Todos entraram animadamente no carro. É claro que este era guiado por magia mas o Sr. Weasley fazia questão de simular que o dirigia como qualquer trouxa que andava por aí. Os meninos estavam acomodados de modo que os gêmeos se sentavam ao lado do pai, no banco da frente, e os outros se espremiam no banco de trás com a Sra. Weasley.
Para eles era tudo uma grande diversão pois o carro andava normalmente, passeando pelas ruas e avenidas trouxas. Não voava como o antigo Ford Anglia que tinham. Isso seria no mínimo arriscado para todos. Agora, com Voldemort vivo, quanto mais desapercebidos passassem melhor seria. Se bem que um carro lotado com oito pessoas estranhamente vestidas seria facilmente notado. O Sr. Weasley e os meninos haviam chegado ao acordo de que deveriam sair disfarçados como trouxas e estavam muito engraçados, pareciam uma trupe de artistas mambembes. À exceção de Gina, que fora ajudada por Mione a se vestir, os Weasley chamariam mais atenção do que se estivessem com vestes bruxas de gala.
Não demorou muito e já haviam estacionado na porta d'O Caldeirão Furado. Logo que entraram foram muito bem recebidos pelo dono do bar, Tom.
- Olá, bem-vindos! Como vai, Sr. Weasley? Sr. Potter? - Tom já conhecia bem os Weasley e Harry, havia os hospedado durante o terceiro ano de Rony. Era uma honra receber Harry Potter novamente.
- Olá Tom - o Sr. Weasley agora parecia muito à vontade em seu disfarce de trouxa, embora estivesse usando um roupão de banho azul turquesa florido por cima de uma calça xadrez amarela, contrastando mais ainda uma camisa roxa, listrada de verde.
Aliás, seus filhos não estavam muito melhores do que o pai. Rony usava um terno completamente branco, gravata borboleta e faixa na cintura cor de rosa cintilante. Parecia um recepcionista de cassino ou calouro de programas trouxas de auditório. Fred e Jorge estavam coordenadamente vestidos, ou seja, suas roupas eram exatamente idênticas, só mudando o padrão de cores: bermudão verde para um, vermelho para o outro. Paletós de flanela, estampados de bolinhas verdes para um e de bolinhas vermelhas para o outro. A única coisa idêntica eram as botas, de cano longo, até o joelho, que eram ambas pretas. A Sra. Weasley trajava um vestido longo preto e um cachecol de pele. Estavam muito engraçados naquelas roupas. Se Harry e Mione, acostumados ao mundo trouxa, não gostassem tanto deles ririam com certeza às suas custas.
O Sr. Weasley agora estava ficando preocupado em não chamar a atenção dos bruxos do Beco Diagonal para ele e sua família, afinal estavam vestidos como trouxas. Então rapidamente transfigurou as roupas de todos temporariamente em vestes bruxas. Na volta para casa usariam o "disfarce perfeito" de novo.
Ele teria que dividir com Molly a tarefa de controlar as crianças durante o passeio, elas eram muitas e por isso resolveu, antes de partir, traçar um roteiro das lojas que iriam.
- Bem, creio que as meninas queiram ver as tendências da moda deste ano na loja da Madame Malkin e os meninos não façam muita questão disso, certo? - os meninos concordaram, torcendo o nariz. - Já as meninas, creio que não façam muita questão de irem ao "Artigos de Qualidade Para Quadribol", se não me engano vocês não se interessam muito pelo esporte - na realidade Gina até se sentiu tentada a se manifestar mas não era assim tão fascinada pelo assunto a ponto de se enfiar no primeiro dia em que passeava nas férias em uma loja daquelas.
O Sr. Weasley dividiu o grupo. Molly com as meninas, ele com os meninos. Primeiro iriam todos juntos à Floreios e Borrões, comprar o material escolar. Depois se separariam em dois grupos, para olhar as vitrines mais interessantes para cada um. Ao final da tarde se encontrariam na Florean Fortescue para tomar sundaes juntos.
