Já eram quase onze horas quando finalmente toda a agitação da festa terminou. Estavam todos tão cansados que mesmo a Sra. Weasley não se manifestou na intenção de arrumar toda a bagunça, que seria sanada, obviamente, só no dia seguinte. Percy ainda não havia chegado em casa mas todos já estavam acostumados com seus horários loucos. Gui não passaria a noite em casa. Molly olhou, satisfeita, para o relógio da cozinha, que mostrava toda a sua família em segurança, e foi se deitar.
Harry ainda estava muito excitado com toda aquela agitação do seu aniversário para dormir. Porém com o final da festa poderia conversar com Rony sobre tudo o que havia acontecido. O amigo também tinha grandes novidades para contar a Harry e estava ansioso para falar que agora tinha uma namorada.
- Rony, este foi um dos melhores dias da minha vida! Foi tão bom quanto ganhar a Copa das Casas ou ter vencido o campeonato de quadribol ano retrasado.
- É Harry! Eu mesmo não sabia da surpresa que a mamãe ia fazer... Ela e a Gina tramaram tudo direitinho nas nossas costas, aquelas danadinhas! - ele ria.
- A propósito, Rony, eu não te perguntei mas me parece que correu tudo bem com você e a Hermione. Pelo visto ela não te espancou nem nada... Ou você pensa que eu não reparei nos dois pombinhos descendo a escada de mãos dadas? Que cena linda! - implicava, rindo, divertindo-se do amigo, que lhe jogou, em resposta, um grande travesseiro.
- Ah! Harry, sinceramente! Foi realmente lindo sim! E cuidado, viu? Agora você tem que respeitar muito a MINHA namorada - Rony encheu a boca, sorrindo, orgulhoso.
Harry também sorria, sabia o quanto o amigo fora tonto de demorar tanto para perceber que ele e Mione eram feitos um para o outro. Qualquer um que os visse juntos podia ver isso.
- Então, afinal de contas, você percebeu que agora temos um aniversário em comum? - havia acabado de jogar de volta o travesseiro em Rony. - Seu aniversário de namoro é junto com o meu - Harry ria mas parecia feliz com o fato.
- É verdade Harry! Mas isso é ótimo pois sempre teremos agora dois bons motivos para comemorar este dia - Rony deu um grande bocejo e percebeu que era hora de dormir.
Harry também estava cansado e mesmo estando muito agitado sabia que teria uma ótima noite de sono, pelo menos era o que imaginava.
Hermione, que por sua vez dividiria o quarto com Gina, estava decididamente tão empolgada quanto Rony para contar à amiga todos os detalhes do início do seu tão esperado namoro.
- Ah Gina, eu estou tão feliz! Parece até que é Natal ou o meu próprio aniversário, tudo ao mesmo tempo! Eu consegui conversar com o seu irmão e ficou tudo bem entre nós - Hermione suspirava enquanto falava e penteava os cabelos para se deitar.
- Mas vocês estão namorando, Mione? Namorando mesmo? Sério? - Gina estava tão curiosa que suas bochechas estavam ficando vermelhas como duas pequenas maçãs-do-amor.
- É claro! Ele me pediu solenemente, foi tão lindo! Ele até se ajoelhou. Parecia cena de filme - ela virava os olhos e sorria como uma boba alegre.
- Cena de quê? - Gina obviamente não sabia o que era um filme mas imaginou que fosse algo muito romântico e então continuou a conversa, chegando ao ponto em que a sua curiosidade realmente queria levá-la. - Mas... Assim... Teve algum... Beijo? - corou ao perguntar, quase arrependida. Mione também corou mas, com ares de irmã mais velha, respondeu categoricamente.
- É claro que teve, Gina! - nessa hora seus olhos brilharam.
- E como foi? Foi legal? Foi estranho? Foi... - não sabia como perguntar, era óbvio que também nunca havia beijado um garoto. O único garoto que queria beijar sequer sonhava com a possibilidade de concretizar tal feito. Ela sabia que mesmo que ele quisesse também não seria muito fácil convencer seis irmãos mais velhos a deixá-la andar aos beijos e abraços com Harry Potter por aí.
- Oh! Gina, você nunca... Eu também não, sabe? Antes do Rony. Eu só posso te garantir que é maravilhoso, entende? É como se você soubesse que está fazendo a coisa certa, na hora certa. O resto é só espontâneo. Acho que é uma coisa natural, tipo aqueles instintos que nascem com a gente. Você simplesmente sabe - Mione bocejou e, sorrindo, deitou-se, piscando os olhos, que lacrimejavam de sono.
