Thanatos

(Rurouni Kenshin e Neon Genesis Evangelion Crossover)

por Tomoe Ayanami e DarK Rei

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Palavras para evitarmos processos judiciais:

Basicamente todos os personagens pertencem a Nobuhiro Watsuki, Gainax, Yuu Watase e seus respectivos distribuidores. Siim, estamos usando estes personagens sem a permissão dos autores. Este fic não tem fins lucrativos. (u.u") Maaas, interessados em depositar dinheiro na minha conta bancária me mandem emails ^.~

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Palavras das autoras:

- Oi!

= Olá!!

- Ahn... o que podemos dizer sobre este fic?

= Olha... *coça a nuca* ele se passa na realidade... ahn...  digo, nos dias atuais.

- É. Hmm... nós misturamos os personagens de Evangelion e Rurouni Kenshin.

= E o Tamahome!!

- É... e o Tamahome. ¬¬"

= Não faz essa cara! Ele é lindo! *__*

- Não to contestando! Bem... basicamente os personagens tem as mesmas personalidades do anime.

= Ahn... o Kenshin tá meio battousai.... *__*

- Controle-se. u.u"

= I caaaannnnn't!!

-Ahn... poisé. Hey Rei (Ô.o) você conhece o Canadá?

= *Tropeça* X_x"

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[Capítulo 1 – Amalthea]

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            Era final de agosto. O verão estava em seu auge. As férias chegavam ao fim, trazendo muitos alunos à sua rotina escolar normal (ou quase).

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            Olhos violetas se abriram na escuridão, esta rompida pelos feixes de luz que vinham da janela. O sol nascia. O jovem levantou-se da cama, afastando as cobertas e se aproximando da janela.  Apreciou a desconhecida cidade que banhada em luz dourada da manhã, reluzia diante de seus olhos. Luz que disfarçava algum sombrio passado levado junto com o breu da noite, por entre suas ruas, ele tinha certeza.

            Após alguns instantes se afastou da janela, sacudiu levemente a cabeça, como se quisesse se livrar do sono. Pegou algumas roupas no escuro armário e se dirigiu ao banheiro.

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            O barulho de um despertador soava, quebrando o silêncio do quarto decorado em tons de laranja e despertando uma garota ruiva de seus sonhos. Esta, por momentos só deu um tapa no despertador e voltou a dormir. Instantes depois, como de costume, uma empregada bateu na porta. Não houve resposta. A senhora entrou no quarto, trazendo o café da manhã numa larga bandeja prateada.

"Senhorita Asuka." A senhora disse.

Silêncio.

"Eu trouxe seu café, senhorita. Vou deixar aqui, são 8 horas da manhã."

"Hmm...como se eu não soubesse disso..." Ela murmurou de baixo das cobertas.

"Com licença." A senhora se retirou, deixando a bandeja sobre uma mesinha próxima a cama.

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            Yui Ikari suspendeu os preparativos do café para ir até o quarto de seu filho. Parou diante da porta e bateu suavemente.

"Shinji, 8 e 15, acorde."

Do outro lado da porta só podia se ouvir um abafado 'Ahnnn...'

"Levante-se ou você vai se atrasar, querido."

"Já vou..." Disse o garoto abrindo a porta e, cambaleando de sono, dirigiu-se para o banheiro. "Oi, mãe."

"Bom dia, filho." Ela sorriu e retornou à cozinha. "Querido, pare de ler esse jornal e venha aqui me ajudar." Voltando-se para o marido.

"Uhum..." Gendo disse, muito absorto com sua tarefa matinal de ficar informado.

"Ah..." Suspirou Yui  'Ele não tem jeito...'

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            Tamahome havia algumas horas já estava acordado. Neste momento ele estava saindo da sala de treinamento. Com uma pequena toalha ele limpava o suor do rosto. No corredor encontrou alguns empregados levando o café para sua irmã mais nova.

"Olá." Ele cumprimentou os empregados, bem humorado.

"Bom dia, senhor. Como foi o treinamento?" Um deles perguntou.

"Ah, tudo bem. Mas eu devo ir agora, tenho que tomar um banho..."

"Sim senhor. Tenha um bom dia, senhor." Os dois homens se despediram e continuaram seus caminhos.

            O jovem também tomou o caminho do seu quarto e desapareceu no final do longo corredor.

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Num quarto amarelo, uma jovem de longos cabelos escuros despertava de seu sono ao sentir o toque de seu pai em sua cabeça.

"Filha, já são oito e quinze. Vá tomar seu banho para depois se juntar a mim para o café."

            Enquanto isso, Kaoru erguia-se na cama e esfregava os olhos. "Sim, papai"

"É seu primeiro dia de aula, não vá se atrasar. Te levo para o colégio hoje."

            A garota sorriu.

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            O que esses jovens desconheciam é que alguns minutos mais tarde, estariam todos se encontrando no colégio Fujiro Kou Akonbi, na sala 314, onde a turma G do terceiro ano do ensino médio estava designada a estudar durante o próximo ano letivo.

            Tido como um dos melhores colégios da cidade por sua rigidez e disciplina, era freqüentado por todos os tipos de adolescentes. Suas paredes cinzas e classes em tons mais claros estavam todas limpas e reformadas, a espera dos alunos. As aulas começavam às 9 horas da manhã e findavam às 3 e meia da tarde.

            Professores andavam de um lado para o outro nos longos corredores do bloco A, preparando suas aulas e a recepção dos alunos. O movimento era frenético e a mesa do diretor Kozo Fuyutsuki estava cheia de papéis.

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            Lentamente a pesada porta da diretoria se abriu , revelando um alto homem, com longos cabelos da cor do ébano, pose imponente e olhar penetrante.

"Bom dia, Seijuuro-sensei!" Disse o diretor num tom informal, com um sorriso aberto em meio ao rosto sonolento.