Ao chegar na "Floreios e Borrões" tiveram uma grande surpresa. Quem tinha vindo atendê-los era o próprio Gilderoy Lockhart, ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts. Ele parecia o mesmo de antes, porém quando se aproximou para atendê-los notaram a sensível diferença. O homem era agora o ser mais humilde e modesto da face da Terra. E sua memória continuava arruinada.
- Olá! Gilderoy ao seu dispor, como posso servi-los? - Rony e Harry abafaram risadas. Mione olhava penalizada para aquele que fora tempos atrás o bruxo solteiro mais cobiçado pelas bruxinhas caçadoras. E deu um cutucão em nos dois para que ficassem quietos.
- Olá professor, quer dizer, Gilderoy - a Sra. Weasley estava com as seis listas de material e sabia que o ex-professor teria muito trabalho carregando tantos livros. Ela resolveu começar com a lista do quinto ano, afinal seriam três exemplares de cada. - Por favor, eu gostaria de três de cada um destes livros, sim? "O Livro Padrão de feitiços, 5ª série", "Transfigurações - Uma Visão Contemporânea", "A Arte de Amansar Criaturas Xucras - Como Pegar Dragão a Unha - Volume 2", "Poções para Todos os Gostos e Desgostos", "Herbologia Prática - Aplicações Cotidianas" e - Molly parou de falar, o livro de Defesa Contra as Artes das Trevas era um livro trouxa, "As Profecias de Nostradamus", mas a livraria tinha recebido um carregamento especialmente para os alunos de DCAT e portanto pôde fornecer o livro.
Além disso havia os livros das matérias que não tinham em comum. Mione então pediu o "Interminável Tratado de Aritmancia", que, segundo informações, era um livro que, para sua alegria, ela nunca terminaria de ler, e o "Livro do Trouxa Moderno". Harry e Rony, a muito contragosto, pediram o "Tratado Zodiacal da Astrofísica Quântica", escrito pelo Professor Sandalinha, que seria usado em Adivinhação.
Depois de todos os livros na bancada e Lockhart muito cansado a Sra. Weasley, mesmo com muita pena do pobre homem, pediu a ele que agora trouxesse os livros da lista dos gêmeos, sétimo ano, e de Gina, quarto. Não eram muito diferentes daqueles do quinto, ao que indicava Dumbledore queria preparar igualmente seus alunos naquele ano. As únicas diferenças eram que Gina estudaria Trato com Criaturas Mágicas no livro "A Arte de Amansar Criaturas Xucras - Como Desenpacar uma Mula-Sem-Cabeça - Volume 1", o "Livro Padrão de Feitiços", é claro, e ela estaria começando, a conselho de Hermione, Estudo dos Trouxas com o livro "Por Que os Trouxas são Trouxas?". Já os gêmeos só tinham de diferente mesmo o Livro Padrão de Feitiços e "A Arte de Amansar Criaturas Xucras - Como Pentear Uma Lesma do Pântano - Volume 3". Os meninos se perguntavam quantos volumes teria aquela enciclopédia que Hagrid havia indicado, tinham lido nas prateleiras títulos como: "Como Catar Coquinhos em um Campo Infestado de Explosivins", "Como Domar Sua Sogra", entre muitos outros. Pensavam também se haveria aulas práticas, uma vez que o gigante estava ainda nas montanhas e mesmo se lesmas do pântano tinham algum cabelo para ser penteado.
Após comprar todos os livros e rir um bocado de Lockhart quando esse perguntou se os conhecia de algum lugar, foram até o "Penas, Plumas, Pergaminhos e Papel", comprar pergaminhos e penas. Então seguiram, em grupos divididos, para as lojas de vestes e de esportes.
As meninas estavam animadíssimas pois souberam na livraria que a "Madame Malkin" estava fazendo uma grande liquidação em trajes femininos de gala, e quem sabe poderiam comprar um vestido para o Baile de Inverno, no fim do ano. Mione queria impressionar o namorado e Gina gostaria de arranjar um, embora quem ela realmente gostava não estivesse nem aí para ela.
