Título:
Mais Profundo que os Oceanos, Mais Extenso que o Firmamento
(Que
título mais estranho... O que não escrevemos quando estamos em
idéias, não é?)
Autora: Zelda Hime
Casais: Jou/Koushirou, com menções de Ken/Miyako,
Takeru/Hikari, Taichi/Yamato, Mimi/Michael, Sora/OC.
Classificação: 15 anos (?) (Sempre tive problemas
com classificações...)
Resumo: Os digiescolhidos marcam um encontro para conversarem
e matarem as saudades, mas apenas Mimi e Ken percebem o quanto os gênios
do grupo estão agindo estranhamente... Conseguirá Mimi uní-los
finalmente?
Retratação: Eu não possuo Digimon Adventure
e seus personagens e, para falar a verdade, não faço a mínima
idéia de quem os possui (além da Toei). Se tudo isso fosse meu,
Koushirou e Jou seriam os personagens principais, e eu não faria um final
tão ridículo e descaracterizado quanto o final do 02.
Avisos: Minha história não é Yaoi... (Imi
nashi ka?/Sem sentido?/) Ok... Talvez seja... De qualquer maneira, essa
história está incontáveis vezes mais inocente que uma novela
da globo, então não se preocupem! (Ou talvez se preocupem...)
^_^*
Notas da Autora: Olá pessoal! Essa é a primeira
fic de digimon que escrevo, e a segunda fic minha a ser publicada na net. Na
verdade, eu tive a idéia de escrevê-la depois de uma frustrada
busca pela net de fics de Joushirou que eu ainda não havia lido. No começo,
eu estava pensando em fazer uma songfic, mas depois eu me atrapalhei toda e
resolvi apagar a songfic e fazer outra normal. E aqui está o que saiu!
Eu não gosto muito de escrever fics curtos, mas já estou planejando
um Joushirou mais longo, assim eu faço a minha parte para encher a net
com histórias desse casal tão fofo! o^.^o
A história
está narrada em terceira pessoa, mas, em algumas partes, também
no ponto de vista de Koushirou ou de Jou.
Espero que vocês
gostem! Eu realmente não tenho vocação para escrever histórias
com menos de 15.000 palavras... -_-**
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Odaiba, 2006.
*Trrim
Trriiiiim*
- Casa da Família
Izumi, Koushirou falando.
- Alô, Koushirou?
É o Taichi. Eu só liguei para confirmar, você vai mesmo
amanhã no piquenique?
- Hmm... Não
acho que poderei, Taichi, acontece que estou no meio da programação
de um sistema particularmente difícil e...
- Koushirou... -
disse Taichi em tom de aviso, o ruivo engoliu seco.
- Hmm... Claro!
Amanhã às dez da manhã, não é?
- Não, o
horário mudou. Sora disse que a mãe da Mimi resolveu voltar para
o Japão mais cedo e as duas vão chegar no aeroporto de manhã.
A Sra. Tachikawa concordou, então a gente vai buscar a Mimi e ir direto
para o digimundo.
- E a que horas
elas chegarão?
- Umas sete e meia,
oito horas. O pessoal combinou de se encontrar na lanchonete 24h que tem do
lado do aeroporto às sete horas. Nós tomamos café por lá
mesmo quando Mimi chegar e fazemos o piquenique na hora do almoço.
- Vocês pretendem
ficar o dia inteiro no digimundo?!
- Claro! Há
quanto tempo nós não nos vemos? Você espera que a gente
se encontre e vá embora depois de uma hora? Principalmente você,
Koushirou, você nunca aparece nas reuniões que nós marcamos.
Nem o Jou.
- Nós não
temos tempo... E não sei se poderei ficar fora durante o dia inteiro
amanhã.
- Koushirou, não
começa! Até o Jou aceitou fechar os livros por um dia inteiro!
- o coração do ruivo deu um tranco ao ouvir isso.
"Jou ficará
no digimundo o dia inteiro?"
- Então,
Koushirou?
- Ok, eu irei. Lanchonete
do aeroporto, sete horas. Estarei lá.
- Certo. E você
que não se atreva a levar seu laptop. Palavras da própria Mimi:
"Se o Koushirou levar aquele troço, eu quebro em milhões
de pedacinhos". - Koushirou deu um sorriso constrangido, lembrando do ataque
que Mimi deu na última reunião do digiescolhidos, quando ele ficou
boa parte do tempo no laptop. Se o Jou não o tivesse ajudado, não
teria sobrado nem poeira dos circuitos de seu computador. - E dessa vez, eu
ajudo ela.