"Senhor diretor, vim buscar as chamadas das turmas do 3° ano."

"Ah... Hai, hai" disse Fuyutsuki meio desconcertado com a frieza do professor. "Imagino que, como coordenador do 3° ano, o senhor tenha muito trabalho." O homem ensaiou outro sorriso.

            Sem resposta, Kozo apenas pegou da pilha de papéis sobre sua mesa sete pastas e entregou à Hiko, que estava completamente desconcertado. Na verdade, era assim que a maioria das pessoas se sentia diante dele. "Aqui estão! Divirta-se!!!"

            Hiko Seijuuro ergueu a sobrancelha.

"K-ham, ahm... Bem... E os outros professores?"

"Estão todos já preparando suas salas e turmas das quais são, respectivamente, regentes... Menos Katsuragi-sensei." Falou Hiko, descontente.

"Entendo, não é novidade. Bem, então prossiga, professor. Mais tarde passarei em todas as salas de aula e peço que o senhor se encarregue de fazer a introdução dos novos alunos.

"Hai." Com as listas em mãos, Hiko deu as costas e deixou a sala. A grande porta fechando-se atrás dele.

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            Os alunos começavam a chegar e tomar seus lugares. Na sala 314 a maior parte dos alunos já esperavam a professora.

            Asuka  entrou no recinto com ar triunfante. Talvez porque carregasse uma bolsa nova. Foi então ao encontro de sua amiga Kaoru, que não vira nas férias. De repente seus olhos esbarraram na forma de uma outra garota.

            Sentada ao lado da janela, Rei Ayanami parecia mergulhada em seu próprio universo. Seu queixo estava apoiado nas delicadas mãos e ela tinha seu rosto voltado para o vidro, ignorando o 'auê' em que estava a classe.

            Asuka estreitou os olhos sob seu objeto de desprezo, mas logo voltou sua atenção à amiga que falava e gesticulava sem parar.

"Mas então Asuka, o que você fez nessas férias?" Perguntou Kaoru, radiante.

"Ah..." ela se sentia preparada para dizer todas as coisas maravilhosas que fizera. Estufou o peito e começou.

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            Não demorou para que Shinji Ikari chegasse na sala de aula. A entrada do garoto mal foi notada. Das quatro pessoas que realmente perceberam a chegada dele, duas logo vieram saudá-lo.

"E aí, Shinji!!" Gritou Touji Suzuhara do meio da sala.

"Ah... Ae Touji." Ele disse, lentamente indo na direção do amigo, que tinha Kensuke Aida ao seu lado. Antes de falar com eles, o jovem Ikari ainda lançou um breve olhar para a solitária figura de Rei.

"Mas olha só, é você mesmo Shinji!?" Disse Kensuke se voltando para o amigo e trazendo a atenção dele de volta. "Está mais alto." O amigo zombou.

            Logo os três estavam rindo e conversando sobre todas as novidades que tinham. Uma delas era sobre boatos sobre a nova professora e novos alunos.

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            Em outro canto da sala de aula, Asuka e Kaoru conversavam animadamente. Mais como Asuka falava pelos cotovelos e Kaoru concordava. Quando Shinji entrou na sala Asuka desviou rapidamente os olhos.

"Bah... esse idiota ainda existe?" Ela cruelmente falou.

"Pobrezinho. Ele parece ser gentil, porque você não gosta dele?" Kaoru deu um risinho abafado, e falou com ironia.

"Gentil!? Olha eu conheço esse aí faz um tempo, nossos pais são amigos... ele é um completo tapado."

"Claro, ele e o resto do trio." A jovem de rabo-de-cavalo concordou apontando para os três amigos, Suzuhara, Aida e Ikari conversando.

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"Dizem que ela voltou essas férias de um curso no exterior e veio dar aulas nessa escola!" Kensuke comentava todos os dados que conseguiu acessando os arquivos da escola.

"E dizem que ela é muito bonita. Finalmente! Nada mais daquelas velhas decrépitas me enchendo a paciência!" Touji estava bastante animado com os boatos sobre a professora, e fazia questão de demonstrar isso. "E ainda tem aquilo sobre os alunos novos... tem uma garota, não tem Aida?"

"É... mas não achei nada sobre ela nos arquivos de matrículas... não tem nada lá. Só achei sobre o outro."

"Como assim, nada na matrícula? Nem o nome?" Shinji se pronunciou pela primeira vez em muito tempo.

"Iie... o nome está lá - Tomoe ou algo assim - mas... é basicamente isso. É como os arquivos sobre a Ayanami." Aida respondeu desanimado.

"Mas não se preocupe! Não tarda nós vamos conhecê-la... Tomara que seja bonita..."

"Touji..."

"Ahn...?" Disse o garoto ainda tentando imaginar como seria a garota perfeita para entrar na turma.

"Olha quem chegou." Disse Shinji, desviando o olhar da porta.

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            Um jovem alto e de cabelos negros, presos numa pequena trança entrou na sala, chamando a atenção de todos. Havia suspiros das garotas e olhares frios dos garotos. Ele sorriu, passou a mão pelos cabelos e fez seu caminho para uma das mesas do fundo.

            Antes que pudesse chegar lá ele foi abordado por duas garotas.

"Tama-kun!" Disse Asuka, mostrando o melhor sorriso que conseguiu.

"Olá! Tamahome!" Disse Kaoru, também espelhando um grande sorriso.

"Ah... Bom dia." Ele disse, tentando passar pelas duas e chegar à mesa. Ele não obteve sucesso.

            Logo o jovem artista marcial recebeu uma enxurrada de perguntas, comentários e novidades. A roda de garotas à volta dele crescia cada vez mais, ele suspirou quando percebeu que não ia chegar na mesa tão cedo. Não obstante, ele adorava estar cercado de garotas, mas bem que ele podia estar sentado.

"E então? Como passou as férias?" Disse Asuka, inclinando-se para frente em direção ao jovem.

