Novamente o Caos
O que dizer para um amigo cujo irmão fora assassinado por Comensais da Morte? Harry passara metade da manhã pensando nisso, enquanto observava o desespero mudo de Rony no dormitório. Sentia imensamente a morte de Percy, mas preocupava-se acima de tudo com o amigo, ali largado na cama. Rony não chorava, mas mantinha os lábios cerrados, e socava raivosamente o travesseiro.
Hermione entrou no dormitório silenciosamente, e olhou para Harry preocupadamente. Seus olhos estavam vermelhos e inchados. Estivera até aquele momento com Gina.
- Rony...- Mione tocou levemente os cabelos do namorado, e o puxou para si, tentando de alguma forma consolá-lo - eu estive com o Sirius, ele vai acompanhar você e a Gina...e o Malfoy também, não tenho certeza, até Londres...e o Carlinhos ou o Gui vão esperar por vocês na estação. - até mesmo numa situação como aquela, Hermione tentava mostrar-se prática, Harry concluiu.
- Tá...e a Gina? Como ela está?
- Ela está com o Colin...a Vívian esteve um pouco com ela também, assim que voltou da enfermaria...
- Eu não quero aquela louca com a minha irmã!!- Rony esbravejou, e atirou o travesseiro longe.
- Rony, você está exagerando...
- Exagerando, Harry? Só você não percebeu ainda que a garota é pirada, desequilibrada . E não adianta vir com essa história que ela é traumatizada e tudo mais...eu não tenho pena dela. - Fez uma pausa, e apoiou a cabeça nas mãos - me deixem sozinho um pouco, por favor.
- Mas Rony...
- Vai, Mione - olhou suplicante para a garota - por favor...
Os dois deixaram Rony sozinho, e sentaram-se nas poltronas da sala comunal. Por sorte, era um sábado, e não estavam tendo aulas. Permaneceram em silêncio durante alguns minutos.
- A Vívian continua com a Gina?
- Não...- Hermione encarou Harry seriamente - quando eu contei que o pai do Draco também havia morrido, bem...provavelmente ela foi atrás do namorado, não?
- E ela faria isso, sabendo que o Sirius se encontra em Hogwarts?
- Não sei, Harry. Eu, sinceramente não consigo entender o que se passa na cabeça da Vívian. Ela é tão...confusa. E você, já esteve com o Sirius?
- Ainda não...eu estou preocupado demais com o Rony e com a Gina para pensar em qualquer outra coisa. Nem mesmo quando Lilá desceu do dormitório, sorrindo discretamente, Harry conseguira distrair seus pensamentos. A garota entendeu, e ficou ao lado do rapaz, acariciando os seus cabelos.
- Os Weasley não mereciam isso...- comentou, tristemente - e o Percy, apesar de ser exigente, sempre foi legal com a gente...
Hermione se retirou da sala comunal, tentando sufocar o choro. Harry permaneceu na poltrona, sentia-se agora um pouco mais confortável. E beijou delicadamente os lábios de Lilá, sentindo-se grato pela garota estar lhe fazendo companhia.
Vívian encontrara Draco sozinho, perambulando pelos jardins de Hogwarts. Aproximou-se lentamente, tentando não assustá-lo.
- Não precisa ficar escondida, Vívian...- Draco virou-se, e a encarou - veio me dar os pesâmes também?
- Draco, eu...
- Não precisa dizer nada...não preciso da pena de ninguém...principalmente da sua!
- E quem disse que eu tenho pena de você, Draco Malfoy? Eu estou preocupada sim, mas não sinto pena...porque durante toda a minha vida, as pessoas sentiam pena porque achavam que eu não tinha pai...e eu odiava isso, odiava...
Os dois encararam-se por alguns instantes. No rosto do rapaz, não havia nenhum indício de que ele estava sofrendo com a morte do pai, e o desaparecimento da mãe...e Vívian não havia se preparado para aquela reação do namorado.