- Entendido, sem
laptop.
- Ok, então,
até amanhã! Eu ainda preciso ligar para o Yamato para dizer o
horário novo.
- Até amanhã.
Koushirou desligou
o telefone e ficou um tempo parado, olhando para o aparelho. Depois suspirou.
"Um dia
inteiro com Jou... O que raios eu estava pensando quando concordei em ir a essa
reunião?"
Às
seis e quarenta, Koushirou já estava sentado em uma das mesas da lanchonete,
esperando os amigos. Ele acordara às quatro e meia aquela madrugada,
se sentindo extremamente ansioso por algo que não lhe vinha à
mente. Ele havia chegado na lanchonete às seis e vinte e finalmente resolvera
se sentar depois de andar para lá e para cá dentro do estabelecimento
por quinze minutos. Por que estava tão ansioso? Ele não sabia,
e nem queria tentar pensar em uma resposta. Estava ansioso demais para isso.
"Por que
o pessoal está demorando tanto? Ken e Miyako sempre chegam às
reuniões mais cedo que os outros!"
Seus pensamentos
foram interrompidos por uma mão em seu ombro. Koushirou se levantou de
um pulo, derrubando a cadeira, e se virou, para dar de cara com Jou. Este segurou
a cadeira e colocou-a no lugar, ficando vermelho, um sorriso constrangido no
rosto.
- Desculpe-me, Koushirou,
não queria assustá-lo.
Aquela voz... Aquele
sorriso... Koushirou não via aquele sorriso há mais de seis meses
e meio. Seu coração disparou em seu peito, e ele sentiu sua face
pegar fogo com o sangue bombeado para sua cabeça. Metade da ansiedade
de Koushirou se derreteu, e então o garoto percebeu o que tanto ansiara.
Com boa parte da adrenalina se dissipando em seu corpo, as pernas do ruivo enfraqueceram
e ele caiu para trás em outra cadeira.
- Koushirou! Você
está bem? - Jou perguntou ansiosamente, se aproximando do amigo.
- Hmm, sim, só
um pouco tonto. Acho que é porque eu não comi nada ontem. - Koushirou
mentiu, e Jou, felizmente, acreditou.
- Você não
deveria fazer isso, Koushirou. Você é um adolescente, precisa comer
direito. - o moreno se sentou ao lado do amigo ruivo, e os dois ficaram em silêncio
por um tempo, Jou olhando para Koushirou, e Koushirou olhando para o chão.
-
Huh... hmm... Então... Como vão os seus estudos... hmm... Jou?
- Vão bem...
Na verdade, eu parei de estudar por enquanto. Já fiz as provas, agora
só falta esperar o resultado e ver se eu entro na faculdade...
Os dois ficaram
em silêncio novamente, Jou agora estava olhando para o chão como
Koushirou. Ele levantou os olhos e viu as mãos do ruivo em cima da mesa,
se contorcendo. Por que Koushirou estava tão nervoso? Ele não
sabia, mas sabia por que ele mesmo estava. Ele não via o ruivo há
muito tempo, e, desde a última vez que o encontrara, percebera o quanto
os dois estavam se afastando um do outro e do resto do grupo. Desde os quinze
anos, quando ficara ao lado de Koushirou ajudando a segunda geração
de digiescolhidos, Jou começara a sentir uma paixão pelo ruivo
em uma intensidade que nunca sentira antes por mulher ou homem, e essa paixão
não demorou a se enfraquecer, fortalecendo outro sentimento mais alegre
e confortante, mas ainda mais angustiante. Jou não sabia exatamente quando
começou a amar Koushirou, mas sabia que deveria declarar este amor a
Koushirou rápido, antes que entrasse na faculdade e os dois se distanciassem
ainda mais. Ele sabia que a chance era grande do ruivo se sentir constrangido
e se afastar mais ainda por um tempo, mas também sabia que Koushirou
nunca deixaria de ser seu amigo por causa de sua opção sexual.
Entretanto, isso não deixava a declaração nem um pouco
mais fácil de se fazer. O fato de ele não ter tido a coragem de
contar a ninguém que era bissexual também não ajudava nem
um pouco.
