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Notas: Esta história é contada pela Tomoyo Daidouji e está dividida em três partes. Esta é a última parte (a terceira), desculpem pelo atraso que eu tive a publicar. Todos os personagens utilizados não me pertencem, eu apenas escrevo porque gosto.

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Seis dias nas férias de Verão

Parte III

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Por Tomoyo Daidouji

*

"Não era difícil dizer o que tinha acontecido. Sakura Kinomoto estava morta."

Não sei dizer qual foi a minha reacção quando me apercebi do que tinha acontecido. Mas sei que quando fixei o olhar na pétala de rosa vermelha que deslizava suavemente pelo cabelo de Sakura, senti um choque. Não um choque daqueles que nos fazem doer o corpo, mas sim um choque daqueles que nos paralisa o coração.

Lembro-me que Shaoran e Eriol falavam ou gritavam, mas eu não podia ouvi-los. Cada parte de mim tinha sido silenciada não apenas por uns momentos, mas para sempre. A partir daquele momento eu continuaria a viver como milhares de pessoas, porém, eu já não era a mesma. A música que tocava dentro do meu coração deixara de ser uma música suave para se tornar numa música silenciosa e cheia de raiva.

Sakura. A minha melhor amiga. A rapariga que crescera para se transformar numa bonita mulher, com planos para o futuro. Como era possível que a tivessem assassinado a ela? Ela parecia ter um futuro feliz á sua espera, com alguém que amava. E eu...eu acabara de perder quase tudo o que me restava...a minha melhor amiga...e o meu coração. Não era justo!

Olhei novamente para aquela pétala de rosa vermelha, que parecia quase desafiar-me. Foi então que percebi que se devia continuar a viver, era por Sakura. Podiam ter-me tirado a minha melhor amiga, mas eu continuaria a viver. E iria resolver aquele estúpido mistério. Por ela.

Consegui então prestar atenção ao que se estava a passar. Shaoran e Eriol tinham-se ajoelhado junto do corpo de Sakura e pareciam incrédulos com a situação. Shaoran estava pálido e uma lágrima caía-lhe pela cara, sem que ele a tentasse limpar. Eriol perdera finalmente o seu sorriso e os olhos pareciam sérios e atentos.

"Não vale a pena chorar" - disse eu- "Ela está morta. Que querem fazer? Não podemos fazer com que ela volte a viver...e entre nós há um..."

Não terminei a frase porque até eu mesma me surpreendia com o que estava a dizer. Entre nós havia um assassino...que já fizera duas vítimas: Meiling e Sakura. Como era possível que um de nós tivesse tido a coragem para fazer algo tão cruel? Não podia entendê-lo...era estranho que um de nós fosse cruel, afinal, todos nós tínhamos sido sempre tão amigos, tão unidos...

Eriol e Shaoran perceberam imediatamente o que eu queria dizer, mas não fizeram nenhum comentário. Nos seus rostos podia ver-se espalhado o medo e a tristeza, mas no entanto, um deles tinha que ser um assassino...

De súbito, olhei para o anel que Sakura tinha colocado em um dos seus dedos esguios e percebi que alguma coisa não estava certa...aquele anel devia-lhe ter sido dado por Eriol e Shaoran, mas nenhum deles parecia interessado nele...

- Qual de vocês foi? - perguntei inesperadamente, como se eles pudessem entender os meus pensamentos.

- O que queres dizer com isso?

- Quero dizer...qual de vocês foi? Qual de vocês lhe entregou o anel? Com qual de vocês é que ela ia começar uma nova vida?

Estranhamente, não houve respostas á minha pergunta. Nenhum deles parecia interessado em falar do assunto. Eriol passou simplesmente as mãos pelo cabelo enquanto que Shaoran olhava de forma aterrorizada a pétala de rosa vermelha.

Rosas vermelhas...vermelho...a cor do ciúme. Na altura, não prestei muita atenção ao pensamento que me passava a grande velocidade pela cabeça. No entanto, agora apercebo-me de como um simples pensamento podia ter resolvido tudo...Era tudo tão simples...e no entanto, parecia tudo tão difícil...e ainda estávamos no quarto dia. O quarto dia das férias de Verão. 