- O seu pai armou a emboscada...isso eu não posso ignorar...invadiu a minha casa, e todos os bens em nome dos meus pais estão confiscados...
- Já chega!! - Vívian sentiu vontade de socá-lo - Nós combinamos que não deixaríamos nossas famílias interferirem no nosso namoro, que iríamos ser apenas um do outro...
- Será que você não percebe agora que isso é impossível, Vívian? Ou você acha que algum dia o seu pai iria me receber na sua casa? - o rapaz aproximou-se o suficiente para que Vívian sentisse todo o seu perfume, provocando um tremor em todo seu corpo - nós somos de mundos completamente diferentes...
- Você é um fraco...- Vívian murmurou. Draco não a repreendeu, nem esboçou nenhuma reação àquele comentário. - Se você acha mais fácil terminar tudo agora, por mim tudo bem - a garota deu de ombros, e voltou-se para o caminho que levava de volta para o castelo. Sentia seu coração miúdo e apertado, e precisou morder os lábios para não chorar.
- Vívian...
A garota voltou-se.
- Eu vou para casa...vou passar, sei lá, uns dois dias...quando eu voltar, a gente conversa melhor...com mais calma...
- E se eu não quiser esperar mais...
- Eu corro o risco...- Draco aproximou-se, e puxou Vívian para si com certa violência, buscando os seus lábios com apetite. No fundo, ele sabia que não haveria nada para conversarem quando ele voltasse...
- Você não presta, Malfoy...
- Nem você, sua pirralha mimada - beijou-a com mais força, até praticamente perderem o fôlego.
Draco recusou-se a seguir viagem com Sirius e os Weasley, preferindo viajar sozinho. Por ser maior de idade, Dumbledore não o impediu, embora temesse que o rapaz fosse influenciado pelos parentes e amigos de Lúcio e Narcissa Malfoy. Mas, naquele momento não havia nada que ele pudesse fazer.
Sirius lhe contara em detalhes o ocorrera na mansão, e pedira conselhos para enfrentar o turbulento período que viria a seguir. O braço direito de Voldemort fora assassinado, e sua fúria provavelmente aumentaria. Dumbledore conhecia como ninguém todo aquele ciclo de ascensão, apogeu e queda da Magia Negra. E sabia também que Voldemort não recuperara toda a sua força de antes, e a maioria de seus seguidores ainda eram os mesmos de dezesseis anos atrás. Por outro lado, o ministério soubera se organizar rapidamente para o combate.
- Eu pensei que estivesse melhor preparado para essa função...mas agora eu sei o quanto é difícil ocupar o meu cargo...as dúvidas que surgem, se estou tomando as decisões corretas...
- Você não é o primeiro a se questionar, Sirius...e se eu posso lhe dar um conselho, siga os seus instintos, a sua intuição...
- Às vezes, eu acho que não vou suportar...tenho medo de enlouquecer, Dumbledore, não aguentar tanta responsabilidade...
- Você sobreviveu doze anos em Azkaban, Sirius...você é um homem de fibra, e como você vi muitos poucos durante toda a minha vida...agora, acho que é hora de voltar para Londres, e trabalhar duro para conter Voldemort...ele próprio está há muito tempo em silêncio, e sabemos que isso não é bom sinal...- seus olhos azuis faiscaram, e Sirius sabia como ninguém que a conversa estava encerrada. Mas Dumbledore lhe dera muito no que pensar...
O primeiro jogo de quadribol da Grifinória só aconteceu na última semana de Novembro, em respeito ao estado emocional de Gina, ainda muito abalada com a morte do irmão. Mas, como ela própria declarara durante uma das reuniões do time, a vida continuava, e ela preferia treinar e jogar. Harry se admirara da força que a garota vinha demonstrando nas últimas semanas, tentando a todo custo levar sua vida como sempre.