Gina entendeu que era hora de encerrar o assunto e ir dormir. Coisa que agora estava tendo alguns problemas para fazer.
- Ah Mione, é fácil para você falar... Como é que a gente faz quando a outra pessoa não sabe o que é certo para ela? Quando a outra pessoa sequer nota que a gente existe?
Não houve resposta. Mione já ressonava, dormindo, e Gina sabia disso.
Os gêmeos, por sua vez, já haviam subido para o quarto bem antes da festa acabar. Provavelmente para preparar alguma traquinagem, pelo menos foi o que todos pensaram na hora. Toda a casa estava em silêncio, até mesmo Percy já havia chegado e os pais de Rony já dormiam há muito tempo. Mesmo o vampiro do sótão estava estranhamente silencioso naquela noite.
Harry começou a sonhar. A princípio tudo estava muito claro e borrado, sem que pudesse identificar alguma coisa. Mas podia sentir que algo não estava bem. Sentia o corpo tremer e então pôde perceber que voava em sua vassoura a uma altitude absurda, em meio às nuvens de uma tempestade. O frio lhe congelava o sangue nas veias mas seria o frio ou o medo? Ele viu então que não estava sozinho. Montada em outra vassoura ele pôde reconhecer o vulto de uma garota mas ela estava tão longe, imersa na neblina, que não podia reconhecer quem ela era. Teve a nítida impressão de ser Cho. Quando havia decidido ir ao encontro da menina - já que se sentia como que atraído para ela, como se ela fosse a única razão de ele estar vivo - uma luz verde, vinda de um raio, iluminou tudo e com aquele "flash" ouviu a voz, aquela voz que tanto temia, a mesma voz que ouvia quando via em sonhos sua mãe sendo assassinada. Sua cicatriz começou a queimar e ele, levando a mão à testa, acordou. Estava totalmente suado e ofegante mas ainda conseguia ouvir aquela voz fria e perversa ecoando na sua mente:
- VOCÊ VAI PERDÊ-LA! ELA NUNCA VAI TE PERTENCER! VOCÊ SÓ VAI PERCEBER TARDE DEMAIS! A CULPA SERÁ TODA SUA!
Harry sabia que aquele pesadelo podia não significar nada mas o desespero já havia tomado conta de todo seu ser. Só o que pensava era que alguém morreria de novo, possivelmente Cho, e a culpa seria sua, não podia permitir isso. Ele só não sabia como evitar, o que quer que fosse, de acontecer.
Levantou e decidiu ir para a cozinha, beber um copo d'água, para tentar se acalmar. Ele não sabia que Gina ainda estava acordada e ela, ouvindo barulho no corredor, veio imediatamente à porta de seu quarto ver o que estava acontecendo.
- Meu Deus! Harry, é você? - Gina ruborizou, não estava acostumada com pessoas estranhas vendo-a com o seu pijama estampado de vassourinhas, especialmente ele. - O que você está fazendo acordado? - foi a melhor saída naquele momento.
- Gina eu... Eu lhe pergunto o mesmo! - nesse momento ela riu.
- Eu ouvi você, é claro! - Harry pareceu sem graça.
- Desculpe por eu ter te acordado - imaginava se tinha feito algum barulho que pudesse ter acordado mais alguém na casa. Não estava certo se deveria contar sobre o sonho. Afinal, para que alarmar os Weasley por algo que poderia ser apenas fruto da sua imaginação?
- Você não me acordou! - ela se arrependeu de ter dito isso, o que ele poderia pensar que ela fazia acordada àquela hora? - Eu ia beber um pouco d'água - disse, explicando-se melhor. Harry riu. Ele ia fazer o mesmo. - Então vamos juntos, está bem? - continuou, ousadamente. - Pelo que eu sei o senhor não deve ficar andando sozinho por aí, certo? - realmente era verdade, com toda aquela confusão Harry já havia se esquecido desse pequeno detalhe.
Ele deu de ombros e sorriu para ela, indicando com a mão que deveriam descer, fazendo um gesto com o dedo indicador na frente dos lábios para que fizessem isso em silêncio. Gina ficou escarlate e esperava que estivesse suficientemente escuro para que Harry não tivesse percebido isso.