*

Não me lembro exactamente do que fizemos com o corpo de Sakura, mas sei que Eriol e Shaoran o colocaram no quarto dela, cobrindo-o com um lençol branco. A sala onde ela morrera foi fechada e acho que ainda hoje deve continuar tal como a deixámos: a mesa com as chávenas do chá, a janela de flores junto á janela, o livro caído perto da lareira e uma pétala de rosa vermelha no centro do tapete.

Durante aquele dia, não vi mais nenhum dos meus amigos, e sentei-me a chorar pela morte de uma amiga tão querida. As lágrimas, que tinha conseguido reter quando Meiling morrera, caíam agora pelos meus olhos cor de violeta a quatro e quatro. Sentia-me miserável e triste, por pensar que fora por minha culpa que elas morreram. Afinal, desde que chegáramos ali, eu sentia que havia qualquer coisa errada. Talvez se tivesse investigado e seguido os meus pressentimentos, pudesse ter evitado duas mortes de duas amigas queridas...

A noite chegou rapidamente, e embora pensasse que não conseguia adormecer, mal pousei a cabeça na almofada fechei os olhos num sono tão profundo como desagradável...

*

Acordei com uma enorme dor de cabeça e uma escuridão total no cérebro. Todos os pensamentos me pareciam ter abandonado e sentia-me como se estivesse solta, abandonada e vazia. Tão vazia...

O Sol teimava em não aparecer nessa manhã de Verão, mas estava um calor agradável que me fez vestir um vestido frasco e leve. Saí do quarto pronta para me encontrar com os outros, mas a casa estava tão vazia como eu própria. Os quartos de Eriol e Shaoran tinham as portas fechadas e não havia luz por debaixo delas.

'Provavelmente estão a dormir' - pensei, sem ligar importância ao assunto.

 O som do mar a bater nos rochedos atraiu-me até á praia, onde me sentei a olhar para o horizonte, observando cada movimento do mar. Cada onda trazia espuma branca atrás e deixava a areia húmida e mais escura. De súbito, algo me chamou a atenção...perto de um rochedo, havia uma gruta escura, onde o mar não podia penetrar. Não consegui resistir ao apelo e caminhei até lá. Tive que fazer algum esforço para me içar para a gruta, que ficava alguns metros acima do solo, mas lá consegui entrar.

Apesar de estar escuro, podia ver-se todo o interior da gruta, que era muito estreita e tinha várias saliências. Caminhei até ao fundo da gruta, cheia de curiosidade. Parecia não haver nada ali, a não ser rocha...mas no entanto, podia sentir-se no ar um cheiro agradável...um cheiro a perfume.

"Perfume de Rosas?!" exclamei, incrédula. Não parecia possível que naquela gruta tivesse andado alguém antes de mim. E no entanto...

Depois de tentar observar de onde vinha aquele 'perfume' olhei para o chão da gruta, onde além de pó branco e algumas pegadas, estavam pétalas de rosa vermelha.

"O quê? Isto não é possível. Como é que estas pétalas podem ter chegado até aqui?" - perguntei para mim mesma.

Depois de tentar arranjar uma explicação para tudo aquilo, decidi explorar uma outra gruta no rochedo. Também ela tinha pétalas vermelhas no chão.

Apanhei uma das pétalas vermelhas e depois de a acariciar levemente, atirei-a ao mar. Tudo parecia estranho...tudo era estranho...eu própria era estranha. E um mistério estranho fora resolvido. O mistério das pétalas de rosa vermelha.

*

O dia decorreu de forma estranha, como era de esperar. Eriol e eu ficámos no jardim

- inquietos- a olhar para o céu, como ele nos pudesse dar as respostas para tudo. Shaoran, no entanto, parecia sereno e demasiado calmo. Depois de passar alguns momentos connosco, dirigiu-se para uma árvore de flores de cerejeira e aí ficou a rezar. Rezava por Sakura? Era difícil dizê-lo. Mas creio que depois da morte dela, ele nunca voltaria a ser o mesmo.

