Capítulo Dois - Quando o Coração Fala Mais Alto
Harry pegou as coisas dela e Gina deu a última olhada na casa. Trancou a porta e desceram de elevador, Salt dormia no colo dela. Agora ela estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo e Harry via o quanto eles haviam crescido. Adorava os cabelos dela compridos. Lembrava da textura deles, do cheiro dela e de seu gosto, sobretudo. Ela tinha trocado de roupa e agora estava usando uma saia rodada estampada e colorida, uma blusa branca simples. Muito diferente das roupas sóbrias que estava acostumada a usar. Assim que desceram encontraram o zelador.
- Bom dia, Hans. Gutem Morgen - ela disse docemente. O zelador estranhou as roupas dela e a companhia masculina.
- Gutem Morgen, Frau Malfoy - aquilo doeu profundamente nos ouvidos de Harry, que quase fez uma careta.
- Adeus, Hans. Auf Wiedersehen - disse sorridente enquanto Harry abria a porta para ela passar. O zelador esticou o pescoço e viu quando os dois fizeram sinal para um táxi.
- Para onde? - Harry perguntou; ela sorriu.
- Eu pensei em irmos para a estação de trem. Eu prefiro, do que me arriscar em um avião trouxa - disse a primeira palavra bruxa em dois anos e sorriu; uma parte do processo estava começando a vencer. Ele a olhou, divertido.
- Tudo bem... Eu acho que não teríamos mesmo condições de pagar as passagens. Eu comprei uma obra de arte valiosa e meus marcos estão contados - ela riu enquanto dizia em alemão para o motorista deixá-los na estação de trem Ostbahnhof, Berlim. Eles iriam até Bruxelas no expresso alemão noturno "NachtZug" e, de lá, pegariam o trem Eurostar, passando pelo túnel do canal até a estação de Waterloo, em Londres.
Logo que chegaram à plataforma Harry a ajudou com a pequena mala e colocou Salt no vagão para cargas vivas. Então conduziu Gina ao trem. Ele a acomodou e foi para sua cabine. Encontraram-se no vagão restaurante alguns minutos depois, onde experimentaram um farto almoço. Gina explicou a Harry como era feito o chouriço e este se arrependeu de ter perguntado.
- Realmente Gina, eu prefiro comer tripas sem saber que as estou comendo - os dois riram.
- Eu fiz um curso de culinária. Foi uma fase em que me interessei por isso - disse, sorrindo.
Harry a avaliou. Quantas fases diferentes, com interesses diferentes, ela devia ter experimentado naqueles anos? Conversaram alegremente sobre várias coisas. Contou para ela que Hermione estava casada e que Rony nunca tinha sido tão superprotetor com a esposa. Gina riu, imaginando o que o irmão não estava aprontando. Harry deu notícias de todos os Weasley. Contou sobre a aposentadoria de Dumbledore e de como Snape tinha ficado furioso pela professora Mcgonagall ter sido nomeada a nova diretora de Hogwarts. Ele contou animado que Mione dava aulas de Feitiços e que Neville tinha se tornado um professor muito enrolado - mas muito querido - de Herbologia, já que só dava boas notas para os alunos.
Passaram a tarde conversando. Na maior parte do tempo Gina permanecia calada, apenas ouvindo Harry contar todas as novidades de casa. Às vezes ela perguntava alguma coisa ou fazia algum comentário mas estava encantada, absorvendo os dois anos que tinha ficado longe de tudo, através do entusiasmo de Harry.
Por fim ele falou rapidamente sobre o fim da guerra. E como Voldemort tinha sucumbido, num último duelo com ele. Não deu muitos detalhes. Apenas disse que tinha mais uma cicatriz, um corte no peito, produzido pela espada do descendente de Slytherin. Gina pareceu nervosa e ele mudou rapidamente de assunto.
Quando já tinham jantado voltaram para o vagão dormitório. O tempo estava abafado e parecia que ia chover. Não corria um vento sequer e as nuvens estavam carregadas. Eles se despediram e se recolheram para dormir.
O trem sacolejava. Era bem diferente do Expresso de Hogwarts, Gina pensou. A cabine dela pelo menos era confortável. Harry havia pedido duas cabines de primeira classe, uma ao lado da outra. Havia um leito e uma pia em cada uma delas. E, o grande diferencial para as outras cabines: janelas. Estas eram amplas e permitiam que o ar circulasse melhor. Esse era o melhor luxo da cabine, porém Gina ainda não tinha conseguido desfrutá-lo. Já havia lavado o rosto diversas vezes e molhando a nuca na tentativa de se refrescar. A janela da sua cabine parecia completamente emperrada.
Após rolar na cama, suando, resolveu tentar mais uma vez. Se já estava quase morta de calor que ao menos morresse tentando abrir a janela. Bufou uma ou duas vezes, sem sucesso.
