Fantasmas do Passado

Por Suryia Tsukiyono e Bad Kitty

Parte X

Os ex-amantes continuaram se encarando, era um momento difícil e a atmosfera entre eles parecia cada vez mais pesada. Depois de algum tempo foi o próprio jogador quem quebrou o silencio.

"Você diz que não queria que eu sofresse... mas eu preferia ter sofrido, Omi. Eu preferia ter morrido a ficar longe de você!", disse o jogador exarcebado.

"Não fale bobagens!", interrompeu irritado, como Ken podia pensar que ele permitiria uma coisa dessas?

"Mas é verdade... Porque você me matou no dia em que me deixou, cada pedaço de mim foi morrendo lentamente a cada dia longe de você. Eu sofri de qualquer maneira, preferia mesmo estar morto", continuou o moreno se aproximando um pouco mais de Omi, olhando-o nos olhos. "Eu ainda te amo...".

Omi sentiu todo seu corpo tremer ao ouvir aquelas palavras, seu coração disparou de maneira extrema.

"Esqueça, vou embora", desconversou Omi ameaçando sair do quarto. Havia levado muito tempo para construir aquela figura intangível que era hoje e não seria o jogador quem a destruiria com palavras de amor, não iria se iludir novamente com a vida.

"Você não vai a lugar algum!", Impediu Ken segurando-o pelo braço.

"O que você pensa que está fazendo? Não tenho que ficar aqui e lhe dar explicação alguma!", grunhiu o líder contrariado, soltando-se em seguida. "Você é quem me deve explicações. Quem lhe contou tudo?".

"Hunf... eu não devia lhe dizer, como castigo por ter me enganado esse tempo todo", sorriu sarcástico, na verdade estava se divertindo vendo Omi ficar tão nervoso.

"Que idiota...", resmungou Omi.

"Mas se você faz tanta questão... Foi o Aya quem me contou", disse Ken em meia verdade, devia ocultar a presença dos visitantes do passado, pois Omi não precisava saber disso. E certamente não estava mentindo, Aya havia mesmo lhe revelado parte da verdade.

"Aya??!??", indagou o rapaz mais novo muito surpreso. "Mas por que ele fez isso? Só pode... só pode... O que está acontecendo entre vocês dois????? Para Aya lhe contar isso...vocês só podem...não.. Isso... vocês estão de confissão de amantes, Ken?? É isso?!!", especulou Omi com olhos perdidos e cheios de revolta. Ao pensar naquela hipótese, sentiu um ciúme louco despertar em seu corpo juntamente com todos os sentimentos que queria manter guardado nas profundezas mais remotas de seu coração.

Ken ficou em silêncio ainda atônito com aquela reação por parte de Omi. Por que diabos todos agora haviam resolvido pensar que ele e Aya estavam tendo um caso?? Era bem verdade que nunca haviam sido muito amigáveis no passado, mas aquelas insinuações eram ridículas.

"Eu devia ter desconfiado", prosseguiu Omi com seu jeito afiado. "Vindo de Aya só podia esperar isso... Ele é tao fácil e promiscuo, se deita com qualquer um".

"Isso não é verdade!! Você nunca parou para ouvir a versão dele da história", gritou Ken, não permitiria que Omi se referisse a Aya de forma tão desonrosa.

"O que foi, Ken? Está tão apaixonado assim que vai ficar defendo ele agora?", ironizou Omi sem perceber que estava agindo feito uma criança implicante.

"E por que não posso defendê-lo? Isso nem é da sua conta... Ou será que por acaso você está com ciúmes? Ainda gosta de mim, não é, Omi? Eu sei que você ainda me ama", intentou o jogador, queria ver até onde Omi conseguiria manter aquela farsa.

"Eu com ciúmes?? Nunca!! Não sinto mais nada por você!", mentiu. Sabia que não havia mais chances para os dois e por isso não conseguiria admitir. "Pode dormir com quem você quiser! Que péssimo gosto você passou a ter... dormir com o Aya... ele é pior que uma puta!".

"Acha mesmo isso?", debochou o moreno. "Pelo menos ele não arrumou outro amante logo depois que deixou o koi dele. Parece que você troca de amante muito mais fácil do que ele. Se existe alguma puta por aqui é você, Omi!".

Ken pode sentir violentamente a mão pesada de seu ex-amante deixando a marca do tapa em sua face, olhou quase furioso e num movimento rápido agarrou Omi beijando-o possessivamente. O jovem protestou inicialmente, esperneando e tentando empurra-lo, mas a resistência foi diminuindo aos poucos e o calor daquele beijo se apossando de seu corpo. Logo as línguas já se enroscavam sequiosamente. Mas Omi se deteve, conseguindo interromper o beijo e se afastando do jogador.

