se certificar que ninguém mais estava ouvindo - O Fudge renunciou hoje a tarde, após uma reunião que nós tivemos.

- Você está falando sério? - os olhos de Isabella brilharam - mas isso é uma bomba, Sirius.

- Eu sei que é. Por isso estou te contando em primeira mão.

Isabella analisou rapidamente as notícias espalhadas em sua mesa.

- Isso muda tudo...eu posso publicar a notícia no jornal de amanhã?

- Não, por que a renúncia vai ser comunicada somente amanhã. Mas a imprensa vai ser convocada para uma entrevista coletiva, na qual nós vamos expor detalhadamente o nosso plano de ação.

- E quem vai assumir o ministério?

- Isso só vai ser decidido entre hoje e amanhã. Mas já temos alguns nomes para disputar o cargo. - Sirius fez uma pausa, e segurou carinhosamente a mão de Isabella - Vamos embora? Estou morto de fome. - Encarou Isabella, que ficara séria de repente - Algum problema, meu amor?

- Eu só me lembrei de um assunto muito importante que eu conversei com o Remo ontem à noite, depois que você saiu...Mas isso a gente resolve depois que chegar em casa, com calma.


Depois de colocarem Diana para dormir, Sirius e Isabella fecharam-se na sala, para melhor conversarem. Isabella sentou-se no sofá, e encarou o marido. E Sirius percebeu que os belos olhos azuis da esposa estavam carregados de angústia.

- Você não me engana, Bella. Aconteceu alguma coisa? Alguma ameaça?

- Não...quer dizer, ainda não. Mas eu estou com medo, e o Remo me alertou do perigo que nós corremos, Sirius. - Isabella abaixou ainda mais o tom da voz - principalmente por causa do Harry.

- Mas nós protegemos a casa...

- Eu estou começando a achar que isso não é suficiente. Aqui dentro ninguém vai conseguir entrar. Mas você sabe como o Harry e a Vívian são. Eles não param dentro de casa, querem sair. Não é justo eles permanecerem presos, enquanto os bandidos estão soltos.

- O que você sugere então? - Sirius perguntou, hesitante, esperando a resposta que sabia que viria. - Você não está pensando em executar o Feitiço Fidelius, está?

- Estou. Sirius, pensa bem. Que outra opção nós temos? Eu não quero arriscar a vida do Harry e das minhas filhas. - Isabella fez uma pausa, tentando se acalmar .

Sirius contemplava o nada, perdido em seus confusos pensamentos.

- Eu só quero evitar que a nossa situação se complique, Sirius! Eu quero evitar que nós tenhamos de fugir, nos esconder com um bebê a tiracolo. Será que você me entende?

- Você quer se acalmar? Ok, vamos por partes. Você já pensou num fiel do segredo?

- Eu passei o dia inteiro pensando nisso. A única pessoa que me ocorreu foi a sua mãe, Sirius?

- A minha mãe? De onde você tirou essa idéia?

- Simples. Qual a mãe que negaria um pedido desses para um filho? Amor de mãe é o maior que existe, Sirius.

- Eu não me lembro mais como se executa o feitiço...em todo o caso, eu vou escrever para o Dumbledore, pedindo instruções. Depois nós chamamos a minha mãe, e conversamos nós três, para pesarmos os prós e os contras.

Isabella assentiu com a cabeça, aliviada.

- Sabia que eu te amo?

- Desde que nós tinhamos dezesseis anos...- Sirius ergueu Isabella, e a rodopiou no ar.

- Como você consegue ser tão convencido!!! Me coloca no chão, seu louco. - Isabella fingia estar zangada, dando inocentes socos nos ombros de Sirius.

- Eu só quero que você saiba que eu jamais deixaria alguma coisa ruim acontecer com vocês...- ergueu o rosto de Isabella, e a beijou delicadamente - Nunca!


Não foi surpreendente a decisão final do conselho ministerial, ao eleger Arabella Figg como a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo do Ministério da Magia. Ela própria recebeu a notícia com serenidade, como se já esperasse esse resultado.

No mesmo dia, à tarde, o Ministério convocou uma coletiva com representantes dos principais jornais e revistas da comunidade mágica, tanto da Inglaterra como de outros países da Europa.