- Porcaria de janela - disse, alisando o braço dolorido pelo esforço da tentativa.
Ela suspirou, resignada. De repente um par de braços surgiu à sua volta e ergueu a janela com facilidade, deixando o vento frio entrar e brincar nos seus cabelos ruivos e soltos. Parecia vento de chuva. Ela conteve um berro.
- Sou eu! - Harry sinalizou com a mão para que ela se acalmasse.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou, puxando a alça da camisola para cima. Ele fingiu não notar, mesmo na penumbra, que ela havia corado.
- Eu estava passando pelo corredor e ouvi você xingar alguma coisa. Eu bati mas você não respondeu. Então entrei para checar se estava tudo bem - disse calmamente ;ela sacudiu a cabeça.
- Eu estava com calor – seu tom era nitidamente de alguém que estava tentando disfarçar o constrangimento.
Mas pareceu meio óbvio e ele riu do que ela disse. Ela sorriu, desconcertada. Harry a olhou, encantado. Era a primeira vez que ela sorria daquele jeito para ele. Ele não via aquele sorriso especial há pelo menos dois anos.
- Meu Deus! Você continua linda... - ele deixou a frase escapar, segurando o queixo dela com a mão.
Gina abaixou os olhos, o sorriso morreu em seu rosto. Ele se sentiu constrangido e culpado e cessou o toque. Reparou nas lágrimas que se formavam nos olhos dela, brilhando com a claridade dos raios lá fora.
- Me desculpe por isso - disse sinceramente. Ela ficou em silêncio. - Eu... Eu vou embora - completou, cabisbaixo.
- Harry... - ela o deteve. - Eu não tive a intenção de... - completou, colocando a mão em seu ombro.
Ela se aproximou e não resistiu, abraçando-o com força. Naquele momento ele sentiu seu cheiro, seu corpo, quente, contra o dele. A saudade que tinha mantido contida por todos aqueles anos lutava para se libertar. Ele a afastou e encontrou aquele olhar novamente. Aquele mesmo olhar pelo qual havia sido conquistado, pelo qual havia ansiado por tantos dias e noites. Viu claramente no fundo dos olhos castanhos: o sentimento ainda estava lá, perdido em algum lugar, mas existia. Tinha dormido por muito tempo, latente, mas poderia ser despertado. Ele não conseguiu pensar em mais nada. Colou os lábios nos dela, sentindo o gosto da mulher que amava e esperando inconscientemente pela rejeição. Mas essa, surpreendentemente, não veio. Gina correspondeu fervorosamente ao beijo. Como se ela própria não pudesse acreditar na força do amor que ainda tinha guardado dentro de si.
- Harry... - ela sussurrou.
- Não diz nada - ele colocou a mão nos lábios dela novamente.
Impulsivamente a encostou contra a parede do vagão. Os trovões rugiam alto agora do lado de fora e uma chuva de vento entrava pela janela aberta, molhando todo o tapete aos pés deles.
A respiração dos dois era ruidosa e entrecortada. As línguas se buscavam incessantemente em um beijo cada vez mais intenso e carregado de emoções reprimidas. Ele a acariciava, trazendo-a para junto de si. Tinha uma mão em sua cintura e a outra em sua nuca. Gina estava se sentindo como nunca tinha sentido antes, tonta e completamente fora de controle.
Harry deslizou a mão pelo ombro dela, abaixando a alça da camisola branca, e tocou a pele alva com os lábios. Ela, a princípio, elevou o ombro, impedindo-o de prosseguir. Ele travou por alguns instantes, voltando a buscar os lábios sôfregos e entreabertos dela. Mas, percebendo o desejo que ela transmitia, roçando a língua lentamente na dele, resolveu insistir de novo.
Dessa vez ela não conferiu resistência. Deixou que ele deslizasse as alças da camisola pelos seus ombros, escorregou pelo seu corpo até o chão. Ela estava trêmula. Já tinha feito amor outras vezes mas nunca com ele. Nunca com o homem da sua vida.
Harry a observou na penumbra por alguns instantes, encantado por vê-la assim pela primeira vez. Então se colocou contra ela, os braços sobre os de Gina, encostados sobre a cabeça dela, na parede do vagão. Ele a segurou pelos pulsos, beijando seu pescoço e acariciando sua orelha com a ponta da língua. Ela tremeu quando ele soltou os seus braços, permitindo que ela deslizasse as mãos livremente sobre o corpo dele. Gina o ajudou, ansiosa e desajeitada, a tirar a blusa, que foi abandonada ao lado da sua camisola. Ela ficou desconcertada ao livrá-lo das calças do pijama. Ele riu, abraçando-a com carinho. Ela passou a mão no peito descoberto dele, sentindo a cicatriz do golpe de espada que tinha recebido, e tocou a marca da vitória dele com os lábios, de levinho. Harry sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Ele encontrou os olhos castanhos dela em brasa e febris.
