Chegamos ao último capítulo da short que conta a história do amor de Halloween desses dois e eu tô prestes a chorar, juro!
Foram três meses escrevendo esse casal, acompanhando o rumo que as vidas deles tomaram e caminhando pro final mais que merecido. Fiquei muito satisfeita e espero que vocês fiquem também! Boa leitura!
Capítulo 4: O Fruto.
31 de outubro, 2026
Duas pequenas mãozinhas puxavam minhas pálpebras para cima em uma tentativa bem sucedida de me acordar. Elas cheiravam a sabonete infantil glicerinado. Suave e docemente divertido. Imaginei a sensação do líquido perolado escorrendo entre meus dedos, se transformando em espuma e quase senti a textura dos cachinhos macios e ruivos em minhas mãos. Era tão reconfortante que me fazia querer dormir novamente, tudo o que faltava era uma canção de ninar para me teletransportar para o mundo dos sonhos.
— Mamãe. — A voz tilintante me chamou. — Mamãe, acorde! Papai está fazendo caquinha na cozinha.
E aí fui puxada de volta pra Terra junto de um calmo bater de portas.
— Nessie…! — Edward sussurrou, pegando a menininha no colo e prendendo-a ao lado do corpo. Ela deu um sorrisinho cúmplice ao pai e arregalou aqueles lindos olhos cor de chocolate. — O que eu te pedi pra não fazer, ursinha?
— Acordar a mamãe... — Renesmee sussurrou de volta, fazendo um biquinho repleto de bochechas gordinhas. — Mas eu senti um cheirinho esquisito, papai.
— O papai também pode resolver os cheiros esquisitos. — Edward imitou o biquinho dela, cobrindo sua pequena testa com a dele. Nessie deu uma risadinha.
Mais um dia, e mais um em que tenho que lidar com o fato de que eu pari meu marido em todos os sentidos. Uma versão infinitamente menor e feminina dele.
— Está tudo bem, meu amor. — Me levantei com uma dificuldade digna de pena devido à bolinha de futebol que eu carregava na barriga. — Já estava na hora da mamãe acordar.
— Nessie, acha que pode ir até a sala e ficar de olho no EJ pro papai? — Edward perguntou e a criança em seu colo abriu um largo sorriso.
— Eu posso! Cresci três dedinhos ontem, sabia? Eu contei. — A garotinha de quatro anos se remexeu no colo do pai e, ao ser colocada no chão, abraçou sua perna. Era tão pequenininha que as marias chiquinhas batiam nos joelhos dele. — Posso pegar ele no colo, papai?
— Pode, mas espere até que o papai ou a mamãe estejam perto de vocês pra isso, tudo bem? E lembre-se de que ele é pequenininho e não entende muitas coisas. Temos que ter paciência.
— Tudo bem! Eu tenho toda a eficiência do mundo! — Nessie saiu saltitante e tocando os sininhos de sua risada antes de nos deixar sozinhos.
Eu duvidava que ela soubesse o que eficiência significava e muito menos sabia de onde ela tinha tirado aquilo, mas era tão… intenso ver minha garotinha crescer. Às vezes muito lindo, às vezes emocionante a ponto de me fazer chorar noites inteiras, mas sempre intenso.
— Bom dia, amor. — Edward me envolveu com os braços, deixando aquele sorrisinho torto me iluminar.
Minha cintura era redonda e cada dia ele ficava mais longe ao me segurar com o bebê nos separando, mas mesmo que notar as mudanças do meu corpo me deixasse maluca algumas vezes, na maior parte do tempo eu simplesmente amava estar grávida. Não entendam isso como um motivo para um quarto filho, não. De jeito nenhum. Nós dois concordamos em parar no terceiro e estamos muito felizes com nossa decisão. Nessie teria um irmãozinho para crescer junto de si e EJ teria o mesmo com Thony. Já ele teria que arcar com a montanha de amor que os pais e mais dois irmãos mais velhos pudessem dar.
— Bom dia. — Abri um sorriso mordido e Edward o beijou sem hesitações. Sua mão desferiu um carinho gostoso em minha barriga e, de imediato, recebeu um chute.
— Já acordou, garotão? — Disse ele ao que se sentou na cama, me puxando pra si, e sussurrou contra minha pele antes de beijá-la. — Você não deixou a mamãe dormir ontem, aí pensei em deixá-la descansar mais, mas sua irmã tinha outros planos. Desculpe ter acordado você. — Nós rimos juntos. Bom, tudo bem, talvez Renesmee tenha alguma coisinha minha no fim das contas.
— A culpa disso é totalmente sua. Ele só se mexe quando você toca ou conversa com ele. Nem ligou pra Nessie. — Meus dedos perpassaram os fios acobreados de Edward e logo ele estava com as orbes verdes concentradas em meu rosto.
Era incrível como, não importava quanto tempo passasse, ele ainda assumia o posto de homem mais lindo que já existiu. Seus lábios avermelhados e bochechas coradas atenuando o tom dos cabelos espetados, contrastando com pele clara e olhos cintilantes, tudo acompanhando o corpo esguio e forte por baixo dos moletons temáticos, sem esquecer do sorriso mais lindo que já existiu. E no fim de tudo, todos aqueles detalhes eram inteiramente endereçados a mim. Se isso não era sorte, acredito que eu não a conheça.
