Quando chega a Primavera...
Apesar do clima ruim que se instalara entre Harry, Vívian e Gina, a Grifinória venceu sem muita dificuldade a Lufa-lufa, desclassificada após aquele jogo. A comemoração não fora tão esfuziante como nas outras vitórias da casa. A prisão de Parvati Patil ainda estava fresca na memória dos alunos, e era opinião geral que ocorrera algum engano. Não parecia ser possível que a garota se envolvera com Magia Negra e tentara contra a vida de Harry. Lilá Brown, a melhor amiga de Parvati passava a maior parte do tempo calada, afastada dos outros alunos da Grifinória. E durante muitas noites, Hermione a ouvira chorar baixinho, o som abafado pelo travesseiro.
Mas nem só de acontecimentos ruins vivia Hogwarts. Conforme o inverno ia chegando ao fim, e a neve se derretia nos jardins, um novo clima se instalara no castelo. E na primeira visita a Hogsmeade após o Natal, Rony reunira todo a coragem e chamou Mione para um passeio pelas colinas do povoado. Harry, sentado ao lado de Neville, Simas e Dino, fez um sinal de positivo para o amigo, quando este deixou o bar em companhia da garota.
Hermione jamais poderia imaginar que Rony lhe despertaria sensações tão profundas como as que sentira naquela tarde. E desde o momento em que se abraçaram, e suas bocas finalmente se encontraram num longo beijo, ela percebeu que estava apaixonada por Rony. E se fosse possível, ficaria ali para sempre, abraçada.
- Eu te amo, Mione - Rony encarou-a, e não resistindo, beijou-a mais ainda.
Os longos interrogatórios que Sirius submetera as garotas envolvidas no feitiço Discores não estavam levando as investigações para lugar algum. Não conseguia extrair nenhuma informação que fosse aproveitável. Chegara apenas a poucas conclusões: Kelly Lenstrange era a líder daquele grupo, e inicitara as colegas a ajudá-la naquele plano. E havia gente mais poderosa, provavelmente de fora de Hogwarts para instruí-la. Esse ponto ficara claro nas cartas, sem remetente, encontradas nos pertences da garota. Mas esta se recusava a fornecer o nome da pessoa, provavelmente uma mulher. Sirius decidira então solicitar uma autorização especial para utilizar Veritasserum nos interrogatórios com Kelly. Era o tipo de situação que ultrapassara os poderes de Arabella.
- Eu estou fazendo o possível junto à Comissão de Feitiços e Poções Controladas, Sirius, mas eles parecem estar reticentes quanto ao uso da poção.
- Eu não entendo, Sra Figg...foi tão simples convencê-los da necessidade de se ensinar as Maldições em Hogwarts, e agora para liberar o uso de Veritasserum...
- Essa poção é perigosíssima, Sirius. Afeta diretamente o sistema nervoso, pode provocar um colapso e levar a morte, se não for bem ministrada. Ainda mais numa garota de dezessete anos. E os Lenstrange contrataram um advogado para acompanhar o processo. Não vai ser muito fácil...
- Fomos pegos pela nossa própria armadilha, Sra Figg - disse Sirius, sorrindo, referindo-se ao novo sistema que o Ministério estava adotando, autorizando o uso de advogados pelos réus, durante os julgamentos. - E há ainda a garota Patil...ela alega inocência. Eu não sei o que pensar, sinceramente.
- Eu também não sei, Sirius. Ela parece estar falando a verdade. Mas vamos com calma, logo os culpados serão encontrados.
Apesar do ocorrido em Hogwarts, o ministério estava obtendo êxito nas investigações, e prender o maior número possível de Comensais da Morte. Durante os exaustivos interrogatórios, muitas vezes o nome de Lúcio Malfoy era citado como um dos homens de confiança de Voldemort. Mas Sirius e sua equipe ainda não havia conseguido juntar provas suficientes para chamá-lo a depor.