Finalmente chegaram na loja de vestes e Madame Malkin estava realmente liquidando uma grande quantidade de vestidos de baile, cada um mais bonito que o outro. As meninas estavam impressionadas com os novos modelos de veludo acetinado, seda indiana e muitos outros tecidos. Mione se encantou com um vestido muito rodado e esvoaçante.
- Sra. Weasley, Gina, acho que eu vou levar esse, o que vocês acham? Vou experimentar lá nos fundos, para ver se fica bom - Mione entrou na cabine e vestiu o traje de baile. Era um vestido tomara que caia, a parte superior de veludo verde escuro, bordada com pedrinhas prateadas, e a parte de baixo em um tecido esvoaçante, que tornava o vestido muito leve. Era um vestido rodado mas com um caimento muito elegante. Hermione parecia uma princesa. Ela decididamente ficaria com ele. Só faltava um detalhe. - Gina, você acha que o Rony vai gostar?
- Mione, meu irmão vai ficar louco quando a vir com esse vestido. Ele vai... - Gina travou, Mione estava vermelha como um pimentão. Molly estava rindo muito das meninas, era bonitinho seu filho estar namorando. Mas ela ainda não tinha dito isso para Mione e nem Gina, embora tivesse percebido o namoro deles.
- Mione, querida, eu sei que você e Roniquinho são namorados, isso é uma coisa tão linda! Um dia você poderá ser minha filha também, quando vocês dois se casarem e me derem muitos netinhos - ria simpaticamente para Mione. A menina corou mas ficou muito feliz com o comentário da futura sogra.
Enquanto isso Gina havia voltado sua atenção para um vestido vermelho de renda e tafetá de seda. Logo foi experimentar. O vestido era lindo, um vermelho profundo que contrastava com os cabelos ruivos da menina, tinha um decote que deixava os ombros e o colo à mostra. Era justo no corpo, com rendas aplicadas, e a saia, na realidade as saias, eram superpostas, de modo a criar a impressão que Gina flutuava. Era a roupa mais bonita que já havia vestido.
- Mãe! - foi só o que Gina disse, com um sorriso maravilhado no rosto.
- Madame Malkin, pode embrulhar o vestido. Nós vamos levar - Gina tinha um brilho indescritível no olhar.
- Mamãe, eu te amo! - ela sorria, abraçada à mãe.
- Eu também, minha filha. Seu pai vai me matar mas você merece. Eu nunca a vi tão empolgada assim por causa de algo.
"É por que ela não me viu após beijar o Harry ontem à noite", pensava Gina, divertida com a própria travessura da noite anterior.
Agora as meninas já estavam oficialmente vestidas para o Baile de Inverno. E, certamente, seriam as mais belas da festa. A Sra. Weasley pagou o vestido da filha, Mione o seu, e foram encontrar os garotos. Até que haviam terminado bem antes deles, a despeito do que diziam das mulheres em relação a roupas. Os meninos, por sua vez, também estavam muito empolgados, tinham ouvido o boato de que havia uma nova vassoura, a "Firebolt Série ThunderPower 3000". Totalmente aerodinâmica, em liga metálica mágica, resistência interna de platina, prateada, cerdas feitas de cabelos de Veela, o que certamente atraía ainda mais os garotos. Tão leve quanto uma pluma e chegando a marca de 300km/h em dez segundos, por isso era 3000. Praticamente voava sozinha.
O Sr. Weasley estava muito empolgado assim como os meninos, virava praticamente um deles quando a esposa não estava presente.
- Olha lá meninos, a nova Firebolt. Deve custar os olhos da cara - a vassoura estava exposta na vitrine, onde havia várias fotos de um menino loiro montado na vassoura, em várias situações: durante uma tempestade, na neve, em um jogo de quadribol, sobrevoando o mar. As fotos eram animadas e dava para ver o vento nos cabelos platinados do menino e a expressão displicente dele enquanto voava.