— Ele me ama, é claro. — Edward sorriu antes de sussurrar contra minha barriga novamente. — Você gosta da voz do papai, não é? — Em resposta, o neném desferiu um chute, mas aquele pézinho estava longe do pai e bem na altura das minhas costelas esquerdas.
— Aí! Ok, isso doeu. Chega de conversa. — Interrompi, arrancando uma risada de Edward, que logo se levantou e me beijou novamente. Dessa vez eu pude sentir a intensidade voar junto com as borboletas encurraladas em meu estômago.
— Feliz aniversário, bruxinha. — Ele murmurou contra meus lábios, esfregando minha bochecha com o polegar.
— Feliz aniversário, amor. — Sorri, antes de beijá-lo suavemente de volta.
Depois do nosso último Halloween como namorados, Edward e eu voltamos para New Hampshire e assim se passaram mais dois anos de faculdade para mim, já ele se formou no final daquele mesmo período. Me graduei com honras em Literatura e choveram oportunidades pelos quatro cantos do país, mas tudo que sei é que eu tinha prometido algo ao meu pai e isso me trazia de volta a Seattle custe o que custasse.
Edward e eu nos casamos no dia 31 de outubro do mesmo ano em que me formei em Dartmouth, mas a data, por incrível que pareça, não foi proposital. A campina onde queríamos nos casar estava entupida de reservas por todo o ano e isso nos atrasaria em muito mais meses do que gostaríamos, mas, de última hora, um parente de um casal de noivos passou dessa para melhor e com isso o Halloween ficou vago no calendário dos cerimonialistas. Então agora, além de tudo, o Dia das Bruxas também se tornou nosso aniversário de casamento.
Tivemos dois anos de tirar o fôlego como recém casados. Edward passou a administrar a galeria de artes de seu tio Marcus e eu fiz um ano de mestrado na Seattle Pacific University. Acho que nunca o vi tão feliz trabalhando com algo como ele ficava ao assinar as ordens de recebimento de novas obras pro Museu e, em pouco tempo, eu já estava lecionando na própria universidade para os alunos calouros do curso. Compramos uma casa ótima, grande e afastada em North Queen Anne, que não precisava de reformas, e saímos do antigo apartamento minúsculo em que morávamos perto da galeria. Tudo realmente saiu de acordo com o que planejamos desde o começo.
Em nosso segundo aniversário de casamento, Edward e eu prolongamos o recesso de Halloween para que os três dias anteriores à data fossem todos nossos. Com isso, pegamos o primeiro voo para Massachusetts e depois de algumas horas de carro, chegamos a Salem.
Nos hospedamos em um chalé rústico na costa do lago Spring Pond, ao que no começo eu fui totalmente oposição, porque se um filme de terror pudesse passar em qualquer cenário daquela cidade, seria naquele, mas depois de entrar na cabana, pude entender a mágica do local. Me lembro perfeitamente de quando Edward me empurrou para dentro da suíte e disse:
"É aqui onde a mágica acontece."
… antes de tirar minha roupa e me mostrar a mágica sobre a qual ele estava falando.
Bom. De fato havia mágica naquilo. Muita. Fomos em uma contagem de duas pessoas naquela viagem, mas voltamos como três.
Levaram algumas semanas até que eu descobrisse que minha virose não era realmente culpa de um pobre vírus e sim da criaturinha crescendo dentro do meu útero e, simplesmente mal tive tempo de assimilar isso antes que meu marido estivesse gritando pelos quatro cantos dos Wallace Fields que seria papai… tudo bem, isso é brincadeira. Edward só saiu gritando pelos campos quando eu deixei claro em palavras e vírgulas que eu estava totalmente feliz com a ideia de ter um bebê. Mas ele gritou. E gritou, e gritou, e gritou…
Foi a primeira vez, desde nosso primeiro encontro, em que tivemos certeza de que ele voltaria a ter a voz que um dia foi sua. Inteira e completamente.
Renesmee nasceu oito meses depois como o sol. Iluminou a vida de todos que cruzaram seu caminho, por isso, foi apelidada pelos mais próximos de "pequeno raio de sol". Ela era sem dúvidas a criança mais inteligente que já conheci — o que não era nada chocante visto que é minha filha — e a mais carinhosa de todas, mas tenho propriedade pra falar que esse negócio de que meninas geralmente são mais agarradas com os pais é totalmente verídico. Minha filha me ama, eu não tenho dúvidas, ela mesma me diz isso regularmente desde que aprendeu o que as palavras "eu te amo" significam, só é inegável que Edward seja o super herói dela.
Sua primeira palavrinha foi "Lambie", o nome da ovelha de pelúcia que tem desde bebê, — Edward e eu quase choramos? Sim. Mas tudo bem, crianças sabem o que querem — mas a segunda foi "papai" e eu tive que me contentar com o terceiro lugar.
Cada um de seus aninhos foi mágico. Seus primeiros passos, primeiras palavras, a primeira comida sólida, a primeira ida ao peniquinho… e em seu segundo aniversário, Nessie descobriu que a casa surpresa assombrada dos Sylvanian Families que pediu de presente fora substituída por um irmãozinho.
Ah, quem eu quero enganar? Edward quase se ajoelhou me fazendo promessas impróprias para que déssemos a casinha para ela, então ela ganhou os dois: seu presente e o novo bebê.