Depois de muita hesitação, Sirius resolvera seguir o conselho de Arabella, e buscou nos arquivos do Ministério o dossiê que Tiago havia montado a respeito de Lúcio Malfoy. "Como ele não foi preso depois disso tudo"- Sirius assombrou-se, ao ler rapidamente os apontamentos que o amigo fizera - "uma prova só, é isso que eu preciso...". Numa das últimas páginas do documento, havia um recorte de jornal, onde apareciam os rostos vitoriosos de Lucio e Narcissa Malfoy:
Diário de Merlin, 05 de Outubro de 1981
por Isabella Bianchi
Apesar das suspeitas que rondam Lucio Malfoy, apontado como o mandante do assassinato de Elayne e Arnold Mckinnon, o processo movido pelo auror Tiago Potter foi arquivado. O ministério alegou falta de provas consistentes que incriminem Malfoy. Além do assassinato do casal Mckinnon, Lúcio Malfoy também foi acusado de assassinar Harold Potter e seus dois assistentes , John Ryan e Donald Pinn (...)
Naquela noite, ao ir embora para casa, levava consigo toda a documentação. Na época do inquérito de Lucio Malfoy, Sirius estava muito mais preocupado em organizar campeonatos de quadribol pela Inglaterra, do que combater Comensais da Morte. Havia, portanto muito ainda o que pesquisar, e ele tinha certeza que Isabella seria de grande ajuda.
No entanto, quando chegou em casa, não teve oportunidade de conversar sossegadamente com a esposa. Primeiro, porque Diana, ameaçando dar os primeiros passos, consumia a maior parte do tempo do casal. Quando a menina finalmente dormiu, Isabella sorriu enigmaticamente para Sirius, e entregou-lhe um envelope.
- O que é isso? - perguntou curioso.
- Abra, Sirius - chegou hoje, direto de Hogwarts.
Sirius abriu o envelope, e tirou um cartão de dentro. Precisou lê-lo mais duas vezes para entender exatamente do que se tratava:
Lyra Black e Severo Snape
Têm o prazer de comunicar que seu casamento se realizará em 1º de Julho de 1997, no bar Três Vassouras, às dezesseis horas.
Havia ainda um bilhete, escrito a mão por Lyra:
Sirius e Isabella,
Tudo bem com vocês? Tenho a leve impressão que esse convite os chocou. Assim como também deve ter quase matado a mamãe e o papai de susto. Enfim, nunca estive tão feliz, e tenho certeza que vocês me compreendem.
Gostaria muito que vocês fossem os meus padrinhos. Dumbledore e McGonagall já aceitaram o convite do Severo.
Sirius, por favor...sei que você está pensando "...pronto, minha irmã está enfeitiçada, ou coisa parecida...". Peço-lhe, tenha um pouco mais de boa vontade em relação ao meu futuro marido.
Com muito amor,
Sua irmã,
L.Black
Após sua briga com Gina, Vívian isolou-se dos outros colegas, mergulhando numa fase completamente introspectiva. Passava longas horas sozinha no quarto, tentando encontrar alguma explicação para tudo o que ocorrera. Gina havia sido absolutamente infantil, disso não tinha dúvidas. Mas Vívian era orgulhosa o suficiente para procurá-la, e tentar fazer as pazes. Evitava Harry também. Não queria de jeito nenhum provocar ainda mais confusão. Às vezes, tinha quase certeza que fora um erro trocar de escola, e deixar Salém. Sentia saudades de sua terra natal, e mais de uma vez cogitara escrever aos pais, e pedir para voltar ao EUA.
Lutando contra o desânimo, Vívian lutava para levantar-se toda manhã, e assistir as aulas. E foi nesse ritmo que entrou no mês de março, sem saber que teria motivos melhores para se lembrar dessa época, tempos mais tarde.
Tudo começou numa insuportável aula de Poções, quando Snape dividiu a classe em duplas, misturando alunos da Grifinória com os da Sonserina. Estes últimos, ultimamente andavam muito mais calados e cabisbaixos após a morte de Pansy e a prisão de Tifany e Emilia, ainda muito frescas em suas memórias.
Snape achou por bem colocar Vívian e Draco para trabalharem juntos. A garota evitava Malfoy desde o dia da morte de Pansy, quando o surpreendera chorando escondido no jardim.
- O que você está fazendo aqui, Black?
