Fantasmas do Passado

Por Suryia Tsukiyono e Bad Kitty

Parte III

Na manhã seguinte Aya acordou com os braços de Yohji envolvendo-o. Uma única lágrima deslizou por sua face ao ver seu amante parecendo tão pacifico. Tudo que estava acontecendo era sua culpa, senão tivesse cometido aquele erro estúpido tudo seria diferente. Com cuidado para não acordar o homem mais velho desvencilhou-se do abraço e foi se arrumar.

"Onde você pensa que vai, Aya?", perguntou Yohji de olhos fechados. Não havia conseguido dormir aquela noite, nunca havia chegado ao extremo de quase estuprar seu amante apesar de brigarem com freqüência.

"Vou correr....como sempre faço", murmurou Aya com a voz trêmula. Tinha que sair aquela manhã de qualquer jeito, havia prometido para Ken que iria ajudá-los.

"Aya.....eu, sinto muito por ontem a noite", falou Yohji levantando-se da cama e abraçando seu amante por trás. Odiava quando não conseguia controlar seus ciúmes, mas era mais forte do que ele. Não queria perder seu koi de maneira nenhuma.

"É minha culpa, Yohji", disse Aya fechando os olhos.

"Não, Aya, não é sua culpa que sou um idiota", Yohji obrigou Aya a virar-se e encará-lo. Sentia seu coração se contorcer cada vez que via toda dor que causava em seu amante. Depois de suas explosões sempre jurava que isso nunca mais iria acontecer, mas elas aconteciam cada vez com mais freqüência e eram mais violentas.

"Yohji....", começou Aya, mas foi interrompido por Yohji que o beijou com paixão.

"Vá correr, Aya. Vou dormir porque trabalho essa tarde", avisou Yohji dando um último beijo no ruivo antes de voltar para a cama.

Confuso com o que havia acabado de acontecer Aya saiu do quarto fechando a porta atrás de si. Queria acreditar nas palavras de seu amante, mas não conseguia porque sempre acontecia a mesma coisa. Apesar de estar cansado de toda aquela situação não conseguia ficar sem Yohji, já havia tentado, mas não havia conseguido. Ele havia se tornado o centro de sua vida depois que sua irmã havia saído do coma e estava morando com Sakura em outra cidade.

Quando chegou no parque localizou o homem que dizia ser o Yohji do passado, ele estava sentado em um banco do parque fumando. Não tinha como negar que ele era muito parecido com seu amante de alguns anos atrás, antes de tudo mudar. Aproximou-se silenciosamente e sentou-se ao lado dele, durante todo o caminho pensava no que falaria para ele, não podia contar a verdade, Ken não podia saber o que havia acontecido ou o odiaria para sempre. Não queria perder aquela amizade por nada.

"Aya, você preci......o que aconteceu com seu rosto?", perguntou Yohji tirando os óculos escuros e segurando Aya pelo queixo.

O lado esquerdo do rosto do ruivo estava contundido e roxo, o lábio partido e inchado. Aya afastou-se dele, os toques suaves o instabilizavam estava desacostumado a ser tratado com tanto carinho. Yohji sabia o que havia acontecido, sua versão psicótica havia batido nele.

"Não foi nada", mentiu Aya baixando os olhos, não era da conta de ninguém o que acontecia entre Yohji e ele.

"Droga, Aya, ele bateu em você e você ainda o defende?", falou Yohji tentando se controlar, a última coisa que Aya precisava era de outra pessoa brigando com ele.

"Você quer saber o que aconteceu ou não?", perguntou Aya mudando de assunto visivelmente desconfortável e prestes a ir embora. "Porque se não quiser vou embora, minha vida pessoal não é de sua conta".

"Desculpe, Aya, mas é que não suporto a idéia de alguém bater em você", explicou Yohji afastando-se de Aya, resistindo ao impulso de beijar o ruivo.

Aya ficou em silêncio tentando assimilar tudo o que o loiro havia dito, ele além de se parecer com seu amante algum tempo atrás também agia como ele, deixando-o confuso. Fazia muito tempo que ninguém demonstrara nenhum tipo de preocupação para com ele.

"Por favor, conte o que realmente aconteceu", pediu Yohji rompendo o silêncio. Aya apesar de ter mudado bastante continuava de poucas palavras e só falava quando era interpelado.

"A missão deu errado por uma distração minha. Schuldich feriu Yohji, na verdade ele teria morrido se Omi não tivesse nos ajudado", contou Aya com o rosto escondido nas mãos.

"E por que esconderam isso de Kenken?" perguntou Yohji desconfiado, a história ainda não estava o convencendo.