E isso seria provado daí a muito pouco tempo...muito pouco tempo.

*

A noite chegou e a escuridão cobriu o céu outrora tão claro. Sentia o coração a bater muito forte enquanto me dirigia para o quarto...aquele seria talvez a última noite que eu passava ali, se conseguisse sobreviver. Não sabia ao certo porquê, mas começava a considerar a nossa situação naquela casa como um jogo. Um jogo perigoso e cheio de mistérios, onde não havia regras, ou...sim, havia uma regra. Ganhava quem sobrevivesse durante os seis dias.

Soltei uma gargalhada abafada, enquanto me deitava sobre os lençóis. Cada vez tudo me parecia mais ridículo...eu própria estava a ser ridícula.

E no entanto, havia aquela sensação.

A sensação de eu tudo ia acabar em breve.

*

Acordei sobressaltada a meio de um sonho confuso, porque fora do meu quarto alguém me chamava num sussurro arrastado:

"Tomoyo...Tomoyo...Abre a porta."

Ao reconhecer a voz de Shaoran, consegui levantar-me e vestir um casaco. No entanto, não abri a porta. Estava com medo...medo de que o jogo fosse acabar ali. Afinal, Shaoran podia ser um assassino e querer que eu lhe abrisse a porta para me assassinar e depois...

Tentei esquecer os malditos pensamentos que me invadiam a cabeça e falei pela primeira vez naquela noite:

" Shaoran, o que foi? Passa-se alguma coisa grave?"

" Eu não sei o que se está a passar. Mas ouvi uns ruídos estranhos perto do meu quarto e agora o Eriol desapareceu..."

"Desapareceu? Como?"

" Não sei. Sumiu. Desapareceu. Não está no quarto dele...Tomoyo, abre a porta e vem ajudar-me a procurá-lo, por favor."

Fez-se um momento de silêncio.

" Shaoran...eu...eu...eu não posso abrir a porta. Tenho medo."

" Eu também tenho medo, Tomoyo. Por favor, abre a porta. Eu juro que não te faço mal. Confia em mim."

Estas palavras produziram um grande efeito no meu espírito, por uma razão estranha e que ainda hoje não consigo explicar. Talvez fosse pela conversa que tivera com ele sobre a morte de Meiling e pétalas de rosas vermelhas, já há uns dias, mas a verdade é que eu confiava em Shaoran.

Abri e porta e saí para o corredor da casa, apenas iluminado pela luz da lua. Apesar de ser uma noite quente, podia sentir um vento frio, cortante. A imagem de uma casa assombrada passou pela minha mente. Um arrepio.

" Shaoran, o que se passa?"

" Eu não sei. Será que alguém matou o Eriol? Ou terá sido ele a fugir?"

Os dois olhámo-nos, cheios de incertezas. Se alguém tivesse morto Eriol, esse alguém teria de ser um de nós. Mas se ele tivesse fugido, talvez fosse ele o assassino...

"Vamos prócurá-lo. Ele tem de estar em qualquer parte..."

" Acende a luz. Está muito escuro aqui!" pediu Li.

A minha mão tacteou a parede á procura de um interruptor e apesar de fazer força, não consegui ligar a luz. Não comuniquei com Shaoran por palavras, mas acho que ele podia ver o desespero nos meus olhos, pois não me fez nenhuma pergunta. Ele compreendia-me de uma forma estranha e silenciosa, coisa que nunca ninguém fizera. Normalmente, todos me achavam difícil de compreender, mas agora, acho que até um animal podia compreender-me...compreender o meu desespero.

" O quarto dele é este..." murmurou Shaoran" E ele não está aqui. Desapareceu."

Juntos, descemos até á cozinha e procurámos em duas salas. Nada. Eriol parecia ter-se evaporado.

O relógio da sala de estar bateu as 11:30 da noite, interrompendo o silêncio da casa.

" Não há mais sítios onde procurar. Será que ele se foi embora?"

