Cap 10 - O plano derrotado
Sua cabeça doía e ele não conseguia distinguir o local onde estava. Não sabia quanto tempo havia passado descordado nem se era dia ou noite. O cômodo era totalmente fechado. Seus instintos estavam deturpados devido ao efeito do analgésico no seu sangue. Ele sorriu. Como se aquelas cordinhas inúteis pudessem detê-lo de sair dali. Deu um impulso para frente tentando livrar-se das cordas. Porém nada aconteceu, seu braço apenas ficou dolorido. Talvez aquelas cordas fossem mais resistentes do que pareciam. Sua visão já estava melhorando e ele observou o lugar ao seu redor, parecia uma adega. O cheiro de álcool agora era insuportável. Rapidamente procurou por ela por todo o cômodo. Não a encontrou. - Onde está você Kagome - ele falou sem obter resposta - malditos... - ele sentiu a raiva crescer dentro de si - Se fizerem algum mal à minha Kagome... Vou matar a todos! - O que está resmungando rapaz? - aquela voz irritante soou nos ouvidos dele - Uh? O que aconteceu com você? - ela se aproximou e pegou o rosto dele para observá-lo melhor - Que interessante... Então você é um hanyou. Não pensei que essas criaturas ainda existissem. Mas... Isso só torna as coisas melhores. Principalmente porque agora você está humano - ela sorriu.
Inuyasha surpreendeu-se. Então foi por isso que não conseguiu soltar- se. Seu rosto contorceu-se em uma carranca e ele livrou seu rosto das mãos nojentas. - Sua maldita! - ele tentou se livrar novamente - Onde está Kagome? - Ah sim. Kagome. Aquela menina.
Inuyasha olhou para ela com ódio. Agora ela usava algo mais decente. Sentou-se sobre um barriu, bem perto dele e cruzou as pernas. Lançou aquele olhar esnobe sobre ele e sorriu satisfeita. - Nós podíamos ter resolvido tudo na paz. Mas você fez questão de complicar as coisas. Ainda vou decidir o que fazer com ela. E não rosne para mim querido. Não vai adiantar de nada - ela levantou a mão e passou na cabeça dele como quem acaricia a cabeça de um cachorro. Isso irritou muito Inuyasha. Mas ele não podia fazer nada. Agora estava na forma de um humano inútil - eu voltarei logo - ela sorriu e se levantou saindo do cômodo e fechando a porta. A única réstia de luz que vinha da porta desapareceu deixando o humano na escuridão.

- Me solta! - Kagome gritava enquanto três homens tentavam amarrá-la a uma cadeira - Seu... O Inuyasha vai vir me salvar! Vocês vão ver! - Cale a boca pirralha! - um dos homens falou tentando amordaçá-la novamente. - Grrr! - Kagome mordeu a mão do homem com todas as forças. - Ela me mordeu! - ele gritou tentando soltar a mão dos dentes dela. Então um tapa estalou e e cadeira em que Kagome estava quase caiu para o lado. O lado direito do seu rosto ficou vermelho e ela se agüentou para não chorar de dor. - Fique quieta menina - ela baixou a cabeça e ficou pensando em Inuyasha. Seus olhos quase transbordando em lágrimas.

