Capítulo 3 – Revelação Mágica
Draco continuou saindo com Nicolle todos os finais de semana. Sentia-se tão bem na companhia dela que na maioria das vezes esquecia que ainda tinha um segredo guardado. Os dois conversavam sobre todos os assuntos, sendo que Draco sempre dava um jeito de fugir quando ela lhe perguntava sobre sua família, amigos e infância.
Estava pretendendo contar para ela. Já havia, de fato, ensaiado algumas vezes em frente ao espelho mágico de sua casa. Em todas as vezes tivera que cobrir o objeto, impedindo que esse se partisse ao meio de tanto rir das expressões que Draco fazia em suas tentativas.
Já estavam namorando há um bom tempo e Draco estava esperando uma boa oportunidade. Teria que levá-la a algum lugar romântico, reservado, algo que a impressionasse de tal forma que Nicolle não conseguiria deixar de aceitá-lo, mesmo sendo diferente dela.
Então descobriu em uma conversa casual que ela estava interessada em assistir "Romeu e Julieta" mas que estava impossível de se conseguir ingressos. Draco achou que seria a perfeita oportunidade para dar um xeque-mate nela. Depois seria mais fácil contar o segredo.
Então chegou o dia do espetáculo. Paolo abriu a porta para Draco. O mordomo já estava se acostumando com o jeito do namorado da patroa.
- Onde ela está? - Draco perguntou em tom monótono, sem dar muita confiança ao empregado.
- Madame está no escritório - ele deu uma pausa. - Mas creio que o senhor sabe muito bem onde é - acrescentou maliciosamente; Draco o encarou, irritado.
- Sei, sim. Diferente de muitas pessoas que não sabem encontrar o seu lugar, eu sei, sim - Paolo engoliu em seco.
Draco chegou na porta do escritório, fechada. Bateu duas vezes mas Nicolle devia estar muito concentrada. Abriu a porta com cuidado e ficou observando-a escrever. Ela mordia o lábio inferior, às vezes falava sozinha. Ele achou a cena adorável.
- Nikki? - ela ergueu a cabeça.
- Oi meu amor. Você já chegou? - ela sorriu, sem graça, ao ver que ele já estava completamente arrumado para a ópera. Usava um impecável smoking.
- Nikki, Nós estamos atrasados. Você perdeu a hora escrevendo? - ela suspirou.
- Ah, Draco. A culpa é sua. Ultimamente ando tão inspirada... - ele sorriu maliciosamente.
- Bem, fico muito feliz em ser sua fonte de inspiração mas será que nós podemos ir? Você me disse que estava louca para assistir "Romeu e Julieta", eu comprei os ingressos mais caros que tinha.
- Tudo bem, deixa só eu salvar meu arquivo. Eu me arrumo depressa.
Nicolle voltou a atenção para o computador e sua expressão mudou. Ela piscou diversas vezes seguidas e apertou vários botões mas não parecia estar ficando mais calma, muito pelo contrário. Draco observou a namorada ficar transtornada. Ela sacudia a cabeça, olhando para a pequena tela.
- Eu não acredito!
- O que foi Nikki?
- Eu perdi tudo, Draco. Tudo. Horas de trabalho, foi tudo por água abaixo - os olhos dela se encheram de lágrimas.
- Você não pode fazer nada? Apertar esses botões aí? São tantos - ele apontou para o teclado, ela sacudia a cabeça.
- Não, não adianta. Eu não posso fazer nada. Só se eu pudesse fazer mágica é que eu poderia recuperar os meus arquivos - acrescentou, tentando sorrir.
Draco sentiu o coração apertar quando ela falou a palavra "mágica". Poderia confiar o seu segredo à Nicolle? Mesmo tendo a possibilidade de apagar sua memória depois se sentiria mal com isso.
- Nikki, eu quero falar uma coisa para você - disse, tomando coragem.
Ela ergueu os olhos azuis lavados de lágrimas.
- O que é? - ele respirou fundo.
- Vem cá, vem - ela levantou e ele a abraçou carinhosamente. - Eu quero te contar uma coisa sobre mim - ela se afastou.
- Oh meu Deus! Você não vai me dizer que é casado, vai? Seria uma péssima hora para isso - ele riu.