- Nada...quer dizer, eu não sabia que você estava aí...eu me despedi do meu pai, e resolvi respirar um pouco...eu sinto muito pela Pansy...
- Você sente...que bom - disse ironicamente Draco - Você não sabe do que está falando!! Ela era a única pessoa em quem eu podia confiar...me deixa em paz, Black...a sua presença me incomada.
Trabalharam em silêncio, evitando o olhar um do outro. Vívian sentia seu coração pulsar fortemente, e não conseguia ignorar a presença do rapaz ao seu lado.
Quando o sinal tocou, Vívian arrumou rapidamente os seus pertences dentro da mochila, e deixou a masmorra, acompanhando Hermione.
- Ei, Black...Vívian...
Vívian virou-se, e viu Draco parado no meio do corredor, segurando uma pena. Fez um sinal para Mione não se preocupar. Esta ainda deu uma olhada na estranha cena, antes de correr para não perder a próxima aula.
- O que você quer comigo, Malfoy?
- Devolver sua pena, Vívian. E pode me chamar de Draco, se quiser - pela primeira vez, Vívian o viu sorrir.
- Obrigada...eu nem tinha percebido...e também não esperava....
- ...não esperava que eu a devolvesse? - Draco encarou-a nos olhos - eu não sei o que é, mas tem algo em você que me perturba...
- Então somos dois...eu tenho até medo de pensar....
- Então não pense...
Foi tudo muito rápido. Draco puxou-a, e lhe beijou afoitamente, como se fosse a última coisa a ser feita na vida. Vívian não tentou evitar o beijo, e tinha certeza agora do que era estar apaixonada.
As noites na sala comunal haviam se tornada extremamente tediosas para Harry. Rony e Hermione passavam todo o tempo disponível juntos, isolados do restante da turma. Gina e Vívian, que lentamente voltavam a se falar, geralmente disputavam partidas de Snap Explosivo com os garotos do quinto ano. E Harry reparava que Colin permanecia a maior parte do tempo ao lado de Gina, e qualquer coisa era motivo para tocá-la com a ponta dos dedos, sempre sorrindo, sempre gentil. Isso o irritava . Ainda gostava de Gina, mas estava extremamente magoado, e seu orgulho o impedira de voltar a conversar com a garota. Gina, por sua vez, não tentara uma reaproximação com o ex-namorado.
Naquele princípio de primavera, Harry descobriu que podia contar também com os seus outros colegas de turma, sentindo-se menos sozinho após o rompimento do seu namoro, e o começo de namoro de Rony e Hermione. Desde que Parvati fora presa, Lilá passara a andar sempre com Simas, Dino e Neville. E agora Harry meio que juntara-se a eles, principalmente nos passeios à Hogsmeade. Numa tarde de sábado, enquanto Rony e Hermione sumiram em direção às colinas, Harry juntara-se aos seus colegas no Três Vassouras, para beber cerveja amanteigada.
- Bem, vamos fazer um brinde ao grupo de azarados da Grifinória - disse em tom irônico Lilá - saúde.
- Não somos azarados, Lílá...simplesmente não encontramos as pessoas certas - comentou Dino, rindo.
- A Lilá tem razão, Dino. Parece que aqui ninguém tem sorte mesmo...
- Você fala assim, Harry, porque terminou com a Gina.
- E você com a Vívian, Neville? - Harry perguntou, em tom de deboche.
- Hum...a Vívian, Harry? Já esqueci, parece que ela arranjou uma nova companhia...
- Como assim?
- Você não reparou com quem a Vívian saiu do bar? - Simas perguntou, incrédulo.- Harry, em que mundo você vive? Ela e o Malfoy sairam ao mesmo tempo, todo mundo reparou.
- O Malfoy? - a voz de Harry alterou-se, chamando a atenção de alguns alunos.
- Parece que eles têm se encontrado por aí...pelo menos é o que estão dizendo os fofoqueiros de plantão...
- Inclusive você, Lilá.
A garota deu de ombros.
- Pouco me importa com quem a Black está saindo. Sinceramente, Harry, a sua irmã é uma chata.
- Ela não é minha irmã...- disse entre dentes.
- Foi um modo de falar...