Quando os meninos se aproximaram para ver melhor as fotos Rony começou a rir descontroladamente:
- Gente, eu não acredito... - mal conseguia falar. - Esse garoto na vassoura é o Malfoy.
- O quê? - agora os gêmeos e Harry se espremiam na vitrine para conferir o que Rony dissera.
- É ele mesmo, quem diria, o Malfoy virou garoto propaganda... - gargalhava Fred.
- É, ele está mais para garoto propaganda de artigos funerários - divertia-se Jorge, todos rindo muito.
Nesse momento, atrás deles, ouviram alguém pigarrear. Quando se viraram encontraram os olhos cinzentos de Draco Malfoy, olhando-os com muita raiva e desprezo.
- Eu não sabia que essa loja era tão mal freqüentada assim. Ou não teria permitido que as minhas fotos fossem expostas aqui, para que qualquer indigente ou amante de sangue-ruins pudesse ver - agora sorria de modo sombrio para Rony, que estava com tanta raiva pelo comentário referente a Mione que se Harry não o tivesse segurado pelo colarinho teria enfiado um soco no meio da cara esnobe de Malfoy.
- Cale essa boca, Malfoy! - disse Harry, segurando Rony para impedi-lo de quebrar a cara de Draco ali mesmo, na rua.
- Ora, ora, se não é o nosso grande herói. Eu achei que depois da confusão que você criou no ano passado não teria mais o desprazer de vê-lo. Achei que você fosse ficar de baixo da sua cama, na sua casa de trouxa, da onde você nunca devia ter saído, Potter.
Enquanto dizia isso a Sra. Weasley vinha chegando acompanhada pelas meninas, que logo perceberam do que se tratava a confusão. Gina tinha ouvido o insulto de Draco dirigido a Harry e não se conteve. Ela estava revelando uma nova face da sua personalidade, estava se tornando uma mulher muito corajosa.
- Francamente Malfoy! Desde quando você julga os outros por você mesmo? Você sim é um covarde, sempre na sombra do seu pai ou dos seus amiguinhos, Crabbe e Goyle - que de fato de "inhos" não tinham nada, eram burros como mulas mas fortes como touros.
- O quê? Sua... Pirralha, cale essa boca! Como você ousa? - continuou, agora olhando dentro dos olhos da menina com ódio e desprezo. - Com um histórico escolar bizarro como o seu não deveria dar opinião sobre nada - Draco agora tinha tocado no ponto certo para perturbar Gina. A simples menção ao incidente do primeiro ano dela a fez calar e perder toda aquela pose de decidida que havia demonstrado, enfrentando-o inicialmente.
Antes que qualquer coisa a mais pudesse se dita Lúcio Malfoy já estava junto ao filho. Bem como os Weasley de Gina. Lúcio sorriu cinicamente para Arthur.
- Boa tarde Weasley! Eu realmente sinto que nossos filhos não se tratem civilizadamente. Garanto que Draco não quis ofender a pequena meni... - ele foi interrompido tanto pelo filho, que o havia repreendido com o olhar pela retratação, quanto por Harry.
- Ela se chama Virgínia, Sr. Malfoy - Lúcio sorriu, de modo sombrio, satisfeito por Harry ter defendido a pequena Weasley. - E creio que o Malfoy sabia muito bem o que estava fazendo.
Lúcio, que sabia se controlar muito bem para não demonstrar os sentimentos, olhava de modo firme para o filho, para que ele não botasse tudo a perder. Draco então permaneceu calado. Foi Lúcio quem falou.
- Draco ainda precisa aprender a não discutir com uma dama - disse, olhando para Gina. E quando completou a frase apenas acenou a cabeça para os Weasley, realmente abismados com o que ele havia dito, e se retirou, levando o filho consigo.