EJ — sigla para Edward Jack. Sim, como as lanternas de abóbora. Culpa do pai dele, não me amolem. — veio cerca de oito meses depois e, tirando os olhos esverdeados do pai, dos quais eu não reclamo, porque Nessie também tinha os meus, ele era uma versão miniatura minha. Era bobinho, cheio de grudes, muito observador, e por alguma falha muito boa na genética veio com uma covinha em cada bochecha. Acho que ninguém ficou mais feliz com isso do que Emmett e ele exigiu que o deixássemos ser padrinho dele. Como Jasper e Alice ganharam Nessie primeiro, não havia nada mais justo que confiar EJ à Rose e Emm. Então cada casal sairia feliz dessa equação.
Acontece que fizemos uma conta muito errada e Edythe, a irmã gêmea de Edward, e o marido Beau acabaram ficando de fora, então cinco meses depois do aniversário de dois anos do nosso segundo bebê, Anthony anunciou que estava chegando para aumentar a família e consertar a equação desestabilizada.
Tudo bem, eu já entendo que você nem nasceu e é mais inteligente que os dois seres humanos que te fizeram.
E agora aqui estávamos, em nosso oitavo aniversário de casamento, mais felizes do que nunca e com três bebês que mais parecem ursinhos carinhosos… e um cheiro de açúcar queimado bem esquisito.
— Ei, espera aí. — Empurrei um dos ombros de Edward para que parasse de me beijar e franzi o cenho, fungando o ar. — Que cheiro é esse? O que estava fazendo na cozinha?
— Nosso café da manhã de Halloween… — Ele mordeu o lábio, parecendo culpado. — Tentei fazer biscoitos de cenoura daqueles que você gosta, pensei em deixar Renesmee decorar, mas acho que Sue me deu a receita errada.
O café da manhã de Halloween era uma tradição especial desde que nos casamos. Em toda manhã de dias 31 de outubro tínhamos que preparar o brunch especial e temático dos Cullen com receitas outonais. Geralmente um latte de abóbora e especiarias e alguns pães de mel amanteigados eram bons o suficiente, mas Edward era um artista com tudo que tocava e obviamente o suficiente não era satisfatório para ele.
— Ah! Sério? — Eu estava genuinamente emocionada. Meu pequeno inquilino e eu salivamos com aquela informação. — Ótimo. Está feliz? Agora vou ter que me casar com você de novo.
Edward riu. — Ah, é. Você vai sim. — Seus lábios tocaram minha testa, a extremidade de meu nariz e então meu queixo.
— Você se lembrou de colocar papel manteiga na assadeira, não foi?
Seus olhos se arregalaram.
— Cacete…
— Edward! — O encarei, incrédula.
— Eu me esqueci, tá legal?! Jesus, que vacilo!
Eu gargalhei. Tudo que ele fez foi me acompanhar cabisbaixo com um biquinho no rosto.
— Vou relevar isso e te dar pontos por ser uma manhã caótica de Halloween com duas crianças e uma esposa grávida e sonolenta. Você tem meu passe livre pra erros técnicos.
— Obrigado, é realmente muito gentil da sua parte, linda. — Ele deu um sorrisinho divertido. — Mas, olhe, ainda tenho várias bolinhas de massa na cozinha… — Agora seu olhar era aliciante.
— Tem, é?
— Uhum… — Edward mordeu o lábio com os dentes pontiagudos. — Posso tirar aqueles pedacinhos de carvão do inox, colocar novos pra assar…
— Dessa vez com papel manteiga. — O interrompi.
— Sim, Bella. Dessa vez com papel manteiga. — Ele revirou os olhos e eu ri baixinho.
— Continue, Senhor.
— Você faz Nessie comer o café que ela está enrolando pra comer há quase meia hora e cuida do EJ enquanto eu termino nossas coisas e aí podemos colocar o bebê no playpen, deixar nossa adolescente pequenininha com os desenhos dela e ter um tempo pra nós dois.
— Hmm… — Gemi baixinho. — Isso parece bom.
— E vai ser ainda melhor do que parece.
— Fechado. — Assenti com a cabeça e Edward murmurou algo incompreensível pra mim quando já estávamos saindo do quarto de mãos dadas.
Encontrei em cima da mesa de jantar o prato cor de rosa com três panquecas menores que minhas mãos transformadas em ursinhos com a ajuda de algumas frutas e calda de chocolate, acompanhadas de um copo de leite.
Edward seguia à risca seu manual de Como Ser O Melhor Pai Do Mundo Pros Seus Filhos e os cafés da manhã temáticos entregavam muito isso.
— Meu bem, ela não vai pra escola hoje. Por que fez isso? — Ri, ao passar pela cozinha em direção à sala.
— Ela gosta de ursos. — Ele respondeu simplesmente, dando de ombros antes que eu alcançasse o deck inferior, onde a sala ficava, e o perdesse de vista.
Fui presenteada com a cena da ruivinha sentada aos pés do sofá com o irmão entre as pernas. Ela assistia um desenho mais velho que eu sobre o Halloween do Ursinho Pooh e seu amigo Lumpy, o Efalante.
Sim. Efalante. Não me pergunte o porquê.
Já EJ parecia mais interessado em suas mãos.
— Querida, você viu o seu café da manhã hoje? — Perguntei ao chegar mais perto deles. Foi necessário apenas o som da minha voz para que a cabecinha morena de Edward se virasse e sorrisse com seus poucos dentinhos.
— Mamãe! — Ele esticou os braços, abrindo e fechando as mãos. Eu o peguei no colo.
