A gripe.
Capítulo 2 ~ Cuidados.
Um trajeto seguido em silêncio. Uma garotinha doente semidesacordada em seus braços. Não foi à toa que Kagome gritou por Kaede tão logo a viu.
- Kaede-obachan! Kaede-obachan!
A menina não agüentava mais aquele clima de hostilidade entre os dois irmãos. Eles não brigaram nem trocaram ofensas, mas dava a impressão que só pelo fato de olharem já criavam pensamentos assassinos um do outro. E isso incomodava igualmente tanto a eles quanto às pessoas a sua volta. Se bem que Kagome meio que conhecia essa estreita relação entre irmão mais velho e mais novo... 'Saia-Já-Do-Meu-Quarto!', lembrou-se, entre suspiros.
- O que aconteceu? – Kaede perguntou curiosa, enfim aproximando-se.
A colegial aponta com os olhos para Sesshomaru, e em seguida revela a criança e seus braços. Rin tinha já seus sete anos. Portanto, há muito fora o tempo em que era leve como uma pluma. Kaede entende.
- Venha comigo. – Ordena. E não demora muito para que siga em direção à sua cabana.
- Hã... É melhor vocês ficarem por aqui. Volto daqui a pouco.
Kagome olha discretamente para Sesshomaru. Sabia que ele não iria atacá-la ou coisas do tipo, pelo menos enquanto estivesse cuidando de Rin, mas não podia deixar de sentir uma pontinha de medo dele. Afinal, nunca se sabe quando seu amigo pode virar seu maior inimigo.
Vendo que nenhum deles se prontifica a reclamar, Kagome corre, seguindo seu caminho. Restando ali, então, apenas Sesshomaru e Inuyasha.
Os aldeões estavam em alvoroça. Não sabiam se corriam e trancavam-se em suas casas ou se continuavam ali e cuidavam de suas vidas. Inuyasha tudo bem, já tinham até se acostumado com a presença constante do hanyou no vilarejo e, por que não dizer, o perdoado. Mas de maneira alguma escondiam seu receio por Sesshomaru.
Certamente, a senhora Kaede mantinha amizades um tanto estranhas.
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- Coloque-a aqui. – A velha oferece um futton no chão, sendo que Rin logo o ocupa.
- Tenho uns remédios... Em algum lugar...
Kagome vai até sua mochila e pega um nécessaire vermelha e branca. Ah! As maravilhas do mundo moderno. Abre-a e dela tira um frasquinho com alguns comprimidos dentro. Pede água a Kaede, que a traz, tira um dos comprimidos e serve a Rin. Até que o fato de Souta ter ficado gripado umas três vezes ensinou alguma coisa.
- Esse é pra febre. Vamos deixar ela descansar um pouco e dar o resto dos remédios depois.
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- Quer dizer que agora... Você anda com humanos...
Inuyasha exibe um sorriso sarcástico, que em nada afeta Sesshomaru. Este somente olha para o céu, fitando uma nuvem ou outra. O sol estava forte e o dia encontrava-se insuportavelmente quente. Já devia ser umas duas horas da tarde.
- Aquela garota é confiável? – Ele pergunta, de súbito.
Inuyasha observa Sesshomaru do canto do olho, desconfiado. – Kagome?
Sesshomaru não responde, ele nunca respondia. Por alguns segundos, teve vontade de esganar o meio youkai por demorar tanto para responder uma simples pergunta.
- É. – O hanyou pensa um pouco e completa – Eu acho.
Podia-se dizer que Sesshomaru e Inuyasha eram exatamente o oposto um do outro. Um era youkai completo, o esplendor e altivez encarnados, enquanto por outro lado o segundo era um mero meio-youkai que mal saíra das fraldas, como Sesshomaru adorava lembrar. E apesar de tudo isso ainda insistiam em chamá-los de "irmãos". A pessoa que os definiu dessa forma não devia conhecer o verdadeiro sentido da palavra.
- Você nunca tem certeza de nada. Isso é irritante.
Ao escutar tal frase, Inuyasha, que se apoiava na cerca que envolvia a plantação de ervas de Kaede, desequilibra-se. Tamanha ousadia da parte do meio irmão o deixara espantado, preparado para liberar sua língua afiada e dizer-lhe umas poucas e boas. Mas, por respeito a Kagome e também a doente desconhecida, permaneceu quieto. Não sem antes apertar o punho com tanta força, que parecia que este iria sangrar.