"Nós
dois estamos sozinhos, o pessoal ainda vai demorar a chegar, é agora
ou nunca. Se Koushirou ficar muito constrangido, eu posso inventar uma desculpa
e ir embora. É, é agora."
Jou respirou fundo
e, colocando as mãos na mesa, aproximou uma delas vagarosamente das de
Koushirou. O ruivo nem percebeu, seu olhar ainda no chão. Assim que as
mãos de ambos se tocaram, a cabeça do ruivo se levantou de supetão,
e Jou respirou fundo e se preparou para pegar na mão de Koushirou, mas
foi interrompido antes de conseguir.
- Olá Koushirou!
Jou! A quanto tempo! - ao ouvir a voz de Miyako, os dois puxaram suas mãos
para seus colos e se viraram para olhar para Ken e Miyako. Miyako saudou e abraçou
ambos, falando alegremente. Ken apenas trocou um bom dia e ficou olhando de
um para o outro, com um sorriso surpreso e divertido no rosto, mas ainda com
uma gentileza que só Ken conseguia. Ambos digiescolhidos da Confiança
e Sabedoria estavam vermelhos feito tomates maduros, e se afastaram o máximo
possível um do outro quando o casal chegou.
Logo
Iori chegou, e algum tempo depois vieram juntos Taichi, Yamato, Takeru e Hikari.
Sora chegou correndo na última hora, pedindo desculpa pelo atraso. Daisuke
foi o último a chegar, indo direto aos portões de embarque e desembarque
do aeroporto para ver Mimi e sua mãe chegando e indo em direção
aos digiescolhidos.
- Olá pessoal!
- disse ele, ofegante.
- Demorou, hein,
Daisuke! Se nós fossemos a uma partida de futebol você seria o
primeiro a chegar, não é? - Miyako ralhou com o amigo, que ficou
vermelho. Ken riu, estimulando os outros a rirem também.
- Ah! Meus amigos!
Que saudades! - Mimi correu na direção dos amigos, pulando em
cima do Jou, que estava mais perto dos portões. Os dois se abraçaram,
então Mimi abraçou cada um dos outros digiescolhidos. O grupo
saudou a Sra. Tachikawa, então partiram de volta a lanchonete, onde finalmente
iriam tomar o café da manhã. Durante o caminho do aeroporto até
a lanchonete, Mimi contou tudo sobre os EUA e seu namoro com Michael. Quando
todos já estavam sentados e a comida já havia chegado, eles agradeceram
e começaram a comer.
- Então,
Jou, como foi na prova de admissão da faculdade? - perguntou Mimi, depois
de um tempo.
- Ah, eu acho que
fui bem... As provas não eram tão difíceis como eu imaginava.
- Também,
do jeito que o Jou estudou! Se, estudando daquele jeito, ele ainda achasse a
prova difícil, eu desistiria de entrar na faculdade!!! - exclamou Taichi,
levando de Yamato um tapa na cabeça. Todos riram. - Ei! Por que você
fez isso!
- Porque você
é um idiota! - Yamato respondeu rindo, depois puxou Taichi pelo colarinho
e lhe deu um beijo na boca. Vendo a cena, Mimi engasgou com sua comida, mas,
depois que se recuperou, caiu na gargalhada. Taichi e Yamato olharam para ela,
confusos.
- Eu sabia!!! Desde
o nosso tempo no digimundo, eu sabia que vocês dois iriam acabar se casando
no final! - os dois adolescentes riram.
- E quem disse que
eu vou me casar com esse cabeça de vento? - disse Yamato rindo, batendo
na cabeça do namorado de novo.
- E você Sora,
tem namorado? - Mimi se virou para a amiga, que ficou vermelha.
- Ah, eu estou namorando
um garoto que estuda comigo desde o primário...
- É o Tetsuya?
- perguntou Mimi excitada. Sora apenas concordou com a cabeça. Mimi gritou
e pulou da cadeira, indo abraçar uma Sora muito vermelha e as duas começaram
a rir. Depois voltaram aos seus lugares, ainda rindo.
- Takeru, Hikari?
- Mimi continuou. Os dois sorriram entre si e deram as mãos, erguendo-as
para mostrar à amiga. - Que bom, que bom! Vocês dois formam um
casal tão lindo! E você, Daisuke?
- Livre e desimpedido,
mas não estou procurando ninguém no momento. - o garoto sorriu.