— Bom dia, abobrinha. — Fiz cócegas em sua barriguinha.
— Eca! — Ele fez uma careta adorável. O apelido era fofo, mas não condizia. EJ ironicamente odiava abóboras no geral e sentia medo das lanternas assustadoras, então sempre que esculpíamos algumas, tentávamos deixá-las o mais adoráveis possível.
— Eu vi, mamãe. — Nessie me deu seu olhar lânguido de gato de botas. — Fiquei com pena de comer os ursinhos…
Fico tão feliz em saber que não falhei como mãe.
— Meu amor, esses ursinhos não são de verdade. Você pode comê-los. — Dei um sorrisinho cúmplice e ela abraçou os pequenos joelhos cobertos pelo pijama ilustrado por raminhos de lavanda. — Vem, vamos lá. Você tem que estar forte pra brincar no jardim de abóboras hoje.
Na mesma medida que Nessie sorriu, animada com os planos, EJ pareceu ficar incomodado. Ele coçou os olhinhos com um bico enjoado entre as bochechas e eu pude prever o som do choro antes que ele começasse.
— Oh, não, filho. Não chora! — Era tarde demais, a gritaria começou. Renesmee fugiu com sua corridinha desajeitada até a sala de jantar e eu tive que dar os créditos à malandrinha por saber a hora de se retirar. — Vamos lá, o que você quer? Um biscoito? Vai se sentir melhor se a mamãe te der um biscoito?
O pequeno chantagista enxugou as lágrimas de crocodilo e assentiu positivamente.
Tapeada pela minha própria criança. Que piada.
— O que foi? Por que ele está chorando? — Edward perguntava checando o forno enquanto eu balançava o pequeno em meus braços e tentava alcançar o jarro de cookies no alto da prateleira. — Deixa que eu pego, amor. — Deixei que meus calcanhares tocassem o chão novamente e logo o vidro estava em minhas mãos.
— Falei do… — Ok, talvez eu não devesse repetir isso novamente em voz alta. — Do J de AB na frente dele.
— J de AB? — Por sua cara, Edward parecia ter acabado de ouvir grego.
Coloquei o bebê sentado na cadeirinha perto do balcão e deixei com ele dois biscoitos. Era muito fácil fazer a diversão daquele garotinho.
— Jardim de abóboras. — Sussurrei ao me aproximar. Edward me abraçou por trás, tocando minha barriga e fez aquele lance onde ele usava as mãos para segurar o peso do bebê pra mim. Era um alívio descomunal ter quase dois quilos a menos e eu nem sabia o quão bom isso seria até que ele fez pela primeira vez na gravidez de Nessie.
— Uh… péssimo movimento, amor.
Eu ri. — Pois é. Acha mesmo que ele vai se sentir melhor quando chegar lá?
— Tenho certeza que sim. Crianças tendem a enxergar as coisas de forma diferente quando não tem um rosto aterrorizante envolvido.
— Hm… espero que você esteja certo.
— Nessie gostou dos ursinhos?
— Acho que sim, ela fugiu quando o irmão começou a chorar. Disse que estava com pena de comê-los. — Fiz um beicinho, rendido.
— Ah merda… acha que eu traumatizei nossa filha? — Me virei para olhar Edward e o semblante preocupado em seu rosto estava longe de ser sarcástico. Eu neguei com a cabeça.
— Claro que não. Não seja bobo. Expliquei pra ela que aqueles ursos são comestíveis. — Edward suspirou aliviado.
— Ótimo. Isso é bom. — Eu gargalhei. — Não ria de mim, Bella.
— Desculpa. É impossível. — Minha barriga doía de tanto rir. — "Acha que eu traumatizei nossa filha?" — O imitei fazendo uma careta máscula e uma voz grossa que nem sequer se parecia com a dele.
— Francamente, mulher. E você ainda diz que me ama.
— Porque sim, eu amo. — Murmurei. — Falando nisso, ela escolheu a fantasia?
— Bom, ela me fez ligar pra Emmett umas oito vezes ontem e garantir que Royal e Easterling vão se vestir como Applejack e Fluttershy, então acredito que sim.
— Royal concordou em se vestir de Applejack? Sério? — Perguntei chocada, mesmo não sabendo de onde vinha meu choque já que o garotinho era basicamente um cãozinho para as outras duas meninas.
— E ele tinha escolha? Essas duas juntas são quase uma máfia, baby. Acredite.
— Eu não sei quem fez ela assim… — Dei de ombros, totalmente cínica. É óbvio que fui eu quem a fiz desse jeito.
— Ah não? Tem certeza? — Edward arqueou as sobrancelhas, me provocando.
— Absoluta. Quieto. — Ele riu. Era toda a prova de que precisava. — E o que vamos vestir?
— Estava pensando em transformar ele no nosso Binx. — Meu marido sorriu. — O que acha, filho? Quer ser um gatinho preto hoje?
Eu me virei um pouco para ver EJ levantando um polegar e concordando com a pergunta de Edward antes de morder um farelo de biscoito preso no dedinho.
— Viu? Ele gostou.
Eu ri fraco, descendo o olhar. — Não sei se aquela fantasia ainda cabe em mim, Edward…
— Vamos dar um jeito. — Edward ergueu meu queixo entre os dedos. — E no fim de tudo, isso nem interessa. Você ainda vai acabar a noite nua.
— Meu Deus. Não diga isso na frente das crianças. — Meus dedos taparam seus lábios.