"Ah, muito bem... viajei para o exterior." Ele lentamente começava a ceder ao 'assédio das fãs'.

"Hmmm... Sugoi!" Disseram Asuka e Kaoru em uníssono. 

"E as garotas aqui? Passearam bastante?" O lado de sua personalidade que adorava atenção e esbanjava charme começava a tomar o controle.

"Ah claro!" Disseram as duas, juntas novamente.

"Bem... bem... e vejamos, entrou algum aluno novo?" Tamahome finalmente conseguiu chegar à mesa no fundo da sala, perto da janela. Mesa que, por acaso, ficava atrás da de Rei Ayanami. A garota pareceu não notar a chegada dele, o que o fez um pouco desconfortável.

"Não sabemos ainda, tem alguns boatos de que são dois. E dizem que a nossa professora de biologia é nova, e que acabou de ser transferida." Asuka disse sentando-se em cima de uma mesa ao lado.

"Ora... que interessante." Ele se recostou na cadeira e colocou as pernas sobre a classe. Cruzando os braços ele prosseguiu. "E quem sabe sejam novas alunas... lindas novas alunas..." Um sorriso malicioso apareceu na face do jovem.

"Não diga isso Tama-kun!" Disse Asuka. "Tomara que sejam uns caras lindos!"

"É mesmo!" Concordou Kaoru, que há pouco puxara uma cadeira e agora estava sentada ao lado de Asuka.

"Tsc, tsc..." Tamahome balançou a cabeça, fechando os olhos. "Que mentira... eu sei que vocês não querem nenhum cara além de mim. Então sou eu que preciso de mais variedade, não é mesmo?" Ele disse sorrindo.

            As duas jovens ficaram levemente coradas, e também um pouco irritadas com esse comentário, mas havia verdade naquelas palavras, então elas não tiveram outra saída além de dar risadinhas. Uma das regras de popularidade: sempre concorde com aquele que é mais popular que você. E dê risadinhas.

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"Que idiota." Disse Touji entre os dentes, olhando com o canto dos olhos a cena que se desenrolava ao lado.

"Não implica Touji, você sabe que ele pode mais que você." Disse Kensuke, escorado na parede e sentado na sua cadeira.

"Cala a boca." Rosnou o garoto mais alto.

"Você tem que aceitar a realidade de vez em quando."

"Eu disse pra calar a boca. Vou ter que fazer isso por conta própria?!" Suzuhara não tinha muita paciência pra isso. Bem, paciência pra nada, se analisarmos bem.

            Pressentindo o perigo, Aida utilizou o método mais rápido, fácil e prático de desviar a atenção de Touji. Ele empurrou os óculos mais para cima e disse. "Ei, o que o Ikari está olhando?"

"Huh...?" Disse Shinji, automaticamente pela menção de seu nome. Porém sua mente e seus olhos permaneceram em outro lugar.

            Touji logo se virou para seu outro amigo e seguiu o olhar fixo dele. Tinha esquecido completamente da ameaça contra Kensuke. "Hmm... vamos ver..."

"Eu acho que nem precisa procurar. Eu já sei quem ele está olhando." Falou Kensuke, com ironia.

"Ahn??" Shinji percebeu que a conversa tinha chegado nele e voltou seus pensamentos e olhos para Touji, que estava inclinado ao seu lado, com um dos olhos fechados, apontando para uma das mesas na janela.

"Shinji, você não tem jeito." Touji disse num tom cético, balançando a cabeça. "A quieta e inocente Rei. Se ela tivesse idéia de como você seca ela."

"O QUÊ?!?" Gritou Shinji, quase pulando da cadeira. A classe subitamente virou-se pra ele, o que fez com que ele tapasse a boca com as mãos.

            Aida segurou o riso como pôde, e esperou até os outros alunos desviarem os olhares curiosos do trio. "Agora você não pode negar... Nós vimos muito bem."

"Mas, mas não é isso!! Eu não estav-" Shinji foi interrompido quando Touji colocou o braço em suas costas e deu alguns tapinhas, cochichando algo em seu ouvido.

            O que quer que tenha sido, deixou Shinji mais vermelho que um tomate, com os olhos arregalados e gaguejando. "N-não... e-eu... err..."

"Imagine... e se não for você, pode ser qualquer de nós." Touji abriu um sorriso e voltou para sua classe.

"Ora, fica quieto." Shinji retrucou, retomando certa calma e a expressão séria do rosto.

"Aprenda a dividir Shinji, afinal, nós somos seus amigos." Riu Kensuke, colocando mais lenha na fogueira. Se existia algo divertido para Touji e ele, era deixar Shinji Ikari estourado.

            Desta vez o jovem de cabelos escuros não teve a oportunidade de continuar a discussão.

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            Naquele instante, entrou a professora. Perdendo livros e folhas pelo caminho na correria, sentou-se à mesa principal Misato Katsuragi. Com um sorriso largo, ela parecia pouco se importar com a sua 'entrada triunfal'.

"Err... Bom dia!" Disse ela, passando as mãos no cabelo azulado e arrumando as roupas. Ela pôs-se de pé ao lado da sua mesa. Mesmo assim, poucos deram atenção à sua chegada.

"Bem vindos de volta à escola!" Falou a Srta. Katsuragi com mais ênfase.

            Com isso alguns mais prestaram atenção na jovem professora. Embora não parecesse de início, ela não era do tipo paciente.

"Andem logo!! Sentem-se e prestem atenção! Eu não tenho o dia todo!" Ela finalmente gritou, batendo com força os livros na mesa.

            Em segundos a atenção (principalmente masculina) estava centrada em Misato.

"Muito bem." A mulher disse, respirando fundo. "Vocês são a turma G do 3° ano da high school. Eu sou Misato Katsuragi, a nova professora de biologia. Espero que todos vocês se comportem bem, ou terão o prazer de conhecer nosso coordenador melhor."