"Yohji não quis que mais ninguém soubesse que ele havia sido ferido por minha culpa".

"Mas nem Ken? Por que?", nada fazia sentido. Se Yohji não queria que ninguém soubesse que era culpa do ruivo, ele havia feito isso para protege-lo de alguma punição de Kritiker, então porque o maltratava tanto agora?

"Não sei porque, mas ele pediu para Omi não contar para Ken e ele não contou", disse Aya não entendendo onde Yohji queria chegar.

"Você está me escondendo alguma coisa ainda. Por que a missão deu errado?" insistiu Yohji, tinha que tirar alguma informação do ruivo.

"Eu me distraí, estava pensando em coisas que não eram relevantes para a missão e estraguei tudo", admitiu Aya evitando olhar para o playboy.

"No que você estava pensando?", Yohji sabia que Aya continuava escondendo a verdade dele.

"Estava pensando em Aya-chan", murmurou Aya nervoso, ele estava chegando perto demais da verdade e seu amante o mataria se ele contasse para alguém o que havia acontecido.

"Não minta para mim, conheço você o bastante para saber que não está me contando tudo que aconteceu", falou Yohji calmo, sabia que o caminho para conseguir tirar algo de Aya era ser insistente porque ele nunca facilitava as coisas.

"Você não me conhece, não sabe nada sobre mim", protestou Aya com veemência levantando-se do banco abruptamente.

"Não sei?!?", perguntou Yohji sorrindo com malícia.

Yohji levantou-se e puxou o ruivo para si, só de sentir o corpo forte contra o seu ficava excitado. Cobriu os lábios macios com os seus, no começo o espadachim resistiu, mas aos poucos foi relaxando e se entregou ao beijo. Yohji com muito esforço conseguiu se conter e interrompeu o beijo, fazendo Aya gemer em protesto.

"Agora você está convencido de que sou eu, Aya?", perguntou Yohji beijando suavemente os lábios do espadachim.

"Eu soube assim que o vi, mas isso não é possível", sussurrou Aya derretendo-se nos braços do playboy.

"É possível sim, sou prova disso", murmurou Yohji desfazendo a trança de Aya,

"Pare, não posso...", disse Aya afastando-se, não podia se entregar daquela forma. Aquela situação o deixava muito confuso.

"Certo, não farei nada que você não queira", Yohji não queria assustar Aya, apesar de o desejar demais não faria nada precipitado. "Já que você não quer me contar o que aconteceu na missão você poderia me contar porque virei um psicótico".

Aya não podia contar porque uma coisa estava ligada a outra, mas de qualquer forma era sua culpa e merecia ser tratado da forma que seu amante o tratava. O homem mais velho o encarava com expectativa. Queria contar o que havia acontecido, mas não podia, não agüentaria ver a decepção nos olhos dele outra vez.

"Não sei, acho que ser um assassino pode ter influenciado bastante", disse Aya com sarcasmo, a verdade era muito cruel para ser dita.

"Aya, por favor, preciso saber. Por que não me conta a verdade?", pediu Yohji segurando as mãos de Aya entre as suas.

"Não posso, você iria me odiar como ele me odeia agora. Não poderia suportar tudo outra vez", murmurou Aya fechando os olhos e afastando-se do toque de Yohji. "Sinto muito, tenho que ir ou Yohji vai ficar desconfiado".

"Você voltará amanhã?", perguntou Yohji sem insistir no assunto, teria que ir com calma ou nunca saberia de nada. "Por favor".

"Eu...estarei aqui amanhã no mesmo horário", respondeu Aya cedendo ao pedido do loiro antes de se afastar.

Yohji ficou algum tempo no parque para pensar em seu encontro com Aya. As palavras do ruivo ecoavam em sua cabeça 'Você iria me odiar como ele me odeia', não fazia sentido, nada que Aya fizesse poderia fazer com que o odiasse. O espadachim as vezes o tirava do sério com sua teimosia, mas nada que não conseguisse contornar. O que Aya havia feito para que seu eu do futuro o tratasse daquela maneira? Iria descobrir a qualquer custo, não teria paz enquanto não resolvesse aquela situação.

Não queria voltar para o hotel onde o chibi o aguardava, não tinha nada para acrescentar ao que já sabiam. Ia dar uma volta pelo bairro e tentar tirar Aya da cabeça, estava enlouquecendo sem ter seu amante ao seu lado. Sabia que o amava muito, mas não imaginava que fosse tanto. Queria poder ficar ao lado dele, beijar os lábios macios, acariciar a pele sedosa e fazer amor com ele pela manhã. 'Pare, Yohji, você tem coisas mais importantes para pensar no momento', ordenou para si mesmo acendendo um cigarro enquanto caminhava sem rumo.