— Elas nem estão ouvindo. — Ele fez pouco esforço pra remover minha mão e sussurrar em meu ouvido. — E eu não tenho culpa nenhuma da minha mulher ser tão gostosa.
Se me dissessem que aquilo era piada, eu riria sem culpa. É realmente difícil enxergar a mulher gostosa a quem ele se refere com todas as mudanças da gravidez, mas Edward parecia vê-la com clareza em todos os momentos. Seus lábios descerem até o cantinho atrás da minha orelha e se instalaram bem ali.
— Tá. Hora do bebê brincar de trenzinho. — O afastei um pouco, apenas para esfregar nossos narizes, e ouvi o trincar audível dos dentes dele ao que tentou mordiscar meu lábio e não conseguiu.
— Vou pegar a outra bebê e entregá-la nas mãos do Ursinho Pooh. — Ele riu. — Te vejo no quarto em cinco minutos.
— Me dê dez. — Edward me encarou confuso e eu suspirei, irritadiça. — Estou grávida, as coisas ficam mais lentas.
— Leve o tempo que precisar, amor. Vou estar te esperando.
O entardecer coloriu o céu com seus tons de laranja mais subitamente do que pudemos esperar. Tivemos tempo de cumprir a tradição e de devorar os biscoitos deliciosos — deixando alguns para senhorita Renesmee decorar depois, é claro — com o bônus de que EJ decidiu tirar uma soneca, então não precisamos ficar de olho na babá eletrônica a cada vinte segundos para ter certeza de que ele não estava enfiando nenhuma das rodas de seus carrinhos no nariz.
Edward e eu apenas passamos o resto da tarde embolados na cama como um nó muito bem feito e aconchegante. Até tentamos fazer amor bem baixinho, mas o bebê estava super acordado e sentir vários chutes enquanto transa não é nada sexy. Edward até tentou cantar para que ele dormisse, mas eu tinha certeza que isso só o deixaria mais animado e eu não estava errada, então escolhemos esperar até que fosse realmente hora de dormir.
Nessie estava saltitante pela casa, balançando seu rabinho em tons de roxo e rosa e alfinetando a todos com o chifre de unicórnio que ela tinha entre a tiara de orelhas. Sua interpretação realmente estava se aprimorando, e ficou ainda mais difícil distingui-la de um Pegasus quando Emmett ensinou a ela o barulho que cavalos faziam. Era um relinchar incessante por todo lado. Easterling parecia igualmente feliz com sua fantasia, mas dava pra ver na cara de Royal e na maneira como ele inflava as pequenas narinas que simplesmente estava odiando ser um pônei.
Falando em odiar sua fantasia, Edward Jack quase se engasgou com o próprio choro quando o vestimos no macacão felpudo de gato preto. Eu fiquei muito dividida entre tentar fazer meu filho parar de chorar e tirar fotos dele naquela roupinha engraçada. Pra falar a verdade, acho que isso era um mecanismo meu para lidar com a situação, porque não fazia ideia do que fazer.
— Ei! — Edward entrou pela porta do quarto onde eu tentava acalmar o pranto incessante do garotinho. — Olhe, campeão, o papai trouxe alguém pra você conhecer.
Semicerrei os olhos, desconfiada, e enfim notei a massa velosa que ele carregava nas mãos. Existem duas maneiras disso ter uma explicação plausível.
Um: meu marido enfim ficou maluco.
Dois: Edward roubou um gato.
A bola de pelos se mexeu e remexeu entre os braços dele até que ficasse claro o formato e ilustrasse seus belos olhos verdes. Parecia realmente uma versão animal de EJ naquele momento. E eu ainda não fazia ideia de qual das duas explicações era melhor, mas com certeza as duas cabiam.
— Um gato. — Arqueei as sobrancelhas em sua direção.
— Um gato. — Edward repetiu sem nem um pingo de ironia ou preocupação. EJ abriu um enorme sorriso de criança arteira pro pai e esticou as mãos para puxar os pelos do animal.
— Gatinho! — Disse ele com sua pronúncia enroladinha.
— Você roubou um gato. — Continuei com minhas afirmações que mais pareciam perguntas. Edward me lançou com as sobrancelhas franzidas de imediato.
— Que? Não, Bella! — Fiquei parada, esperando o resto da explicação. — É o Casper.
Casper… Casper… Casper?
Ah, Casper!
Por um segundo esqueci completamente sobre o peludinho que morava com nosso vizinho da casa ao lado. O Senhor Crowley era sozinho, recentemente viúvo e sem filhos, então era compreensível que ele precisasse de uma companhia e, alguns meses atrás, ele recebeu uma caixa de gatinhos de alguém que claramente não poderia cuidar de todos. Ele tentou adotar cada um deles, mas o abrigo de animais de Centreville não o deixou seguir com a ideia, então Casper foi o único a receber uma nova casa. Lembro-me completamente dessa história, porque Nessie chorou por dias pedindo que adotássemos os outros gatinhos todos para que pudessem ficar perto do dono, mas com duas crianças e um bebê a caminho, quatro gatos seriam uma responsabilidade com a qual não poderíamos arcar.
— Você roubou o gato do vizinho? — Achei que fosse levar mais tempo pra que Edward ficasse insano depois de se casar comigo.
— Peguei emprestado. — Ele me corrigiu, correndo os dedos pelo pelo escuro do animal com um sorrisinho no rosto. O bebê deitou a cabecinha sobre ele e abriu a boca em um perfeito "O"
— Por que pegou o gato do vizinho emprestado?