Chegando na cozinha Gina fez sinal para que Harry sentasse. Pegou, com facilidade, mesmo no escuro, dois copos e os encheu de água. Entregou um para ele, colocou o outro à sua frente e se sentou. Eles estavam agora frente a frente, na penumbra, iluminados apenas pela claridade de uma noite muito estrelada que entrava janela adentro. Mesmo assim ela podia perceber preocupação em seus olhos. Ele tinha o mesmo semblante que ela vira três anos antes, quando a Câmara Secreta fora aberta.
- Harry, você está bem? - ela olhou profundamente nos olhos dele e Harry soube que não conseguiria mentir, não para ela. Eles haviam dividido momentos de extremo perigo juntos e não conseguiria esconder dela o medo que sentia agora. Ela já o tinha visto com medo nos olhos e ele não era um grande mestre em disfarçar seus sentimentos.
- Não, Gina, não estou... Mas você não deve se preocupar, está bem? Eu tive apenas um pesadelo, um sonho ruim - arriscou dar ares de displicente quando disse a última frase. Gina, porém, não caiu no jogo dele.
- É? Então me conte... Se foi sem importância, você pode me contar, certo? - Gina estava abismada com a própria ousadia.
- Gina, eu... Na verdade eu preferia não falar do sonho. Acho que você não entenderia - Harry mal sabia mas com essa última frase havia magoado profundamente a menina.
Ela não só tinha certeza que entenderia o sonho como se sentia na obrigação de ajudá-lo. Nunca havia se perdoado por ter aberto a Câmara Secreta e se sentia eterna devedora para com ele. Sentia também que - talvez porque apenas os dois haviam estado dentro da Câmara com Tom Riddle - detinham alguma espécie de ligação. Ligação essa que, com certeza, possibilitaria compreender o que quer que fosse aquilo que preocupava tanto a Harry. Então ela apenas olhou para ele e, como que adivinhasse o que acontecera no sonho, disse calmamente.
- Eu estava acordada quando você levantou. Eu não conseguia dormir. Porque eu tenho medo... - Harry olhou surpreso para ela, que continuou, dessa vez olhando profundamente em seus olhos verdes. - Você tem idéia do que é ter medo, pavor, de perder algo que você nunca teve e sabe que nunca terá?
Harry estava pasmo. Ela tinha acabado de definir o que havia sonhado, o que havia sentido. Mas como? Seria uma incrível coincidência? Ele estava tomando um gole de água e quase se engasgou. Depois de ter tossido e levado algumas pancadinhas dela nas costas para desengasgar ele conseguiu falar.
- Gina, eu queria... - mas ela não deu nem tempo para ele continuar. Já havia se levantado e agora olhava firmemente para Harry, indicando em silêncio que deviam subir.
Harry estava ansioso para perguntar como ela podia saber o que se passava dentro dele. Exatamente aquilo que havia sonhado. Como ela podia saber tanto? Mas ela não daria essa oportunidade a ele naquele instante, isso estava bem claro. Ele nem havia percebido que a tinha ofendido e, que na verdade, Gina estava falando dela mesma, de como se sentia em relação a ele. Do medo que tinha de nunca ter a oportunidade de se sentir fazendo a coisa certa em relação a ele, de não poder ajudá-lo quando o que ela mais queria era protegê-lo. Ele não sabia mas Gina daria a vida por ele em um instante se fosse preciso. E de um modo quase infantil o que ela temia mais era que nunca pudesse sentir os lábios de Harry Potter tocando os seus como uma prova do amor.
Quando já estavam lá em cima Harry apenas olhou curioso para ela e disse.
- Outra hora nós conversamos certo, Gina? - ela nem ao menos respondeu. Tinha fechado sua porta, deixando para trás um Harry muito confuso com toda aquela história. Ele acabou entrando no quarto de Rony e rapidamente pegou no sono.
Mas ela ainda demorou alguns minutos para conseguir dormir. Os poucos instantes a sós com Harry na cozinha a haviam deixado em um estado que imaginava que talvez somente um banho de água fria pudesse curar. Isso porque o que realmente a faria se sentir melhor, na opinião dela, nunca aconteceria.