- Acredito que vamos iniciar uma nova era dentro de nossa sociedade. Vamos abolir as práticas arbritárias às quais nós nos acostumamos. E, principalmente, nada mais vai ser ocultado. Precisamos ter toda a população do nosso lado, para juntos enfrentarmos os dias difíceis que estão por vir. - Assim Arabella Figg encerrou seu discurso de posse, no Grande Salão Ministerial.

Mais tarde, numa reunião particular, a Sra Figg nomeou Sirius Black o novo chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia.

- Espero que o senhor dê continuidade ao meu trabalho com muita responsabilidade e senso de justiça, Sirius.

- Pelo menos eu espero não encontrar resistência para colocar nossos planos de ação em prática.

- Pode estar certo disso. E quanto a você, Danyela, na primeira oportunidade quero que me mostre todos os projetos que vem desenvolvendo nos últimos anos, tenho certeza que serão úteis. E Sr Fletcher...

- Pois não, ministra?

- Engraçadinho...vou aumentar a verba destinada ao Departamento de Investigação e Espionagem, mas espero resultados mais concretos, não vou me contentar apenas com lista de nomes. Quero evitar novos ataques dos Comensais da Morte.

- Já entrei em contato com meus homens. Eles já estão a postos, Arabella.

- Ótimo! Tenho certeza que posso confiar em vocês. E lembrem-se: nós somos uma equipe!

E antes de encerrar a reunião, a Ministra da Magia fez surgir sobre a mesa taças e uma garrafa de Champanhe.

- Um brinde ao nosso grande desafio!


O feitiço Fidelius fora executado com sucesso. Até o último instante, Sirius se perguntava se havia necessidade para uma ação extrema como aquela. Mas até Mellyssa concordava com Isabella sobre o risco que teoricamente corriam. E não hesitou em nenhum momento em ser o fiel do segredo do filho e da nora.

Agora que estavam protegidos, Isabella não se preocupava tanto em deixar Diana aos cuidados da babá, enquanto trabalhava. E ficava tranquila quando Harry e Vívian saíam para andar pela cidade.

Embora aqueles últimos dias do mês de agosto estivessem quentes e ensolarados, Harry preferia ficar em casa a sair por aí, a toa. Descobrira na biblioteca local livros interessantes, e gastava as últimas tardes de férias lendo em seu quarto. Ou então escrevia para Gina, tentando matar as saudades. Era penoso imaginar que poderiam ter passado todo o verão juntos, se os ataques não tivessem acontecido.

Vívian, por sua vez ,concentrava-se nas cartas que recebia de Patricia Campbell, a amiga de Lyra, especialista em poderes extra-sensoriais. E foi através da bruxa que Vívian passou a entender melhor o que ocorria consigo mesma: de alguma forma, tudo o que seus pais vivenciaram fora passado para a filha. Gostava da maneira como Patricia escrevia, como se conhecesse a garota:

"Seu corpo tem passado por grandes transformações, Vívian. E é natural que na sua idade os seus poderes se manifestem com maior intensidade. Pelo menos é o que tenho observado em meus estudos, com jovens da sua idade, entre quatorze e quinze anos"

Num outro trecho, Patrícia escrevera o seguinte: " Quando tiver um problema sem solução aparente, tente o seguinte exercício: encha uma bacia de prata com água pura e limpa. Concentre-se em seus pensamentos, buscando a solução para suas dúvidas. E preste atenção nas imagens que se formarão na água, pois podem ser uma chave...esta é uma das mais antigas técnicas mágicas de se ver o que não está ao nosso redor."

Vívian não dissera a mais ninguém sobre os seus dons, além de Lyra. Muitas vezes sentia que ocupava espaço em casa, sentindo-se deslocada. Durante anos fora tratada com muito mimo pela mãe, pela tia e pelos avós. Agora mudara completamente. Numa daquelas tardes Vívian chegara a conclusão que a sua nova vida era a mais correta: os pais juntos, ela estudando em Hogwarts com Harry...e Neville. Assumira para si mesma que estava apaixonada pelo namorado. E não via a hora de se reencontrarem ( Neville viajara com a avó para visitar uns parentes na França ), e se sentir novamente especial.


No dia seguinte aos ataques, Lyra voltara sozinha para Hogwarts, enquanto Snape se reunia a Voldemort. Foram dias tensos, nos quais ela acordava sobressaltada com horríveis pesadelos. Procurava manter-se distraída durante o dia, o que parecia um pouco difícil naquele castelo enorme e praticamente vazio. Além de Lyra, apenas Hagrid se encontrava na propriedade. E ambos ocupavam-se em cuidar dos estranhos seres que seriam usados nas aulas do guarda-caça.

