Draco e Nicolle foram em silêncio até em casa. Ela não tinha dito uma só palavra sobre o que tinha acontecido na clínica mas ele sabia que não estava nada satisfeita com o encontro com a ex-mulher. Ela abriu a porta, jogou a bolsa no sofá e foi andando lentamente para o quarto. Deixou o sapato debaixo da cama e se encaminhou ao banheiro. Draco também continuou calado, apenas observando a mulher. Ela começou a desabotoar o zíper do vestido mas não o alcançava. Ele solicitamente foi ajudá-la mas ela se retraiu. Draco manteve a mão no fecho e ela deu um puxão brusco, rasgando o tecido. Nicolle bufou. Ele teve que conter o riso. Ela estava adorável com ciúmes, fazendo-o ter vontade de aumentar o nível de implicância. Obstruiu a saída do banheiro, fazendo com que ela olhasse para ele.
- Com licença – disse, irritada.
- Ah!
- "Ah" o quê?
- Você falou comigo... - ela ergueu os olhos. - Agora continue, vamos... Pode falar - gesticulou para encorajá-la.
- Falar o quê, Draco?
- Você quer que eu diga?
- Ande logo. Estou cansada. Tenho que tomar esse treco hoje, pelos meus cálculos. Temos muito trabalho a fazer se realmente você quiser esse filho - ele não gostou do que ela disse.
- Agora é um "trabalho". Bom saber. Vou começar a exigir direitos, férias remuneradas...
- Draco...
- Como você pode perguntar se eu quero ou não esse filho? Pare de falar coisas sem sentido, Nicolle. Diga o que você quer falar. Vamos, diga...
- Eu odiei ver aquela mulher - disse depressa.
- Tudo bem, isso eu percebi. Mas ainda não é isso, é?
- Não. Eu odiei mais ainda você também tê-la visto - ele a deixou sair do banheiro.
- Nicolle, eu não sei se você percebeu mas eu sequer olhei pra Virgínia...
- Está vendo? Você disse o nome dela - cruzou os braços.
Draco sentiu um arrepio correr a espinha. Ser motivo de ciúmes era novidade. A sensação era agradável pra seu ego.
- Nikki... - ele se sentou do lado dela mas Nicolle levantou da cama subitamente, abriu a cômoda e folheou a agenda.
Olhou o calendário e fechou os olhos, fazendo algumas contas nos dedos. Finalmente olhou sem emoção para Draco.
- Bem. Hoje começam as duas semanas. Você vai querer tomar um banho antes ou depois? - Draco olhou furioso para ela.
- Nicolle, você conseguiu cortar o momento agora. Parabéns... - respirou fundo e saiu do quarto.
Ela se arrependeu quando ele bateu a porta do quarto. Draco estava furioso. Como ela poderia duvidar dele? Ele sequer havia olhado Gina. Esteve preocupado em prestigiar a mulher e não sentiu nada ao ver a ex. Agora estava sendo injustiçado. Foi até a varanda e debruçou na grade, olhando a cidade. Isso era algo que realmente o agradava, ver a cidade. Mesmo sendo bruxo gostava de observar a agitação e a vida que fervilhava nas ruas.
Nicolle estava com vontade de chorar. No fundo sabia que Draco não tinha feito nada demais mas sua insegurança ainda era o grande fantasma da sua vida. Apanhou o frasco com a poção e ficou virando-o de um lado para o outro, observando o líquido vermelho sacudir lá dentro. "Tão simples e você complica tudo...", pensou de si mesma. Ainda se manteve pensativa por um tempo. Estava curiosa para saber o que Draco estava fazendo mas não conseguia vencer o orgulho e ir lá fora. Ele, por sua vez, estava dividido entre a sensação de ego inflado e o desacato.
O tempo passou. O sol se pôs diante dos olhos cinzentos de Draco. "Ela não vai vir até aqui...", deu de ombros mas encontrou com ela no meio do corredor. Nicolle mudou a expressão ao olhá-lo. Ele franziu a testa, sentiu medo.
- Nicolle, eu... - ela olhou dentro dos olhos dele.
Parecia estar com os olhos azuis em chamas. A respiração dela foi se tornando rápida, as bochechas estavam vermelhas como carmim. Ela já tinha obviamente tomado a poção.
- Nikki? - realmente ele estava assustado.