De manhã, quando todos finalmente levantaram, Molly Weasley já havia arrumado toda a bagunça, de modo que o café da manhã foi tomado com muita alegria pelos meninos, que agora tinham certeza de que estavam totalmente livres da obrigação de qualquer tarefa de limpeza. A mãe de Rony estava com um ótimo humor e já havia combinado com o marido que passaria aquela manhã com as crianças - insistia em chamá-los assim - do lado de fora para que pudessem jogar um pouco de quadribol. Ela seguiria as ordens de Dumbledore e acompanharia os meninos o tempo todo. O que seria por pouco tempo, pois sabia que Gui logo estaria de volta. Ele, sim, seria ideal para acompanhar os irmãos, uma vez que ele próprio já havia jogado muito quadribol na vida, mesmo não tendo sido capitão do time da casa, como Carlinhos. E também poderia se divertir junto com os outros, seria unir o útil ao agradável.
Sendo assim, após o reforçado café da manhã Weasley todos foram para o quintal. Estavam realmente empolgados com o fato de jogar uma partida de quadribol. Porém quando já iam começar o jogo Gui chegou e, com isso, a situação mudava. Eles tinham agora um número ímpar de jogadores, uma vez que Mione e Gina não jogavam. Em um time Rony e Harry e no outro Fred e Jorge, Gui estava sobrando mas jogaria, por insistência dos irmãos e por saudade de relembrar os tempos de moleque. Então foi Gina quem deu a solução, que surpreendeu a todos:
- Eu vou jogar com vocês - ela disse com a maior naturalidade do mundo. - Assim os times ficam com o mesmo número de jogadores...
- Ahn, o quê? - um dos gêmeos estava impressionado com a atitude da irmã. - Gina, isso é sério, é para homens, não para garotinhas - Gina olhou com raiva para o irmão e, lançando um olhar confiante a Hermione, disse.
- Eu posso vencer qualquer um de vocês. Quando eu quiser. E não é só para homens não! Eu já vi Katie, Alicia e Angelina marcarem gols que vocês não teriam sequer a capacidade de tentar imitar. Se eu digo que vou fazer eu vou fazer e pronto - Gina agora tinha um tom de grande autoridade na sua voz.
Os meninos concordaram, a contragosto, mas contanto que dividissem novamente os times, para que o jogo ficasse mais equilibrado. Para começar, ela e Rony, que não jogavam oficialmente, deveriam estar cada um em um time. Os gêmeos, obviamente, seriam separados, restava então a escolha: a rapidez de Harry na sua Firebolt ou a força e experiência de Gui. Como não haveria um pomo a ser capturado, a velocidade de Harry era de pouca serventia. Então em um rápido par ou ímpar entre Gina e Rony, o último escolheu Gui, ainda olhando de modo a se desculpar com Harry. Os gêmeos ficariam cada um em um gol. E os outros seriam artilheiros.
Mione, que estava lendo um livro sobre culinária bruxa entitulado "Culinária Bruxa - A arte de encantar e se encantar com a comida", havia prontamente parado de ler para dar atenção ao jogo. Estava realmente dividida, não sabia se torcia para o time do namorado ou se torcia pelo time de Harry e Gina. Então Gui deu o sinal para começarem o jogo, a posse da goles era de Gina. Ela rapidamente pôs a bola em jogo. Voava bem rápido para uma novata e por ser mais leve que os irmãos imprimia grande velocidade à velha vassoura.
- Vamos Harry, estamos quase lá - Gina havia jogado a goles para ele e agora, à frente do gol, pedia a posse de volta.
Harry arremessou e Gina marcou facilmente. Rony parecia muito irritado, principalmente ao ver o sorriso triunfante que a irmã ostentava em direção a Harry. Novo lance do jogo e Fred, goleiro do time de Gina, defendeu. Novamente Gina estava com a posse da goles, Harry ziguezagueava lentamente em volta dela, dando-lhe cobertura, e funcionou, pois ela já estava marcando novo gol em Jorge. Após mais três lances iguais, o time de Gina marcando 50 pontos a 0 no time de Rony, o último resolveu se manifestar.
- Saia do gol Jorge, você vai ser mais útil jogando na linha. Eu o substituo.