            Os alunos trocaram alguns olhares confusos e temerosos. Alguns conheciam a fama do tal coordenador do 3° ano.

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 Enquanto a professora se apresentava, em uma sala menor no fundo de um corredor lateral, conversavam o coordenador e um jovem aluno novato. O ambiente estava pesado demais para a situação. O rapaz olhava para um canto qualquer do tapete da sala, parecendo desconhecer ou tolerar, simplesmente não se importar com o olhar, tantas vezes desconfortável para outras pessoas, que o homem lançava sobre ele. Eles não haviam trocado mais que algumas poucas palavras polidas de apresentação. Estavam lá há 5 minutos. O ambiente estava pesado demais para a situação, realmente. 

Então, o professor levantou-se e dirigiu-se com passos firmes até a porta. "Siga-me, por favor."

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            De volta à sala de aula, enquanto alguns alunos debatiam mentalmente como seria este homem, a porta se abriu.

"Ah, entre, por favor!" Disse Misato, caminhando em direção à porta. "Eu estava justamente falando sobre o senhor."

"Ora, que conveniente." Disse o homem de voz grave. Ele era alto, tinha um físico bem desenvolvido, olhos penetrantes  e cabelos negros. Ele era Hiko Seijuuro, coordenador das turmas de 3° ano.

 Adentrou a sala e fitou com o canto dos olhos cada um dos alunos, rapidamente. A maioria sentiu, no mínimo, um calafrio percorrer-lhes a espinha.

"Bem vindos ao 3° ano." Falou seriamente. "Vim aqui me apresentar como o coordenador de disciplina. Espero que entendam o que isto quer dizer. Acompanharei vocês este ano como professor também. Espero não ter que ver vocês em minha sala, mas qualquer problema, é a última do segundo corredor lateral."

Alguns, mesmo que inconscientemente, concordaram com a cabeça, tamanha a imponência que dele emanava. Praticamente toda a turma tinha seus olhos fixados no professor Seijuuro. Praticamente porque, no fundo da sala, numa mesa ao lado da janela, Rei Ayanami permanecia indiferente, olhando para fora.

Logo atrás dela, o jovem Tamahome continuava com as pernas cruzadas sobre a classe, olhando arrogantemente para Hiko. Isso durou até o coordenador devolver-lhe o olhar, duma forma tão ameaçadora que em segundos, Tamahome estava sentado com a postura tão ereta como nunca estivera na vida.

            Não obstante, esse fato aconteceu tão rápido que foram poucos os que perceberam. Poucos foram, também, aqueles que notaram o olhar feroz e cheio de desgosto de Tamahome.  Ele não estava acostumado a ser submetido dessa maneira. Seu lado arrogante não estava nada feliz.

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            Do lado de fora, encostado na parede ao lado da porta, o novo aluno esperava, não tão ansiosamente, a sua entrada. Ele estava com os braços cruzados, olhos encobertos pelas largas mechas ruivas. Ouviu passos passando por ele no corredor e risadinhas femininas ecoando até sumirem gradativamente na porta ao lado, o toalete. Não se incomodou nem em levantar o olhar para saber quem eram.

            Em seguida, a porta da sala do 3° G abriu-se e a forma de Hiko surgiu depois, sua voz chamando o aluno. "Vamos."

            O jovem levantou o rosto, sua franja se afastou, revelando profundos olhos violetas, de um brilho frio. Tão logo, sua presença era notada dentro da sala, arrancando olhares curiosos, apreciativos e depreciativos. Até mesmo a intocável Rei moveu delicadamente o rosto apoiado nas mãos para fitar os olhos daquele cujo reflexo vira na janela.

            Aparentemente, nada podia ser captado na expressão de Rei, porém um sutil brilho passou de relance pelos olhos cor de sangue. Ela sentiu algo vagamente parecido com um arrepio quando os olhos dele encontraram os dela refletindo o mesmo brilho sutil. Era uma sensação que nunca tivera antes. Estava inquieta. Ele a deixava inquieta.

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            Misato, talvez a única a não observar o garoto com olhos inquisitivos, imediatamente abriu um largo sorriso. "Ohayou!"

Hiko reverenciou e se preparava para sair, quando Misato agarrou seu braço e alegremente acrescentou para a turma.

"Bom gente, então vocês já sabem, Hiko-san é nosso coordenador e seu professor de química! Não fiquem com saudades, vocês verão ele de novo hoje, depois do almoço!" Ela ia soltando o braço do homem quando,de repente, tornou a agarrá-lo. "Hey! Hiko-sensei a propósito, onde você vai almoçar?" Disse ela com um vívido e curioso olhar.

            Hiko adquiriu um sutil tom de vermelho no rosto, imperceptível para qualquer um. "Ahn.. err... C-com licença, Katsuragi-sensei." Ele se esforçou para dizer, antes de retirar apressadamente, batendo a porta atrás de si.

"Ano... Bem, quero que conheçam seu novo colega!" A professora virou-se para o jovem de pé, ainda com um sorriso nos lábios.

"Watashi wa Himura Kenshin desu.  Douzo yoroshiku." O jovem se apresentou, sucintamente. Fez uma reverência rápida, e olhou para a sala, procurando uma mesa vaga para sentar.

            Encontrou um lugar logo à frente da garota que lhe inspirara tanta inquietude. Estranho era, para ele, se sentir inquieto com uma simples troca de olhar. 'Nunca vi olhos tão profundos.' O coração do jovem estava, de alguma forma, apertado. Ignorando todas essas sensações, ele sentou-se e recostou-se contra a janela.

"Err... bem, eu acho que já podemos começar a aula." Misato logo abriu o livro de chamada e conferiu as presenças. "Pronto... ahn... Biologia. Vejamos... estudaremos..." Ela rapidamente folheou seu caderno. "Reprodução." Ela finalmente disse, um pouco sem jeito.