Grifinória passou fácil pela Lufa-lufa, garantindo facilmente o primeiro lugar no campeonato de Quadribol. Pelo menos a vitória serviu para Harry sentir-se um pouco mais leve, e menos preocupado com Voldemort. Desde que Percy morrera, o garoto vinha tendo pesadelos frequentes, quase sempre acordando no meio da noite, sem conseguir voltar a dormir.
Quando as férias de Natal se aproximavam, Rony recebeu uma coruja de casa, convidando Harry e Hermione para passarem as férias com os Weasley. Ultimamente, Rony andava calado, e não se ouvia mais suas habituais brincadeiras. Harry percebera que o amigo amadurecera muito depressa, e já começava a sentir saudades da época em que andavam pelos corredores descobrindo antigos segredos, e quase sempre arranjando confusão. E por respeito e carinho que tinha pelos Weasley, Harry aceitara o convite, mesmo sabendo que aquelas não seriam férias alegres. Hermione nem teve dúvidas: não deixaria Rony sozinho no Natal por nada no mundo.
Draco decidira ficar em Hogwarts durante o Natal, mesmo sabendo que sua mãe daria um jeito de ir para a casa de um dos irmãos de Lúcio. Não queria que Narcissa tivesse a menor ilusão de que ele estava do seu lado, e que seria mais um escravo de Voldemort. Apesar da raiva de ter tido sua casa invadida, revirada e todos os bens de sua família estarem bloqueados, Draco prometera para si mesmo que não seguiria o caminho que levara seu pai à morte. Ele sabia que não era fácil ser uma pessoa honesta, mas tentaria. Por Vívian, e pelo começo do amor que, ele sabia , estava nascendo entre os dois.
Vívian recusou-se a ir para casa no Natal. No dia seguinte à morte de Percy, enquanto Sirius ainda estava em Hogwarts, a garota deixara bem claro para o pai que não adiantaria ele proibir o namoro, que ela continuaria a se encontrar com Draco onde quer que fosse.
- Você não tem vergonha de falar comigo dessa forma, Vívian?
- Vergonha por que? Eu vou ficar com o Draco, quer você queira, ou não...e você pode me mandar para o outro lado do mundo, que eu volto...não vai adiantar me proibir...
- Tudo bem, Vívian Black...já que a senhorita é tão adulta e dona do próprio nariz, eu vou deixá-la em paz...namore quem você quiser, mas depois não vá chorar arrependida em casa..
"Eu não vou me arrepender", pensou, enquanto a maioria dos alunos deixavam Hogwarts. Vívian passaria as férias na casa de Lyra, em Hogsmeade. Teria duas semanas inteiras para namorar à vontade, sem Harry, Rony e Hermione pegando no seu pé.
O Natal na casa dos Weasley, como Harry previra, não fora nem um pouco alegre. Nem mesmo Fred e Jorge fizeram suas habituais brincadeiras ( embora ainda trabalhassem em suas invenções ) e adiaram a inauguração de sua loja apenas para o começo do verão.
O Sr Weasley ouvia os planos dos gêmeos sobre a loja, e se perguntava onde os rapazes arranjariam dinheiro para o empreendimento. Não fazia idéia de que Harry os financiara, em segredo, com o prêmio do torneio Tribuxo. No fundo, sentia-se orgulhoso do talento que os filhos tinham para inventos, e já providenciara para que os gêmeos não tivessem qualquer problema com o Ministério da Magia.
Molly Weasley demonstrou, naquela noite, ser uma mulher forte. Embora soubesse que nada no mundo abrandaria sua dor, esforçou-se para preparar uma boa comida, em homenagem a Harry e Hermione. Não houve comemorações, e a distribuição de presentes deu-se de forma discreta. Harry ganhara mais uma suéter Weasley, o que seria bastante útil naqueles dias de inverno, além de um belo relógio de Hermione, e uma caixa de doces variados da Dedosdemel de Rony. Este ganhara da namorada uma máquina fotográfica, e passou o resto da noite tirando fotos de Hermione.