— Mamãe, faz tum-tum igual o neném!
Perdi completamente a linha de raciocínio ao notar que EJ não estava simplesmente deitado em cima do gatinho, e sim escutando o coração dele. E isso lembrava exatamente o som das batidas do coração de Anthony no ultrassom.
Merda. Hormônios. Choro.
— Gostou do gatinho, querido? — Ele assentiu com a cabeça mostrando os dentinhos de leite em formação. — Por que não leva o Casper lá pra fora e mostra pra sua irmã? O que acha disso?
Em resposta, EJ esticou o pequeno punho pra mim e eu o ajudei a levantar do tapete. Ele tentou empurrar Casper pelo quarto até a porta, mas o gatinho tinha personalidade demais pra ser comandado por um bebê de dois anos. Só quando Edward o carregou para fora do quarto, revelando minha capacidade de ouvir os gritos animados de Nessie e Easter de longe, finalmente ficamos sozinhos. Logo, me sentei no colo dele.
— Eu te amo. Amo mesmo.
— Eu amo você, baby. — Edward deu-me um sorrisinho torto e tocou meu rosto suavemente enquanto eu o beijava. — Por que isso?
— Você sabia que ele gostaria da fantasia se visse o gato. — Respondi baixinho.
— Eu tinha uma ideia. — Murmurou ele de volta.
— E você foi até lá pedir o gato emprestado. — Certo, agora eu estava na média de segurar minha risada.
— Eu fui. Crowley gosta das crianças… pelo menos quando não estão correndo na grama dele. — Ele fez uma careta.
— Ei! Isso só aconteceu uma vez. — Fiz um bico. — Tente ser uma mulher grávida de oito meses e correr atrás de dois pirralhinhos cheios de energia.
— Você foi ótima. — Edward riu, tocando meu lábio inferior com o polegar. — Tenho certeza que ninguém faria isso tão bem quanto você.
Sorrimos juntos por alguns instantes e então suspirei. Eu não tinha mérito nenhum sobre nada daquilo. Edward tinha. Ele era muito mais ágil, pensava muito mais a fundo e tinha soluções muito melhores que as minhas. Soube que aquele homem havia nascido pra ser pai dos meus filhos quando o vi segurar nossa bebê no colo pela primeira vez. Existe algo nele hoje que não era visível no Edward do parque dos horrores, um brilho diferente. Isso geralmente acontece com as mães, não é? Toda aquela explosão de hormônios quando se põe um bebezinho no mundo, mas eu garanto que meu marido também experienciou alguma explosão significativa dentro dele.
— Você é um pai tão melhor que eu… — Sussurrei.
— Sem chances. — Ele negou com a cabeça imediatamente, sua mão livre acariciou minha nuca. — Você tem um garotinho de dois anos que não desgruda de você, uma menininha na fase Mamãe é Minha Melhor Amiga e um neném que literalmente depende do seu corpo pra estar vivo. E, ainda assim, você é a melhor mãe que esses três poderiam ter. — Seus dedos esfregaram meu dorso, escorrendo até minha bochecha enquanto ele roçava nossos narizes com os olhos entreabertos e grudados aos meus. — A melhor mãe que eu poderia ter dado aos meus filhos.
Respirei fundo, sentindo minha visão borrar.
— Você sabe que eu ainda estou com os hormônios mega aflorados, não é? — Edward assentiu, soprando o riso rouco contra meus lábios. — Ótimo, porque eu quero chorar agora.
— Shh… — Pediu ele. — Não chore. Vamos nos atrasar pra brincadeira… e se nos atrasarmos pra brincadeira das crianças, vamos acabar atrasados pra nossa brincadeira também.
— Oh. Que instantâneo, minha vontade de chorar passou. — Juntei as sobrancelhas, curiosa e meu marido gargalhou.
— Porra, como eu amo esses hormônios! Vou nos levantar no três, tudo bem? — Ah, é verdade. Eu ainda precisava de ajuda pra ficar de pé. Assenti com a cabeça. — Um… dois… três!
Um. Dois. Três. Esse foi, basicamente, o tempo que levamos para chegar até a Fazenda Queen Anne. É, eu sei, tudo aqui tem nomes bem criativos. Fazenda Queen Anne, Escola Primária Queen Anne, Lavandário Queen Anne… onde é que moramos mesmo? Ah, é. Em North Queen Anne.
Tivemos que nos dividir em dois carros, porque era anatomicamente impossível comportar cinco crianças, sete adultos, um cachorro e um Emmett dentro de um SUV, mas havia uma fila enorme para chegar ao aboboreiro, uma que dobrava os celeiros. Felizmente, Edward é do tipo que conhece uns caras em todo lugar, então a simpatia do meu grandessíssimo amor nos dava muitas vantagens.