- Droga! - disse Rony. - Agora nós não vamos saber como o idiota do Malfoy virou o "garoto Firebolt" - todos riram e as meninas viram então as fotos de Draco, voando em várias poses na Firebolt ThunderPower 3000.
- Até que ele é fotogênico - disse Gina, que foi prontamente interpretado como ironia e todos riram. Mas ela estava, na realidade, pensando alto. Porém percebeu e emendou. - Para uma víbora - mesmo assim havia percebido que Draco estava se tornando um rapaz muito bonito. Tinha os olhos cinzentos, sem a vida dos verdes de Harry é claro, mas era um olhar intrigante, quase perturbador.
Depois do incidente todos concordavam que a melhor opção seria irem à Florean Fortescue e tomar sundaes de chocolate para encerrar, com chave de ouro, o passeio. Tão logo chegaram lá foram recebidos pelo Sr. Fortescue, que reconhecendo Harry e fez questão de oferecer vários sorvetes como cortesia da casa. Ele gostava muito do menino, havia se apegado a ele nas duas semanas que tinha se hospedado n'O Caldeirão Furado durante o terceiro ano. Após tomarem os sorvetes já estava começando a anoitecer e o Sr. Weasley foi com eles até a saída do Beco Diagonal e, transfigurando novamente as roupas de todos no chamativo disfarce trouxa, colocou todos no carro e partiu para A Toca.
Chegando em casa, como estavam todos muito cansados foram para os quartos, dormir. A Sra. Weasley estava tão cansada também que não obrigou os meninos a tomar banho antes de dormir, ela queria guardar o fim do fôlego que tinha para explicar ao marido como havia gastado tantos galeões no vestido de Gina.
Enquanto isso Harry e Rony estavam conversando e imaginavam por que Lúcio Malfoy havia tratado Gina com suposta cortesia.
- É óbvio que ele estava sendo falso - disse Harry, furioso com a ousadia de Malfoy. - Ele não se importaria com Gina. Ele próprio deu o diário de Vold... Você-Sabe-Quem para ela. O que culminou com a abertura da Câmara e com nós dois quase mortos.
- Eu concordo, Harry, ele não tem nenhuma simpatia pela nossa família. Nunca um Malfoy foi amigo de um Weasley. Eles são todos uns esnobes, convencidos e idiotas. Como podem dizer que alguém é sangue-ruim? Eles que são.
- Lúcio Malfoy é um Comensal da Morte, ou seja, um assassino, belo exemplo ele para o filho.
Os dias se seguiram tranqüilamente e passaram tão depressa que quando repararam já estava na véspera de retornar para Hogwarts. Mione iria para casa, seus pais queriam levá-la a Estação King's Cross no dia seguinte, afinal Mione tinha passado quase as férias todas longe deles e estavam com saudades.
A casa estava uma grande confusão com todos os preparativos para a partida dos meninos no dia seguinte. A Sra. Weasley estava um pouco mais triste desta vez, contava que teria a companhia de Percy durante o ano letivo dos outros. Ela sentia muita saudade dos filhos durante o ano escolar, principalmente depois que Gina tinha começado a escola, afinal era a sua única filha. Já era quase hora do almoço quando Mione começou a se arrumar para partir, via Flu, para casa. Rony estava protestando, sentiria muita saudade da namorada, mesmo que fosse por um só dia. Fred e Jorge já tinham se divertido muito às custas da saudade do "Roniquinho", porém sua mãe os repreendeu. Ela não queria que os meninos fizessem pouco do namoro deles, afinal isso atingia também Hermione, tinha de respeitar a menina.
Então chegou a hora de Mione partir, ela deu um beijo na Sra. Weasley, um abraço em Harry e, para constrangimento de Rony, um grande beijo nele.
- Até amanhã - então ela continuou no ouvido, dele bem baixinho. - Meu amor! - Rony ficou escarlate.
Mione pegou um pouco de Pó de Flu e, com alguns estalos e flashes da lareira, partiu.