Sem perceber estava quase em frente a floricultura, se o chibi descobrisse o mataria, não podiam se arriscar a serem vistos pelos seus eus do futuro e nem pelos novos integrantes do Weiss. Com todo cuidado possível esgueirou-se até o beco para dar uma espiada. Os dois novos membros estavam trabalhando, o clima era tranqüilo entre eles, mas eles pareciam se ignorar. Tudo era muito diferente naquele futuro maluco, tinham que descobrir logo o que havia acontecido.

Decidiu voltar para o hotel apenas quando seu estômago começou a roncar, antes de ir comprou alguma coisa para o chibi e ele comerem. Omi devia estar envolvido em alguma coisa e esquecido de comer como sempre.

"Não descobriu nada, Yohji-kun?", perguntou Omi enquanto comiam, mas pela cara do amigo já sabia a resposta.

"Não, mas ainda vou descobrir", resmungou Yohji aborrecido, estava inconformado com toda a situação.

"Esta noite vou entrar no apartamento do Omi do futuro para tentar descobrir alguma coisa", falou Omi mudando de assunto, sabia que o playboy estava de mal humor porque não havia descoberto nada.

"Cuidado, chibi, eles não podem nos ver", alertou Yohji. Não queria descobrir o que o Yohji psicótico era capaz de fazer se encontrasse Omi bisbilhotando sobre aquela missão em particular.

"Terei, Yohji-kun, não se preocupe", disse Omi sorrindo, gostava quando alguém se preocupava com ele, o fazia sentir querido, amado. "E quando vai se encontrar com Aya-kun novamente?"

"Amanhã cedo", murmurou Yohji antes de adormecer, aquela rotina de levantar cedo estava acabando com ele.

Omi saiu antes que Yohji acordasse, mas deixou um bilhete relembrando o playboy que ele estaria no Koneko. Finalmente teria acesso a um computador decente para conseguir mais informações sobre a missão que havia mudado tudo. Depois que descobrissem o que havia acontecido e quem sabe prevenir de acontecer novamente teriam que encontrar um meio de voltarem para casa.

Parecia uma noite calma, ao que tudo indicava não haveria nenhuma missão. Omi se escondeu no beco enfrente ao Koneko como fizera nas noites anteriores, mas hoje seu coração palpitava de forma diferente, estava decidido a descobrir toda a verdade ou acabaria explodindo de tanta agonia. Observou todas as luzes se apagarem, foi quando viu o que queria, seu eu do futuro saía juntamente com o garoto mais novo, Sena. Os dois estavam abraçados, Omi não deixou de se sentir desconfortável com aquela cena, pensava em que espécie de demônio seria aquele garoto com cara de anjo a ponto de tê-lo tirado de seu amado Ken. Procurou banir tais pensamentos de sua mente, o mais importante agora era localizar os arquivos dos relatórios que tinha absoluta certeza que sua versão futura guardava no computador.

Os dois rapazes saíram em um carro e a julgar pelas roupas elegantes, Omi deduziu que iriam demorar, era exatamente o que precisava para encontrar os arquivos. Aguardou mais alguns minutos até se certificar que não havia mais ninguém por perto, atravessou a rua e esgueirou-se cuidadosamente até encontrar a porta do apartamento de seu eu. Deparou-se com uma fechadura eletrônica.

'Droga! Por mais que eu entenda de computadores vou levar muito tempo para descobrir essa senha, não posso perder tempo aqui!', pensou ele ficando irritado. Digitou os números e na primeira tentativa a porta se abriu. Era óbvio que saberia a senha, aquele era seu apartamento!

Entrou no cômodo devagar e logo avistou o computador, não demorou muito para começar a investigar a máquina. 'Tem que estar aqui em algum lugar', pensava enquanto pesquisava os arquivos por suas datas e tentava achar alguma pista que o levasse a verdade. Estava demorando mais do que esperava, tivera um pouco de dificuldade em manusear aquele sistema de computação, era bem mais moderno do que os que já tinha lidado.

"Achei! Agora é só copiar", disse inserindo um disquete no drive e iniciando a operação, não teria tempo para ler, era mais seguro copiar as informações para serem lidas depois.

Ouviu um barulho na porta. O corpo de Omi estremeceu por inteiro. Não podia acreditar que seu eu já havia voltado, seria pego! A copia já estava feita. O garoto retirou o disco e desligou o computador rapidamente, correu para o banheiro, mas nem se quer teve tempo de encostar a porta e seu eu do futuro já estava dentro do apartamento acompanhado de Sena. Procurou ficar imóvel e respirou aliviado apenas por um minuto até que ouviu passos vindo em sua direção, ele rezou: 'Deus, por favor! Que eles não venham aqui!'. Os passos cessaram e só então Omi notou que podia acompanhar todos os movimentos dos dois por um grande espelho dentro do banheiro. Observou seu eu retornar até a cabeceira da cama e retirar suas luvas, depositando-as sobre o criado mudo.