            Olhares confusos e várias *gotas* surgiram, vindos dos alunos. Tamahome se pronunciou. "Nós já estudamos isso umas duas vezes, no mínimo."

"Ahn... Bem, agora é um pouquinho diferente. Como posso explicar..." Ela estava começando a perder o jeito. "Mais específica." Ela se aproximou do quadro e começou a escrever 'Tipos de reprodução.' "Alguém se lembra dos dois tipos que existem?"

"Dois? Eu conheço mais que dois..." Tamahome disse, em tom irônico.

            Risadinhas abafadas foram ouvidas, vindas de Asuka e Kaoru, entre outras. Touji olhou para Tamahome com desgosto. Shinji e Kensuke seguraram o riso, achando as palavras do jovem muito idiotas. Kenshin e Rei pareceram não notar o comentário. Misato perdeu completamente o jeito.

"Ahn... não, é... Esqueçam." Ela se virou e começou a escrever mais coisas no quadro.

            Conforme a matéria era revelada, pouco a pouco no quadro, suspiros e 'aahhh...'s em tons entediados eram notados na sala. Realmente não era um assunto novo e, muito menos, interessante para eles.

"Vamos! O que estão esperando? Copiem!" Misato disse, ao se virar para a turma e ver os olhares desanimados de todos.

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Depois de dois entediantes períodos de biologia entrou na sala um jovem professor. Não precisou dar mais que três passos dentro do recinto para ter todas as atenções femininas sobre ele. Colocou seu pesado material sobre a mesa e, sem mais delongas, pôs-se a falar.

"Konnichiwa." Todos os alunos já estavam novamente em seus respectivos lugares. "Eu sou Shinomori Aoshi, professor de gramática."

Olhares se cruzaram por toda a parte. As meninas, sem esforço algum, prestavam completa atenção ao professor. Os rapazes não sabiam ainda se gostavam ou não dele.

Frio, polido, respeitável e evidentemente belo, o jovem professor, de cabelos negros e olhos azuis parcialmente encobertos pela longa franja, foi ao quadro e escreveu uma pequena lista de regras gramaticais, sem trocar mais nem uma palavra com os alunos.

Todos os alunos, sem demora, pegaram seus materiais, abriram seus cadernos e puseram-se a copiar. Bem, quase todos.

Calmamente, então, o professor virou-se para eles e friamente indagou. "Por que motivo vocês copiaram isto?"

Ninguém soube responder tão simples pergunta, após segundos de reflexão. Aoshi largou a caneta com toda sua serenidade e explicou. "É mais importante que vocês entendam o que estão aprendendo do que simplesmente copiarem algo que não compreendem."

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Ele continuou discursando sobre isso e sua matéria. E então, poucos notaram o tempo correr até que o sinal para o almoço soou e todos começaram a recolher seu material.

Sob furtivos olhares de alguns colegas, Rei empilhou seus livros sobre a mesa para então guardá-los. Enquanto isso, logo à frente dela, o novo aluno, Kenshin fechava sua mochila e atirava-a sobre o ombro. Tão distraidamente o fez que acabou, com a mochila, por derrubar os livros de Rei no chão.

Imediatamente ele abaixou-se para juntá-los. Rei teve a mesma idéia. Sua mão acabou por encontrar a dele. Assim como o olhar. Os dois pareciam ter congelado, olhando-se nos olhos.

Quando Kenshin voltou parcialmente a si, apressou-se em recuar o corpo, porém, seus olhos de um violeta profundo nunca quebraram ligação com os olhos cor de sangue da garota que ele ainda não conhecia o nome. Os dois jovens levantaram-se ao mesmo tempo, como se espelhando as reações um do outro. O olhar não foi rompido uma só vez.

Pareceram-se passar eras, até que o olhar foi quebrado e a jovem de cabelos da cor do céu se virou e fez seu caminho para fora da sala, deixando para trás um Kenshin imerso em pensamentos.

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Andando pelo longo corredor, a garota de olhos vermelhos também tinha sua mente ocupada. Estranhamente, o novo aluno a intrigava.

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Despercebido tanto por Kenshin e Rei, era o fato de que ainda restavam outros alunos na sala. Este grupo era formado pelo famoso 'Trio', ou seja, Shinji Ikari, Touji Suzuhara e Kensuke Aida.

Shinji tinha uma expressão indescritível no rosto. Não obstante, não era uma expressão contente. Pelo contrário, ele parecia estupefado, com um traço de raiva no olhar. O olho do garoto contraía-se involuntariamente, e ele tinha a estranha sensação de estar sendo roubado.

"Que foi, Shinji? Perdeu alguma coisa?" Touji disse ironicamente, já sabendo com o que o amigo estava tão incomodado.

            Shinji fitou o amigo com olhar furioso, pegou sua mochila e preparou-se para lançá-la com força em direção ao rosto de Touji. Este se preveniu e, antecipadamente, abaixou-se, deixando o caminho livre para que a mochila encontrasse as costas de Aida, violentamente.

"OOUCH!" Gritou Kensuke, virando-se em seguida para encarar os dois amigos. "POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?!" Ele olhou para Touji, que ainda estava abaixado e depois para Shinji. "P***A! Doeu!!"

            Antes que Kensuke chegasse até ele, Ikari começou a se explicar. "Não era pra pegar em você!! Era pra acertar o Touji!!"

            Touji... Bem, este estava ocupado rindo incontrolavelmente.

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No longo corredor, do lado de fora da sala de aula, muitos alunos dirigiam-se
à lancheria do colégio. Tamahome era seguido pelo seu grupo de amigos e mais atrás deles vinham um grupo de meninas. Na liderança, Asuka, seguida de perto por Kaoru.