Faltando pouco mais de dez dias para o início do ano letivo, Dumbledore e os outros professores voltaram para Hogwarts, a fim de prepararem o currículo de aulas. E quando Lyra viu Severo subindo as escadarias do castelo, jogou-se em seus braços, beijando-o alucinadamente.

Mais tarde, quando estavam a sós, Lyra cobrara de Snape tudo o que ocorrera desde que ele partira da Sicília. E mesmo relutante, ele contou por alto suas ações nos últimos dias.

- Eu não cheguei a me encontrar pessoalmente com Voldemort, mas estive esses dias com Lúcio. Ele ficou bastante satisfeito com as ações dos Comensais da Morte.

- E por onde vocês andaram? - Lyra perguntou, aflita.

- Lyra, por favor...eu não quero entrar em detalhes com você, pode ser perigoso. O importante é que eu consegui nomes...gente miúda, é verdade. Mas se o ministério souber trabalhar, vai extrair muita coisa interessante.

- O que eu acho estranho é que você e todo o mundo sabem que o Malfoy está metido em toda essa podridão. Por que ele nunca foi pego?

- Por que todo mundo tem medo dele. Ele é um homem rico, influente e muito, muito inteligente e astucioso. E perigoso, logicamente.

- Só que agora ele perdeu um aliado dentro do ministério...você já está sabendo que o Fudge renunciou?

- Já. Dumbledore me contou. Já é a segunda mudança radical que o Ministério sofreu em um ano...

- E por falar em Ministério, vamos ter uma reunião aqui em Hogwarts, para definir algumas mudanças nas nossas aulas .

- Quero só ver que tipo de mudança o ministério vai propor...é estranho, Dumbledore nunca admitiu interferência em Hogwarts...a não ser que seja o aval para alguma idéia excêntrica que ele tenha tido. Enfim, devemos confiar no diretor, não?


A comitiva do Ministério desembarcou em Hogsmeade alguns dias antes do período letivo iniciar. Além da ministra e Sirius, vinham também Danyela Mckinnon, Alastor Moody e Amanda Pettigrew. Esta última vinha preparada para ficar em definitivo no vilarejo. E Dumbledore achara que sua experiência com criaturas mágicas teria alguma serventia para as aulas de Hagrid. Pelo menos essa era a desculpa utilizada para justificar sua presença ali. Uma das primeiras mudanças que Arabella Figg introduzira fora a criação de pequenas unidades de representação do Ministério nas mais diversas regiões da Grã-Bretanha, com um funcionário de confiança, e um destacamento fixo de aurors para garantir a segurança. Para Amanda, era perfeito: fugia de Londres, permanecendo segura em Hogsmeade , e ficaria mais próxima de Remo.

Lyra recebeu a comitiva juntamente com Dumbledore, Snape e McGonagall. Sorriu ao ver Sirius, e não pode deixar de sentir orgulho do irmão, que ascendia rapidamente dentro do Ministério. E mesmo com a recpção um tanto fria da parte de Sirius, que a beijou displicentemente no rosto, Lyra não conseguia se zangar. Sirius, por sua vez, tentou não perceber que a sua irmã estava de mãos dadas com Snape. Cumprimentou-o polidamente, e em seguida dirigiu-se para Hogwarts acompanhando Dumbledore e Arabella.

Uma vez dentro do castelo, dirigiram-se para a sala dos professores, onde acomodaram-se confortavelmente.

- Então, minha cara Arabella...ou devo chamá-la de ministra?

- Ora, Dumbledore, por favor - Arabella corou - sem cerimônias.

- Está certo. Mas então, acredito que seria muito interessante se os senhores nos expusessem as novidades que o Ministério está implantando. Gostaria de deixar todos os professores a par dos novos ancontecimentos. - os olhos do diretor brilharam intensamente.

- Logicamente. Bem, em primeiro lugar, e vocês já devem estar sabendo, vamos instalar a Srta Pettigrew em Hogsmeade, como representante do Ministério da Magia na vila.

- O que deixará a população mais tranquila, acredito.

- Nossas ações serão mais rápidas, diretor - completou Danyela.

- E nós decidimos rever alguns dos príncipios que Crouch utilizou quando era chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia - disse Sirius, seriamente.