"Foi uma pena terem cancelado o show... Uhnn, uma noite perdida", suspirou Sena com um ar um tanto decepcionado largando-se displicentemente na cama

"Não creio que seja uma noite realmente perdida", disse a versão futura de Omi com um sorriso malicioso a medida em que se aproximava do garoto.

O menino escapou por entre os braços do rapaz mais velho e levantou-se da cama rápido e sorrindo. "Não comece, Omi. Você sabe que eu não posso dormir aqui hoje".

"É? E por que não?", Omi foi se aproximando devagar até enlaçar seus braços em torno da cintura de Sena como se quisesse evitar que o garoto fugisse novamente.

"É... porque... porque eu tenho umas coisas para fazer...", respondeu ele meio despreocupado e sorridente.

"Tem mesmo?", O Omi do futuro deu um sorriso insinuante, sabia que o garoto só queria provoca-lo. "Pois acho que você vai fazer essas coisas aqui junto comigo".

"E se eu não quiser?", rebateu o menino com um sorriso provocante. Adorava bancar o difícil, isso deixava Omi mais impaciente.

"Eu sei que quer", conduziu o garoto de volta a cama deitando seu corpo sobre o dele.

Sena gemeu e se contorceu ao sentir o beijo carinhoso em seu pescoço. "Uhnn.. não faz assim".

"Mas eu nem comecei", respondeu Omi agora tomando com vigor os lábios do menino e começando a despi-lo cuidadosamente. Já havia terminado de desabotoar toda a camisa e passeou então com os lábios pela pele tão alva e macia do peito de Sena que gemia baixinho.

O garoto se mexeu por baixo do corpo de Omi até conseguir escapar da cama novamente. Omi o observou levantar e dizer sorrindo "Ei, eu disse que não iria dormir aqui hoje. Você está usando de métodos escusos para me persuadir a ficar".

Omi levantou-se rápido agarrando o outro e jogando-o novamente na cama. "Você não achou que depois de ter me provocado desse jeito eu deixaria você ir embora, achou? Agora você vai ter que dar pra mim".

Sena desviou os olhos. Omi sempre arranjava um jeito de deixa-lo sem graça, mesmo quando ele tentava instigá-lo de alguma forma. Nem com todo o empenho de Sena em deixar-lo fora de si, Omi sempre encontrava uma forma de desarma-lo e manter o controle da situação.

"Ok, eu fico. Está bem para você assim?", respondeu o garoto.

"Para mim está ótimo. Não sei se está tudo bem para você".

"O que quer dizer com isso??"

"Que eu acho que tem alguém que não vai conseguir se levantar dessa cama amanhã", respondeu Omi dando um sorriso sexy e voltando a beijar intensamente o pescoço e os ombros do garoto enquanto o mantinha preso na cama com o peso de seu corpo.

Sena sorriu diante da eminente hipótese. "Você não faria isso comigo, faria??".

"É claro que faria.... alias é o que vou fazer".

"Omi... anhhh...", o garoto sussurrou o nome de seu amante. "Não me machuque muito, está bem?", pediu fazendo cara de inocente.

"Por que? Eu gosto tanto quando você grita", sussurrou aos ouvidos de Sena fazendo o outro enrubescer.

"Não faz assim..."

"Tudo bem, se você obedecer direitinho não serei muito mal, eu prometo!". Disse a versão futura de Omi. Os dois riram por alguns instantes até voltarem novamente a se beijar.

Dentro do Banheiro, ainda escondido, Omi ficou atônito, não podia acreditar que estava vendo e ouvindo aquilo, mas era a primeira vez que presenciava seu eu sorrindo desde o dia que começaram a vigiar o Koneko. Aquele futuro era muito louco mesmo. Sentiu um frio na espinha ao observar o seu eu acariciar com toda a habilidade o corpo do menino. Aquele não podia ser ele. Se não tivesse tão assustado com a conduta de sua versão futura até poderia ter sentido um pouco de excitação, afinal o amante de seu eu era muito bonito, mas de maneira alguma se imaginaria naquela situação.