Em certo momento, Harry sentiu-se um pouco deslocado na Toca: a Sra Weasley terminava de arrumar a cozinha, Rony e Hermione pareciam ter tomado chá de sumiço. O Sr Weasley discutia política com os filhos mais velhos, e Fred e Jorge aprontavam mais uma em seu quarto. A única pessoa que não se encontrava dentro de casa era Gina, e Harry achou que não havia problema algum em procurá-la.
Gina estava sentada no jardim, pouco se importando com a neve que molhava suas vestes. Harry não se lembrava de tê-la visto tão bonita e triste ao mesmo tempo. Pareceu-lhe que a morte de Percy afetara muito mais a garota que qualquer um dos outros irmãos.
- Oi, Gina...- Harry sorriu, sem-graça. Desde que haviam terminado o namoro, nunca mais haviam se encontrado a sós - posso te fazer companhia?
- Adiantaria eu dizer "não"? - Gina sorriu - claro, Harry.
Os dois ficaram sentados lado a lado, num silêncio constrangedor.
- Porque você não está lá dentro, com os outros? - Harry perguntou, tentando puxar algum assunto.
- Eu não estou suportando o clima em casa...se não fosse pelos meus pais, eu teria permanecido em Hogwarts...eu...eu nunca pensei que fosse sentir tanta falta do Percy...- Gina desabara, as lágrimas escorriam pelo seu rosto. - Eu procuro não chorar em casa...para não incomodar....- para o espanto de Harry, Gina se jogara em seus braços, procurando consolo.
Harry sentiu-se tentado, e mesmo não achando certo aproveitar-se daquele momento, com Gina chorando pelo irmão, puxou levemente o rosto da ex-namorada, e seus lábios roçaram-se levemente, dando início a um longo beijo. Harry apertou-a ainda mais, e já não sabia se estava com Gina ou Lilá. Quando terminaram, a garota o encarou, confusa.
- Gina, me desculpe...eu não queria...
- Ora, Harry, por favor...é claro que nós dois queríamos isso, ou você acha que eu deixaria você me beijar assim? - Gina levantou-se, e parecia irritada - E agora? Eu tenho um namorado, você tem uma namorada...isso não foi nem um pouco honesto da nossa parte...
- Você tem razão...
- Eu agi como uma tola, quando nós terminamos, Harry. Eu assumo que poderia ter sido mais compreensiva com você...mas eu era tão criança, tão infantil. Mas agora é tarde, não?
- É...é tarde para nos arrependermos...
- Então vamos esquecer o que aconteceu hoje, tudo bem? Será um segredo entre nós dois.
Harry concordou, embora não tivesse certeza de que estava sendo sincero consigo mesmo.
Vívian passou a noite de Natal na casa de Lyra e Severo Snape, em Hogsmeade. Além da garota, encontravam-se também Remo e Amanda, além de Hagrid, com seu habitual bom humor. Era visível a simpatia e carinho que Lyra tinha pelo guarda-caça e professor, desde seu tempo como aluna em Hogwarts. Para Vívian, a noite só não fora perfeita porque Draco não estava presente. E passou a ceia toda ouvindo a tia e Amanda conversando sobre os bebês que nasceriam com poucos meses de diferença, Snape e Remo se estranhando a cada palavra que diziam.
No dia seguinte, Vívian seguiu logo depois do almoço para Hogwarts, a fim de se encontrar com Draco. O rapaz estava na biblioteca, cercado por uma pilha de livros, totalmente entediado.
- Estudando? - a garota se sentou ao lado do namorado, e o encarou divertida - que pena...eu vim aqui para te convidar para um passeio...
- E quem disse que eu vou recusar? - Draco juntou os livros, e deixou-se levar por Vívian.