A partir daí o jogo ficou mais equilibrado. Rony era um bom goleiro. Porém a vantagem inicial do time de Gina fez com que o time de Rony perdesse de 170 a 80, o que era inaceitável, era mais do que o dobro. Gina e Harry haviam formado uma dupla imbatível. Era quase como se um previsse os movimentos do outro. A certa altura do jogo eles nem precisavam mais falar o que o outro deveria fazer, bastava um olhar e pronto, era gol certo. Até mesmo Mione que, de início, pelo fato de o namorado estar perdendo, torcera pelo seu time, ao final do jogo já estava vibrando também com os pontos do time de Gina. Ela imaginava o quanto a amiga deveria estar feliz experimentando tal cumplicidade com Harry. Mione sabia que Gina gostava dele mais do que como amigo.
O próprio Harry estava impressionado com Gina. Ele a fazia lembrar alguém, montada daquela forma na velha vassoura. Imediatamente veio à sua mente a primeira vez que ele havia visto Cho, montada na vassoura, durante um jogo de quadribol em Hogwarts. Mas a sensação era diferente, Gina era de seu time e na ocasião Cho era do time adversário. Não, definitivamente não era essa a semelhança da sensação que Harry sentia. Possivelmente era a emoção de ter ganhado mais uma partida de quadribol depois de praticamente um ano sem jogar. Ele tinha tido até medo que tivesse esquecido de como voar.
Fred, Harry e Gina estavam fazendo uma volta olímpica no campo e Rony, agora de mãos dadas com Hermione, estava um pouco mais calmo. Jorge e Gui estavam discutindo, pois Gui não entendia como o irmão podia jogar tão mal no gol, e esse explicava que mesmo que tivessem 50 pontos a mais, os 50 que havia perdido estando no gol, ainda assim perderiam. Foi então que Molly Weasley chegou correndo e interrompeu os meninos.
- Desçam todos vocês e entrem imediatamente! O pai de vocês acabou de vir do Ministério junto com Percy. Ele precisa de vocês agora, vão - Molly tinha o rosto contorcido em uma expressão de tristeza, que assustou a todos.
Quando entraram encontraram o pai muito sério, segurando nas mãos "O Profeta Diário". Tristemente, o Sr. Weasley virou para os meninos e lhes informou o que estava havendo.
- Infelizmente eu não tenho boas notícias - Molly suspirou profundamente. - Como Dumbledore suspeitava, aqueles que escolheram o caminho mais fácil e negaram a volta de Você-Sabe-Quem estavam errados. É realmente uma pena! Nessas horas é que eu gostaria de poder estar errado - Arthur parecia querer escolher as palavras para dar a notícia aos meninos. E foi Gui quem finalmente o interrompeu.
- Papai, por favor! Assim o senhor vai nos matar de curiosidade antes mesmo de dar a notícia. Pare de rodear e chegue logo ao ponto - o pai virou o jornal, que estampava a seguinte notícia:
"MORTO BRUXO DE 14 ANOS: SUSPEITA-SE DE MALDIÇÃO IMPERDOÁVEL
Essa noite o Ministério foi avisado anonimamente que haveria algum ataque a uma família de bruxos. O que inicialmente pareceu se tratar de alguma brincadeira de mau gosto, segundo informa um dos porta-vozes do Ministério, Percy Weasley, revelou-se como a mais pura verdade. De fato houve um ataque. Esse foi executado por três bruxos de capa negra que, segundo testemunhas, imobilizaram as pessoas da casa e assassinaram o filho mais velho da família, Colin Creevey, 14 anos, aluno do quarto ano da Grifinória em Hogwarts.
A família Creevey não quis dar mais declarações por ainda estar em grande choque. Apenas informam que tudo o que viram foi um clarão verde e mais nada, nenhum rosto, nenhum nome mencionado para os suspeitos. Esses deixaram a casa sem levar nada, apenas deixando escrito com grandes letras vermelhas (vejam a foto) nas paredes da casa a seguinte frase: 'VOCÊ VAI PERDÊ-LA!'.
As autoridades do Ministério ainda estão trabalhando em um possível significado para a frase mas ainda não tiveram sucesso algum e, por isso, não deram mais informações. Apenas informam que isso deve se tratar de algum fato isolado e buscam pistas de uma possível vingança contra a família Creevey."
Harry sentiu a sua cicatriz queimar como nunca, ouviu o choro de Gina, Mione e da Sra. Weasley misturados, e pôde perceber os meninos exclamando algumas frases. Porém a dor era tanta que não pôde se concentrar em coisa alguma. Mais alguém havia morrido, mais um inocente, e novamente a culpa era sua. O pesadelo estava começando, só que agora era real. Com esse pensamento Harry não viu mais nada, havia acabado de desmaiar.
