Capitulo X



Fidélius





_ O quê? Eu simplesmente não acredito no que você está me dizendo! O Snape um comensal?

_ Lílian, por favor, eu estou precisando muito da sua ajuda. E ainda tem o pior, eu o deixei fugir ontem, e se ele disser a Voldemort quem chefiava a emboscada? Logo todos os comensais estarão a minha procura.

_ Alícia, sinceramente não sei o que te dizer, mas se o Snape te denunciar, Voldemort vai te matar! Você precisa se esconder.

_ Mas como? Para onde eu vou? Minha vida está toda aqui.

_ Precisamos contar isso a alguém que possa nos ajudar. Vamos falar com o Tiago também, ele pode estar correndo perigo assim como você.

_ Não, o Snape não o viu, tenho certeza disso. E a única pessoa que pode nos ajudar agora é o Prof. Dumbledore. Ele saberá o que fazer.

Elas ouviram batidas na porta.

_ Pedro! O que está fazendo aqui? Pensei que estaria fora da cidade. - Lílian perguntou surpresa.

_ A viagem foi cancelada, então vim procurar o Tiago, ele está?

_ Não, ele teve que sair... mas você pode esperá-lo, acho que ele não vai demorar.

_ Acho que não, eu falo com ele outro dia, não é nada urgente. Mas diga-lhe que eu vim, por favor. Ah, e desculpe ter entrado assim, mas a porta estava aberta...

_ Não tem problema, você já é de casa, não precisa se preocupar, e pode deixar que eu aviso o Tiago.

_ Obrigado. Tchau Alícia.

_ Tchau Pedro.

* * *

As garotas pararam diante do antigo castelo de Hogwarts. Há apenas um ano atrás elas estavam contentes e despreocupadas andando por estes mesmos jardins falando sobre o pedido de casamento que Tiago havia feito a Lílian, sorrindo e planejando a cerimônia.

Ao entrarem no castelo e percorrerem os corredores a procura de algum professor elas se viram em frente a sala de transfiguração. A Prof. McGonagall estava lá, sentada em sua mesa, a sala estava vazia.

_ Olá Prof. McGonagall.

_ Olá, que surpresa vê-las aqui. Lílian, soube que você está grávida, meus parabéns.

_ É verdade, estou de três meses, Tiago está babando pelo bebê, antes mesmo de ele nascer, nunca o vi tão feliz. - Lílian sorriu por um momento, mas logo a expressão séria voltou ao seu rosto - Mas receio que hoje não viemos fazer somente uma visita, apesar dessa novidade tão boa, as coisas não estão tão bem assim. Estamos precisando falar com o Prof. Dumbledore, é muito importante e urgente.

_ Entendo, venham comigo por favor. O Prof. Dumbledore está na sala dele.

Elas passaram por muitos corredores e escadas até chegar a sala do diretor. Elas reconheceram a gárgula que ficava na entrada o escritório. Elas ouviram a Professora dizer a senha e imediatamente a gárgula se arrastou para que pudessem passar. Elas entraram na ante-sala e esperaram que fossem anunciadas, logo em seguida a Prof. McGonagall disse que poderiam entrar. Assim que a porta se fechou o velho diretor começou a falar.

_ A prof. McGonagall me falou que vocês tinham algo importante para conversar comigo.

_ Temos sim professor. É uma longa história, mas vou tentar resumi-la ao máximo. - Disse Alícia num tom bem mais sério que o usual.

Depois de contar toda a história ao Prof., ele estava com o semblante muito pensativo.

_ Então professor, não sabemos o que fazer, eu sei que não devia tê-lo deixado fugir, mas eu fiquei sem reação ao descobrir que Snape era um comensal, quando dei por mim ele já havia fugido. Jamais pensei que ele fosse me trair dessa maneira. Fiquei arrasada. Mas depois me ocorreu que Voldemort poderia descobrir que eu fui a responsável pela emboscada, Snape poderia contar a ele.

_ Eu creio que a situação está mais séria do que a senhorita possa imaginar. Voldemort já descobriu que você estava envolvida na emboscada. Ele ofereceu um premio ao comensal que a capturar, Alícia. Eu fiquei sabendo disso hoje. Enviei inclusive uma coruja à senhorita lhe alertando, e creio que ela estará lá quando chegar em casa.

_ Mas como o senhor soube?

_ Eu tenho alguns informantes entre os comensais e eles me disseram.

Lílian estivera quieta até agora, mas não pode deixar de perguntar:

_ E eles sabem sobre o Tiago?

_ Não, pelo que sei só foi mencionado o nome de Alícia. - respondeu o diretor.

_ Meu Deus! Eu estou perdida... Mas eu não penso em fugir. Eu vou enfrentar isso de frente. Não sou nenhuma covarde.