- Miyako e Ken estão
juntos, claro, outro casal muito fofo. E você Iori?
- Ainda sou muito
novo, Mimi.
- É, você
faz bem em não namorar tão cedo. Mas alguém aqui já
está mais do que na idade. Jou? - Jou, que estava olhando discretamente
para Koushirou, ficou vermelho.
- Hmm... Nem pensei
sobre o assunto antes, com os estudos e tudo mais... Então, assim como
Daisuke, sou solteiro.
- Então você
continua dedicando a sua vida amorosa aos livros, como sempre. E quanto a você,
Koushirou?
- Solteiro, também.
- Continua dedicando
todo o seu amor ao seu laptop, não? Realmente, vocês dois são
casos perdidos. - Mimi sacudiu a cabeça e ambos Koushirou e Jou ficaram
vermelhos.
- Ei, pessoal, que
tal nós irmos ao digimundo agora? Eu 'tô morrendo de saudades do
Agumon! - Taichi disse, assim que viu que todos já haviam terminado de
comer.
O grupo concordou,
e eles levantaram e pegaram suas coisas. Koushirou desviou seu olhar para Jou
e o olhou por um tempo, até que o olhar de Jou se encontrou com o seu.
Ficando vermelhos, Koushirou e Jou desviaram o olhar. Desconhecido a eles, Ken
e Mimi assistiam o troca-troca com interesse. Olhando a sua volta, Mimi percebeu
que não tinha sido a única a ver a cena, então ela e Ken
trocaram sorrisos.
Sem PdV
Os
digiescolhidos encontraram seus digimons e mataram a saudade, depois começaram
a passear pelo digimundo, saudando amigos digimons, conversando e, principalmente
os mais velhos, relembrando histórias do passado. Depois de cinco horas
de passeio pelo digimundo, o grupo parou ao lado de um enorme lago e montou
o piquenique. Continuaram a conversar durante o lanche e, de tempos em tempos,
Jou e Koushirou admiravam um ao outro dos lados opostos da toalha por um tempo,
até que o outro encontrasse seu olhar ou eles pensassem que outro membro
do grupo estava assistindo. Ken e Mimi continuaram a ver esse troca-troca, até
que a comida do piquenique finalmente acabou. Discretamente, Mimi puxou Tentomon
para o canto.
- Tentomon, você
percebeu como o Koushirou age estranhamente...
- ... Quando está
perto do Jou? Sim, e Gomamon também. Ele disse que Jou também
fica estranho perto do Koushirou.
- É mesmo?
- Sim. Eles agem
assim desde o ano retrasado, e nós estamos começando a considerar
isso normal...
- Hmm... Você
não tem idéia do porquê que eles agem assim? - Mimi espichou
a cabeça por trás de uma árvore e fixou o olhar em Koushirou,
que por sua vez estava com o olhar fixado em Jou.
- Não. Eu
perguntei para Koushirou muitas vezes, mas ele sempre fica vermelho, gagueja
e muda de assunto.
- Hmm... Interessante...
Acho que eu sei o que eles têm...
- O quê?
- Estão apaixonados...
Um pelo outro. - Mimi e Tentomon trocaram olhares, mas não conversaram
mais pois Koushirou se levantou e veio atrás de seu parceiro digimon.
Mimi voltou ao local
onde os amigos estavam e ajudou Jou, Hikari, Miyako e Iori a arrumarem a bagunça
do piquenique. Assim que eles terminaram, Taichi se levantou do chão.
- E agora, o que
faremos? - todos olharam para o garoto, pensando em algo. A digiescolhida da
Sinceridade olhou para Jou e Koushirou, depois abriu um sorriso.
- Vamos ao cinema!!!
- Mimi disse prontamente, empolgada demais, mesmo para a Mimi. Todos olharam
para ela estranhamente, e ela jogou um olhar a Ken, indicando os dois amigos.
Ele entendeu e sorriu.
- Ótima idéia,
Mimi. Miyako estava mesmo querendo ir ver aquela comédia romântica
que estreou semana passada. - Ken reforçou, abraçando a namorada.
- Comédia
romântica não! Eu me recuso!!! - exclamou Taichi. Yamato riu.
- Não faça
charminho, Tai-chan. Eu sei que você ama uma comédia romântica!
- Yamato abraçou Taichi por trás, e este jogou um olhar mortal
ao namorado.