O casal percorreu toda a propriedade, descobrindo alguns lugares que nunca haviam visto antes em Hogwarts. No entanto, o frio intenso e uma intensa nevasca logo obrigaram os dois namorados a se refugiarem dentro do castelo, onde não havia absolutamente nada de interessante para se fazer.
Das janelas do Salão Principal, Vívian observava curiosa o Salgueiro Lutador, e lembrou-se das histórias que Sirius lhe contara sobre o túnel que levava à Casa dos Gritos, em Hogsmeade. E pensou como seria divertido conhecer aquele lugar.
- Vem - disse à Draco - Tive uma idéia...
Draco ouvira também as histórias a respeito daquele túnel, principalmente depois da noite em que Sirius escapara dos dementadores, quando ainda estava no terceiro ano. Entraram rapidamente na passagem, temerosos que algum professor os tivesse visto. Mas uma vez dentro do túnel, pareciam duas crianças correndo pelo corredor, Draco tentando alcançar Vívian que disparara na sua frente.
A Casa dos Gritos continuava completamente destruída, as tábuas rangendo a cada passo que davam. Vívian subiu lentamente as escadas, e finalmente conheceu o lugar onde, anos atrás, os marotos se encontravam. Ali dentro, não sentia frio. Tirou a pesada capa de veludo, e sentou-se na cama, ainda ofegante com a corrida. Draco surgiu em seguida, olhando com curiosidade ao seu redor.
- Lugarzinho sinistro, não? - disse, sentando-se ao lado de Vívian - será que tem dono? Nós poderíamos alugar essa casa quando você se formar...agora que eu estou pobre, acho que vou precisar me adequar - sorriu, sarcasticamente, provocando gargalhadas na namorada.
- Você me mata de tanto rir, sabia? - Vívian jogou-se para trás, deitando-se na enorme cama.
- Não gostou da idéia de morar aqui, quando a gente se casar? - Draco debruçou-se sobre a namorada. Agora já não ria mais, e encarava Vívian com seriedade. Naquela casa caindo aos pedaços, o único som que se ouvia era a respiração ofegante dos dois jovens, assustados com a própria ousadia. - Eu te amo - Draco sussurrou, enquanto beijava Vívian, e suas mãos percorriam o corpo da namorada, desapertando suas vestes. Abraçaram-se com mais intensidade, rindo da própria inexperiência, e excitados com a descoberta do prazer e do amor.
Os meses que se passaram em seguida foram talvez os mais difíceis desde a volta de Voldemort. Enfurecido pela perda de Lúcio,seu braço direito, o bruxo resolveu que era hora de agir como nos velhos tempos...e isso incluía mortes e desaparecimentos de todos que ousassem cruzar o seu caminho. E enquanto espalhava ainda mais o terror, Voldemort formulava o seu plano final...
Sirius sentiu-se aliviado por ter colocado sua família a salvo muito antes de toda aquela selvageria. Recebia constantemente ameaças de morte, e passou a andar sempre com dois aurors. Temia também pela segurança de Lyra e Snape, e quando a irmã lhe disse que estava disposta a se proteger através do feitiço Fidelius, Sirius não relutou em ser o fiel do segredo...tinha certeza de que não suportaria se qualquer coisa acontecesse com Lyra, principalmente ela estando grávida.
Mas aquele não fora um período apenas de terror. Pelo menos em Hogsmeade, não havia uma única ocorrência, e aquela região foi considerada a mais segura para a comunidade mágica, conforme pesquisa feita pelo Ministério.
Agora, Lyra começava a sentir-se mais segura e protegida, e conseguiu curtir cada momento de sua gravidez. E exibia orgulhosa a sua barriga, pelas ruas da vila, ou pelos corredores de Hogwarts. Severo estava sempre presente, e muitas vezes Lyra sentia-se sufocada pelo excesso de proteção do marido. E sempre que possível, ia até Londres em companhia de Amanda, a fim de comprarem o enxoval de seus bebês.