- Maldita forma humana - ele resmungou enquanto terminava de soltar a corda de um dos seus pés. Havia conseguido soltar uma das mãos e agora estava libertando o resto de seu corpo. Já totalmente livre tentou andar em direção à porta tateando nas coisas. Estava muito escuro e os sentidos não estavam ajudando muito. Só conseguia escutar algo pingando no chão e o terrível cheiro de álcool incomodando suas narinas. Encontrou finalmente o trinco de uma porta, tentou move-lo, porém, sem sucesso. Então começou a chutar a porta, mas parou de repente percebendo que aquele barulho acabaria chamando a atenção de alguém. Então a porta abriu bruscamente. - Ó droga... - ele sussurrou tentando esconder-se.
Era um homem. Ele andou até a quarta pilha de barris e mexeu em algo examinando o rotulo das garrafas. Pelo menos não era aquela mulher irritante, ele pensou, acabaria com ela depois de salvar Kagome. Ele olhou para a porta e depois novamente para o homem, que continuava a sua procura por algo desconhecido. Sorrateiramente ele caminhou até a porta e saiu dali desapercebido. Subiu algumas escadas e percorreu um corredor de pedra pensando onde Kagome deveria estar. Chegou a uma espécie de bar, isso explicava a adega. Ele olhou atentamente ao redor procurando algum sinal e tentou pensar um pouco. Ele viu mais adiante, em cima de um balcão, o seu kimono vermelho. - O quê? - ele murmurios e olhou para o seu corpo. Estava vestindo uma roupa estranha. Uma daquelas roupas da era de Kagome - como aquela maldita ousou tocar em mim! - ele se aproximou do balcão e pegou a roupa antes que alguém percebesse. Escondeu-se atrás de algumas caixas e se trocou. A tessaiga! Ainda estava no balcão e alguém havia acabado de pegá-la. Ele seguiu-o e ao perceber que estavam sós em um corredor acertou o ladrão de sua preciosa espada na nuca fazendo-o desmaiar. - Mas que idiota - ele arrumou a tessaiga em sua cintura e seguiu pelo corredor a procura de Kagome. - Que droga. Não consigo farejá-la. - ele parou estático ao ouvir um grito na sala da frente. - Encontrem-no! Seus incompetentes! Não sabem fazer nada direito?
Era aquela mulher. Ele se escondeu atrás de uma coluna quando os homens dela passaram procurando por algo. Provavelmente ele, e era melhor que não o achassem, pois ele não seria capaz de dar conta daqueles três gorilas. Mas então ele viu que um deles carregava nas mãos o lenço de Kagome. Ele observou se vinha alguém. Aquela nojenta abriu a porta bruscamente e gritou para os homens. - E vocês sabem o que acontecerá com seus pescoços se voltarem aqui sem ele! - e fechou a porta numa batida forte.
Inuyasha suspirou aliviado. Por pouco não fora visto. Correu até alcançar os homens a tempo de conseguir ouvir um deles dizer que ia ver como estava a menina.
"Que bom que ela está viva" ele suspirou aliviado e seguiu o homem até uma salinha esperando impaciente do lado de fora que ele abrisse a porta e saísse. Porém o que ele escutou o fez perder o controle. Kagome começou a gritar e chorar. O que aquele maldito estava fazendo com ela? Inuyasha chutou a porta violentamente e deu passos até bem próximo do homem que se virou assustado sendo acertado em cheio bem no meio da cara. Depois de uma briga violenta um dos dois finalmente caiu no chão desacordado. Inuyasha amarrou o homem com alguns trapos que encontrou ali. - Seu covarde miserável! - ele chutou-o enquanto limpava um pouco de sangue que escorria pelo canto da boca - Aprenda que não deve bater numa mulher! Principalmente se ela é a Kagome! - ele chutou-o novamente em seguida puxando-o para trás de algumas caixas. Andou até Kagome que estava com a cabeça baixa e respirando ofegante. - Kagome... - ele falou levantando o rosto dela - você... - ele virou a face dela e viu a marca vermelha e depois os vários hematomas por todo o corpo. Fechou os olhos tentando conter a raiva. - Inuyasha... - ela falou com a voz embargada e os olhos se enchendo de lágrimas novamente. - Já está tudo bem - ele a desamarrou e abraçou-a tentando acalmá-la. - Eu pensei que você não viesse mais - ela falou entre lágrimas com a cabeça enfiada no peito dele. - Como você pode dizer isso. Eu nunca te abandonaria! - a face dele se suavizou depois de dizer isso - Você pode se levantar?
Ela balançou a cabeça afirmativamente e os dois se levantaram, Inuyasha a apoiando.
De repente uma legião de homens armados entrou pela porta cercando- os. - Droga - Inuyasha praguejou vendo que não tinha chance nenhuma contra todos aqueles homens. Se pelo menos amanhecesse logo...
Kagome olhou assustada. Inuyasha se interpôs na frente dela, mas ao soltá-la suas pernas fraquejaram e ela foi de encontro ao chão gemendo de dor. Estava muito fraca. - Kagome! - ele se abaixou amparando-a. - Inuyasha... Eu não posso morrer aqui... - Ninguém vai morrer aqui! - ele gritou sentindo seu coração bater muito forte - agüente Kagome... - ele sussurrou abraçando-a com os olhos molhados. Ambos sujos e feridos. - Ó! Que tocante!
Inuyasha levantou a cabeça e o que pode ser visto em seu rosto foi um misto de ódio e dor. Ele depositou Kagome inconsciente no chão. Uma energia começou a pulsar e então ele sorriu. Estava amanhecendo. - Vocês já eram... - O quê? Mas eu ainda não me diverti com você querido. Ainda não é o fim - a mulher falou sorridente empunhando uma arma e apontando para Kagome - Se eu acabar com ela você será só me... - os olhos dela mudaram daquele brilho para um misto de surpresa e terror, seus olhos arregalaram-se e ela pode sentir algo em seu estomago. Garras. - Maldito... - ela golfou sangue. - Esse é o seu fim e o fim de todos esses inúteis! Achou mesmo que eu fosse ser derrotado por um bando de humanos fracos? - ele sacou a tessaiga e rapidamente todos aqueles bandidos viraram pó, assim como boa parte da parede do lugar. Dentro de pouco tempo sirenes puderam ser ouvidas, mas quando a policia chegou, encontraram apenas as cinzas daquela perigosa quadrilha que há muito tempo tentavam pegar. O bar em ruínas.