- A idéia
é boa, mas nós não precisamos assistir comédia romântica.
Vamos no cinema e escolhemos o filme lá. - disse Sora.
Os outros prontamente
concordaram e, depois de se despedirem de seus digimons, todos saíram
do digimundo, indo até um dos cinemas da cidade. Depois de muito discutirem,
acabaram concordando em um filme de Suspense/Mistério. Yamato recolheu
o dinheiro e comprou todos os ingressos. Como o filme só começaria
duas horas depois, eles foram dar uma volta no parque e, depois de um tempo,
voltaram. Eles caminharam para o cinema, Jou e Koushirou em lados opostos, separados
um do outro por quase todo o grupo.
- Mimi, se continuarmos
assim, Jou e Koushirou sentarão longe um do outro, e seu plano não
vai dar certo. - Ken murmurou para a jovem, que estava estralando seus dedos,
nervosa.
- Eu sei! - ela
respondeu debaixo da respiração. - Estou tentando pensar em algo!
Mas eles chegaram
ao cinema, e Mimi não havia pensado em nada. Ela já estava ficando
nervosa, e quando eles já estavam entrando na sala ela teve uma idéia.
- Pipoca! - Mimi
disse, então esticou o braço e puxou Jou, que estava na frente
do grupo, para trás. Com a outra mão, Mimi pegou o braço
de Koushirou e puxou os dois para fora do grupo. - Como pudemos nos esquecer
da pipoca!!! Vão se sentando pessoal, eu e os garotos traremos as pipocas,
eu pago!
Mimi saiu correndo
até a lanchonete do cinema, arrastando um dos garotos em cada braço.
Os outros digiescolhidos ficaram olhando estranhamente para a amiga, e Ken estava
tentando ao máximo segurar sua risada. Passado o choque, eles entraram
na sala e se acomodaram de maneira a se distribuírem nas duas melhores
fileiras do cinema. Nessa ordem, ficaram Daisuke, Iori, Miyako, Ken, Hikari
e Takeru na fileira da frente e Taichi, Yamato e Sora na fileira de trás.
- A Mimi está
agindo estranho, você não acha? - Miyako perguntou baixinho para
Ken. Ele não agüentou mais, caiu na gargalhada. Miyako olhou para
ele confusa. - O que está acontecendo, Ken?
- Nada, não,
meu amor. Eu conto tudo quando nós formos embora, tudo bem?
- Tudo bem então...
Os três últimos
digiescolhidos entraram no cinema levando dois sacos grandes de pipoca cada
um, com exceção de Jou que levava as bebidas. Mimi sentou-se ao
lado de Sora e atrás de Ken, Koushirou ao lado da primeira e Jou ao seu
lado. Mimi sorriu um sorriso triunfante e lançou um último olhar
aos seus dois amigos antes que as luzes se apagassem. Ambos estavam vermelhos,
muito vermelhos.
As
luzes se apagaram, deixando o cinema iluminado apenas pela luz do telão.
Koushirou sentia como se seu coração estivesse tentando sair pela
boca. Assim que eles haviam entrado no cinema, ele pensara em se sentar do lado
oposto ao de Jou entre os amigos, mas não conseguiu por causa de Mimi.
Ele pensaria que a Mimi estava tramando algo se a proximidade entre ele e Jou
não fizesse seu organismo liberar tanta adrenalina a ponto de deixar
seus pensamentos completamente confusos e nebulosos, e seu coração
a ponto de sair pela sua garganta.
Koushirou olhou
para o garoto em questão com o canto dos olhos, e percebeu que estava
sendo observado. Voltou seus olhos rapidamente para os trailers passando à
sua frente. Seria possível que Jou gostasse dele também? Ele sabia
que não, Jou gostava de mulheres, ele tinha até confessado a Koushirou
uma vez que havia se sentido atraído por Mimi durante suas aventuras
no digimundo. Mas então, naquela manhã, teria Jou tentado segurar
a mão de Koushirou, ou era só impressão do ruivo? Ao pensar
isso, o coração de Koushirou começou a bater tão
forte que ele começou a se sentir tonto. Ele respirou fundo, tentando
acalmar seu coração, então se ergueu mais no banco, segurando
os dois apoios de braço como apoio para não cair e fechou os olhos.
Ele jurava que podia sentir o cheiro de Jou com os olhos fechados. Isso não
era bom.