" Não acredito...era impossível sair desta casa."- Na minha mente, passou a imagem da biblioteca. Era o único lugar onde não o tínhamos procurado. - "Achas que ele está na biblioteca?"

Shaoran fechou os olhos cor de chocolate por uns momentos e, sem me responder começou a dirigir-se para a biblioteca. Segui-o, enquanto reparava no silêncio que nos cobria. Não era natural que houvesse tanto silêncio, mas...

" É aqui..." sussurrou Li, colocando o braço entre a porta da biblioteca, fazendo força para a abrir.

Não sei explicar a sensação que me causaram os seguintes segundos. Foi como se me tivesse apercebido de um milhão de coisas num único segundo e não as pudesse explicar. E no entanto...essas coisas aconteceram.

Enquanto observava a escuridão da biblioteca, notei que nas paredes faltava uma kunai.

"Engraçado" pensei, e sorri rapidamente.

A maneira como sorri fez-me fechar os olhos por alguns segundos, e quando os abri de novo, um brilho vindo do canto esquerdo da sala fez-me aperceber do perigo que corríamos. Porém, era tarde demais. Uma kunai brilhante apareceu atirada do nada e espetou-se contra o peito de Shaoran, que estava nesse momento a entrar na biblioteca.

" Shaoran! Não!" gritei, ajoelhando-me sobre ele "Não me podes deixar sozinha!".

Os olhos cor de âmbar de Li Shaoran abriram-se e voltaram a fechar-se, enquanto o sangue jorrava em volta da kunai que lhe estava espetada no peito, do lado direito, um pouco abaixo do ombro. A sua cara estava lívida e parecia respirar com uma enorme dificuldade, quase como se quisesse absorver todo o ar da biblioteca. No entanto, fez um último esforço e tentou falar comigo. O resultado foi um sussurro rouco, difícil de ser ouvido:

"Tomoyo...desculpa-me...eu...eu...sei que não vou viver mais...não adianta...perdoa-me...por não te poder proteger...e tu confiaste em mim..."

Ele fez uma pausa no seu discurso e tentou uma vez mais respirar, mas não conseguiu. Os seus lábios ficaram brancos e os olhos abriram-se uma última vez para o deixarem pronunciar a sua última palavra:

"Sakura..."

Uma pétala de rosa vermelha caiu da sua camisa, enquanto Shaoran fechava os seus olhos castanhos e uma mecha de cabelo rebelde lhe caía sobre o rosto.

Shaoran fora assassinado. Mas o jogo continuava...

*

O luar continuava a iluminar a biblioteca, como se fosse uma noite normal. Uma noite como todas as outras. E no entanto, não era uma noite como as outras. Aquela era a noite em que o jogo, ou o que quer que fosse tudo aquilo, terminaria. E embora eu não pudesse saber nada, sentia que algo estava a acontecer. Sentia que o fim estava próximo. E teria de ter muito cuidado...

Um brilho vindo do canto esquerdo da biblioteca fez-me rebolar para o lado direito rapidamente e logo depois uma kunai brilhante espetava-se no lugar onde eu estivera, momentos antes. Um novo arrepio percorreu-me todo o corpo. A porta da biblioteca acabava de se fechar.

Passos ruidosos soaram no chão da biblioteca e Eriol surgiu á minha frente, com os olhos azuis meia-noite a brilharem por detrás dos óculos.

" Muito esperta, Tomoyo Daidouji..." murmurou ele, acenando afirmativamente com a cabeça.

Levantei-me rapidamente e encostei-me á uma das estantes de livros. Estava assustada, mas tinha que demonstrar coragem...

"Eriol...que vais fazer? Agora, eu estou nas tuas mãos. Vais matar-me como um covarde, não é verdade?" sorri de forma arrogante.

"Interessante...muito interessante que tu és. Bonita e esperta...podias ser alguém neste mundo se conseguires sobreviver...aos seis dias."

Fingi-me interessada em contemplar o jardim, como se tudo estivesse muito normal, mas o coração batia e batia...

" Já consegui sobreviver" afirmei.