- É claro que não, Nicolle. De onde você tirou isso? - sacudiu a cabeça.
- Eu sei lá, Draco. Contanto que você não seja casado e não tenha mudado de sexo eu aceito qualquer coisa - ele sorriu.
- Qualquer coisa? Mesmo? - ela começou a se assustar.
- Draco, o que é? - a estava voz trêmula.
- Se eu te dissesse que eu tenho como recuperar o seu arquivo? - ela deu de ombros.
- Ótimo, então você entende de computadores e não tinha me dito isso antes... - ele sacudiu a cabeça.
- Não é isso. Eu posso recuperar qualquer coisa quebrada.
- Como assim? Você está me confundindo. Você é mecânico, engenheiro? - ele sacudiu a cabeça.
- Nicolle, você pode manter a sua cabeça aberta? O que eu vou te mostrar agora é algo muito importante e sério - ela bufou.
- Draco você está me assustando... - ele lhe segurou as mãos e sentaram-se no sofá.
- Nikki, eu sou um bruxo - ela ficou atônita e depois teve uma crise de risos.
- Só você para me fazer rir depois de perder o meu livro, Draco. Só porque eu te disse que precisaria de mágica e... - ele puxou a varinha de dentro do paletó do smoking. - Você só pode estar brincando comigo e... - ele olhou, sério, pra ela e depois deu um sorrisinho maroto.
Já que ela não acreditava ele provaria no estilo Malfoy.
- Lumus! - ela arregalou os olhos ao ver a ponta da varinha acender e iluminar o escritório.
Nicolle fez menção de se levantar mas ele lhe segurou o braço.
- Vingardium Leviosa! - o notebook ergueu-se no ar. Ela permanecia atônita. - Reparo! - ela viu o arquivo reaparecer na pequena tela enquanto o notebook voltava a repousar na mesa. - Acredita agora? - Nicolle estava de boca aberta.
- Co-como você fez isso? - ele sorriu.
- Eu sou um bruxo. Venho de uma família deles. É uma história comprida... - ela olhou o relógio.
- Eu tenho tempo para ouvi-la. Ou você acha que vamos assistir alguma ópera depois disso? - ele respirou fundo.
- Nicolle, eu...
- Eu só quero saber uma coisa. Você pode me machucar? Você pode fazer algum feitiço, bruxaria ou sabe lá Deus o quê, que possa me machucar? - ele sacudiu a cabeça afirmativamente, de modo sincero. - Era só o que me faltava... – ela acrescentou, sem acreditar.
- Mas eu nunca faria. Nunca. Eu... – ele hesitou. - Eu gosto muito de você. Eu só não queria mais mentir para você. Não espero que você ache isso a coisa mais normal do mundo mas se eu aprendi a viver como trouxa... - ela franziu a testa. - Quem não é mágico... - explicou. - Eu pensei que você poderia... - ele sacudiu a cabeça. - Tudo bem - continuou, levantando-se. - Eu entendo.
- Onde o senhor pensa que vai? - ele se voltou para ela.
- Embora, eu pensei que...
- Draco Malfoy, você pensa demais. Esse é o seu problema. Eu não disse nada ainda, disse? - ele sacudiu a cabeça. - Eu só quero te pedir para nunca fazer nada comigo. Não sei como essas coisas funcionam mas não quero que você me machuque ou me altere ou me transforme em sapo ou... - ele sorriu e colocou o dedo nos lábios dela.
- Shhhh... Eu não vou te machucar. Nunca - sussurrou. - Nunca. Hemerocallis! - ergueu a varinha e um lírio branco surgiu em suas mãos. Nicolle ficou surpresa. - O lírio significa doçura. Pureza. Uma das poucas coisas que minha professora de Herbologia ensinou de útil... - ela riu.
- Eu acho que vai ser bem interessante...
- O quê?
- Namorar um bruxo... - ele sorriu e deu-lhe um beijo. - Agora, me diga... Que tipo de mágicas você pode fazer em... - ela sussurrou o final da frase no ouvido dele, deixando-o desconcertado.
- Não sei, mas eu posso ver o que podemos fazer...
Graças a ajuda de Rony, Harry conseguiu entregar todos os convites de seu casamento em tempo. Usaram o corujal expresso do Ministério da Magia e as corujas mais rápidas de Londres se encarregaram do serviço, terminando-o completamente em duas semanas.