Chegando o local do almoço, os dois grupos ocuparam uma das longas mesas no local. Ali, misturaram-se todos. Conversavam animadamente, comentando sobre as férias, a escola, os novos professores, e comentários mais discretos corriam por toda a mesa sobre o novo aluno Himura Kenshin.

Asuka empenhava-se em manter nela a atenção de todos os meninos. Bem, ela conseguia. A atenção deles era dividida também as outras meninas. Encantavam-se todos como os colegas e as colegas havia... bem, se desenvolvido.

Já as meninas dividiam suas atenções entre os outros meninos mas principalmente Tamahome. Sob estas condições, seu ego praticamente explodindo, deixava-se levar pelo seu lado arrogante.

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" Hey Akemi, cê não acha que aquele cara novo é muito estranho?"

"Olha Tsu, pode até ser, mas ele é L-I-N-D-O!!!"

"Ô se é!!!"

Comentários como esses espalhavam-se entre as meninas. As quais davam muitas risadinhas também, entre outros sobre os meninos e as colegas também.

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            Enquanto isso, pela porta entravam, Suzuhara, Ikari e Aida, que já haviam superado aquele desentendimento. Dirigiram-se à uma das mesas periféricas  que eram menores que aquelas onde o resto da turma se encontrava.

 Qual não foi a surpresa deles ao encontrar ali, numa das mesas pequenas, onde cabiam seis pessoas, Ayanami e Himura. Os dois estavam em extremos diferentes da mesa e em lados opostos, e concentravam-se, cada um, em seu próprio almoço.

Shinji logo que viu a cena, tomou uma pose rígida e estreitou os olhos. "Hmpf."

"Que foi? Ciúmes?" Provocou Touji.

"Cala a boca Touji, é sério." Shinji falou com uma voz fria e ríspida.

            Touji imediatamente perdeu a vontade de 'tirar' com a cara do amigo. Kensuke somente sorriu e balançou a cabeça. Logo os três estavam sentados numa mesa atrás do par, junto a outras duas meninas. Eram os únicos lugares vagos.

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            Shinji não conseguia tirar os olhos da cena à frente dele.

'Por que ela tá sentada com ele?? Eles mal se conhecem!'

"Ei, Ikari-kun!" Disse uma das garotas à mesa.

"Hm..." Rosnou ele, distraído.

"Que cara é essa?" Continuou ela, entre um gole e outro de suco de maçã.

"Ahn?" Ele finalmente desviou os olhos da outra mesa. "Nan de mo nai..." Ele rapidamente tornou sua atenção para o prato de comida.

"Hm, não precisa ficar assim!" Acrescentou a outra menina.

"É, ainda é tempo!" A outra completou, animadamente.

            Shinji estava olhando, surpreso, para as duas colegas. Não diferente, estavam os dois outros componentes do Trio. Mas tanto Shinji quanto Kensuke e Touji não tiveram tempo de se distrair com isso, pois logo estavam mais surpresos ainda com o fato de que as duas mudaram completamente de assunto e agora estavam rindo. Muito.

            Com a súbita mudança, os três amigos resolveram ignorar a presença das meninas. Não precisaram, porém, fazer isso por muito tempo, pois logo as duas estavam se retirando da lancheria, ainda rindo histericamente.

"Bizarro..." Comentou Touji.

"Completamente." Concordou Aida.

            Shinji estava, novamente, muito ocupado observando todas as ações e olhares do casal na mesa em frente. Por mais que procurasse, ele não vira os dois, Himura e Ayanami, fazerem nada além de almoçar. Ambos não trocaram olhares sequer uma vez, concentrando-se somente na refeição.

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            De volta à mesa do grupo mais popular da turma, e também, da escola, a passagem das duas meninas risonhas foi noticiada. E claro, comentada.

"Bah, que idiotas..."

"Ahan, muito nerds."

"E se acham gente!." Intrometeu-se Asuka.

"Pois é! Eu acho que elas são lésbicas..."

"Por quê???"

"Você sabe, elas estão sempre juntas.. e sozinhas. E o que é pior! Nunca vi elas olhando pra nenhum cara! Nem mesmo o Tama-kun."

"Bah... como podem?"

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Do lado masculino do grupo, o assunto era outro. Garotas. Mas, não aquelas que se fizeram tão notadas pelo lado feminino.

"Mas e aí Tama-kun, o que você tá achando da Akemi?"

"Huh...?" Ele pensou por alguns instantes. "Ah... mais ou menos..."

"Sei lá cara... eu curto ela."

"Hummm... eu acho que sei quem o Tama-kun acha a mais bonita... " Falou Touya, outro amigo, pendendo a cabeça em direção a mesa de Rei.

"Nah... Fala sério..!" Riu Tamahome.

"Ihh... ficou sem jeito!" Provocou outro dos garotos.

"Nem tenta esconder, cara!" Disse Ranma, dando um tapinha nas costas do amigo. "Ela até que é bem bonita... você sabe."

"Eu concordo!" Pronunciou-se Touya novamente.

"Ahh... fiquem quietos!" Rosnou Tamahome, perdendo a paciência.

"Calma, cara... ninguém vai roubar a sua garota!"

"Teoricamente." Ironizou Ranma.

            Todos então caíram na risada, enquanto Tamahome lançava um olhar furioso aos seus amigos. Momentos depois, ele virou-se e começou a observar a solitária garota de cabelos azuis, apreciando os delicados movimentos dela.

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'Não achei em momento algum que passaria por isso neste lugar. Meus objetivos eram claros quando cheguei aqui. Mas... Por que isso agora? Por que sinto isso perto dela? Mas sei que somente por ela vou saber as respostas. E... Aqueles olhos...? Nunca me senti tão inquieto... Mas, ao mesmo tempo... atraído...? Eu não entendo...'

            Kenshin distraía-se com sua comida e sem pensar, procurou Rei com o olhar. Curiosamente, a garota fez o mesmo. Mais um olhar trocado, e dessa vez rapidamente rompido pela parte dos dois.