Harry perguntava-se como podia ter sido tão estúpido. Pouco tempo depois, Vívian voltou para o bar, o rosto afogueado. Malfoy entrara em seguida, com um brilho incomum nos olhos.
- Onde você estava, Vívian?
- Por aí...- respondeu, displicentemente, tomando um gole de cerveja amanteigada.
- Com o Malfoy? - perguntou, em tom baixo.
- Te interessa saber? Pode deixar, eu sei cuidar da minha vida.
Draco estava sentado em outra mesa, fingindo conversar com Crabbe e Goyle, mas observava Vívian e Harry atentamente.
- Então você confirma que está se encontrando com o Malfoy?
Vívian não respondeu.
- Isso não vai agradar nem um pouco ao Sirius, Vívian. Pense bem na besteira que você está fazendo...
- Ah, entendi...o grande Harry Potter , perfeito como ele só, vai fazer fofoca ao meu querido papai? Escuta, Harry, eu não vou tolerar que você se intrometa na minha vida pessoal, entendeu? - Vívian se afastou da mesa onde Harry se encontrava e saiu do bar . Logo em seguida, Draco a seguiu.
- Vocês acreditam nisso? - Harry se virou para os amigos, incrédulo.
Draco seguiu Vívian pelas ruas de Hogsmeade, até a saída do vilarejo.
- Vívian...
A garota virou-se, e sorriu ao vê-lo.
- Não vi que você estava atrás de mim...
- Bem, foi você quem me pediu para sermos discretos...mas eu não pude deixar de ouvir a sua discussão com o Potter.
- Ele é um idiota intrometido, Draco. Ele nunca vai nos entender...- Vívian aproximou-se de Draco, tocando-lhe o rosto - Nem o meu pai...
- O seu pai não manda na sua vida, o meu pensa que manda...mas eu não vou mais obedecer às ordens absurdas dele.
- Então vamos fazer um pacto, Draco. Não falar dos nossos pais quando estivermos juntos...eu não falo nada sobre o meu pai, e vice-versa.
- Será que vai dar certo?
- Ah, sei lá, quer saber? Estou pouco me importando - a garota puxou o namorado pela gola das vestes, beijando-o com gosto na boca - e também já cansei de namorar escondida.
Os dois agarraram-se num longo beijo, em plena luz do dia. Talvez Vívian tivesse mesmo razão, pensou Draco. Mas ainda tinha medo da reação de sua família quando descobrissem que ele estava namorando a filha de Sirius Black. "Danem-se", pensou, enquanto aproveitava ao máximo o beijo.
Faltando poucas semanas para o seu casamento, Lyra estava uma pilha de nervos, tentando conciliar trabalho e os preparativos para a cerimônia, que se realizaria no primeiro dia das férias de verão. Concentrava-se em cada detalhe, do enxoval até aos salgadinhos que seriam servidos durante a festa. E ainda sobrava tempo para decorar a casa que haviam comprado em Hogsmeade, um simpático sobrado localizado a um quarteirão da rua principal.
Quando a costureira finalmente terminou o vestido, Lyra correu até a casa de Amanda, louca para experimentar a roupa, e dar os últimos ajustes no traje.
- Ficou ótimo o vestido, Lyra - Amanda comentou, enquanto a amiga se olhava no espelho.
- E eu que pensei que nunca iria me casar de branco...já estava começando a me achar velha para isso.
- Velha? Lyra, você tem trinta e quatro anos.
- Muito obrigada para me lembrar a minha idade. Não, eu estou falando sério. O Severo anda meio aborrecido, porque eu disse que faço questão de engravidar até o final do ano.
- E ele não quer ter filhos?
- Querer, ele quer. Mas diz que tem medo, etc e tal, que é melhor a gente esperar...só que eu não vou esperar mais...!
- Todo homem sonha em ter um filho...e é a coisa mais maravilhosa do mundo, Lyra. - Amanda sorriu - o meu filho vai entrar em Hogwarts no próximo período letivo, e finalmente ele vai vir morar comigo. E o Remo decidiu se mudar para cá também...
- Hum, ele tomou uma atitude de homem? - Lyra perguntou, irônica.