"Para com isso, Ken...", Pediu Omi sacudindo a cabeça confuso.

"Por que parar? Eu sei que você quer isso", sussurrou o jogador rente ao pescoço de Omi, estava confiante e assim tornou a abraça-lo. Todas as ultimas revelações e o comportamento de seu ex-amante só lhe davam mais certeza que o amor deles não havia acabado.

"Não diga besteira, Ken. O que vivemos passou... e...", por mais que tentasse manter-se controlado Omi não estava conseguindo. Ken sabia exatamente como faze-lo perder a cabeça e estava quase conseguindo, arrependeu-se por ter entrado naquele quarto, mas quando o fizera jamais havia imaginado que o jogador agiria de maneira tão ousada com ele.

"Podemos recuperar o que passou", disse Ken enquanto ia guiando o rapaz mais jovem para perto da cama, distraindo-o com leves mordidas no pescoço.

"Não... não podemos...", insistiu Omi, mas parecia que o moreno não estava dando a mínima para as suas negativas. Quando deu por si já estava deitado na cama com o jogador sobre ele. Sua razão dizia que devia sair dali, que devia evitar todo e qualquer contado com seu ex-amante, mas a realidade de seu corpo e seus sentimentos era outra, ambos clamavam por aquele encontro. A verdade era que ainda se amavam.

Com cuidado Yohji despiu o ruivo e o colocou na banheira, precisava baixar a febre de seu koi que continuava suando muito. Agachado ao lado da banheira observava Aya que murmurava coisas desconexas, não havia muitas partes do corpo do espadachim que não estivessem maculadas por seus golpes. Sentou-se no piso frio, recostando-se na banheira de costas para Aya, não conseguia olhar para as marcas que havia deixado em seu koi.

Remoía a culpa por tudo que estava acontecendo com Aya, ele havia causado tudo aquilo e não havia nada que aliviasse sua consciência. Seu maior medo era perder o espadachim para outro, mas se continuasse assim acabaria perdendo Aya de qualquer forma. Tinha que mudar antes que acabasse matando o ruivo, suas crises de ciúme estavam ficando cada vez pior e sempre sem motivo nenhum.

Depois que batia em Aya sempre se arrependia, mas agora via que aquilo não era o suficiente, teria que se controlar para não machucar o ruivo mais. Tinham que continuar suas vidas e deixar o passado para trás, mas não conseguia. Só de pensar em Aya com Schuldig seu sangue fervia, a simples lembrança do alemão o deixava furioso. Por mais que tentasse nunca perdoaria o ruivo por aquele erro, a traição sempre seria um fantasma na relação deles.

Só despertou de suas divagações quando ouviu Aya sussurrar seu nome. Afastou aqueles pensamentos que sempre o faziam perder a cabeça e voltou a se concentrar no ruivo. Tentaria de verdade salvar o que restava de seu relacionamento, não iria deixar que Schuldig ganhasse no final.

"Yohji?!", murmurou Aya outra vez, olhando apreensivo para o loiro que permanecia em silêncio.

"O que foi, Aya?", perguntou Yohji preocupado. Se Aya não se sentisse bem iria levá-lo para o hospital, por mais que soubesse o quanto o ruivo odiava hospitais.

"Por que estou aqui?", perguntou Aya confuso. Suas últimas recordações eram do quarto de Ken, não se lembrava de ter ido para o banheiro.

"Você estava queimando em febre, achamos que um banho ajudaria a baixar a febre e ajudou", respondeu Yohji sorrindo ajudando Aya a sair da banheira e se secar.

Aya não falou nada apesar de estar confuso com a reação de Yohji, não conseguia lembrar da última vez que seu koi havia sido tão carinhoso com ele fora da cama. O ruivo esboçou um leve protesto quando Yohji pegou-o no colo para levá-lo para o quarto, mas como estava muito fraco e dolorido deixou-se levar.

"Vou trazer alguma coisa para você comer, Aya", disse Yohji se afastando depois que havia acomodado Aya na cama.

"Não vá...", murmurou Aya segurando o pulso de Yohji impedindo-o de se afastar.

"Eu já volto, não vou demorar mais do que alguns minutos", falou Yohji sorrindo.

"Fique comigo", pediu Aya mordendo o lábio inferior. Estava achando que tudo não passava de um sonho ou talvez estivesse delirando por causa da febre, mas qualquer que fosse o motivo queria que aquele Yohji carinhoso e atencioso não o deixasse sozinho.