Sesshomaru olha para a cabana onde Rin encontra-se, sem expressar nada em seu rosto. Vendo-o fazer isto, dava a impressão de que ele era frio e não se importava com ninguém... Bem, na verdade ele era sim. Só que aquela menina barulhenta não lhe deixava descansar, por alguma razão desconhecida. Era uma menina qualquer, como tantas outras no mundo. 'Se o problema for ter uma criança do lado, existem outras que podem tomar seu lugar se essa morrer', era a visão otimista de Sesshomaru. Certo, certo, aquilo não convenceria nem a uma porta. O youkai resolveu pensar em coisas mais relaxantes, para ver se tirava esses pensamentos inúteis da cabeça. Matar Inuyasha. Matar Naraku. Ah, isso sim são férias.
Mas ainda assim a menina não deixava de importuná-lo. Como isso era possível, se neste exato momento ela está deitada em algum lugar, sendo medicada? Garota estranha. Viva seguindo-o, mesmo que corresse perigo de vida. E veja você: ela ainda dizia que gostava dele. 'Sesshomaru-sama!', ela diria. Que repugnante! Sesshomaru sempre reagira com impassibilidade a todos que dele se aproximavam, mas mesmo assim surgiam mais e mais seres que insistiam em ter sua companhia. Isso sim era peculiar, digno de estudos científicos. No entanto, mais curioso ainda era o fato de ele apegar-se a eles. Epa, eu disse apegar-se?
Definitivamente... Não.
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Rin estava recuperando-se, mas tudo ao seu tempo. Ela era somente uma garotinha que estava muito doente. A febre apresentava diferentes estágios de temperatura: hora baixava, hora aumentava novamente. Kagome imaginou quantas e quantas vezes ela havia pegado chuva, ou dormido no frio. Um misto de indignação e admiração tomou conta de si. Admiração, em parte, por a menina tão alegre e cheia de vida, que ela tinha certeza de que Rin era, conseguir conviver com um cara tão gelado. A metade de indignação não é nem preciso citar... Como alguém ousaria criar uma criança nessas condições?
- Mais egoísta que o Inuyasha... Mais sem-vergonha que o Miroku... De onde veio esse sujeito? – Sussurrou, para não acordar a pequena que dormitava ao seu lado. Kagome ajoelhara-se perto da menina, vendo-a descansar.
Provavelmente, aquela noite não seria muito boa para ela.
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Inuyasha estava deitado no telhado, como sempre fazia antes de ir dormir. Ou pelo menos tentar, já que todos nós sabemos que ele nunca dorme. Gostava de deitar no teto, para assim não seu incomodado e ao mesmo tempo poder saber o que acontecia dentro da cabana. Principalmente escutar a voz de Kagome.
A noite caia lentamente ao horizonte... E as cores do crepúsculo misturavam-se harmoniosamente com o negro da noite. Inuyasha assistia ao espetáculo particular totalmente concentrado. Adorava assistir ao pôr-do-sol. Sempre relembrava de algumas poucas boas lembranças.
É, a única má recordação de hoje fora Sesshomaru no vilarejo. Parece até nome de algum tour... Por acaso seu local de repouso havia se tornado zoológico? Já bastava um macaco mau no mundo. Graças aos céus ele estava ido embora.
Inuyasha observou o irmão deixar o vilarejo solenemente, sem nem sequer olhar para trás. Claro, um grande youkai-completo devia ter coisas mais interessantes a fazer. O mais engraçado é que ele parecia estar andando bem mais lento do que o normal, quase como se segurassem seu pé... quase parando.
- Feh. Depois eu que nunca tenho certeza de nada.
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N/A: Chappie 2. Prometo que não continuará muito (lucky you)! Só to pensando em modificar algumas coisinhas... Acho que as coisas estão acontecendo rápido demais... Mas e aí, o que vocês acham? Ah, e se alguém quiser dar idéias, também ta valendo ^__^
Sissi: Obrigada pelos elogios!! Nossa, que honra, você leu minha história *-* Hum, Sessh/Kag... Vamos ver, vamos ver! Nesses dias eu ando com um gosto muito esquisito por casais (pelo menos pra mim) estranhos ^.^ Beijins.
Misao, Kamyle, Briefs, Naru e Serennity: Brigada de novo ^__~
Karenthan: Dona sumida! Quem é vivo sempre aparece, né não?
Sayo (jessicasatie@bol.com.br). ICQ: 207392453.