Agora os dois amantes já haviam se livrado totalmente de suas roupas e seus corpos se enroscavam de uma maneira frenética e luxuriosa. Omi invadiu a boca de Sena em busca da língua suculenta num beijo quase sufocante enquanto pressionava seu corpo contra o dele. O beijo cessou, Omi se afastou um pouco olhando bem para o rosto corado de seu amante, passeou seu olhar por cada centímetro daquele corpo deixando evidente o quanto o desejava. Sena arfou ao sentir a língua de Omi correr toda a extensão de seu peito, passando pelo abdômen até senti-la pausar sobre o seu umbigo. Sentiu seu membro já completamente rígido ser envolvido pelo toque delicado dos dedos de seu amante. Omi o fazia com movimentos firmes e hábeis. O garoto não conseguiu mais resistir e deixou escapar um gemido alto, rendendo-se definitivamente aos carinhos de seu amante. Os movimentos intensos o deixavam cada vez mais extasiado, puxou Omi para perto obrigando as bocas a se tocarem novamente, mas Omi não queria parar, e continuou trabalhando de maneira enérgica sobre o sexo do garoto enquanto os lábios se enroscavam fervorosamente. Logo depois Sena interrompeu o beijo recuando um pouco, para logo depois voltar a beijar seu amante, percorreu seus lábios pelo corpo de Omi obrigando-o a se levantar e interromper assim a manipulação.

"O que foi?", perguntou Omi numa voz entrecortada e ofegante.

"Nada. É a minha vez agora...", e dizendo isso Sena abocanhou vigorosamente o membro túrgido de seu amante fazendo arquiar o corpo gemendo. Sena executava tais caricias com um talento insigne, o que fazia Omi gemer desesperadamente, quase perdendo os sentidos ao sentir a boca macia do garoto engoli-lo tão deliciosamente. Não levou muito tempo para que Omi sentisse um espasmo percorrer seu corpo indicando que o clímax estava chegando. Interrompeu rudemente a ação do garoto afastando-o rapidamente.

"Não! Pare! Não quero gozar ainda", disse Omi sentindo uma onda de tremor percorrer seu corpo. "Você disse que iria se comportar, mas não fez isso", pronunciou lançando um olhar malicioso. "Agora vou ser obrigado a te castigar".

Sena sabia bem o que isso queria dizer e mais que de pressa tratou de se afastar sem muito sucesso, pois em um movimento rápido foi agarrado por seu amante que o lançou a cama em uma brincadeira gostosa. Deixou-se derreter em gemidos ao sentir as mão de Omi percorrerem novamente seu corpo e sentiu como o rapaz se colocava entre suas pernas. Omi fez seu pênis percorrer a fenda do garoto em busca da entrada apertada e quando finalmente a encontrou começou a penetra-la cuidadosamente. O garoto franziu o cenho evidenciando seu incomodo e deu um gemido alto que fez Omi pausar alguns instantes ameaçando parar, mas o outro o abraçou fazendo entender que queria que ele continuasse. Omi continuou forçando aquela entrada até perceber que se encontrava inteiramente dentro de seu amante, já não havia mais nenhuma resistência e ele pode ver no rosto corado do menino o prazer que ele começa a sentir. Aumentou a velocidade das investidas provocando no outro gemidos cada vez mais audíveis.

"Ahh... assim não... não vou conseguir me controlar se continuar desse jeito.", disse Sena quase sem conseguir deixar a voz escapar. "Vão me ouvir...e todos vão saber o que estamos fazendo"

"Se tiver vontade de gritar...grite!! Eu disse que gosto quando você grita...Não dou a mínima para os outros. Pouco me importa o que eles vão pensar."

"Omi... não...", murmurou baixinho quando sentiu seu amante aumentando a força das estocadas cada vez mais.

Omi sentia-se extasiado cada vez que adentrava aquele corpo, era como se quisesse aliviar todo desejo contido dentro de si de uma única vez. Não parou o vai e vem alucinado nem um só minuto ignorando todo e qualquer apelo que pudesse vir de seu parceiro, até que não satisfeito, suspendeu um pouco os quadris do outro e num movimento preciso girou o corpo do garoto sem nem mesmo sair de dentro dele fazendo Sena ficar de quatro na cama. Manteve os ritmo das investidas, mas os gemidos e murmúrios do menino o estavam deixando enlouquecido de prazer. Movimentou-se então mais rápido e com mais vigor, e numa estocada mais forte deixou seu liquido quente e viscoso preencher todo o interior de seu amante.

Omi acompanhava a tudo pelo espelho do banheiro, mas nesse momento fechou os olhos, não queria mais olhar aquela cena. Todo aquele tempo estivera pensando em como se deixara aliciar por aquele garoto, mas depois de presenciar todas as atitudes de seu eu do futuro, as quais não se pareciam em nada com as dele, se deu conta de que estava enganado, não era culpa de Sena. Omi não era o aliciado e sim o aliciador. Como aquilo poderia estar acontecendo?