Sem nenhuma palavra Yohji deitou-se com Aya na cama, mas procurou deixar as cobertas entre eles para não deixar o ruivo desconfortável. Teve que se conter para não rir, há pouco tempo atrás a razão de sua existência era infernizar a vida do espadachim de todas as formas possíveis. 'Mas agora tudo seria diferente', pensou Yohji abraçando Aya com carinho antes de adormecer.

Omi desistiu de tentar resistir e envolveu o jogador com seus braços, rolaram na cama trocando deliciosos beijos, até que Omi conseguiu posicionar-se sobre o corpo de Ken beijando-o cheio de desejo. Fazendo suas mãos explorarem calidamente o corpo do ex-amante.

"Espere, Omi... Será como nos velhos tempos", avisou Ken fazendo-se ficar novamente por cima dele.

"O que quer dizer?", murmurou Omi ofegante.

O jogador ao perceber aqueles olhos tão confusos sorriu malicioso e não tardou a responder-lhe, "Quero dizer que eu vou possuir você, Omi. Não o contrario. Tenho certeza que você ainda gosta assim e vou faze-lo lembrar de como isso é bom".

Omi enrubesceu na mesma hora e vendo aquilo Ken finalmente pode reconhecer o seu verdadeiro Omi, aquele a quem amava e desejou ter consigo durante todos aqueles anos.

Enquanto isso o Omi do passado acabava de chegar ao hotel, explodindo de vontade de contar ao playboy tudo o que havia descoberto naquela manhã, mesmo que ele não entendesse uma única palavra do que dissesse, mas ainda assim o faria, porque mais importante do que faze-lo entender como tudo havia acontecido era mostrar ao loiro que agora teriam uma chance e isso fazia o coração do loirinho pular de tanta alegria.

Ken abraçou Omi aprofundando o beijo, ansioso demais para pensar em qualquer outra coisa. Buscou a língua naquela boca macia, faminto por saciar todo o desejo que possuía. Deslizou as mãos pelo corpo de Omi e mordiscou de leve o pescoço fazendo-o gemer baixinho. A respiração de ambos foi ficando cada vez mais pesada, alterada pela excitação que sentiam. O Jogador se afastou um pouco para retirar sua roupa. Omi o ajudou na tarefa de livrar-se das vestes que naquele momento parecia tão difícil, depois começou a tirar a própria roupa, mas o jogador fez questão de fazer aquilo ele mesmo. Era muito prazeroso despir seu koi lentamente e vislumbrar cada parte daquele delicado corpo. Omi arfou ao sentir a língua de Ken percorrer um de seus mamilos enquanto uma das mãos pressionava levemente seu sexo completamente rijo de plena excitação, por mais que quisesse agora não poderiam mais parar. Rendeu-se definitivamente aquele desejo de entrega, aquela vontade de ser possuído por quem amava, que há muito tempo não sentia. Levou as mãos à nuca do jogador e deixou os cabelos sedosos enroscaram entre seus dedos num carinho gostoso.

Os lábios voltaram a se enroscarem fervorosamente e Omi derreteu-se quase que completamente quando sentiu Ken posicionado-se entre suas pernas e pressionando o membro túrgido de desejo contra sua entrada. O jogador foi penetrando-o lentamente, queria aproveitar ao máximo aquele momento que há muito tempo havia esperado. Omi protestou inicialmente e demorou um pouco para acostumar-se com aquela invasão, mas depois permitiu-se aproveitar de todo o prazer que Ken queria lhe dar. O ritmo das investidas foi aumentando rapidamente, tudo que queriam agora era estarem juntos, unidos.

"Ahnnn... Ken. Eu... continue...", murmurou Omi puxando Ken mais para junto de si demonstrando o quanto o queria naquele momento.

O moreno não pensou duas vezes e se forçou mais para dentro de Omi aumentando ainda mais o ritmo das estocadas. O vai e vem continuou até que Ken percebeu que não poderia mais se segurar preenchendo assim todo o interior de seu parceiro com seu sêmen. Omi também veio logo em seguida deixando escapar um jato de liquido quente nas próprias mãos.

"Omi...você continua perfeito...", disse Ken acariciando as bochechas rosadas de Omi e deslizando gentilmente para fora de seu corpo dentando-se ao lado dele. Omi suspirou profundamente e foi acolhido carinhosamente nos braços do jogador. Ficaram assim abraçados um bom tempo até que o celular tocou na cabeceira da cama, Ken sentou-se para atender. Um sorriso de satisfação estava estampado em seus lábios provocado pela maravilhosa visão de Omi deitado ao seu lado.