Assim que abriu
os olhos, o digiescolhido da Sabedoria viu que o filme já havia começado.
Ele olhou para o telão e tentou prestar atenção no filme,
mas ele não conseguia prender a sua atenção. O ruivo, então,
virou os olhos para o lado e olhou o digiescolhido da Confiança discretamente.
Ele parecia estar vendo o filme, mas suas mãos estavam se amassando uma
contra a outra em seu colo, ele parecia nervoso. Koushirou voltou a olhar para
a frente e apertou suas mãos, só então que ele percebeu
que estava segurando os braços das cadeiras. Seu coração
bateria mais rápido, se já não estivesse batendo rápido
demais. Ele se moveu desconfortavelmente em seu banco, mas deixou suas mãos
onde estavam, hora ou outra jogando olhares nervosos para Jou, que, desconsiderando
suas mãos, parecia completamente calmo.
Depois de se mover
muito, Koushirou finalmente encontrou uma posição confortável.
Ele fechou os olhos e respirou fundo novamente, tentando acalmar seu coração
disparado, mas já sabendo que aquela era uma ação inútil.
Foi quando sentiu algo quente contra sua perna. O ruivo abriu os olhos e viu
que Jou havia se ajeitado no banco também, e agora suas pernas estavam
encostadas. Ele respirou trêmula e profundamente e olhou para o outro
lado, onde viu Mimi olhando para a tela com toda a atenção que
tinha, suas mãos levando pipocas do saco para sua boca automaticamente,
sem uma ordem consciente da garota. Sem conseguir mais ter nenhum raciocínio
lógico, Koushirou ficou olhando para ela atentamente, e começou
a ficar mais calmo com seu nível de adrenalina baixando, esquecendo do
mundo à sua volta e prestando atenção apenas no movimento
automático da mão da amiga, seu corpo ficando mais cansado e pesado.
Quando sua respiração finalmente voltou ao normal, e seu raciocínio
lógico havia voltado parcialmente, Koushirou percebeu algo estranho.
O movimento da mão de Mimi estava ficando cada vez mais rápido,
cada vez mais rápido, até que, ao invés de levar as pipocas
à sua boca, Mimi as esmagou. O ruivo ouviu um enorme estrondo na caixa
de som logo seguido por muitos gritos estridentes, inclusive o de Mimi, que
o fez, literalmente, pular de susto em seu banco. Quando suas mãos levantaram,
ele bateu com sua mão direita em algo macio, e se virou para ver o que
era. Não havia nada sobre a sua mão, mas Jou estava com ambas
as mãos apertadas entre os joelhos e estava tremendo. Koushirou pensou
em perguntar se o garoto estava bem, mas pensou duas vezes antes de fazê-lo.
Novamente gritos
na sala, e Koushirou pulou novamente. Com esse segundo susto, seu cérebro
voltara a se clarear, e o fato de Jou ter desencostado a perna dele da sua ajudava.
Koushirou, dessa vez, começou a prestar atenção no filme
e logo constatou que, com seu nervosismo, de cuja razão ele estranhamente
não conseguia lembrar, ele provavelmente havia perdido metade do filme,
e agora não conseguia entender mais nada. Ele suspirou, maldizendo seus
hormônios. Verdade, hormônios eram importante para o organismo,
mas ele realmente não os precisava ter em tão grande quantidade.
Muitas vezes, principalmente quando estava com Jou, seus hormônios atrapalhavam
seu raciocínio lógico, e isso o deixava realmente irritado. Ele
tentou assistir o filme, mas o fato de seu cérebro parecer estar trabalhando
em câmera lenta não o ajudava, e, com a falta da maldita adrenalina,
seu coração estava batendo cada vez mais lento, deixando-o com
sono.
Ele estava fechando
os olhos quando sentiu algo quente e macio tocar levemente seu braço.
Então, todos os sentimentos voltaram de uma vez, seus hormônios
voltaram a circular, seu coração voltou a disparar e toda sua
atenção voltou-se para o seu lado direito, onde uma mão
estava pousada sobre o encosto do banco ao lado de seu braço. Koushirou
olhou para Jou, e viu que ele estava realmente concentrado no filme, concentrado
até demais, traindo que, na verdade, Jou não estava nem ao menos
olhando para a tela, mas sim através dela. A mão do garoto mais
velho vagarosamente escorregou ao lado da mão do ruivo, que sorriu quando
finalmente conseguiu raciocinar em seu cérebro nebuloso o que estava
acontecendo. Tomando uma respiração profunda para se acalmar,
Koushirou levantou sua mão e a colocou sobre a mão do outro garoto,
fechando-a. Ele ouviu Jou soltar uma respiração trêmula,
e então suspirar, apertando seus dedos. Os dois mexeram as mãos,
que estavam muito suadas por causa da adrenalina em seus sangues, e se arrumaram
de modo que os seus braços se tocassem e seus dedos ficassem entrelaçados.