Fechou os olhos com mais força e desejou que tudo aquilo não passasse de um sonho e que quando os abrisse se visse deitado ao lado de Ken. Abriu os olhos, mas a triste realidade fez com que eles se enchessem de lágrimas. O barulho e os gemidos cessaram de repente, o chibi então pode observar os jovens deitados e abraçados na cama, começou a pensar em como sairia dali sem ser visto. Esperou algum tempo até ter certeza que os dois estavam dormindo. Com toda destreza atravessou o quarto e saiu silenciosamente pela porta. No corredor Omi respirou fundo, estava nervoso, suas pernas tremiam muito e sua garganta estava seca. Correu estabanado pelo corredor, queria sair dali o mais rápido possível. Alcançou a porta da rua e correu ainda mais rápido sem nem mesmo olhar para frente, sentiu um impacto que o fez cair no chão, havia esbarrado em alguém, ergueu os olhos temendo quem encontraria.

"Omi, o que você está fazendo aqui?", disse Ken surpreso.

"Ken...", murmurou Omi um pouco aliviado. A ultima coisa que faltava lhe acontecer era encontrar com a versão psicótica de Yohji.

"Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?", questionou o jogador meio ressabiado. Estranhava tanto sua presença ali aquela hora quanto a expressão assustada do pequeno.

"Não... não aconteceu nada...", respondeu o chibi com a voz ainda tremula.

"É claro que houve alguma coisa! Você acha que eu não te conheço??", rebateu Ken percebendo claramente que o garoto tentava disfarçar seu nervosismo.

"Não foi nada..." protelou a garoto, não podia contar a Ken o que tinha visto, era embaraçoso demais.

"Certo, mas você está uma cara horrível. Venha, vamos sair daqui logo.", ordenou puxando o chibi pelo braço novamente para dentro do prédio. Omi ainda tentou protestar sem sucesso, queria estar longe dali, mas Ken não lhe deu chance para argumentar levando-o depressa para seu apartamento. Não adiantaria ficarem discutindo no meio da rua.

"Quer um chá?", ofereceu o jogador olhando para o garoto sentado na cama.

"Não, obrigado. Quero ir embora, Ken. Só isso", murmurou desviando os olhos. Aquela situação o estava deixando um pouco incomodado.

"Nossa, minha companhia é tão ruim assim?", disse Ken com um olhar visivelmente triste.

Omi se sentiu mal, não gostava de maneira alguma de causar tanta dor em seu amado, mas como poderia agir de forma diferente naquela situação.

"Tudo bem, não quer me contar o que te deixou assim, não é? Podia ao menos me dizer o veio até fazer aqui?".

O garoto desviou novamente o olhar, sabia que magoaria muito Ken caso não lhe dissesse nada, mas como contar a ele o episódio que acabava de acontecer. "Ken, eu vim aqui tentar descobrir mais alguma coisa que pudesse me esclarecer a verdade, só isso. Não aconteceu nada de mais".

"Está mentindo Omi. Posso ver isso em seus olhos. Está escondendo algo de mim como daquela vez... Mas porque me surpreendo com isso ainda? Eu já devia ter me acostumado a não saber das coisas".

"Ken, não é isso...", balbuciou Omi temeroso, agora começava a entender um pouco do que havia acontecido com os dois no passado. Era claro que todos escondiam alguma coisa, inclusive ele próprio, algo que não tinha revelado nem mesmo ao seu amante, o chibi ficou assustado, o que de tão sórdido poderia ter acontecido para que as coisas tomassem aquela proporção?

"Omi, por favor, me diga alguma coisa! Não quero que esconda seja o que for".

Ken não podia entende-lo, Omi não estava sentindo prazer em esconder a verdade, só queria proteger seu amante e também porque seria desagradável demais até mesmo para Ken dizer qualquer coisa sobre o assunto, mas não tinha escolha, teve medo que Ken o comparasse com o seu eu do futuro. Pelo que parecia já havia mentido ou melhor omitido uma vez e não podia faze-lo de novo, se isso acontecesse jamais se perdoaria.

"Eu fui até o apartamento da minha versão futura, precisava acessar o computador. Talvez os arquivos pudessem nos ajudar a desvendar esse mistério...".

"Sim... mas... o que aconteceu então?".

"Acontece que ele voltou bem antes do que eu previ e eu...quase fui pego"

Ken até que achou a explicação plausível, mas não o suficiente para ter deixado o pequeno tão nervoso e assustado.

"E o que aconteceu depois?", insistiu Ken.

"Bom, ele... quer dizer...eu...já não sei mais, chegou junto com aquele garoto".