A atitude e a expressão dela eram como a de um predador prestes a atacar. Nicolle o circulou, chegando cada vez mais perto. Ainda não tinha sequer tocado nele mas ele estava excitado como nunca. Sentiu o coração subir até à boca. Já não conseguia mais se lembrar do motivo da briga que tinham tido antes. Ela esticou as duas mãos e tocou de leve seus ombros, fazendo-o ajoelhar. Ele agora sentia tanta antecipação que estava ficando difícil se conter.
Ela parou em frente a ele e aproximou o rosto do seu. Draco fechou os olhos, esperando que ela o beijasse, mas ela não fez isso. Nicolle virou o rosto dele para o lado e cheirou seu pescoço com vontade. Ele sentiu o calor febril que emanava do corpo dela e tremeu.
Nicolle não encostou nele mas ainda assim Draco ficou arrepiado. Ela passou os lábios a centímetros dos dele e se dirigiu ao outro lado do pescoço, onde roçou a língua de leve afinal. A respiração dele foi se alterando. Ela o estava conduzindo à beira de um abismo. Draco mantinha os olhos fechados. A boca estava seca e já havia engolindo em seco mais vezes do que poderia contar.
Nicolle passou a mão pelo rosto dele, colocando os dedos entre seus cabelos, fazendo-o se deitar. Sentiu que ela estava ardendo, estava totalmente dominado pela mulher. Ela matinha a expressão de antes, ainda estava estudando por onde deveria começar. Ele estava tão ansioso que não suportou a curiosidade e abriu os olhos. Nicolle tinha o olhar perdido nele.
- Ni... - tentou falar mas foi bruscamente interrompido por um beijo. Sentiu a língua dela buscar a sua de forma intensa.
Ele retribuiu o beijo e esticou as mãos para abraçá-la mas ela segurou os dois braços acima da sua cabeça, prendendo-os no chão, marcando-o com as unhas. Mordeu o lábio inferior dele de leve, contendo-se para não machucá-lo. Queria senti-lo de todas as maneiras possíveis. Teria que ser do jeito dela agora, ele imaginou. Por isso não insistiu em nada que não lhe fosse permitido.
Nicolle escorregou as mãos para o peito dele e começou a abrir, um a um os botões da camisa dele, roçando os lábios na pele descoberta. Quando já estava quase no último perdeu a paciência totalmente e forçou a camisa, fazendo com que os três derradeiros botões voassem longe. O desejo era tanto que Draco já não conseguia pensar em mais nada além de possuí-la.
- Rápido, por favor... – ele mordeu os lábios. - Você vai me matar assim... - murmurou.
Ela deu um sorriso malicioso e lhe desafivelou o cinto. Livrou-o propositalmente devagar das calças e da roupa de baixo. Então fez algo inesperado, que o levou à loucura, fazendo-o se contorcer no chão de tanto prazer.
- Nicolle... – o calor e a umidade da língua dela tiveram o efeito de um lança chamas nele.
Satisfeita por tê-lo deixado fora de controle ela colocou as pernas uma de cada lado e tirou o vestido de uma só vez, voltando para beijá-lo. Roçou o corpo todo no dele, até que os lábios estivessem colados um no outro.
Draco abriu os olhos, consultando se poderia tocá-la, e ela permitiu. Passeou a mão pelo corpo dela, sentindo o quão estava quente e excitada. Ela o conduziu devagar, permitindo que se unisse lentamente a ela. Os dois gemeram juntos.
Draco fechou os olhos. Nicolle queimava e o calor aumentou ainda mais quando ergueu o corpo e o puxou para si, ficando sentada em seu colo, as pernas enlaçadas à sua cintura. Ela o apertou com força, cravando as unhas em suas nas costas mas ele não sentiu. Não sentia mais nada além do corpo dela no dele e do corpo dele no dela.
Por um instante os olhares se encontraram. "Mais forte", ele pôde ler nos olhos azuis. Então intensificou o contato, segurando-a pelos quadris e puxando-a para mais perto. Ela gemeu e soltou o corpo para trás, deitando no chão, em completo êxtase. Ele passou a mão pelo corpo dela, acariciando-a. Ela mantinha o olhar fixo nele. Estava no comando, obviamente. Ainda assim ele não se lembrava de nada parecido. Sentia o mundo rodar depressa e sensações que ele nem imaginava estavam agora tomando conta do seu corpo. Então, antes que acabasse, ela entrelaçou as mãos nas dele, olhando-o com amor. Ofegava ainda.
- Draco... - disse num gemido assustado.
- Eu sei, eu sei... Eu também... Estou... Sentindo isso... - a voz saiu entrecortada.
- Eu quero você... Vem para mim... - ela sentiu o corpo em chamas.