"Mochi mochi", atendeu o jogador com a voz animada.

"Ken, sou eu... Omi", disse o chibi do outro lado da linha.

"Ah, oi...", o jogador empalideceu respondendo num misto de secura e constrangimento.

A versão futura de Omi se levantou um pouco na cama, prestando atenção na conversa de Ken com a pessoa do outro lado da linha. O jogador o olhou muito sem graça.

O chibi estranhou aquela falta de empolgação do ex-amante no telefone. Aquilo demonstrava que alguma coisa não estava bem.

"Ken, eu preciso lhe contar o que aconteceu. Estou tão feliz, você nem imagina o quanto. Quero ver você! Por favor, venha até aqui", disparou o menino no telefone sem conseguir controlar sua euforia.

"Eu... agora não posso... Conversaremos outra hora", respondeu ele, tentando disfarçar, sabia que o olhar desconfiado do Omi do futuro estava sobre ele e não podia deixar que esse percebesse qualquer coisa.

Mas a verdade é que tinha sido pego de surpresa por aquela voz tão doce no telefone. Agora sabia como Aya se sentia em relação aos dois Yohjis, não era realmente muito fácil lidar com aquilo. Como contaria ao chibi que havia dormido com sua versão futura? E porque não contar? Afinal eles eram a mesma pessoa e tinha certeza que o menino o apoiaria, no entanto esses pensamentos ainda eram confusos para ele.

"Quem está com você, Ken?", interpelou o garoto já tentando achar uma explicação para aquele comportamento.

"Ninguém...", respondeu ele.

"Ninguém?... está tudo bem com o Aya?", insistiu o loirinho.

"Sim, claro", mentiu o jogador. Não poderia contar a Omi que havia encontrado Aya passando mal, não na frente do outro Omi, isso só o deixaria desconfiado. Tão logo tivesse uma chance iria ao hotel e contaria ao chibi tudo o que havia acontecido.

"Certo, não pode falar agora, não é? Tudo bem, é... a gente conversa quando você tiver um tempo", respondeu o garoto com a voz decepcionada.

Quando Ken desligou o telefone, o jovem rapaz o encarou dando-lhe um ultimo beijo.

"Preciso ir", disse Omi. Aquele telefonema o havia despertado daquele sonho, agora era hora de encarar novamente a realidade e ela não era nem um tanto bonita.

"Por que? Quero ficar mais um pouco com você".

"Porque já é tarde... e...", explicou Omi abaixando os olhos. "Sena... já está na hora dele chegar da escola".

"Sena... claro", murmurou o jogador em meio sua decepção, havia se esquecido completamente do garoto. "Eu acho que ele vai entender".

"Eu não vou contar para ele", Omi não conseguia olha-lo nos olhos.

"Como não vai contar?", espantou-se o jogador.

"Não vou contar. Isso que aconteceu entre nós não devia ter acontecido. Sena ainda é muito menino e não quero magoa-lo", respondeu o jovem.

"Então você se arrependeu? Eu pensei que me amava", insistiu o jogador sendo possuído por uma enorme onda de frustração.

"Não, não me arrependi e eu ainda te amo muito. Mas eu fiz minha escolha no dia em que fiz de Sena meu amante. Não seria justo com ele agora", Omi queria que o jogador compreendesse que não era arrependimento que estava sentindo e sim culpa.

"E seria justo com a gente, Omi??", ponderou o moreno.

"A vida deixou de ser justa conosco no dia daquela maldita missão. E não há nada que possamos fazer quanto a isso. Eu... sinto muito", sentenciou Omi deixando o quarto.

"Merda!!! Porque as coisas têm que ser desse jeito!!", esbravejou Ken num misto de revolta, decepção e sensação de impotência.

Enquanto Omi e Ken discutiam sobre o que havia acontecido sobre suas vidas. Kyou havia montado guarda na porta do quarto de Ken, estava afastado apenas o suficiente para que sua vigília não parecesse tão evidente aos olhos alheios. Todo seu ser ardeu de puro ódio quando viu Omi entrar no quarto do jogador e decidiu ficar ali e esperar para ver quão demorada seria aquela "conversa" dos dois. Mas seu ódio se aplacava ainda mais a cada hora que se passava. Não era possível que eles estivessem apenas conversando. E no meio de todas as suas especulações sobre o que aqueles dois poderiam estar fazendo naquele quarto observou Sena cruzar com ele no corredor e cumprimenta-lo com um sorriso. Minutos depois o menino estava de volta ainda vestido com o uniforme e com sua pasta na mão.