Ele não podia acreditar no que estava acontecendo. O corpo dela estava frio e inerte. Inuyasha tocou o rosto da amada com uma das mãos. - Kagome... Acorde - ele falava com uma obvia agonia - Como aqueles malditos ousaram fazer isso? - seus olhos estavam úmidos - você é forte Kagome, agüente. - Você acha que eu ia morrer por causa disso? - ela olhou-o com um sorriso terno.
Inuyasha sorriu e abraçou o corpo dela. - Kagome... - Ai Inuyasha... - ela gemeu. - O que foi? Desculpe Kagome! Eu não queria te machucar - ele se separou rapidamente. - Eu sei que não - ela sorriu de novo e tentou se sentar. Ela estava na cama. Os fracos raios de sol entravam pela janela semi-aberta. - Você tem que descansar. - Eles morreram? - Sim, eu matei os malditos Kagome. - E... e a mulher? - a face dela se contraiu em dúvida. Inuyasha olhou-a não entendendo a reação. - Ela também está morta - ele respondeu acariciando o rosto dela.
Kagome abraçou Inuyasha com força. - Eu tive medo... - ela sussurrou para ele. Inuyasha ficou atento. - Ela falou coisas horríveis... Tive medo que ela te... Te seduzisse - ela falou com a voz embargada, escondendo o rosto no pescoço dele. Inuyasha pode escutar alguns soluços. - Não seja idiota Kagome! Você sabe que isso nunca aconteceria. E... por favor, não chore por minha causa - ele falou com uma mão em torno da cabeça dela.
Kagome respirou fundo e se soltou dele. - Obrigada. - ela falou levemente sorrindo e olhando para os lençóis da cama. - Descanse - ele a fez deitar-se e a cobriu. Kagome fechou os olhos e logo dormiu sobre a guarda do homem cachorro.

- Hora de acordar querida - uma voz familiar soou nos ouvidos dela. - Hum... - Kagome abriu os olhos lentamente. Seu corpo ainda doía uma pouco, mas as manchas rochas já estavam sumindo. Por sorte não houvera um dano maior a saúde. Já fazia uma semana desde o incidente. Ela olhou em volta e pode captar o rosto amigo de sua mãe. Ela carregava uma tigela de sopa. - Já é noite Kagome, você dormiu a tarde inteira. - A tarde inteira? - ela ficou muito surpresa. Ultimamente estava muito sonolenta. - Coma isso, vai ajudá-la a se recuperar - ela entregou a tigela para a filha.
Kagome olhou para a sopa. Parecia boa. Comeu tudo rapidamente. - Cadê o Inuyasha? - Deve estar com o vovô - respondeu a mãe sorrindo.
Kagome se sentou na cama e já ia se levantar. - Aonde pensa que vai? - Inuyasha falou atrás dela. - Inuyasha? - ela se virou surpresa. - Você ainda não está bem Kagome! Não vai a lugar nenhum!
A mãe de Kagome sorriu e saiu do quarto deixando-os sozinhos. - Eu já estou melhor Inuyasha! Não vou ficar o tempo inteiro deitada nessa cama! - Ela falou se levantando e se apoiando na parede. - Ai! - Kagome fechou os olhos colocando a mão na barriga. - O que foi que eu disse? - ele estava ao lado dela no mesmo instante. - Hehehe, tava brincando! - ela levantou a cabeça sorrindo. - É... Talvez você esteja melhor do que eu imaginava.
Kagome caminhou lentamente até a escrivaninha e deu uma vista geral na bagunça. - Faz tempo que eu não arrumo isso - ela falou olhando os livros, canetas, papeis e pequenos objetos todos jogados em cima da mesa. Mantinha o mesmo sorriso de sempre. - O que é isso? - ela falou pegando um pedacinho de papel dobrado.
Inuyasha olhou curioso. - Ei! - ele gritou pronto para tomar o papel dela. Mas ela já tinha aberto:

Sem você O mundo é escuro Nenhuma réstia de luz Nenhum calor Na tua ausência tudo é dor ...