- Posso? - os olhos verdes dele suplicaram.
Ele não faria nada que ela não permitisse. Gina apenas sacudiu a cabeça enquanto ele erguia sua perna esquerda, segurando por baixo do seu joelho dobrado, com a mão direita. Ela gemeu profundamente quando ele finalmente se uniu a ela e mordeu os lábios. Harry parou, preocupado.
- Tudo bem? - ele disse, ofegante. A voz rouca e entrecortada.
- Aham - ela suspirou. Passou a mão por entre os cabelos negros dele, apertando-o forte contra si, e fechou os olhos.
Harry a ergueu pela cintura e a colocou na cama. Escorregou por cima dela, beijando-lhe o pescoço, descendo pelo corpo e voltando para a boca, com ímpeto. Gina olhou nos olhos dele e encontrou algo inteiramente novo. Ela já tinha sido tantas vezes de Draco e se perdido no mar revolto e acinzentado dos olhos dele mas nunca, nunca tinha experimentado a calmaria, a sensação de se estar à deriva, sem controle, ao sabor do vento, como se sentia naquele momento nos braços de Harry. Ela lia naqueles olhos verdes que ela era dele agora. Só dele. Mas muito mais do que isso. Ela lia nos olhos dele que ele era dela. Agora, e para sempre. Teve vontade de gritar e não soube se realmente gritou. De repente sentiu que iam morrer, consumidos um no outro. E ela chorou.
Eles passaram aquela noite inteira juntos. Amaram-se até esgotarem todas as forças, até que os corpos se misturassem o suficiente para que as duas almas se confundissem numa só. De manhã, quando Gina abriu os olhos, encontrou os verdes de Harry perdidos nela. Ela corou.
- Meu Deus, Harry. Não devíamos ter feito isso... - ela disse, escondendo o rosto com as mãos, completamente envergonhada ;ele sorriu.
- Qual da vezes, Gina? Todas? - perguntou em tom divertido, acariciando o rosto dela.
- Você me entendeu muito bem - ela se esquivou do toque, séria, cobrindo-se com o lençol e quebrando o clima ameno. - Eu ainda sou uma mulher casada. Eu não devia... - ele a interrompeu.
- Você não devia? Ou você não podia? - perguntou, sentando-se na cama.
- Eu... - ela sentou ao lado dele, sustentando o lençol na frente do corpo. - Eu me sinto culpada, é só... - ele sorriu de modo condescendente. - Eu estou acostumada a fazer as coisas do modo certo... Droga, Harry. Eu acabei de trair o meu marido - ele esticou o braço, envolvendo-a em um abraço.
- Eu sei, meu amor. Mas seria pior trair o seu coração, não seria? - disse, tentando aliviá-la da culpa; Gina suspirou.
- Eu já traí o meu coração tantas vezes, Harry. Eu passei a vida inteira fazendo isso - disse, olhando em seus olhos.
- Então não é hora de você parar de fugir de você mesma? De parar de só tentar fazer a coisa certa e fazer, de verdade, o que é certo? – emendou e ela sacudiu a cabeça.
- Eu me sinto envergonhada. Eu não imaginei... - ela riu, desconcertada. - Quer dizer, eu estaria mentindo se dissesse que nunca tinha imaginado estar assim com você. Eu só não imaginei que... Que... - Harry riu.
- Que seria tão rápido? - ela corou, sacudiu afirmativamente a cabeça. - Gina, isso não mudou nada o que eu sinto. Só aumentou a minha vontade de ficar perto de você. Eu te amo - ela arregalou os olhos. Era a primeira vez que Harry dizia isso para ela. Com todas as letras.
- Harry... Eu... - ela tinha os olhos rasos de lágrimas.
- Eu sei. Eu devia ter dito isso a você há muito tempo. Eu devia isso a você. Mas eu não conseguia. Eu não podia. Eu achava que quando dissesse isso a você estaria assinando sua sentença de morte. Droga, Gi, todo mundo que eu amo foi perseguido ou morto - ela continuou atenta. - Se você soubesse como eu me senti quando soube que você ia se casar com o Malfoy... - ela baixou a cabeça.
- Eu tinha esperança de que você me impedisse. Até a hora que o bruxo do Ministério enrolou a minha mão na dele com a faixa matrimonial eu procurei por você no Salão. Mas você não me impediu... - disse, ressentida. - E só me restou a conformação - Harry respirou fundo.
- Eu tentei impedir - ele disse com certa dificuldade, fazendo-a arregalar os olhos.
- Tentou? - ele acenou com a cabeça.