"Kyou-kun, você sabe onde está Omi-kun? Eu já o procurei em toda parte e não o encontro", perguntou Sena educadamente.

Kyou sorriu um sorriso cínico. O ódio que o consumia era tanto que nem se importou com os comentários maldosos que diria a seguir. "Sei sim. Está bem ali", respondeu apontando para o quarto do jogador.

"No quarto de Ken-kun? Mas o que ele está fazendo lá?", indagou confuso.

Kyou quase quis gargalhar da ingenuidade da pergunta do garoto e se não estivesse tão tomado pelo ciúme até poderia ter sentido pena dele.

"Eles devem estar conversando sobre alguma missão", concluiu Sena antes mesmo de Kyou responder-lhe qualquer coisa.

O sorriso do menino irritou Kyou, na verdade qualquer coisa seria capaz de irrita-lo naquele momento. "Eu acho que eles não estão 'conversando' não. Se estão, é uma conversa muito demorada. Demorada de verdade".

"O que você está tentando insinuar? Sabe muito bem que Omi-kun jamais faria isso", Sena estava convencido de que Kyou só estava tentando chateá-lo com aquilo.

"Pois não é isso que parece", avisou Kyou apontando para a porta do quarto quando esta se abriu.

Omi saiu apressado do quarto do jogador, tão preocupado em ajeitar sua roupa e seus cabelos um tanto desarrumados que nem mesmo notou a presença dos dois jovens no corredor seguindo para o outro lado indo para o próprio quarto. Sena ficou espantado, amedrontado com a possibilidade de Kyou estar dizendo a verdade.

"Eu avisei. É Sena... parece que seus dias de namoradinho do chefe chegaram ao fim", disse Kyou deixando Sena sozinho a refletir sobre tudo aquilo.

"Não... isso não pode ser mesmo verdade", balbuciou o menino para si mesmo.

Ao entrar no quarto Omi sentou-se na cama pensativo, mas sua reflexão não durou mais que alguns minutos, logo Sena já havia entrado no aposento sorrindo lhe como sempre. Isso só fazia Omi sentir-se ainda mais culpado.

"Já chegou da escola?", perguntou Omi meio que automaticamente, pois a resposta àquela pergunta parecia extremamente óbvia.

"Sim, já cheguei faz um tempo. Eu tenho um monte de novidades para te contar", respondeu o menino quase que correndo para cima de Omi e pulando em cima dele. Isso já era um hábito, um hábito que Omi gostava, talvez essa fosse a maneira do menino de demonstrar que sentira saudades enquanto esteve fora. Mas naquele dia Omi o deteve.

"Se chegou faz tempo por que não trocou ainda o uniforme?", questionou o rapaz mais velho.

"Porque eu achei que você quisesse me ajudar a fazer isso", respondeu o menino enquanto lhe abraçava.

Omi manteve-se impassível, mostrando-se bem pouco interessado na proposta do garoto. Ele sabia que quando Sena agia assim era porque queria atenção e carinho, embora nunca conseguissem ter se limitado apenas aos carinhos. Em outra ocasião Omi acharia aquilo muito bom, mas hoje não, não depois de ter estado na cama do jogador.

"O que foi? Aconteceu alguma coisa?", disse Sena estranhando o jeito de seu koi.

"Não, não aconteceu nada. Só... estou preocupado, só isso", respondeu ele.

"Preocupado com o que?".

"Assuntos da organização. Não tem que se incomodar com isso", respondeu Omi fugindo de todas as maneiras possíveis do toque do pequeno amante.

"Mesmo? Deixa eu fazer uma massagem... Você parece muito tenso", ofereceu Sena já tirando o casaco de Omi.

"Não, não precisa", impediu o jovem detendo-lhe as mãos. Sabia o que Sena pretendia depois daquela inocente massagem, mas hoje não estava disposto, o que o fazia sentir-se ainda pior, pois em todo o tempo que já estavam juntos não havia rejeitado seu amante uma única vez.

"Só preciso descansar um pouco", prosseguiu Omi retirando os sapatos e deitando-se na cama sem nem mesmo tirar a roupa. "Não quer descansar um pouco também?", convidou Omi esticando os braços para que o menino se acomodasse entre eles.

"Mas... eu não estou com sono", Sem conseguir esconder a frustração em seu olhar o menino juntou-se a Omi na cama procurando o conforto do seu abraço. E enquanto deixava o rosto repousar sobre o peito de seu amante também deixava formar-se uma única certeza em seus pensamentos, Kyou não havia mentido. Agora Sena sabia disso.

Continua...

Por Suryia Tsukiyono e Bad Kitty / Fevereiro de 2003

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