Capitulo V



A detenção





_ Droga, eu tinha que ter esquecido de pegar o livro... Agora corro o risco de algum professor me pegar fora do dormitório. Se não tivesse que entregar esse maldito trabalho amanhã!

A biblioteca estava escura, Alícia ouviu passos vindo em sua direção e uma voz conhecida, mas que ela não sabia ao certo a quem pertencia. Ela achou que se ficasse quieta ninguém perceberia que estava lá e não se mexeu, nem sequer ouviu que os passos vinham em sua direção. Só percebeu quando a pessoa tropeçou nela.

_ Ai! Quem está aí? - Alícia perguntou.

_ Quer calar essa boca antes que alguém nos escute.

_ Snape! O que você está fazendo aqui?

_ O que se faz numa biblioteca? Lumus - apontou o feixe de luz que saia da varinha para o rosto da garota. - Alícia, a queridinha da Grifinória! Você está chorando? Bom, acho que descobri mais uma serventia para a biblioteca.

_ Me deixa em paz. Será que eu não posso ter um pouco de sossego?

_ Eu só quero pegar um livro aqui, depois você vai ter todo o sossego que quiser. - Snape pegou o livro, mas quando ia saindo deu de cara com a bibliotecária madame Pince.

_ O que os dois estão fazendo na biblioteca uma hora destas? É proibido ficar fora do salão comunal depois da meia noite.

Antes que a senhora pudesse ver, ela secou as lágrimas e se recompôs.

_Estávamos procurando por uns livros que esquecemos de pegar mais cedo. - respondeu a garota.

_ Então, já que gostam tanto da biblioteca, acho que não vão se importar em me ajudar amanhã. Detenção para os dois, depois do jantar, não vou retirar pontos, mas não se atrasem. Peguem os livros de que precisam e vão para os salões comunais.

Snape já havia pego o livro que precisava e Alícia pegou o primeiro que viu, já que na realidade não precisava de nenhum.

Saindo da biblioteca foram cada um para o seu respectivo salão comunal, mas não sem antes colocar a culpa do ocorrido um no outro.

Quando entrou no salão comunal da Grifinória não havia ninguém lá, como Alícia havia imaginado. No quarto Lílian ainda estava acordada esperando a amiga pra saber o que estava acontecendo.

_ Onde você estava, nós estávamos preocupados. Principalmente o Sirius. Ele...

_ Nem me fale desse... desse...

_ Desse?

_ Esquece, só que eu não quero mais saber dele está bem? Quero esquecer que ele existe. Quem esse garoto pensa que é pra querer brincar com os meus sentimentos?

_ Onde estava?

_ Na biblioteca. Achei que ninguém ia me achar lá, mas o Snape apareceu, nós discutimos, a Madame Pince pegou a gente e tenho que cumprir uma detenção com aquele imbecil amanhã. Eu não devia ter saído da cama hoje. Eu vou dormir, amanhã a gente conversa melhor, pode ser?

_ Claro.

O dia seguinte pareceu passar num piscar de olhos. O sol mal havia nascido e já era hora de ir para a biblioteca para cumprir a detenção.

_ Eu quero que vocês cataloguem os livros que estão nestas caixas, por nome, autor, editora e ano de edição. Depois peguem as fixas e coloquem em ordem alfabética no arquivo.

_ Mas deve ter uns 500 livros aí!

_ 512 para ser mais exata. - disse a bibliotecária.

_ Para de reclamar Snape, e vamos logo fazer isso. Madame Pince saiu e deixou os dois com o serviço a ser feito.

_ Se você não tivesse ido a biblioteca ontem, ninguém teria nos descoberto!

_ Se você não tivesse ido chorar lá, eu não estaria nessa situação idiota. Catalogar livros, que droga! Eu poderia muito bem estar no salão da Sonserina agora, fazendo os meus deveres, ou deitado na minha cama.

_ E você acha que eu gosto disso?! Eu estou tão chateada quanto você. Não podia ter sido outra pessoa lá na biblioteca, tinha que ser você?

_ Quem você queria que fosse? O-Todo-Perfeitinho-Black?

Em resposta Alícia simplesmente olhou Snape com o rosto inexpressivo, e voltou a fazer o seu serviço sem dizer mais uma palavra.

Depois de algum tempo ela voltou a falar.

_ Que livro você foi procurar na biblioteca?

_ E por que eu diria a você?

_ Calma, eu só estou tentando começar uma conversa civilizada, nós temos muito trabalho pela frente e ficarmos de cara virada um com o outro não vai ajudar em nada. Mas esquece, tudo bem, já vi que você não quer falar comigo.