- Tentei. Mas eu não consegui chegar a tempo. Eu soube tarde demais. A Mione me contou. Ela me enviou uma coruja. Foi quando eu voltei para a Inglaterra. Rony demorou a contar pra ela sobre o casamento. Ele esperava que você desistisse - ela continuou prestando atenção.
- Eu sei disso. Eles acharam que eu não seria capaz - disse em tom melancólico.
- Mas você foi... - Harry emendou.
- É, eu fui... - concluiu tristemente.
- Você é uma Weasley. Não desistir faz parte da sua natureza. Hermione me disse isso na carta. Que ela era namorada de um Weasley e sabia muito bem como vocês eram quando cismavam com alguma coisa - ela ensaiou um sorriso.
- Como você tentou impedir? - Harry riu.
- Eu fui um idiota, Gina. Eu devia ter lutado por você antes. E não apenas ter tentado impedir o seu casamento. Mas eu estava tão preocupado em proteger você daquela guerra insana que acabei te ferindo mais do que uma maldição imperdoável. Um dia eu espero que possa me perdoar por isso - ele deu uma pausa. - Eu quis me afastar de você. Achava que você estava namorando o Malfoy para me machucar. E eu merecia, sinceramente. E esperava que ele a fizesse feliz. Então eu saí do país. Assim eu não corria o risco de ver você com ele. Mas isso me matou. Eu não via mais nenhum dos meus amigos. Nunca me senti tão sozinho - ela apoiou a mão na perna dele.
- Eu também. Eu saí da festa que ele tinha mandado fazer e constatei que não tinha nenhum amigo meu ali. Nem ninguém da minha família. E depois, quando nós fomos para o hotel... - ela deixou que as lágrimas escorressem. Harry apertou a mão dela, de forma apoiadora. - Eu achei que saber que ele me amava seria o suficiente... Mas não foi... Foi horrível no início. Ele me mimava, me bajulava... E foi tão carinhoso e compreensivo com as milhares de fases que passei que eu me sentia mal...
- Você o amava, Gina? - perguntou, receoso da resposta.
- Não. Eu não sei. Eu achava que amava. Mas depois eu acho que eu só tentei me convencer que sim. Ele foi tão bom para mim. Não tinha como eu não sentir...
- Gratidão? - ela sacudiu a cabeça.
- É. Principalmente quando eu implorei para mudarmos para a Alemanha. Eu queria uma vida nova. Uma vida trouxa. Queria esquecer de tudo que vivi. Eu reneguei tudo o que me lembrava... - ela não concluiu a frase e secou as lágrimas com as costas da mão.
- A mim... - ele concluiu tristemente, acariciando o queixo dela. - Eu sinto tanto ter feito você passar por tudo isso. Eu tentei chegar em tempo... Mas eu não sabia direito onde era. Eu cheguei tarde demais. Você já estava casada. Eu vi você entrar na carruagem para ir embora. Você estava linda. Parecia uma princesa. E eu odiei o Malfoy. E odiei você e me odiei por isso - completou, colocando uma mecha do cabelo dela para trás da orelha. - Mas agora as coisas podem ser diferentes - ele se aproximou dela. - Eu quero você. Para sempre. Eu preciso de você... - chegou o rosto para perto do dela, podia sentir o calor da respiração de Gina. - Como nunca precisei de nada em minha vida... - completou, encontrando os lábios dela num beijo.
Ele aprofundou o beijo, abraçando-a, e reclinando-se sobre seu corpo. Ela começou a ceder, retribuindo às carícias. Harry já tinha afastado o lençol e começava a buscá-la novamente para si quando ela fez com que ele parasse.
- Não... - ela disse baixinho, ainda sob ele. - NÃO - ela conseguiu ser mais convincente. - Não me toque, Harry. Não faça isso comigo. Por favor - implorou.
Ele parou, rolando para o lado enquanto ela se cobria com o lençol novamente. Gina estava praticamente chorando.
- Gina... - ele disse, consternado.
- Por favor, Harry. Eu só não quero mais culpa. Eu ainda estou confusa - ele passou a mão pelos cabelos.
- Tudo bem - ele suspirou, resignado porém frustrado. Ela percebeu e tentou justificar.
- É só até eu organizar a minha vida. Eu estou tão perdida... - ele sacudiu a cabeça para ela enquanto se vestia.
- Eu sei. Eu só quero que você fique bem. Que você seja feliz... - completou.
- Eu sei que sim, Harry. Mas me dê um tempo... Está tudo acontecendo depressa demais... - tentou justificar.
Ele se aproximou dela e Gina chegou para trás. Não seria capaz de repeli-lo novamente. Ele viu o medo crescer nos olhos castanhos da mulher que tanto amava.
- Eu juro - ele disse com firmeza, encarando-a. - Só vou te tocar novamente no dia em que você me pedir isso - ela prendeu a respiração. Seus olhos novamente se encheram de lágrimas enquanto ele deixava o vagão.