Koushirou virou sua cabeça para olhar Jou e deu um sorriso, sendo retribuído
por um grande sorriso de Jou. O garoto mais velho estava respirando ofegante
e extremamente trêmulo por causa do dito hormônio, e o ruivo colocou
sua mão esquerda sobre a mão do outro, acariciando-a gentilmente
para acalmá-lo. Jou suspirou novamente e encostou-se totalmente no banco,
deixando sua cabeça cair para trás e fechando os olhos.
Koushirou
sorriu, e se virou para a esquerda para ver o que seus amigos estavam fazendo.
Mimi ainda estava comendo pipoca compulsivamente, o pacote que ela deveria ter
dividido com Jou e Koushirou estava vazio aos seus pés e ela estava agora
com o pacote de Hikari, Takeru e Ken. Sora estava assistindo ao filme e comendo
pipoca como uma pessoa normal, hora ou outra se assustando com o que acontecia,
mas não tanto quanto Mimi. Taichi e Yamato haviam esquecido o filme completamente
e estavam se agarrando, beijando-se como se aqueles fossem os últimos
beijos de suas vidas. Daisuke e Iori estavam assistindo ao filme e fazendo comentários
um ao outro, às vezes rindo dos sustos das amigas, às vezes levando
sustos também, e Daisuke parecia também estar se divertindo atirando
pipocas nos casais de namorados do cinema. Miyako estava com tanto medo do filme
que estava praticamente sentando-se no colo de Ken, e este, que não tinha
levado nenhum susto com o filme, estava acariciando seu cabelo e murmurando
palavras de conforto em seu ouvido, ao mesmo tempo em que tentava prestar atenção
no filme. Hikari e Takeru estavam vendo o filme abraçados, mas pareciam
estar dentro de um mundo só deles, apenas apreciando a proximidade do
outro, sem dar a mínima atenção à telona.
Koushirou voltou-se
novamente para Jou, que estava agora olhando carinhosamente para ele. O ruivo
sorriu e levantou a cabeça, dando um beijo no rosto de Jou. Este o retribuiu
com um beijo na testa, e os dois passaram o resto do filme se entreolhando.
Na cena final em que o mocinho revelava o mistério, Jou gentilmente tirou
a mão do ruivo de cima da sua e deu um beijo nas costas da mão
que estava entrelaçada à sua, soltando então seus dedos.
Assim que os dois separaram as mãos, as luzes dos cinemas se acenderam,
e eles voltaram seus olhares aos amigos. Mimi desistiu da pipoca e voltou seu
olhar aos dois, então sorriu. Os outros estavam começando a se
levantar, e Daisuke virou o resto do seu saco de pipoca, que ainda estava na
metade, sobre Yamato e Taichi, que ainda estavam se beijando. Assim que os dois
se separaram, os digiescolhidos saíram do cinema e começaram a
caminhar para o parque, de onde se despediriam e partiriam caminhos. Assim que
chegaram lá e se despediram, Mimi virou para ambos Jou e Koushirou e
disse que precisava falar com eles em particular. Eles aceitaram, e logo os
três estavam andando pelo digimundo. Quando chegaram perto do lago tranqüilo,
o Sol começara a se pôr. Mimi se virou a Koushirou.
- Koushirou, diga-me,
qual era a história do filme que nós vimos? - a palavra surpreso
era pouco para descrever o que o ruivo estava sentindo com a pergunta. Então,
ele ficou muito vermelho ao constatar que não lembrava nem o nome do
filme, quanto mais a história.
- Hmm... É...
Era... - gaguejou Koushirou, olhando nervosamente para Jou, mas o garoto mais
velho também não parecia saber do que se tratava o filme. Virando-se
novamente para Mimi, viu que agora ela estava sorrindo um enorme sorriso.