_ Não acho que isso seja o mais indicado Alícia, não é questão de coragem ou covardia, é sua segurança que está envolvida. - respondeu o sábio Prof. Dumbledore. - E não creio que a senhorita vá ajudar muito se estiver morta...

_ O professor tem razão Alícia, você tem que se esconder!

_ Mas onde? Como?

_ O Fidélius... - Dumbledore já sabia o que fazer.

_ O quê é isso Professor? - Perguntou Lílian sem saber a que o prof. se referia.

_ Um feitiço extremamente complexo, que implica em esconder o segredo, por meio da magia em uma única pessoa viva. A informação é guardada no intimo da pessoa escolhida, ou o fiel do segredo, e torna-se impossível encontrá- la. Enquanto o fiel do segredo escolhido não disser nada a ninguém a pessoa escondida jamais poderá ser encontrada, mesmo que algum comensal ficasse na frente da casa dela não a encontraria. É o melhor modo de você se esconder. Mas o fiel do segredo tem que ser de extrema confiança.

Alícia abaixou a cabeça, parecia estar pensando na sugestão de Dumbledore.

_ Alícia - Lílian falou - eu vou ser o fiel do seu segredo. Você sabe que pode confiar em mim...

Alícia não deixou que a amiga terminasse.

_ Você não pode ser o fiel do meu segredo, você está grávida e isso seria perigoso, sei que posso confiar em você, mas não posso te colocar em perigo. Ainda mais com o bebê a caminho. Eu vou escolher a pessoa certa pra isso.

_ Pense muito antes de escolher o fiel do segredo, ele estará com a sua vida nas mãos.

_ Eu sei prof. Dumbledore. Obrigado por sua sugestão e por ter nos ajudado. É bom saber que mesmo em tempos difíceis temos uma pessoa tão boa como o senhor para contar. Mais uma vez obrigado. Temos que ir.

_ Adeus e boa sorte...

***

Alícia andava por uma ruazinha estreita de um vilarejo próximo a Worcester. Ela parou em frente a uma pequena casa, olhando pelo lado de fora não aparentava ter mais que dois cômodos, bateu na porta, pois não havia campainha e esperou ser atendida. Ouviu passos vindo em sua direção e então a porta se abriu.

_ Alícia? Que surpresa! O que faz aqui? Entre, está frio aí fora.

Ela encarou o homem a sua frente, que aparentava ter um aspecto doentio, Alícia sabia o motivo do amigo estar com esta aparência. A lua cheia havia mudado para lua nova há apenas dois dias.

_ Remo, há quanto tempo não nos vemos! Como está se sentindo? Você não me parece muito bem...

_ Eu estou bem apesar de parecer o contrário. Eu recebi sua coruja há dois dias atrás. O que você tem de tão importante pra me falar? Sente-se, quer beber alguma coisa?

_ Não, obrigado. Remo eu vou direto ao que me trouxe aqui, Voldemort colocou os comensais atrás de mim, eu estou correndo perigo. O Prof. Dumbledore me apresentou uma solução, mas eu preciso que alguém me ajude. Lílian se ofereceu mas com o bebê a caminho eu não pude permitir.

_ Do que exatamente você está falando?

_ Do feitiço Fidélius. Eu preciso que alguém de muita confiança aceite ser o meu fiel do segredo, e como eu disse não pude aceitar que a Lílian me ajudasse. Eu sei que posso confiar cegamente em um amigo como você.

_ Eu fico muito grato por saber que tenho sua total confiança Alícia, eu vou te ajudar, pode ficar tranqüila. Mas como vamos fazer isso? Eu não sei como realizar esse feitiço e nem no que ele consiste.

_ Não se preocupe, o Prof. Dumbledore disse que iria me ajudar no que fosse preciso. Ele pode te explicar melhor todo o processo. Muito obrigado Remo, eu sabia que podia confiar em você, mas...

_ Mas...?

_ Bom, é que será muito perigoso, por isso eu acho melhor ninguém saber o que vamos fazer, nem que você será o fiel do meu segredo. O único que saberá disso é o prof. Dumbledore, nem Lílian e nem o Tiago saberão...

_ E quanto ao Snape? E o Sirius?

_ O Snape é uma das razões pela qual eu estou me escondendo... Eu descobri que ele, - Alícia baixou a cabeça - ele é um dos seguidores do Voldemort.

_ Eu já sabia. Sinto muito... - Remo não parecia nem um pouco chocado com a informação - Eu soube disso há alguns dias.

_ Mas quanto ao Sirius, não vai ajudar em nada envolvê-lo nessa situação, não quero que ele saiba de nada. Eu sei que você tem contato com ele, por favor, não diga nada, quanto menos pessoas souberem melhor será.

_ OK, não vou dizer nada. Ficarei feliz em ajuda-la.