            Bem, na verdade outro fato ajudou a quebra de olhar. O barulho que Shinji, na mesa de trás, fez quando percebeu o contato entre os dois, e levantou-se bruscamente, batendo os punhos cerrados contra a mesa. Mais rapidamente ainda, seus dois amigos puseram-no sentado novamente, puxando-o pelos ombros.

"Credo, Shinji! Calma, cara!" Disse Aida, num sussurro.

"Calma??? Eu sou uma pessoa paciente, mas pera um pouco! Tudo tem limite!!! Como eu posso me controlar diante disso???" O jovem Ikari retrucou.

"Naah!!! Pára de agir desse jeito!" Disse Suzuhara. "Pra chamar mais a atenção do que você tá agora, só enfiando uma melancia na cabeça!"

"E você ainda nega que gosta dela..."

            Shinji Ikari olhou para os lados e viu as pessoas olhando inquisitivamente para ele. Imediatamente ele baixou a cabeça e começou a corar. Porém para sua sorte, Ayanami não estava mais lá.

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            Passando lentamente pelo corredor que levava para o vestiário feminino, caminhava Rei. Abraçava seus livros enquanto passo a passo se aproximava da grande porta azul de metal. Completamente submersa em seus pensamentos, a jovem não percebia os olhares famintos que recebia dos garotos mais velhos que passavam por ali.

'Quem é você? Quem é você...? Por que... ele me olha? Por que... eu o olho? Naqueles olhos... o que eu vejo através deles... eu conheço. Me sinto estranha quando ele me olha... quando nossos olhos se encontram. A sensação... é familiar. Ainda assim... eu não conheço, não entendo,  por que meu olhar procura o dele...? Algo que é.... –água- algo que é agradável. Mas não... calor... O contrário... –fogo- o que me atrai.'

            A porta do vestiário então se abriu, permitindo a entrada da pensativa garota. Ela sabia o que ia encontrar, e isto, bem, não lhe importava realmente.

"Oh, Garota Maravilha?! Já foi convidada para alguma seleção hoje?" Falou Asuka cinicamente. As demais riram.

            Rei apenas passou reto, dirigindo-se ao seu armário, o qual abriu a porta e retirou de dentro seus tênis e o uniforme de Educação Física.

"Por Deus, o que foi? O que andou fazendo com a sua língua pra ela não poder funcionar agora?" Asuka bradou rudemente.

            As garotas a sua volta se entreolharam expectantes. Rei simplesmente fechou e trancou a porta do seu armário, ignorando totalmente a garota dos olhos azuis e cabelos ruivos, presos agora a um alto rabo de cavalo.

 Essa reação, a princípio, deixou Asuka desconcertada. Após se dar conta do que aconteceu, a jovem alemã explodiu em raiva. Seus olhos ardiam em chama, com fúria, e acabou por descontar tudo na primeira menina que passou pelo seu caminho. Ela odiava, mais que tudo, ser ignorada.

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No lado oposto do ginásio de esportes ficava o vestiário masculino. Lá dentro os rapazes já estavam se trocando também. Alguns corriam de um lado para o outro, batendo uns nos outros com as toalhas.

O Trio sofria com as zombarias feitas pelo grupo mais popular. Na verdade, todos sofriam. Menos Himura, que já estava vestido, à espera do sinal para o início do período.

"Hey, o que as garotas vão ter na Educação Física hoje?" indagou Touji.

"Pelo que eu sei, vôlei." Respondeu Kensuke, enquanto tentava vestir a bermuda. "Aah, como eu odeio essa aula!"

            Shinji estava calado, terminando de colocar suas meias. Ele não tinha jeito para dirigir uma palavra sequer para os amigos após o incidente da hora do almoço.

"Feito! A quadra de vôlei fica ao lado da nossa!"  Então Suzuhara olhou para Shinji com um sorriso malicioso. "Ouviu Shinji? Você vai poder ver a Ayanami de shortinho!"

"Touji, quieto." Foi a resposta fria e curta de Shinji, que corou levemente com a perspectiva.

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            Quinze minutos depois os meninos ocupavam a quadra de basquete e do outro lado, separados por uma rede, estavam as meninas na quadra de vôlei. A professora hoje estava sendo substituída por um professor que, naqueles minutos iniciais, apresentava-se.

"Boa tarde, garotas, eu sou Ryouji Kaji, professor substituto de educação física" disse o homem alto, que aproximava-se dos seus 30 anos. De cabelos e olhos castanhos, tinha um jeito de garotão e logo cativou a maioria das alunas. Segundo elas, ainda mantinha seu charme.

"Mas professor, quanto tempo o senhor ficará com a gente?"

"Bah, que formalidade! Me chamem de Kaji" Ele riu, enquanto passava a mão pelos cabelos.  "Bem... quanto ao tempo de aula aqui, não se preocupem. Garanto que vocês vão me ver de novo."

            Ele foi logo distribuindo bolas para as meninas, que formaram duplas para treinar. Rei não estava presente. Ela fora dispensada das aulas de educação física daquele dia para treinar na equipe de natação da escola.

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            Do outro lado da rede, olhares desapontados vagavam pelas quadras de vôlei. Rei não estava lá, e isso Shinji e Tamahome notaram muito bem.

"Presta atenção, Shinji!" Gritou Aida, pouco antes da bola atingir a cabeça do amigo.

"OUCH!" Foi tudo que o jovem Ikari disse, enquanto esfregava a cabeça.

"Vocês estão muito dispersos." Disse uma voz masculina num tom excessivamente desdenhoso.

"Err... desculpe, senhor." Rapidamente disse Kensuke.

"Não se deve perder a concentração no jogo para ficar observando as colegas." Repetiu o homem. Ele era magro, alto e esguio. Seus cabelos eram curtos, na frente com mechas de franjas bastante longas. Tinha um olhar agressivo, olhos bem rasgados e penetrantes.