Gina estava mais calma agora. O vestido estava praticamente pronto e boa parte da folga deixada pela costureira já era preenchida por uma saliente barriguinha, que ela orgulhosamente empinava.
Hermione estava particularmente feliz por seu médico ter confirmado suas suspeitas de que teria uma menina. Rony havia apostado com ela que seria um menino e por ter perdido faria todo o serviço de casa até o final da gravidez da esposa.
Gina tinha adorado ir ao médico trouxa e, mesmo sendo - por insistência constante de Harry - cliente assídua do Dr. Cole, o mais famoso medi-bruxo do ramo, não deixava de ir às consultas do médico trouxa.
Já tinha se passado um mês desde a primeira consulta e novamente ela e Harry estavam se organizando para irem ao consultório do doutor Gordon. Harry, como de costume, ficava mais ansioso do que ela. A bateria de exames de sangue, urina, e sabe lá Deus o que mais, pedidos na primeira consulta fizeram-no perder algumas noites de sono, até que Rony, a pedido de Gina e Mione, conversou com o amigo e explicou que aquilo era parte da rotina atrasada da medicina trouxa. E que não significava que o médico suspeitasse de que havia algo errado com Gina ou o bebê.
No dia da consulta Molly preparou um almoço n'A Toca. Estava feliz que a filha, graças a um pequeno comprimido trouxa tomado de oito em oito horas, tivesse passado da fase de enjôos. Isso era um alívio ainda maior para a futura mamãe, que poderia usufruir os quitutes preparados pela mãe, que tinha feito especialmente o prato preferido de cada um deles.
Estava presente toda a família Weasley. Até mesmo os gêmeos tinham saído mais cedo do trabalho na Loja de Logros e estavam presentes. Eles não se reuniam assim desde o jantar de boas vindas para Gina, alguns meses antes.
Antes de começarem a comer Arthur pigarreou e os filhos todos se levantaram. Gina e Harry ficaram bastante surpresos. Hermione, que já sabia o que seria dito, deu um sorriso e piscou o olho para a amiga.
- Bem, eu estou muito feliz de poder reunir tantas pessoas queridas em volta desta mesa e...
- Aham – um pigarro interrompeu o discurso de Arthur. – Tem lugar para mais um aí? – Harry sorriu ao ver o padrinho.
Sirius havia viajado uma boa distância de trem e aparatado outra para estar ali.
- É claro... – Molly respondeu, levantando-se e colocando mais um prato na mesa.
- Eu só esperava vê-lo no casamento.
- É, eu consegui vir antes. O Ministério me deu uma folguinha. Eu já estava ficando cansado de falar italiano. Desde que me enviaram para lá a única coisa que me tem consolado são as massas e as mulheres... Por Merlin, as italianas são demais... – os garotos riram. - Bem, Arthur continue... Me desculpe – Sirius gesticulou para o anfitrião.
- Bem, a mesa está repleta de pessoas queridas... E... E... – ele riu. – Eu esqueci completamente o que ia falar – todos riram dele, que corou um bocado.
- O que papai quer dizer – Carlinhos se levantou – é que nós todos nos reunimos e decidimos fazer uma festa para vocês – apontou para Harry e Gina, que ficaram surpresos.
- Festa? – ela sorriu. – Como assim? O casamento ainda falta muito...
- Eu sei querida mas com tudo o que aconteceu nós não pudemos comemorar apropriadamente em família a sua união com Harry e o nosso netinho... – Molly explicou.
- Então Rony deu idéia de fazermos uma festa de despedida de solteiros para os dois e... – Mione começou a falar mas parou por alguns instantes e colocou a mão na barriga. Ficou de pé e fez uma expressão enigmática.
- O que foi, meu Deus? – Rony perguntou nervoso.
- Mexeu – ela riu. – Ela mexeu, Ron... Eu senti – em seguida só se ouviu uma grande confusão de cadeiras sendo arrastadas e a barriga de Hermione ficou forrada de mãos Weasley, tentando sentir os movimentos da filha dos dois.
Depois do almoço Harry e Gina pediram licença e foram ao médico. Estavam um pouco atrasados e os Weasley compreenderam. A festa seria marcada para uma semana antes do casamento.