Ele se inclinou para frente, deitando sobre ela. Continuou a sentir seu calor nela, de dentro para fora, de fora para dentro. Cada vez mais intensamente, mais rápido. Quase insuportável.
- É agora... – ele sussurrou antes de colar os lábios nos dela.
Apertou a mão dela na sua. Nicolle teve o seu grito abafado pelo beijo. Sentiram-se despencando de um abismo sem fim. Então respiraram fundo. Estavam completamente sem forças. O suor deles misturado. Ela ficou por alguns minutos encostada nele, recuperando o fôlego. Draco sorria, satisfeito, embora estivesse exausto.
- O que foi? - ela perguntou, mole e torporosa, como o médico dissera que ficaria.
- Eu não sei quanto a você mas acho que acabamos de fazer um filho. Se bem que não me importaria em repetir a experiência, sabe, só para garantir... - ela riu.
- Eu acho que me excedi um pouquinho... - rolou para o lado dele, Draco virou o rosto para ela.
- Valeu à pena...
Os dois ficaram um bom tempo estatelados no corredor. Conversaram e riram. Antes de se levantar para irem para o chuveiro Nicolle se lembrou de algo importante.
- Me desculpe por ter tido ciúmes. É que eu sou uma tola, insegura...
- Tudo bem. Foi uma coisa boa brigarmos. Devemos repetir isso mais vezes. O seu jeito de pedir desculpas é memorável...
- Draco! - deu um tapa no ombro dele.
- Ai! Hey, você já recuperou a sua força. Que tal nós tentarmos um irmãozinho para o "júnior" agora?
- Draco, você é terrível, sabia?
- Eu sei. Mas você não me ama?
- Amo. Amo sim. Quem pode resistir?
- Acho que ninguém. Mas eu só quero uma pessoa...
- É, convencido? E quem, posso saber?
- Agora não. Te conto depois do banho.
Nikki fez uma careta enquanto ele a puxava pela mão para o banheiro.
Gina estava sentada no sofá da sala. Harry ainda não tinha conversado sobre o que tinha acontecido no consultório. Ele tinha ficado com raiva, sabia que o quase desmaio da esposa tinha sido, em parte, culpa de Draco e isso o estava matando por dentro.
Ele acomodou a esposa no sofá e começou a fazer o jantar. Ela podia ouvi-lo batendo as panelas na cozinha. Parecia tremendamente aborrecido. Ela suspirou e foi até ele.
- Harry? – entreabriu a porta da cozinha.
- Já vou meu amor. Precisa de mais alguma coisa? – disse jogando uma tampa de panela longe por não servir na panela que estava no fogo. Gina riu.
- Não torture as panelas por isso, Harry...
- Ahn? – fingiu-se de desentendido.
- Eu vou te contar como foi o encontro com o Draco, está bem?
- Draco? Draco? – perguntou, irritado.
- Com o Draco, com o Malfoy... Sinceramente, que diferença isso faz, Harry?
- Que diferença isso faz? Bem, eu vou te explicar – disse, colocando o pano de prato de lado. – Eu não gosto que você tenha intimidades com ele... – Gina não pôde evitar de rir.
- Ops, tarde demais. Eu fui casada com ele, Harry. Nós tínhamos mais intimidade do que nos chamar pelo primeiro nome – Harry, que tinha se virado para a panela, ficou tão perturbado pela resposta da mulher que se queimou, esquecendo-se de pegar o pano para destampar a panela.
- Ai! – ele apertou o dedo na mão, abriu a torneira, enfiando-o debaixo da água corrente. – Golpe sujo esse, Srta. Weasley. Você sabe que não gosto de pensar nisso... – ela riu e foi até ele.
Pegou a mão dele na sua e levou o dedo queimado à boca. Harry estremeceu.
- Seu bobo! É Sra. Potter para você... – ele não conseguiu evitar de rir.
- E outro golpe sujo agora – referiu-se ao dedo. – Você está me provocando, "Sra. Potter"?
- E se eu estiver? – ela riu e se afastou dele. – Você quem começou. Você sabe que não resisto quando você fica com ciúmes... – Gina correu da cozinha, vendo o olhar ameaçador do marido. Harry a alcançou ainda nas escadas.
- Hey, você não pode esperar nós subirmos? – perguntou enquanto ele a deitava nos degraus, protegendo sua cabeça com o braço.
- Acho que não. E depois, temos que sentir o cheiro de fumaça se a comida queimar... – ela riu e apanhou os lábios dele, dizendo antes de aprofundar o beijo.