- Crouch foi um bom chefe enquanto o poder não subiu à cabeça dele, Sirius. Ele cometeu muitos erros, e você sabe muito bem disso. Mas continue, por favor.

- Em muitos pontos ele errou, sim. Mas acertou em outros...nós chegamos a conclusão, dentro do Ministério, que não podemos impedir os aurors a utilizarem as Maldições Imperdoáveis quando necessário.

- Quando estritamente necessário, Sr Black.

- Nós já discutimos isso, Sr Moody. Isso vai ser sua função, como professor na Academia. Ensinar os futuros aurors como e quando utilizá-las. E é por isso que nós estamos aqui, Dumbledore.

- Os jovens que entram para a Academia de Aurors estão completamente despreparados, não fazem idéia do que os espera durante os treinamentos. E a maioria desiste no meio do caminho. Infelizmente, hoje temos um efetivo de homens e mulheres muito menor do que tínhamos há quinze, dezesseis anos. - Enfatizou Moody

- Foi então que nos ocorreu que Hogwarts poderia começar a preparar esses jovens, ensinando os príncipios das Maldições em sala de aula. - emendou Sirius.

- Nada mais do que o meu impostor fez, só que dessa vez, os alunos aprenderiam efetivamente a usá-las - finalizou Moody, fazendo o seu olho mágico girar em todas as direções.

Um silêncio tomou conta da sala. Os professores olhavam espantados para Moody, constrangidos com sua idéia absurda. Apenas Dumbledore sorria, vitorioso. Era a decisão que esperava há anos do Ministério, mas sempre fora barrado pela covardia de Fudge em enfrentar a opinião pública. Não fora nada difícil convencer Moody, seu velho amigo e fazer com que ele convencesse o restante do Ministério sobre aquela necesidade.

- Eu sempre defendi que os alunos devem conhecer o mal, para então combatê-lo. E esperava há anos essa corajosa decisão por parte do Ministério.

- Mas Dumbledore, isso é loucura! - esbravejou a Profª McGonagall - isso é muito perigoso, sabe-se lá o que esses jovens serão capazes de fazer.

- Ora, Minerva, por favor. Aprender as Maldições, todo mundo um dia aprende como utlizá-las. Pelo menos em Hogwarts serão muito bem orientados para o seu uso. Ou melhor, para não utilizá-las.

- E logicamente, só iremos autorizar as aulas para os alunos do sexto e sétimo ano.

- Profº Lupin, podemos contar com o senhor para ministrar essas aulas?

- Naturalmente, Dumbledore. Bem, isso não é pior que trazer dementadores para Hogwarts, como o professor Kerrigan fez conosco.

- Ele não tinha o juízo muito perfeito...- murmurou Snape.

- Mas foi a idéia mais genial que um professor podia ter tido. - completou Sirius. - Mas enfim, podemos então encerrar a reunião por aqui?

- Acredito que não há mais nada a ser dito. Bem, eu e os professores vamos ter que conversar muito ainda, para definir como essas aulas serão ministradas. Nós estávamos com a idéia de reabrir mais uma vez o Clube de Duelos. Sem maldições, logicamente.

- Faça como achar melhor, Dumbledore. Nós confiamos em você, e nos professores de Hogwarts. O ministério estará sempre aberto ao diálogo, não hesite em nos chamar se ocorrer qualquer problema.

- Não hesitarei, Arabella. E contem sempre conosco, também.

No final daquela tarde, após instalar Amanda em Hogsmeade, a comitiva ministerial voltou para Londres com a sensação de dever cumprido. Em Hogwarts, Dumbledore contemplava sonhador o grande lago da propriedade, quando Snape entrou em sua sala.

- Essa idéia...isso tudo é obra sua, não Dumbledore?

- E você tem alguma dúvida, Severo? Eu só fiz com que o Ministério percebesse que devemos quebrar certos tabus. E os convenci sem magia, o que torna tudo muito mais complicado. Aprenda mais essa lição, meu caro. Sempre que possível, use a sua inteligência, raciocínio e experiência de vida para conseguir o que quer das pessoas. Convença-as com as palavras, não com a força.

Snape saiu silenciosamente da sala do diretor, pensativo. Nunca duvidara da sabedoria de Dumbledore, mas cada dia que passava admirava-se com suas palavras e ações. E sentia que o diretor jamais envelheceria...

Capítulo 13...

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