Ken franziu o cenho, entendia agora porque Omi se recusava a falar. "O Sena, sei... e o que tem demais?"

"Bom, eu me escondi no banheiro para não ser visto e...".

"E o que??".

"Ahhh Ken, Não quero lhe dizer isso", suspirou Omi totalmente constrangido. "Eles começaram a fazer amor, é isso".

Ken não disse nada, precisava de um tempo para colocar as idéias em ordem, apenas observou Omi enrubescer.

"Eu disse que não queria lhe dizer, mas...você me obrigou", explicou-se rapidamente quando percebera que aquilo deixara Ken um pouco aborrecido.

"Tudo bem, não é de hoje que sei disso, Omi, mas e você? O que pensou naquela hora?", interpelou de maneira doce, não podia perder a oportunidade de arrancar de Omi o que ele achava sobre o que tinha visto.

"Não sei, na hora fiquei confuso. Ainda não consigo acreditar que aquele sou eu. Eu e aquele garoto...realmente não faz nenhum sentido, Ken. Era você quem devia estar comigo".

O jogador não conseguiu conter o sorriso, queria acreditar que Omi estava sendo sincero, mas se tudo aquilo fosse mesmo verdade, porque fora trocado por outro de uma maneira tão estúpida?

"Mas você não gostou nem um pouco do que viu?", perguntou Ken se aproximando e ajoelhando em frente a ele tocando-lhe nos ombros.

"Não é que não tenha gostado, o que senti não tem haver com gostar ou não. Não posso dizer que gostei de uma coisa que eu nem ao menos experimentei".

Ken o olhou confuso, o que ele queria dizer com aquilo? Foram amantes no passado e de forma alguma Omi podia dizer que nunca estivera com alguém. "Omi, não estou entendendo, como assim nunca experimentou? Já dormimos juntos antes, você sabe disso".

"Não foi isso que quis dizer, quis dizer que nunca experimentei daquele jeito. Foi estranho. Me ver agindo com tanta concupiscência me deixou assustado, só isso".

"E você sentiu vontade de experimentar desse jeito diferente agora?", perguntou Ken sem saber se realmente queria aquela resposta.

"Não! Claro que não!", respondeu Omi enquanto se aproximava e aninhava sua cabeça no peito do jogador. "Você devia saber que para mim não há no mundo coisa melhor que os carinhos que você me dá."

"Omi... Eu te amo tanto..." sussurrou Ken abraçando o garoto. "Tenho tantas saudades... Como eu queria acreditar que isso tudo é verdade...".

"Mas é verdade!", afirmou apertando ainda mais o abraço. "Não sei o que aconteceu para as coisas terem mudado, mas prometo que vou descobrir e quando isso acontecer vou dar um jeito de concertar isso tudo e mudar definitivamente esse futuro!! Você acredita em mim, não acredita???".

"Acredito", confirmou Ken encarando o olhar terno do menino.

"Ken..."

"O que?"

"Me beije..."

Ken tomou os lábios de Omi regozijando-se em poder saborear novamente o gosto daquele beijo. Omi por sua vez abandonou-se por completo deleitando-se com a maciez dos lábios de seu amante.

"Ken, você está acordado?", perguntou alguém batendo na porta a ponto de colocá-la abaixo."Está tudo bem?"

Ken deu um salto interrompendo o beijo. "É o Kyou."

"O que ele está fazendo aqui?", perguntou Omi assustado.

"Psiuuu... Fale baixo!", pediu Ken e logo em seguida respondeu ao chamado. "Está tudo bem, Kyou".

"É que eu vi a luz acesa e então pensei que pudesse ter acontecido alguma coisa", se adiantou o rapaz.

"Não aconteceu nada, já disse que não é para ficar se preocupando comigo".

"Tem certeza? Deixe-me entrar, Ken.", disse batendo ainda mais forte no porta.

"Pare de gritar. Vai acabar acordando o prédio inteiro", pedia o jogador, não gostava nenhum pouco daquele tipo de escândalo.

"Quer que eu grite para a vizinhança o quanto eu gosto de você?"

"Não! Quero que vá embora!", Ken sabia que não seria fácil convence-lo a ir embora, aquilo já havia acontecido varias vezes.

"Só depois de me deixar entrar, eu quero apenas vê-lo", disse o rapaz com um tom decidido. Tinha certeza de que se insistisse iria acabar conseguindo.

Ken não teve outra escolha, pediu para Omi esperar no banheiro enquanto resolvia logo aquele contratempo. Omi até soltou um palavrão, definitivamente aquele não era o seu dia.