No princípio do mês de março, Amanda entrou em trabalho de parto, em plena madrugada. Remo a levou para o pequeno hospital de Hogsmeade, localizado onde antes havia sido uma antiga hospedaria. Desapachou rapidamente uma coruja para Lyra e outra para Hogwarts. Não aguentaria esperar tantas horas sozinho.
Lyra e Snape só chegaram ao hospital quando o dia amanhecia. Na verdade, o professor de poções só acompanhou a esposa por precaução, não gostava de vê-la andando sozinha no final da gravidez. Dumbledore e McGonagall esperavam na recepção.
- O bebê já nasceu - informou a professora, aparentemente emocionada.
- E já sabem o sexo? - Lyra perguntou, mas antes que o diretor ou a professora respondessem, Remo apareceu radiante, o sorriso estampada em seu rosto.
- É uma menina...Lyra, ela é linda - Remo a abraçou emocionado, e Lyra finalmente entendera que tudo o que um dia sentira por aquele homem transformara-se em amor fraternal. Era quase como um irmão. No entanto, Severo não compartilhava da mesma opinião, e mostrou-se extremamente incomodado com aquele acesso de carinho.
- E vocês já escolheram o nome? - Dumbledore adiantou-se, cumprimentando Remo.
- Já. Maryanne, o nome da mãe da Amanda. - olhou para Lyra, que confirmou a afirmação.
- E a Amanda, como está? Correu tudo bem?
- Ela está ótima...eu estou parecendo um bobo - ele riu, imaginando a própria cara - Lyra, você manda uma coruja para o Sirius? Infelizmente, eu não vou ter tempo...ah, Severo, você pode cobrir as aulas de hoje?
Snape concordou, sem discutir. No fundo, apesar da antipatia que tinha por Remo Lupin, se envolvera pela felicidade do colega. E dali a dois meses, ele também seria pai.
O segundo jogo da Grifinória era contra a Corvinal, o que seria uma surpresa, pois ainda não conheciam a tática de jogo do apanhador que substituira Cho Chang. Harry, porém, estava relativamente tranquilo. Só sentia-se entristecido, pois aquele seria seu penúltimo jogo em Hogwarts. Agora, começava a preocupar-se com o seu futuro, e o que iria fazer após sua formatura.
Antes de entrarem em campo, ainda teve tempo de lançar um olhar para Gina, que permanecia de mãos dadas com Colin. Depois do Natal, nunca mais conversaram a respeito do que ocorrera naquela noite. Quando entrou em campo, e fez a sua volta de aquecimento, Harry viu Lilá numa das arquibancadas mais altas, ao lado de Rony e Hermione, e lhe atirou um beijo, o que depois fora motivo de gozação entre a sua turma durante dias.
Apanhou o pomo nos cinco primeiro minutos, provando mais uma vez que era o melhor apanhador de Hogwarts. E quando finalmente pousou, recebeu abraços de todos os lados dos seus colegas da Grifinória, e quase teve as costelas quebradas por Hagrid, que o cumprimentou com lágrimas nos olhos.
Quando finalmente conseguiu se desvenciliar de toda a multidão, recebeu o beijo e o abraço que mais esperava...Lilá o apertava com força, como se estivesse com medo de que o garoto fugisse.
- Hoje à noite, quero que me espere na sala comunal, depois que todo mundo já estiver dormindo...
- Para?
- Surpresa - Harry a beijou rapidamente - preciso ir tomar um banho urgente.
Lilá esperou, exatemente como Harry pedira. E quando já eram quase meia-noite, com a sala comunal vazia, o rapaz descer as escadas, carregando sua Capa da Invisibilidade.
- Vamos? - Harry, sem maiores explicações, jogou a capa sobre a namorada.
- Harry, o que significa isso?
- Isso é uma Capa de Invisibilidade, que herdei do meu pai...hum...e descobri que ele e minha mãe costumavam passear pelos corredores do castelo...- disse, maliciosamente, enquanto pensava no quanto era grato a Sirius por lhe revelar aquela informação valiosa - e então? Quer um pouco de aventura?