- Eu não gosto quando você fala desse jeito sarcástico, Lyra. Eu não acabei de dizer que todo homem sonha em ter um filho? Eu estou grávida, estou esperando um filho do Remo...
Lyra permaneceu por alguns instantes em silêncio, tentando absorver melhor a notícia. Só então abraçou a amiga, desejando-lhe sorte e muita felicidade.
O único ponto de atrito entre Lyra e Severo, enquanto faziam a lista de convidados, foi a insistência do noivo em convidar os Avery e os Malfoy para a festa.
- Você está ficando louco, Severo. Eu não quero aquela gente no meu casamento...
- Nosso casamento. Lyra, para todos os efeitos, eles são meus amigos, e soaria estranho se não fossem convidados. Podem desconfiar...
- Eu não acredito que vou ter que tolerar Narcisa Malfoy e Nancy Avery durante a nossa festa...você já pensou no que a minha família vai pensar? Quando o meu irmão der de cara com o Malfoy?
- Aposto como ele vai entender. E no que depender da sua sobrinha, logo logo as famílias Black e Malfoy se unirão - Severo se protegeu de uma rajada de almofadas que Lyra lhe arremessou - foi só uma piada.
- Cuidado para não falar demais, Severo. Não sei como o Sirius vai engolir essa história do Draco e da Vívian juntos.
- Da mesma forma que ele me engoliu. Sinceramente? Eu gosto do garoto. E ele é bem diferente do pai, isso eu posso afirmar. Eu tenho me empenhado todos esses anos, sem que ninguém perceba, para que o Draco não se torne uma pessoa como o Lúcio...
Grifinória estava mais uma vez na final do campeonato de Quadribol, desta vez disputando o título com a Corvinal. Aquele deveria ser mais um jogo tranquilo, Harry estava quase certo. Mas ele não esperava que o clima que se instalara entre os jogadores inflenciasse tanto o resultado final. Ele não falava mais nem com Gina e Colin ( que uma noite foram pegos por Filch se beijando no corredor) e nem com Vívian.
Talvez por isso ele não tivera um reflexo rápido ao localizar o pomo, e imprimir velocidade à sua vassoura. Cho fora mais rápida, ela ansiava por aquela vitória, seria seu último jogo. E Harry sentiu-se ainda mais diminuído quando a garota apanhou o pomo, garantindo o título à Corvinal.
Naquela noite não houve festa na Grifinória. Harry entrara direto pela sala comunal, e subiu ao seu dormitório. A única pessoa que permitiu que o acompanhasse fora Rony.
- A culpa não foi sua, Harry...
- Mas todos esperavam que eu vencesse novamente...é tudo o que esperam de mim, que eu seja o melhor, mas eu não sou! Droga. - Harry jogou-se contra o travesseiro, com raiva.
- Eu sei porque você está assim...por causa da Gina, não é?
Harry preferiu permanecer em silêncio.
- Ela não gosta do Colin...mas é orgulhosa, eu conheço a minha irmã.
- Eu até pensei em procurá-la, Rony. Mas eu também tenho o meu orgulho, agora eu desisti de vez. Eu sinto muito, principalmente por você.
- Não precisa se sentir mal por minha causa, Harry. Mas eu gostaria que vocês continuassem juntos.
O garoto permaneceu muito tempo ainda acordado, o rosto de Gina de vez em quando aparecia na sua frente...e ele via quase com perfeição seus longos cabelos vermelhos, balançando, ela o convidando para um passeio pelas colinas que circundavam Hogsmeade, o local preferido pelos jovens para namorar...fechou os olhos com raiva. Perdera o jogo, perdera Gina de vez. Já estava quase amanhecendo quando conseguiu dormir.
Quando finalmente as aulas acabaram, Harry, Rony e Hermione sentiam-se estranhos. Dali dois meses estariam começando o sétimo e último ano ano em Hogwarts. Assustava a idéia de que no ano seguinte, àquela altura já seriam bruxos formados e aptos a exercer magia fora dos limites do castelo.