Caminhamos pelos campos de abóboras gigantes, algumas ainda maiores que a criança mais velha que tínhamos conosco, e seguimos para as Cotton Candy, uma espécie do legume que ficava branquinha na época da colheita. Essa era mais fácil de esculpir, então seria ideal para os pequenos artistas. Já nós ficamos com as boas e velhas Jack o'Lantern. Eu sei muito mais de abóboras do que me orgulho em dizer…
Os gêmeos se atracavam para estragar as abóboras um do outro, cavando a casca com os utensílios de plástico próprios para não machucá-los. Era inevitável que as obras de arte infantis ficassem mais rústicas que as nossas, mas isso aconteceria independentemente dos meios que os déssemos, então todos estavam bem satisfeitos com os resultados. Obviamente Emmett quis pegar uma abóbora gigantesca e sem o menor cabimento de terminar em pelo menos uma semana, com isso, era o mais concentrado de todos nós. Rosalie estava preocupada em não deixar que os filhos arrancassem os dedinhos por causa de uma lanterna enquanto Alice mantinha os olhos na bola e fazia o desenho por elas duas. Era de se esperar que Jasper ocupasse sua posição de marido troféu e apenas a incentivasse no trabalho enquanto brincava com o cachorro, Jake estava empenhando em pegar todas as sementes que o dono jogava em sua direção.
— O que acha, Jaz? Sinto que tem algo faltando. — Ela fazia uma careta pensativa ao olhar pra abóbora esplendorosa que esculpia.
— Você é dez, amor. Continue assim. — Ele dizia com total atenção no cachorro tentando alcançar a semente que havia jogado. Alice bufou.
Beau estava cuidando para que o filho ficasse totalmente satisfeito com seu desenho e Edythe estava cuidando para que o irmão ficasse totalmente irritado com o dele. Como podiam duas pessoas iguais serem tão malas uma com a outra? Bem, falando nele, Edward estava tão empenhado quanto Beau em fazer EJ gostar de sua abóborazinha.
E eu? Olha, não faço ideia do que estou fazendo. Muito provavelmente cavando uma abóbora em outra abóbora e isso é devastador para qualquer um. Menos pra mim. Estou super satisfeita com minha abóbora em dose dupla.
De repente, sinto um chute na altura do umbigo.
— Agora não, querido. A mamãe está com perfurocortantes na mão. — Alertei, como se o bebê pudesse me ouvir ou entender, e afaguei minha barriga.
De canto, pude ver Nessie mexendo com seu rabinho de pônei, me olhando com curiosidade. Uma tremenda gracinha.
— Como está sua abóbora, princesa pônei?
— Está assim, mamãe. Olha. Eu fiz uma fada. — Ela pareceu pouco se importar com o apelido e girou sua lanterna na minha direção. Tinham vários riscos ali, de fato, mas nada que remetesse a uma fada nem que fosse um tipo de fada alien. Fiz uma careta, sorrindo quase imediatamente depois de notar o olhar apreensivo dela pra mim.
— Sua fada está incrível, meu amor.
— Obrigada. — Ela me lançou um sorriso fofo e logo seus olhinhos curiosos estavam sobre minha barriga novamente. — Ele tá mexendo?
— Está sim. Quer tocar? — Arqueei uma sobrancelha pra ela e a incentivei a se aproximar.
Há algumas semanas, estávamos sentadas na sala juntas enquanto Edward nos fazia Delícia de Outubro — que nada mais é que um chocolate quente branco polvilhado com canela — quando eu a convidei para sentir o bebê chutar. Acredito que Nessie não se lembrava das vezes que sentiu EJ em minha barriga nos auges de seus dois anos, mas ela pareceu completamente horrorizada com a ideia de ter algo me chutando dentro da barriga. Precisamos conversar com ela diversas vezes e até Edward Jack teve que se tornar um experimento para curar o medo dela do irmãozinho, mas ultimamente Renesmee parecia bem interessada em encarar seus monstros e tocar no bebê.
Aos poucos, ela assentiu com a cabeça.
— Venha. — A chamei com a mão e segurei sua pequena palma, aproximando-a do meu suéter. A garotinha receou, puxando o braço um pouquinho. — Não tenha medo, filha. Você também já esteve aqui, lembra? Falamos sobre isso.
— E não machuca ele se tocar? — Os olhinhos castanhos lampejaram em preocupação. — É tão pequenininho…
— Não, não machuca. — Fiz um calmo carinho nas costas de sua mão, esfregando meu polegar pelos nós de seus dedinhos e os aproximei novamente de mim. Dessa vez ela encostou completamente, e juntas ficamos esperando uma reação dele.
Estava demorando um pouco mais do que Nessie gostaria, então ela encostou um dos ouvidos em meu umbigo e disse:
— Se mexe, Thony. Estou esperando você.
Como uma resposta muito bem dada, Anthony chutou a base da minha barriga e rapidamente arrastei a mão de Nessie para lá, dando tempo de sentir o segundo chute.
— Mamãe, eu senti! — Ela abriu a boca e piscou várias vezes. — Nossa, ele é fooorte!
— Ele é, não é? — Eu ri, extasiada com sua reação.
— Não machuca nem um pouquinho assim? — Ela juntou os dedinhos tentando simular uma quantidade bem pequena.
— Incomoda as vezes, mas não dói.
— Hmm… — Nessie franziu os lábios e deitou a cabeça sobre minha barriga, me rodeando com os bracinhos. — Ei, Easter! Vem ver meu irmãozinho mexer!
De repente um flash disparou em nossa direção. Eu pisquei forte, incomodada com a luz e franzi a sobrancelha tentando entender o que tinha acabado de acontecer.
— Pronto. — Emmett disse, parado diante de nós com um sorriso brincalhão e o telefone apontado pra cena.
— Valeu, Emm. — Respondeu Edward, com as sobrancelhas juntas, sem olhar pro primo. Estava concentrado demais na abóbora de nosso filho.