" Errado. Esta é a quinta noite do quinto dia..." ele apontou para o relógio, que marcava as 11:45. " Á meia noite, tudo estará terminado. Os seis dias vão acabar, Tomoyo. Apenas um de nós poderá sobreviver..."

"Vais matar-me, não vais?"

Ele tocou nos óculos e olhou-me com um ar desafiador:

" Eu não te vou matar. Isto é um jogo e vai acabar como um jogo. Por isso..."  ele pegou em duas enormes espadas -"Vamos lutar para sobreviver".

Atirou-me uma das espadas, que eu tentei segurar, mas era tão pesada! Ele não parecia ter problemas e começou imediatamente a dar-me golpes leves, como se tudo fosse uma brincadeira.

" É tão fácil ganhar-te, Tomoyo...Foi tão fácil ganhar-vos a todos...nem precisei de vos matar. O ciúme e a inveja que sentiam uns pelos outros é que vos matou...este reencontro foi simplesmente para ver como vocês reagiam..."

Olhei-o, enquanto tentava equilibrar a espada para me tentar defender. Não podia desistir...tinha que o distrair...

" O que queres dizer com isso? Foste tu que os mataste..."

" Não fui eu quem matou a Meiling nem a Sakura...só dei uma ajuda..."

" O que é que tu nos fizeste, Eriol? Porque és tão cruel?"

" Eu simplesmente sabia que vocês se matariam uns aos outros assim que se reencontrassem. Limitei-me a convidar-vos para antecipar as coisas...e foi tudo tão fácil!"

" Se não foste tu, quem matou a Meiling?"

" Sakura. Era tão fácil de perceber! Sakura e Shaoran estavam zangados um com o outro e embora se amassem, tinham ciúmes. Ele pensava que ela me amava a mim. Ela pensava que ele amava a Meiling. E foi então que Sakura Kinomoto resolveu actuar. Assassinou Meiling porque tinha ciúmes...e queria o Shaoran para si. Mas não correu como ela esperava...a pobrezinha ficou com remorsos de ter assassinado a amiga! E então, achou que a culpa não era dela. A culpa era de Shaoran, porque fora por causa dele que tudo acontecera. E foi assim que Sakura Kinomoto resolveu confessar-me o seu crime, esquecer Shaoran e amar-me com todas as suas forças. Mas o seu plano não deu certo...Shaoran percebeu que fora ela que assassinara Meiling e ficou invejoso que Sakura me amasse a mim. Naquele dia de manhã, quando a viu com o anel oferecido por mim, a sua raiva aumentou e resolveu matar Sakura Kinomoto. Foi fácil para ele envenenar o chá de Sakura enquanto ela falava da sua vida futura. E no entanto, Shaoran Li sentiu-se a pior pessoa do mundo por ter assassinado a mulher que amava... "

" Isso não é verdade! " gritei, enquanto me esforçava para fugir aos golpes com que ele me tentava atingir.

" Podes confiar em mim...esta é a verdadeira história. Mas a culpa é minha. Eu já sabia que isto iria acontecer e foi fácil fazer-me de amante de Sakura...Mais cedo ou mais tarde, estes seis dias teriam que chegar. Seis dias em que vocês se matariam e lutariam pela vida...seis dias que vos perseguiriam para sempre...Seis dias de morte e assassínio. E agora, os seis dias vão terminar...mas só um de nós pode sobreviver...é tal como um jogo...Só um pode ganhar."

Percebi que tudo o que Eriol dissera era a verdade...embora fosse difícil de aceitar, era a verdade... O choque de tantas revelações seguidas deixou-me desprevenida e fez com que Eriol me atacasse com golpes mais duros. De súbito, senti algo frio entrar-me na pele...a espada que ele me apontava cravara-se no meu ombro esquerdo e fez-me dar um grito de dor e de aflição.

Eriol limitou-se a sorrir e fez-me um novo golpe, desta vez no braço direito. Podia sentir o sangue quente a cair-me sobre a pele, mas tentei continuar...tinha de continuar!