"Sim, senhor Hajime." Shinji abaixou a cabeça, coberto de vergonha.

"Bom, não há tempo a perder. Continuem." Estranho era, porém, a impressão de que o peculiar professor sempre vestia um sorriso irônico e cruel, numa expressão suave demais para ser verdadeira.

"Hmpf." Kenshin, do outro lado da quadra, analisara o tal homem e percebia aspectos no comportamento e ações dele que avisavam-no para tomar cuidado. Ele não era um homem comum. 'Sorri demais.' Pensou.

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            Uma hora mais tarde, todos já se dirigiam às salas onde teriam aulas de língua estrangeira. Shinji corou levemente quando entrou em sua sala para a aula de inglês e deparou-se com a jovem Ayanami, invariavelmente sentada à janela.

'Os cabelos dela estão molhados. Onde será que ela esteve?'

            Ele só voltou à sua consciência quando Aida de repente esbarrou em suas costas, empurrado por um irritado Suzuhara, que vinha atrás dele.

"Saiam da minha frente! Rápido!" Rosnou ele, depois jogando sua mochila sobre a mesa.

"Que bicho mordeu ele, Kensuke?"

"Ahn.. um chamado Hajime Saitou."

"Bah... só imagino. O que ele disse?"

"Disse que se Touji quisesse continuar na equipe de basquete teria que 'tirar melhores notas e empenhar-se mais no treinamento, evitando dispersar-se'" Ironizou Kensuke, imitando as exatas palavras e tom do professor.

            Enquanto Shinji ria da imitação de Kensuke, outro colega entrou na sala. Ele se dirigiu diretamente para sua respectiva mesa, na frente da garota com cabelos molhados. A esse fato, Shinji somente parou de rir e adquiriu uma expressão séria no rosto.

            Após alguns minutos de inconveniente silêncio (na verdade, inconveniente para o Trio) a voz do novo aluno soou fria na sala.

"Onde esteve?"

            A reação da garota foi simples. Ela desapoiou o queixo das mãos, levantando o rosto para fitar o jovem. Sua expressão dizia nada. Somente seu olhar vermelho parecia questionar a ousadia de Kenshin.

"Seu cabelo" Houve uma pequena pausa. "Está molhado." Ele comentou, ainda não olhando-a nos olhos. Pelo contrário, ele fitava a parede no lado oposto às janelas. "Onde você esteve?"

            Havia três olhares perplexos na sala. Bem, dois perplexos e um ciumento E perplexo. Era uma grande surpresa alguém tomar uma iniciativa tão direta para falar com Rei Ayanami, a princesa de gelo. Para todos, ela era intocável, inatingível e, agora, esse rapaz estava intrometendo-se e a questionando como se fosse seu interesse.

"Eu tive treino."

Os olhares perplexos e o olhar ciumento e perplexo ficaram mais perplexos e ciumento e perplexo, respectivamente. Ninguém poderia esperar que a jovem fosse responder a uma pergunta tão intrometida.

"Hm..." Kenshin virou-se, agora fitando a garota nos olhos. "Treino? De quê?" A voz dele soou bem mais suave do que antes, esboçando um sorriso.

            Ela não esperava essa reação. Isso ficou claro com o quase imperceptível vacilo dela. Por um segundo, ela desviou o olhar. "Natação." Logo ela estava na sua posição habitual, olhando pela janela, indicando que o diálogo acabara ali.

            Himura também voltou a fitar a parede oposta. "Entendo." Agora ele tinha uma expressão muito mais leve no rosto.

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            Naquele momento, Shinji só não teve que ser segurado pelos amigos para não avançar em Kenshin, porque ele já estava fora da sala. Seus amigos já haviam-no segurado e arrastado para longe do par.

Mas sabendo exatamente o que se passava, Ikari entrou no banheiro e com fúria bateu a porta de uma das cabines. Em um momento de desespero, começou a dar pancadas com os punhos na porta, amassando o metal.

Ele fitou suas mãos que já sangravam.

'Eu a perdi. Eu sei que estou perdendo.' Seus amigos tentavam abrir a porta. 'Ele vai tirá-la de mim. Como fui tolo, tive tanto tempo com ela... não soube aproveitar. Não tive coragem para aproveitar. Covarde.' Kensuke e Touji chamavam por seu nome. 'Covarde.'

Ele socou a porta ainda uma última vez, abrindo-a em seguida e revelando a seus preocupados amigos uma expressão vaga e obscura jamais vista em sua face. Seus olhos focavam o nada, parecia que uma pequena chama brilhava no fundo deles.

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[Fim do Capítulo 1 – Amalthea]

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Traduções:

Nós usamos algumas palavras em japonês neste fic ( e pretendemos continuar usando ^.~"), então aqui vai a tradução delas pra ajudar vocês caso necessitem.

Watashi wa Himura Kenshin desu.  Douzo yoroshiku. = Eu sou Himura Kenshin. Muito prazer. (Obs: Não que ele estivesse realmente sentindo isso de fato... sabe como é u.u")

Konnichiwa = Bom dia. (o.Ô)

Konbanwa = Boa noite. (Ô.o)

Hai = Sim (Sim! É sim!! @.o)

(Fácil, né? =P Yasashii desu, ne!)

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Notas:

Araa...  Isso foi meio... diferente, não? Pois é... Mas espero que isso não seja algo ruim... Estou me esforçando bastante pra fazer isso... Então, por favor, tenham piedade da minha pobre alma... e do meu humilde fic... Tá? De qualquer forma, agradeço a quem está lendo! Fico muito feliz com isso... E se puderem, deixem Reviews! Críticas, sugestões, comentários e *koff koff* elogios ( u.u#) são bem vindos... Bomm... Jaaaa, ne!

            Tomoe Ayanami.

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[Próximo capítulo: Callisto.]