Durante o resto da tarde, após almoçarem, os meninos foram arrumar as últimas coisas para levarem para a escola. Quando terminaram os preparativos já era noite e Molly os mandou dormir mais cedo para acordarem de bom humor no dia seguinte. Embora ela soubesse que isso seria inevitável.
No dia seguinte foi a mesma confusão de todos os anos, os meninos subiam e desciam as escadas freneticamente e a Sra. Weasley berrava, lembrando a eles de pegarem pequenas coisinhas de última hora. O Sr. Weasley, para variar atrasado, tinha vestido o paletó do lado do avesso, as mangas torcidas. Já estava esperando os meninos no carro, os malões no porta-mala. Por fim, conferindo todo mundo e todas as coisas, partiram para a Estação King's Cross. Fazia um belo dia e o sol já estava brilhando.
Quando chegaram na Estação Mione já os aguardava. Mas ela parecia um tanto quanto incomodada, já estava com seu uniforme da Grifinória e Rony veio correndo para abraçá-la.
- Mesmo um dia longe de você pareceu uma tortura. Vamos, já está na hora de atravessarmos a barreira para a plataforma nove e meia para pegarmos o trem - ela parecia constrangida. Ele ficou preocupado. Tentou pegar a mão dela mas a menina recusou. Isso definitivamente o estava assustando agora. - O que houve Mione? - ele tinha os olhos fixos nela, que tinha a cabeça baixa, os cabelos soltos sobre os ombros. - Você não quer que namoremos em Hogwarts? - ela levantou a cabeça, impressionada com a imaginação fértil dele.
- É claro que não é isso, Rony, ficou doido? É que... Eu devia ter te dito antes, sabe, eu só fiquei sabendo na véspera do aniversário do Harry. Eu recebi uma coruja e... - Rony estava desesperado.
- Foi o Krum? Aquele miserável, eu vou... - Mione segurou a mão de Rony e, com um gesto, afastou os próprios cabelos dos ombros e Rony pôde ver o broche escrito "Monitora" pendurado em suas vestes. Ela abaixou a cabeça.
- Eu achei que você se sentiria ridículo, sabe, você é o namorado da monitora. Eu me lembro de como vocês perturbaram Percy por isso. Eu... Me desculpe, Rony, eu não tive coragem de contar. Estava envergonhada. Você me perdoa?
- Se eu perdôo? Mione, você nem sabe o quanto eu estou aliviado que seja só isso. É claro que você podia ter me contado antes mas quem pode te culpar? Com os irmãos que eu tenho talvez seu broche estivesse com os dizeres "Patroa do Roniquinho" agora, se bem que mamãe proibiu brincadeiras sobre nós. Mas quem sabe o que passa na cabeça daqueles dois? E depois, eu estou muito é orgulhoso de você. A minha namorada é a monitora, a mais linda de todas. Além disso, vai ser ótimo ter você como monitora, do jeito que a gente se mete em apuros é sempre bom ter alguém conhecido na monitoria de Hogwarts - Rony ria agora para Mione, segurando-lhe o queixo.
- Rony! - disse, contrariada. - Francamente! - ele a beijou, silenciando seus protestos.
Todos se despediram dos Weasley e dos Granger, atravessaram a barreira, para pegar o Expresso de Hogwarts. Harry ainda ouviu o Sr. Weasley.
- Harry, lembre do que eu te disse, filho - ele com certeza não se esqueceria.
Quando terminaram de colocar os malões no trem foram avisados de que os vagões para animais não poderia ser utilizado. Parece que estavam transportando algo muito grande lá mas não dava para ver de fora, as cortinas estavam completamente fechadas. Teriam que levar os animais nas próprias cabines. Harry pegou a gaiola de Edwiges, Rony a de Píchi e Mione pegou no colo seu gato, Bichento, que os pais haviam lhe trazido. Gina não estava mais com eles, tinha corrido para rever os colegas de turma e, provavelmente, só a veriam quando estivessem quase chegando em Hogwarts. Quando já tinham se acomodado nas cabines Mione foi chamada. O chefe dos monitores, um menino do sextoano, da Corvinal e amigo de Cho Chang, passaria para os outros monitores as tarefas que deveriam cumprir durante o ano. Harry esticou o pescoço para ver se Cho estava junto com o amigo mas não a viu.