Tentei segurar na minha espada apenas com o braço esquerdo e defender-me, mas Eriol aplicava-me golpes cada vez mais fortes e, com um movimento rápido, fez com que a espada que eu segurava voasse pelo ar e caísse muito longe do lugar onde eu estava.

Mal contive um gesto de fúria ao notar que ele me tentava atingir abaixo do ombro...com um salto, consegui escapar-me para trás. Mas agora, não havia salvação possível...eu estava entre a espada e a parede...

Eriol esboçou um sorriso cínico e apontou para o relógio, onde faltavam apenas 30 segundos para a meia noite. Ergueu a ponta da espada e preparou-se para o golpe final...

" Tenho pena, Tomoyo...mas só um de nós pode sobreviver"

A espada de Eriol caminhava rapidamente para mim, quando percebi que talvez houvesse uma maneira...uma maneira de sobreviver. Num gesto rápido, bati com força na parede atrás de mim.

Um machado grande e pesado, que me recordava cenas de guerras e sangue, desprendeu-se da parede e a sua enorme lâmina perfurou a cabeça de Eriol Hiragisawa, matando-o instantaneamente.

Um rio de sangue, misturado com pétalas de rosa vermelha, começou a cobrir o tapete de toda a biblioteca. E o relógio bateu finalmente as doze badaladas da meia-noite.

Entendi. O jogo chegara ao fim...e os seis dias pareciam ter terminado....

*

Os seis dias terminaram. Mas houve tantas perguntas que ficaram sem respostas...e tantas palavras que ficaram por dizer...

Da janela do meu apartamento, posso ver e ouvir as conversas, risos e choros de milhares de pessoas.. E no entanto, sei que nunca as poderei entender. E nunca as irei compreender. Depois daqueles seis dias, percebi que não estava viva. Mas também não estou morta...

Afinal, o que sou eu? Quem sou eu? O que faço aqui ? Quem me persegue? Devo tentar pensar...mas é tão difícil!

Já se passou tanto tempo depois daqueles seis dias...e no entanto, eu sei que nunca vou puder fugir-lhes. Embora tente fugir das memórias e recordações, elas vão sempre continuar a perseguir-me..para sempre? Nem eu própria sei...quem saberá?

Talvez não se possa fugir do tempo. E talvez ninguém possa fugir àqueles seis dias.

E mesmo assim, devo tentar uma fuga...uma fuga ao passado, ás memórias, ás recordações, e á amizade...

A minha vida será sempre uma fuga? Continuarei sempre a fugir do passado?

Não posso responder. Mas esteja onde estiver, eles vão continuar a perseguir-me...

Como é que tão pouco tempo pode mudar a minha vida?...E afinal, foram apenas seis dias...

Seis dias nas férias de Verão.

Fim

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Finalmente consegui terminar a última parte de "Seis dias nas férias de Verão" ! Andava com dificuldades de decidir o final da história...as hipóteses eram muitas e nem eu própria sabia como havia de terminar.

Bem, talvez fosse por nem eu saber o final que adorei escrever este fanfic. Não sei...mas não causa muito mais emoção quando não sabemos o que vai acontecer? Foi exactamente isso que se passou comigo. Não sabia como era o final e passei horas a imaginá-lo. E ficou assim. Sei que não é exactamente um final, e que pode ter várias interpretações. Mas gostem ou não gostem, este é o verdadeiro  e final de "Seis dias nas férias de Verão".

Queria agradecer a todos aqueles que me deixaram comentários/reviews. Sei que devia agradecer a cada um individualmente, mas não tenho muito jeito para essas coisas. Um agradecimento muito especial para todos os que leram e revisaram este fanfic. Vocês ajudaram-me muito!

Este fanfic foi dedicado á Sofia, a minha irmã. Obrigada por tudo ,Sofia! Ah...e espero que tenhas gostado do final. Eu gostei! E adorei escrevê-lo!

Algum comentário/dúvida/sugestão/crítica ou elogio, enviem para rika_rita .yahoo.com.br ou deixem simplesmente um review  no fanfiction.net.

Acho que não me esqueci de nada...

 Beijos,

Violet-Tomoyo