_ Eu queria um livro para fazer o trabalho de poções, e eu tinha esquecido de pegar um dos livros que eu precisava pra fazer a redação.

_ Ah!

_ E você, por que estava chorando na biblioteca?

_ Por nada, acho que isso não te interessa.

_ Calma, eu só estou tentando começar uma conversa civilizada!! - Snape falou imitando a voz da garota.

_ Bem, me desculpe. Eu não queria falar assim com você. - Alícia pensou um pouco antes de continuar: "e daí se eu contar pra ele?" - É que eu estou apaixonada por um garoto, mas ele só quer saber de brincar comigo. Primeiro diz que não quer nada, que não pode haver nada entre nós, mas na primeira oportunidade vem e me beija. Eu fiquei muito confusa, e acabei vindo pra cá chorar, não queria encontrar com ninguém e nem que ninguém me encontrasse. Mas aí você chegou e... bem estamos aqui agora, não é?

_ Hum... a garotinha está apaixonada, meu amigo Lúcio não vai gostar nada de saber disso. Posso saber por quem?

_ É claro que não! - sorriu

O resto da noite eles continuaram a conversar e quando terminaram de catalogar os livros já era uma hora da manhã.

_ Terminamos, até que enfim. Agora vou poder dormir um pouco, estou morrendo de sono. Sabe, você não é tão chato quanto parece.

_ E você não é tão insuportável quanto o resto da sua turminha.

_ Isso vindo de você acho que é um elogio. - Alícia sorriu - Boa noite. Eu vou indo pro dormitório.

_ Eu também, amanhã a gente mostra tudo para a Madame Pince. Boa noite para você também.

Depois dessa detenção sempre que se encontravam pelos corredores Snape e Alícia sempre se cumprimentavam, apesar de seus amigos não se darem bem. Na primeira vez que Lílian ouviu os dois se falando achou muito estranho.

_ Por que que toda vez que a gente cruza com o Snape você faz questão de cumprimentá-lo?

_ Ele não é tão chato quanto a gente achava que era.

_ Para mim ele continua o mesmo insuportável de sempre.

_ Você não notou que a turminha dele não mexe mais com a gente desde que eu comecei a falar com ele?

_É, isso é verdade... Mas o Sirius e o Tiago não estão gostando nada dessa sua amizade com ele.

_ Por que você tem que falar do Sirius hein? E além do mais, ele não tem nada a ver com a minha vida.

_ Como não? Vocês são amigos.

_ Olha Lílian, você acha que depois do que aconteceu nós ainda somos amigos?

_ Eu até agora não entendi o que aconteceu... só sei que vocês brigaram e agora você está de amizade com o Snape. Você está fazendo isso pra provocar o Sirius?

_ É claro que não! Eu já disse que o Snape é legal.

_ Tudo bem eu acredito em você, não vamos discutir por causa disso, ok?

Os amigos de Snape também estranharam essa amizade repentina entre eles, mas ao contrário de Alícia, ele nem se deu ao trabalho de explicar-se.

Uma noite duas semanas depois disso, Snape estava voltando para o salão comunal da sonserina quando ouviu vozes vindas de uma sala vazia.

_ Sirius, será que você não vai me contar o que aconteceu? Eu achei que fosse seu amigo...

_ Tá certo... acontece que eu fui um canalha com ela. Como eu te contei, falei pra ela que só queria amizade, mas naquela noite em que a gente brigou com o Malfoy e com o Snape, que eu e ela estávamos juntos, não consegui me segurar e a beijei...

_ Até aí gente já sabe, mas por que virar a cara pra você? Era pra ter gostado, não?

_ Segundo o que a Lílian me disse, ela está achando que eu só quero brincar com o que ela sente por mim. Faz sentido não? Primeiro digo que não quero nada e depois a agarro.

_ Mas o que você está sentindo realmente?

_ Pra falar a verdade... eu acho que estou gostando dela.

_ O que? Mas você hein... quem vai te entender?! Primeiro diz não gosta e agora diz que gosta!

_ É exatamente por isso que ela não quer nem me ver. Você acredita que estou brincando com os sentimentos dela ou coisa assim?

_ Sinceramente? Acho que ela tem razão de ficar chateada. E você, é melhor decidir o que quer da vida cara.

_ Acho que vou falar com ela... assim que criar coragem.

_ Mas não se esqueça que ela não vai te esperar a vida inteira. Você mesmo conhece um monte de cara que é afim dela.

_ Eu sei.