- Você é um louco...- disse rindo, protegendo-se com a capa.
Harry conduziu Lilá pelos corredores, até alcançarem a torre mais alta, onde normalmente tinham aulas de astronomia. Livrou-se da capa, pois achava improvável que Filch aparecesse por ali. Abraçaram-se, e permaneceram um longo tempo beijando-se, até que Harry, num ato supremo de ousadia, tentou abrir as vestes de Lilá.
- Não, Harry, por favor...- ela sussurrou, afastando-o - foi para isso que me trouxe até aqui?
O rapaz corou, sentindo-se levemente envergonhado.
- Eu sei o que você está querendo...eu também quero, Harry, mas não hoje, não aqui em Hogwarts...
- Eu só pensei...que você iria gostar da idéia - Harry agora sentia-se totalmente idiota. Mais até que no dia em que convidara Cho para ser seu par durante o baile de Inverno - me desculpe.
- Mas eu gostei...Lilá debruçou-se na mureta, e comtemplou a Floresta Proibida - eu nunca havia reparado como a vista daqui é linda, mesmo a noite. - sorriu para Harry - eu prometo que vamos ter o nosso momento...antes do que você imagina...
Nos seus últimos dias de gravidez, Lyra sentia-se tão inchada e desconfortável, que Dumbledore não hesitou em contratar um professor substituto, liberando-a do incômodo de subir e descer tantas escadas. E numa noite, enquanto preparava o jantar, sentiu a bolsa se romper. Tentando manter-se calma, chamou por Severo, que se encontrava na sala, corrigindo os deveres dos alunos.
- Você está se sentindo bem?
- Eu estou ótima...- fez uma careta ao sentir uma das primeiras contrações - eu acho que ainda vai demorar...
Lyra só deu entrada no hospital duas horas depois, toda a calma deixada para trás. Nada a havia preparado para o parto, e entrou em pânico quando percebeu que não havia como fugir daquele momento.
- Não me deixe sozinha, Severo - gritou, furiosa.
E Snape não teve escolha senão permanecer o tempo todo ao lado de Lyra, segurando a sua mão...e foi o momento mais emocionante da sua vida quando viu o seu filho nascer, um menino forte, cujo choro invadiu todo o quarto. Depois que as enfermeiras limparam o bebê, e o colocaram no colo da mãe, Severo sentiu a garganta travar.
- Ele não é lindo? - Lyra disse, murmurando exausta.
Snape não conseguiu responder. Apenas sorria, abobado.
- Eu quero que ele tenha o seu nome, Severo...o nome do homem mais maravilhoso que eu conheci.
- Então que seja...- contemplou o bebê, quase adormecido - Severo Snape Jr.
Em algum ponto distante de Hogsmeade, no interior da Inglaterra, Voldemort encontrava-se escondido. Durante aqueles últimos quase três anos, desde que recuperara o seu corpo, deixara Harry Potter quase em paz...concordara com aquela estúpida brincadeira de Narcissa, que poderia ter trazido piores consequências...mas agora, era chegada a hora de sua vingança final.
Aproveitara todo aquele tempo para formular um plano ousado, porém sem grandes complicações. Relera todos os livros e documentos que tinha em seu poder, a respeito da Magia Negra. E sorriu de satisfação quando percebeu que tudo o que precisava já estava em seu alcance.
- Então, minha cara Narcissa...estamos prontos, ou não?
Narcissa encarou Voldemort com um brilho assassino em seus olhos. Clamava por vingança desde a morte de Lúcio...e não hesitara em aceitar a proteção do Lord das Trevas em troca de sua lealdade. A Marca Negra estava para sempre tatuada no seu braço esquerdo, mas ela não se importou.
- Apenas mais dois dias, milorde. Estamos com todo o plano engatilhado...
Capítulo 20...
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