- Por mim a cozinha pode voar pelos ares...
Depois de duas semanas exaustivas - nas quais Nicolle tomou a poção todas as noites - Draco estava abatido e dois quilos mais magro. Ela também não estava muito disposta mas ele parecia arrasado. Na manhã do último dia ele acordou no meio da tarde.
- Bom dia meu amor – ela disse, trazendo-lhe o café na cama. Ele sorriu.
- Hum. Bacon, ovos, pão e frutas... O que é isso? Reforço? Por Merlin, as duas semanas ainda não acabaram? – arregalou os olhos.
- Não – ela respondeu, rindo. – As duas semanas se foram e obrigada pela parte que me toca... – ele riu.
- Bem, você me entendeu... Mais uns dias disso e o nosso filho nasceria sem pai. Ou eu passaria a vida em total abstinência. Viraria um celibatário convicto – Nicolle deu uma gargalhada e o serviu de suco de laranja.
- Você? Um celibatário? Difícil de acreditar...
- Nikki, o doutor Cole é velho como uma pedra e garanto que ele não faz mais nem uma idéia do que é "fogo", ainda que duas pedras se batendo possas causar fagulhas – ele parou e pensou, mudando de idéia. - Se bem que a definição dele não poderia ter sido melhor, porque está queimando e ardendo aqui em baixo. Hey, talvez tenha até saído fumaça... – ela teve uma crise de risos.
- Pobrezinho – Nicolle disse, entregando o copo na mão dele. – Por isso estou fazendo um café de rei para você, meu amor – ele parou tudo.
- Foi você quem fez? Desculpe, perdi a fome... Oh! Deus, você me odeia tanto assim?
- Draco! – ela lhe deu um tapa no braço. – Foi a Nell mas eu quem pedi...
- Então isso me coloca de volta ao mundo dos famintos – ela riu um pouco mas depois parou, ficando pensativa.
- O que foi, Nikki? – disse, limpando a boca com o guardanapo. – Foi alguma coisa que eu falei? – perguntou, verdadeiramente preocupado.
- Não, amor... – ela colocou um pacotinho em cima da mesa; ele olhou a caixinha: "Teste de gravidez caseiro - Saiba se você vai ou não ser mãe em três minutos", leu.
- Você vai fazer o teste agora?
- Eu não sei. O que você acha?
- Bem, eu acho que se a nossa última vez foi ontem o teste não acusaria nada ainda... – ela sacudiu a cabeça.
- Bem, mas se nós fizemos o bebê antes, então... – ele sorriu e levantou da cama.
- Vem meu amor. Vamos fazer isso juntos. Só não fique desapontada com o resultado. Temos que contar que nas últimas vezes o meu desempenho não foi muito satisfatório, aliás, não havia restado muito de mim para desempenhar coisa alguma e... – ela segurou os lábios dele com as mãos.
- Shhh! Tudo bem, não precisa fazer isso. Eu sei que posso não estar mesmo grávida... – respirou fundo enquanto abria a caixinha.
Ela pegou um vidrinho e foi até o banheiro. Draco esperou de pé na porta. Ela saiu e deixou o vidrinho com a urina e o reagente na bancada da pia. Olhou o relógio.
- Três minutos. Os minutos mais longos da minha vida – apertou a mão dele na sua.
- Da nossa, meu amor... – passou o braço na cintura dela e esperaram juntos.
Quando o ponteiro do relógio havia marcado a hora ela entreabriu a porta do banheiro. Draco caminhou junto com ela.
Nicolle tremia. Segurou com uma das mãos o papel que indicava as cores certas. Colocou o papel do lado e viu o tom do vidro: azul. Draco não compreendia. Os olhos dela se encheram de lágrimas, que pingaram no chão de mármore enquanto corria o dedo até o que o azul representava. Ela então se virou para ele e o abraçou, soluçando.
- Tudo bem meu amor. Nós tentamos de novo no mês que vem. Eu realmente não me importo... Eu posso tomar uns fortificantes até...
- Não. Não, não... – Nicolle murmurou.
- Você não quer tentar?
- Não. Draco... – ela respirou fundo. – Você vai ser pai – ele não podia acreditar. Olhou para o papel na mão dela: "azul – positivo".
- Nikki! – rodou-a pela cintura. – É sério?
- É – ela riu em meio a soluços de felicidade. – Agora seremos felizes para sempre... – ele riu.
- Não Nikki. Para sempre não é o bastante...
FIM
Continua em: O Bastante Ainda É Pouco