Era simplesmente a cara dele registrar esses momentos a todo custo.
— Por nada, irmão. — Emmett guardou o telefone tranquilamente e então balançou os dedos. — Podem ir, pirralhos.
Em menos de oito segundos, eu tinha quatro crianças ao redor de mim com as mãos em minha barriga esperando uma reação do neném. Thony não decepcionou e os deixou entretidos por muito tempo, eu quase conseguia ver o sorriso torto do pai crescendo nele em minha imaginação, mas eventualmente ele se cansou de ser a atração principal e voltou a descansar. Dei graças por isso.
— Vamos mostrar sua abóbora pra mamãe? — Edward disse, logo antes de se levantar atrás de EJ que caminhou até mim pela grama com vários passinhos desajeitados, e sentou atrás de meu corpo, apoiando a lanterna em minhas mãos. — Ele se empolgou, quis mais de um desenho. — Sussurrou ele antes de beijar minha orelha.
— É? Que desenhos você e o papai fizeram? — Segurei o pequeno pela barriga e o sentei em meu colo. Animado, ele apontou pro primeiro desenho.
— Casper. — Disse ele.
Ok, aquele gatinho estava realmente muito bom.
— Casper vai ficar feliz com isso, amor. E o que mais? — Respondi, sorrindo. EJ apontou para o outro desenho.
— Thony! — Ele apontou pra silhueta de um bebêzinho.
— Uau! Esse ficou lindo! — Sorri ainda mais largo.
— Papai que fez… — Edward Jack recostou o rostinho no próprio ombro com uma expressão adorável de admiração.
— O papai é demais. — Edward se gabou atrás de mim, a mão deslizando sobre meu ventre quieto.
— Uhum, claro… — Revirei os olhos, rindo. — E esse? — Perguntei, apontando pro desenho restante.
— Não sei! — Ele ergueu as mãos, fazendo um biquinho. — Papai fez esse também.
— É a mamãe. — Nessie apareceu do outro lado, espremendo os olhinhos e tentando se livrar do beijo do pai na bochecha. — Olha: o cabelo, os olhinhos… e o chapéu de bruxa.
— Mamãe não é bruxa. — EJ defendeu, cruzando os braços.
— Mamãe é a minha bruxinha. — Edward respondeu, totalmente explicativo. — E lançou um feitiço em mim. Agora eu sou dela.
EJ cobriu a boca com as mãozinhas.
— Sim. E vocês são nossos. Vão brincar, vão. — Eu beijei a bochecha de cada um e, muito pacientemente, Renesmee segurou o irmãozinho pela mão, o levando para perto de Archie já que os dois primos tinham a mesma idade.
— Coloquei um feitiço em você. Sério? — Repeti quase ironicamente.
— Quer que eu fale na frente das crianças que você tinha peitos muito lindos?
— Meu Deus! — Eu abri a boca, incrédula, e Edward riu da minha cara. — Então foi esse o "feitiço" que eu te lancei?
— Foi um deles. — Ele me apertou entre os braços e beijou minha têmpora.
— E aí você me esculpiu em uma abóbora.
— Eu te esculpi em uma abóbora. — Ele respondeu com um tom cômico, como se completasse uma piada interna.
— Por que?
— Ele estava pedindo desenhos das coisas que ele gostava. Casper, Anthony… ele gosta deles.
— E…?
— E eu gosto de você. — Seus olhos fizeram aquela coisa de penetrar minha alma quando sua mão cobriu minha bochecha. — Sou incansavelmente apaixonado por você, Bella.
Fiquei em silêncio, sentindo seus dedos se moverem pelo meu cabelo e se enterrarem entre as mechas. Meu coração errou as batidas como o de um adolescente faria, suspirando a cada descompasso.
— Esse foi o maior feitiço que você lançou em mim.
Eu nunca pensei que aquelas palavras seriam minha grande declaração de amor. Aquela que todas as pessoas esperam durante a vida. Jack e Rose se contentaram com um "Se você pula, eu pulo" e Catherine e Heathcliff com o digníssimo discurso do "Eu sou ele, ele está sempre em minha mente e ele é mais eu do que eu mesma.", mas não importava quantas lindas citações as histórias de amor criassem, nenhuma se comparava ao fato de que, desde os meus dezessete anos, eu ouvia o homem que eu amava dizer que nosso amor era como um feitiço evocado a cada dia. E a verdade mais intrínseca de minha alma era que, bruxa ou não, aquele seria um feitiço que eu nunca revogaria.
Edward seria pra sempre meu sortilégio mais puro…
E eu o dele.
— Esqueci de avisar que esse é vitalício. — Sorri, sentindo sua respiração formigar em meus lábios.
— Como se eu fosse querer qualquer coisa diferente do resto da minha vida com você. — Ele bufou e nós dois rimos baixinho em um mundo só nosso por alguns milésimos.
— Eu te amo.
— E eu amo você, bruxinha.
Nos beijamos pelo tempo que o momento permitiu, e por muito mais que isso dentro de nossos corações. Foi quando um bebê sonolento cambaleou entre nossos braços e uma garotinha de cabelos ruivos se aconchegou sob nossa proteção, que encontramos a hora de ir pra casa para consumar o feitiço que nos manteve juntos por todos aqueles anos e que nos daria, assim, o resto de nossas vidas.
Obrigada por lerem até aqui. Até a próxima! :)
hugs & kisses, duda. ‹3