- Era essa mesma
a resposta que eu queria ouvir! Agora, eu vou indo, vocês dois têm
muito o que conversar! - Mimi piscou para os dois, então virou e partiu
de volta para o lugar de onde tinham vindo. Os dois jovens se entreolharam e
sorriram.
- Eu sabia que ela
estava tramando algo. - murmurou Koushirou.
- E eu a agradeço.
- acrescentou Jou, estendendo as mãos para o ruivo.
Os dois se aproximaram
um do outro, e então se abraçaram, e assim ficaram abraçados,
apreciando um ao outro, por um bom tempo.
- Eu o amo, Koushirou.
Muito.
- Eu também
o amo, Jou.
Assim que as gentis
declarações se dissiparam no espaço, Jou e Koushirou
se separaram, e então deram as mãos. Sorriram, sem trocar palavras
para não estragar o momento, então viraram seu olhar para o horizonte
ao outro lado do lago. O Sol estava se pondo, o pôr-do-sol mais lindo
que os dois jamais haviam visto, seu primeiro pôr-do-sol como um casal.
Koushirou:
Depois que o céu escureceu e as estrelas começaram a brilhar, eu e Jou resolvemos voltar para nossas casas. Ele me levou até minha casa e, ao chegarmos à porta, ele me convidou a um passeio ao digimundo no dia seguinte, um encontro. Eu prontamente aceitei, e lhe dei um de meus sorrisos mais brilhantes. Sorrindo ternamente de volta, Jou deu um beijo em minha mão, e então se despediu e foi embora. Eu entrei em casa e fui direto ao meu quarto, me jogando na cama e olhando para o teto. Nunca havia me sentido tão feliz como naquele momento, eu sentia como se meu rosto fosse rasgar com o enorme sorriso que eu não conseguia impedir. Depois de alguns minutos, adormeci, e dormi um sono profundo e sem sonhos, mas quando acordei novamente, ainda me sentia feliz.
Jou:
No dia seguinte ao das nossas confissões, eu acordei cedo e me arrumei, logo indo até a casa de Koushirou para leva-lo ao digimundo. Ainda estava feliz, um pouco ansioso e nervoso também, mas ainda assim muito feliz. E pelo sorriso de Koushirou, ele também o estava. Nós ficamos no digimundo de manhã até a noite, comendo os lanches que havíamos levado e aproveitando nosso primeiro encontro ao máximo. Encontramos Tentomon e Gomamon em um dos passeios, e eles pareceram extremamente feliz com a notícia de que estávamos namorando. No final da tarde, nós dois nos sentamos perto da beira do lago e assistimos novamente ao pôr-do-sol, dessa vez abraçados um ao outro. Depois, ficamos por um tempo vendo as estrelas e procurando as constelações. Eu consegui achar duas, mas Koushirou encontrou todas as outras, rindo quando eu o chamei de "anjo das estrelas". Por volta das nove horas, eu o acompanhei até a porta de sua casa, onde nós paramos e nos entreolhamos por um tempo. Koushirou me deu outro de seus raros e lindos sorrisos e, espichando seu corpo, tocou meus lábios com os seus. Foi então que nos beijamos pela primeira vez, e eu senti um dos mais doces e profundos sentimentos que eu havia sentido até ali. Nos despedimos, então Koushirou entrou em sua casa, e eu parti em direção à minha, sentindo-me como se estivesse caminhando entre as nuvens, com a imagem de um anjo ruivo desenhada em suaves contornos em minha mente.
- Eu o amo, Koushirou, mais profundamente que o mais profundo dos Oceanos.- Eu o amo, Jou, mais extensamente que a extensa distância entre a Terra e a mais distante Estrela do Firmamento.
Fim
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Notas Finais:
Nossa... Nunca escrevi algo tão melado assim... Acho que me
inspirei. ^_^ Bem, Agradeço a todos que tiveram a paciência de lerem
até aqui. Desculpem-me se alguns dos personagens saíram descaracterizados,
eu tentei corrigir, mas sempre tive dificuldade em caracterizar personagens...
Último pedido:
por favor, se forem criticar, façam críticas construtivas. Críticas
no estilo: "Sua história é um lixo! A pior coisa que já
li!" não servem para nada senão como piada para escritores
com auto-estima alta e, como no meu caso, para baixar mais ainda a auto-estima
daqueles que quase não a tem. Nunca zombem das pessoas pelos que elas
fazem, pois algum dia alguém pode zombar de você.