Ken caminhou até a porta abrindo-a, mas nem se deu ao trabalho de encarar Kyou dando-lhe as costas. "Pronto, já me viu. Agora pode ir embora!"

"Ei, por que você me trata desse jeito?"

"Por que você não entende que não adianta insistir!", Ken repetiu aquilo sem muita paciência pela vigésima vez.

"Não pense que vou desistir. Vou vence-lo pelo cansaço."

Ken não argumentou nada, já estava exausto daquele assunto.

"Por que continua sendo fiel a alguém que te abandonou, Ken?"

O jogador sempre ficava irritado quando Kyou tocava naquele assunto, como se não bastasse viver longe de seu amor, o rapaz ainda fazia questão de lhe lembrar como Omi havia sido cruel com ele.. "Isso não é da sua conta!"

"Desculpe, eu só queria entender. Você ainda o ama, não é?'".

"Sim, amo! E se quer saber amo mais que tudo nessa vida...", respondeu Ken sem o menor cuidado com as palavras, pouco importava se iria magoar Kyou afinal nunca tinha lhe dado esperança alguma.

"Como você consegue amar alguém que te fez sofrer tanto? Que esse tempo todo só te deu desprezo? Hein??"

Ken permaneceu em silencio, sabia que não adiantaria argumentar, Kyou só pararia após fazer o seu conhecido discurso de como Omi havia trocado Ken por outro de forma tão despreocupada.

"Ken. Você não percebe?? Omi não lhe quer mais!!", as palavras de Kyou irritaram muito o chibi que a tudo ouvia no banheiro, tanto que até se arriscou a espiar os dois pela fechadura.

"Isso é o que menos importa para mim, não faz diferença se ele me quer ou não. Vou continuar amando. Eu sei que alguma coisa deve ter acontecido. Omi começou a agir de um modo estranho, era como se de repente tivesse perdido toda a confiança nas pessoas, se isolou de tudo e de todos. Não acredito que tenha feito o que fez simplesmente porque não me queria mais, se fosse isso ele teria me dito", refutou Ken com toda a amargura que existia em seu coração.

"Não fique tentando achar uma desculpa para perdoa-lo, Ken.", disse Kyou se aproximando por traz de Ken. "Você precisa de alguém que realmente goste de você. Assim como eu".

O rapaz obrigou Ken a encara-lo e então forçou um beijo rápido. Ken se debateu empurrando-o para longe. Quem ele pensava que era? Nunca na vida ele se deixaria ser persuadido daquela forma. Podia ter sido enganado e abandonado, mas ainda tinha seu orgulho, não era nenhuma mocinha chorona que precisasse ser consolada nos braços de outro. O sangue de Omi ferveu ao presenciar seu amante sendo tocado por outra pessoa, mas não podia culpar Kyou por isso, muito menos Ken, a culpa de tudo o que acontecia era única e exclusivamente sua.

"Nunca mais faça isso!!", rosnou Ken irritadíssimo. "Vá embora!! Quantas vezes vou ter que repetir que não há espaço pra você na minha vida!? Me esquece!!"

Kyou não esperava que Ken reagisse daquele jeito. Haviam lhe contado que o jogador possuía uma personalidade forte, mas em todo aquele tempo que estavam convivendo juntos jamais o presenciara levantar a voz daquela forma. Talvez tivesse se tornado menos agressivo com tudo que havia acontecido nos últimos anos, mas naquele momento não pode evitar que a ira o consumisse como nos velhos tempos.

"Está esperando o que??? Saia daqui!!!", ordenou Ken com cara de poucos amigos.

"Eu vou considerar que você está nervoso e relevar tudo o que disse, Ken. A gente conversa quando você estiver mais calmo.", retrucou o rapaz deixando o quarto as pressas.

A porta do banheiro se abriu e os dois amantes se encararam.

"Omi, eu... eu não... queria..."

"Não precisa dizer nada, meu amor. Não é culpa sua.", disse o chibi dando-lhe um beijo carinhoso. "Mas agora preciso ir, já amanheceu. Aya já deve ter ido encontrar Yohji e logo vai estar perigoso ficar aqui."

Ken não queria ter que concordar, mas o garoto tinha razão, era melhor serem discretos se quisessem evitar problemas.

"Eu agora preciso examinar isso.", disse Omi colocando a mão no bolso e constatando que os disquetes ainda estavam ali, pois na confusão até os havia esquecido.

Ken beijou Omi mais uma vez, e este saiu sem fazer barulho deixando para traz o jogador que agora estava satisfeito com a sensação de poder ter sentido seu amado em seus braços novamente, mesmo que por alguns instantes.

Continua....

Por Suryia Tsukiyono e Bad Kitty / Agosto de 2002

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