Assim que Mione saiu os colegas de quarto de Harry e Rony, Neville Longbottom, Dino Thomas e Simas Finnigan, entraram na cabine.
- Olá Rony! Harry! - Simas parecia ansioso para contar algo para eles, mal havia cumprimentado os amigos. - Sabem que é um dos monitores? - ele nem deu tempo dos amigos tentarem um palpite. - Malfoy.
- O quê? - Harry e Rony perguntaram juntos.
- É sim - Neville concordou tristemente. - Agora sim, estou perdido - disse, o rosto contraído de preocupação. - Ele me odeia.
- Ora Nev - Dino tentou animar o amigo -, Malfoy odeia todo mundo. Por isso estamos todos na mesma.
- Não necessariamente, certo Rony? - agora Harry olhava, sorrindo maliciosamente, para o amigo. Sabiam de algo que os outros não sabiam.
- È sim, Harry, bem lembrado. Sabem meninos, quem também é monitora? - ele também não deu tempo para os amigos adivinharem. - A MINHA NAMORADA - Rony encheu a boca ao dizer isso.
- Quem? - perguntaram juntos os outros.
- Hermione - respondeu Harry, rindo, olhando de esguelha para Rony.
- Rony está namorando Hermione? - perguntavam os três.
Neville parecia um pouco despontado. Ele tinha uma quedinha por Mione, ela sempre o ajudava nas aulas e havia tentado convidá-la para o baile no ano anterior. Nesse minuto Mione entrou e tinha ouvido a última frase dos garotos.
- Isso mesmo! - respondeu, entrelaçando as mãos nas de Rony. - Dia 31 próximo fará dois meses - sem que eles percebessem Draco Malfoy estava parado à porta.
- Dois meses? Que bonitinho! - disse sarcasticamente. - É uma pena que permitam a mistura de sangue na nossa sociedade. Devia ser proibido - Rony olhava para ele com ódio. Já tinha pegado a varinha para lançar um feitiço mas foi Gina, que tinha voltado para a cabine, quem lançou o feitiço em Draco.
- Fortiore Ridere! - Draco começou a rir, com uma forte dor na barriga.
- Finite incantatem! - Mione, porém, rapidamente retirou o feitiço do garoto, antes mesmo que os amigos ficassem felizes com o feitiço perfeito de Gina. - Vocês não podem lançar feitiços em monitores. Mas... - ela continuou, antes que Draco saísse para denunciá-los. - Malfoy não podia também ter me ofendido. Então, como monitora, eu terminei a briga e adverti a todos. Então você não precisa mais ficar aqui Malfoy, e nem pode dar queixa de ninguém. Pode ir.
- Muito bem Granger. Aliás, muito bom, Weasley.
- Bom o quê? - Rony se manifestou, não tinha feito nem dito nada.
- Você não. Ela - Draco apontava para Gina. - Bom feitiço, Weasley, fiquei impressionado e eu nunca me impressiono. Então? Estou ou não aprendendo a tratar uma dama? - dizendo isso ele se retirou, deixando todos vermelhos de raiva e Gina de vergonha.
Alguns minutos depois, o Expresso de Hogwarts apitava sonoramente. Estavam quase chegando nos limites dos terrenos da escola. Agora os monitores deviam ajudar os alunos - principalmente os do primeiro ano - a se arrumar para a chegada na escola, a travessia de barcos e para a Cerimônia de Seleção, que ocorreria tradicionalmente no Salão Principal, assim que chegassem ao castelo. Um novo ano letivo começava novamente. E para Harry bendita era essa rotina.