Os três amigos, além de Vívian e Gina permaneceram em Hogsmeade até o dia seguinte, para o casamento de Lyra e Snape. Praticamente todos os alunos haviam sido convidados, mas nem todos haviam permanecido no vilarejo. E Draco resolvera voltar para casa, e ir à festa acompanhado da família. Sabia que não teria a menor chance de se aproximar de Vívian naquele dia, mas contentava-se com a idéia de vê-la sem o uniforme de Hogwarts, vestida com um elegante traje de festa.
Sirius, Isabella e Diana chegaram na manhã do dia do casamento. A garotinha agora já andava, exigindo cada vez mais atenção dos pais. Almoçaram com Remo e Amanda, o casal eufórico pela chegada do bebê. Sirius não conseguia se lembrar de uma outra ocasião em que o amigo estivesse tão feliz.
- E vocês resolveram se vão se casar? - Isabella perguntou, curiosa.
- Bem, é o que nós queremos...mas vamos esperar o bebê nascer primeiro - Amanda sorriu - o que me importa é ter o homem que eu amo ao meu lado.
Félix e Mellyssa Black só desembarcaram na cidade no começo da tarde. Isabella aproveitou a companhia da sogra, e seguiram juntas para Hogwarts, para ajudarem Lyra a terminar de se arrumar.
Sirius e Félix foram direto para o Três Vassouras, àquela hora já fechado especialmente para o casamento. O bar estava totalmente diferente, enfeitado com flores até o teto. Minúsculas fadinhas voavam pelo ar, dando um toque de graça na decoração.
- Só sua irmã para se casar num bar...- Félix sorriu, no fundo parecia aliviado que finalmente a filha tomava juízo na vida - olha só quem já está aí, Sirius - apontou discretamente para uma mesa, um pouco afastada. Nancy encontrava-se sentada ao lado do marido. Do outro lado, estavam Lucio, Narcissa e Draco Malfoy, com o tédio estampado em seus rostos.
- Como vai, Sr Black? - a ex-noiva de Sirius levantara-se, e viera cumprimentá-los - E você, Sirius, tudo bem?
- Vamos indo...- respondeu, sem-graça.
- Suas filhas estão ficando muito bonitas...- Nancy apontou discretamente Vívian, que tentava segurar Diana com ajuda de Gina.
- Obrigado. E os seus filhos?
- Ficaram em casa, com a babá. E Isabella, onde está?
- Em Hogwarts, ajudando a Lyra a se arrumar.
- Ah...bem, então mais tarde a gente se fala...
- É...mais tarde...- Sirius se sentia pouco a vontade, sendo observado por Avery e pelos Malfoy. Não percebeu, entretando os olhares que Vívian e Draco trocavam de longe. No momento, estava muito mais preocupado em tentar agir naturalmente, como se o homem que estava tentando processar não estivesse ali presente.
Lyra Black entrou orgulhosa, de braços dados com seu pai, ao som de uma marcha nupcial tocada por simpáticos músicos duendes. E diante do juiz encontrava-se o homem que amava, e com quem iria passar o resto de sua vida. Sabia que dali por diante deixaria para trás todo o seu passado, e encararia de frente o futuro. Severo também pensava assim, quando recebeu Lyra.
Não prestaram muita atenção no que dizia o juiz, e assinaram automaticamente o livro de casamento. A partir dali estavam casados. Não precisariam mais sentir-se culpados por se encontrarem quase que clandestinamente à noite, em Hogwarts. Agora teriam sua casa, sua vida juntos.
O abraço em que Lyra mais se demorou foi com Sirius, estreitando o irmão em seus braços, deixando as lágrimas ( de alegria ) escorrerem pelo seu rosto.
- Eu quero que você me prometa que não vai implicar mais à toa com o Severo. E ele já me prometeu o mesmo...
- Você está feliz mesmo? Sentindo-se realizada? - Sirius segurou o queixo da irmã, como se ela ainda fosse uma garotinha - Isso é o que me importa. E eu quero logo um sobrinho...
Lyra soltou-se do irmão, rindo, chamando-o de palhaço. Até então, aquele fora o dia mais feliz de sua vida. E quando a festa acabou, o casal partiu em lua de mel, cujo destino não revelaram a ninguém.
Capítulo 17...
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