- Me dá isso Kagome! - Espera! - Kagome tentou se afastar. Mas ele segurou pelos braços. - Agora eu quero ler o resto! - ela sorria. Seja o que fosse aquilo, estava deixando Inuyasha corado - Foi você quem escreveu? - Ela tentou estendeu o papel no alto e voltou a ler.

Sinto frio Meu mundo é frio Me devolveste a vida E eu só te fiz sofrer Mas sempre soube Minha vida é você ...

- Kagome! - ele olhou para cima e tentou tomar o papel. Por mais que fosse um hanyou, não estava conseguindo fazê-lo. Kagome soltou-se dele e correu para o outro lado do quarto.

Afundado em sombra No soluto da morte Minha sentença proclama Esta minha hostil sorte ...

- Kagome! - ele gritou impaciente. Finalmente conseguiu derrubá-la no chão. Pegou o papel das mãos dela e sentou-se de costas.
"Droga... Será que ela leu tudo?".
Kagome o olhou rindo. - Do que está rindo? - ele perguntou emburrado. - Eu não estou rindo! - Inuyasha olhou pelo canto do olho e viu a gozação nos olhos dela. - Ótimo! Ria! Ria muito! - ele se levantou zangado andando em direção a janela aberta. - Espera Inuyasha! - Kagome pegou a mão dele - Eu não estava rindo do seu poema. - ela falou ainda com um sorriso. - É que você fica muito fofo quando está sem graça! - Bah! - ele corou mais e olhou para frente sem graça. - Será que eu podia ler o resto? Está muito bonito!
Ele não respondeu. - Tudo bem, se você não quer deixar... - ela falou triste. Inuyasha estendeu o papel sem se virar e continuou sentado como um cachorro. Kagome sorriu e pegou o papel voltando a ler:

Ver-te fria foi Meu maior temor Congelei por dentro Cheio de horror

Agora, Mergulho em prece Seu sorriso doce Novamente me aquece

Vejo seus lábios Não suporto o calor Coração flamejante Pulsa cheio de amor Quero tocar de novo O seu altivo esplendor Suave carmim Você é minha flor Você a humana E eu... Só um hanyou

Não há nada comparado a isso. É incompreensível. Ah... Nem a outra parte dessa mulher me fez sentir assim.

- Inuyasha. - Hum... - ele falou olhando para o chão. - Sou eu? - E quem mais poderia ser Kagome? - Obrigada - ela falou suavemente. Ela o estava abraçando. Inuyasha fechou os olhos com um sorriso discreto e pôs sua mão sobre a dela. Rapidamente puxou-a para o seu colo encarando-a. - Tudo o que tem ai... É verdade... - ele acariciava a face dela com uma das mãos enquanto aproximava seu rosto. - Inuyasha... - Kagome estava feliz. Seu coração batia muito forte e Inuyasha podia sentir isso. Ele uniu seus lábios aos dela num beijo úmido. Ele a deitou no chão do quarto e ficou sobre ela, continuando a beijá-la. Kagome não percebeu a mão dele escorregar até o seu quadril, ela apenas o beijava, dando todo o seu amor. - Eu te amo... Minha Kagome... - ele sussurrou contra os lábios dela, que por sua vez estremeceu com aquelas palavras. - Também te amo... - ela envolveu sua mão na nuca dele e o beijou de novo. Inuyasha sentia-se mais vivo a cada vez que ela pronunciava aquelas palavras. Era como mágica. Suficiente para fazê-lo levantar quando já não podia mais lutar. Ambos estavam ofegantes. Inuyasha respirou fundo e sentiu aquele aroma impregnar suas narinas. Ele mordeu o queixo dela de leve, beijando-o em seguida. Kagome fechou os olhos. Mas para não quebrar a tradição, alguém abriu a porta forçando Inuyasha a sair de cima de Kagome bruscamente. Kagome levantou-se rapidinho e olhou para o chão corada, tentando disfarçar, quando alguém entrou no quarto...

Oi gente, esse poeminha fui eu quem fiz ^__^. O que acharam? Deixem suas reviews.