Amantes

Encolhida em seus braços, ela ainda dormia. Ele sabia que deveria fazer o mesmo, ou pela manhã estaria acabado, mas como convencer seus olhos a se fecharem, se abertos eles tinham a oportunidade de contemplar uma das mais belas cenas de sua existência? Não, o melhor era ficar assim, admirando-a. Ela era linda.

Seu peito subia e descia levemente, acompanhando o ritmo da respiração. Os cabelos negros escorriam pelo pescoço e adornavam os seios nus. A pele de marfim roçava na dele, lisa e suave, completamente despida de regras e pudores. Os lábios, entreabertos, moldavam no rosto angelical um sorriso doce e sereno, que tanto combinava com ela. E diante de toda a beleza dela ele refletia...

Muitas apontavam na rua, estigmatizando-os. Mesmo os amigos mais íntimos hesitaram um pouco quando descobriram. Sempre que estavam juntos, eles se perguntavam se o que estavam fazendo era errado.

Mas como algo tão lindo poderia ser errado?

Como o amor, em sua totalidade, podia ser tão rejeitado pelas pessoas?

Ele sabia que ela sofria muito mais aquela discriminação. Uma mulher entregando-se daquele jeito, deixando vir à tona seus desejos e sentimentos mais profundos, sem ser casada, era quase uma ofensa para os outros. Ela era tachada de mau exemplo, e de outras coisas que faziam o sangue dele ferver só de pensar que alguém poderia dizer a ela. E, ainda assim, ela sorria e se dizia feliz. Que ao lado dele, ela enfrentaria o mundo.

Era fácil para as pessoas pensarem que ele estava se aproveitando dela, e que partiria quando se cansasse. Que ele acabaria deixando-a sozinha com um filho no colo.

Será que ninguém enxergava que ele jamais a abandonaria?

Será que ninguém percebia que o que ele mais queria era ter uma família com ela, ficar ao seu lado para criar os filhos que um dia os dois haveriam de ter?

Será que ninguém via os olhos dos dois brilhando ao se encontrarem?

Será que todos eram tão frios a ponto de não se comoverem com o carinho quase palpável que existia entre eles?

Será que um dia eles teriam paz?

Eram tantas as perguntas que dançavam em sua cabeça...

A única coisa da qual ele tinha certeza era de que se o tempo parasse naquele instante ele não ficaria nem um pouco triste. Que, se morresse naquela mesma hora, ele poderia afirmar que havia realmente vivido. E vivido da forma mais intensa possível.

Um dia as pessoas iriam entender aquilo que ele sentia. Um dia, elas iriam finalmente aprender que o amor era maior do que qualquer princípio que a sociedade pudesse impor.

Ali, com os braços firmemente enrolados na cintura fina dela, ele só tinha certeza de que suas almas há muito já haviam se fundido, e nada nem ninguém poderia separá-los.

+++ Fim +++

Oi, gente! Quanto tempo, né?

Bom, como vocês puderam perceber, esse fic tem várias interpretações. Fica por conta da imaginação de vocês decidir qual o casal que melhor combina com a história!

Bem, escrevam sempre, ok? Eu quero muito saber a opinião de vocês.

Fiz esse fic pensando na Letícia, que é a única que tem me mandado e-mails. Valeu pela força, Letícia!

Bjus para todos da Queen!!!