Capítulo Sete - Pequenas Mudanças Fazem Grande Diferença

Os alunos estavam todos muito animados aquela manhã, afinal era o início do ano letivo e, principalmente os que estavam ingressando em Hogwarts naquele ano, tinham um mundo inteiro novo pela frente. O Salão Principal já estava praticamente cheio de alunos quando Madame Hooch, sentada à mesa dos professore, levantou e resolveu se pronunciar.

- Bom dia! Um minuto da sua atenção, por favor - disse ela, séria, os olhos amarelos de pássaro passeando pelo Salão. Todos obedeceram. - Eu gostaria de dizer que o Campeonato de Quadribol deverá ser iniciado após a festa do Dia das Bruxas e, infelizmente, algumas casas estão com os times desfalcados - ela olhava tristemente agora para a mesa da Lufa-lufa, que tinha perdido um de seus jogadores. Cedrico Diggory, capitão do time, tinha sido assassinado no ano anterior. - Por isso vocês deverão organizar os times, selecionando novos capitães se for o caso e mesmo novos jogadores para os times que estejam com vagas. Você poderão dispor do campo de quadribol para a seleção de novos jogadores, basta reservá-lo comigo. Tão logo estejam escolhidos os times os treinos deverão ser iniciados, será feita uma escala de horários. Dumbledore faz questão que tenhamos um ótimo torneio esse ano. É só... Bom apetite e boas aulas.

Ela se sentou novamente. Tinha criado um grande rebuliço. Os alunos ainda não tinham pensado nisso, aliás não sabiam sequer que haveria o campeonato. Agora isso era mais uma questão a ser resolvida.

- O que você acha, Harry? - Jorge disse com incrível seriedade. - Vamos reunir o time para decidir quem é o novo capitão?

- Pode ser mas o que me preocupa mais no momento é a falta de um goleiro. Infelizmente, independente do time ter ou não capitão, nós perdemos nosso goleiro.

- É verdade - disse Fred. - Mas podemos falar com as meninas. Acho que a elas podem ter alguma idéia.

- Eu acho que seria justo nós colocarmos a vaga disponível e selecionarmos o melhor, assim teremos grande chance no campeonato. Eu andei pensando em várias táticas para o jogo durante a minha temporada na casa dos Dursley estas férias... - agora Harry falava animadamente e os gêmeos se entreolharam. Pensaram a mesma coisa e disseram juntos.

- Harry, eu acho que você devia ser o novo capitão do time - os dois riram e o amigo ficou surpreso.

- Ah! Rapazes, eu ainda sou o mais novo do time... Talvez fosse melhor um de vocês ou uma das meninas - tinha ficado sem graça, Rony se meteu na conversa.

- Harry, você já foi o mais novo apanhador do século, que mal há em ser o mais novo capitão do século? Francamente, você daria mesmo um ótimo capitão. Se eu fosse do time votaria em você - Rony não percebeu mas quando disse aquilo os olhos de Harry brilharam. Tinha tido uma idéia.

- Ok Rony. Eu aceito se as meninas concordarem e se você concordar em tentar a vaga para goleiro - Rony corou até as orelhas.

- Eu? Goleiro da Grifinória? - estava com os olhos arregalados e a boca aberta.

- Não Rony! Da Sonserina... - disse Gina, agora se metendo também no assunto dos garotos. Até mesmo Mione tinha parado de ler o livro "Interminável" para dar atenção à conversa dos outros.

- É, meu amor, você deveria tentar... Seria bom que você estivesse no time. Eu ficaria orgulhosa - ela sorriu e apertou a mão dele por baixo da mesa. Tinha sido como proferir a maldição Imperio. Ele aceitou na mesma hora.

- Ok! Eu vou tentar a vaga de goleiro. Agora vamos que as aulas já vão começar e eu estou louco para descobrir que história é essa de grupos de estudo.

Muitos alunos já tinham ido para as suas aulas e o Salão Principal já estava quase vazio. Gina tinha aula de Feitiços e Fred e Jorge de Transfiguração. Os outros três teriam a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e estavam muito animados, embora as aulas fossem junto com os sonserinos. Quando chegaram na sala todos já estavam sentados, sentaram-se então em uma bancada na primeira fileira. Arabella sorriu para eles e, para surpresa de todos, não os advertiu pelo atraso. Esperou que eles estivessem bem acomodados e começou a aula.

- Bom dia turma! - a turma respondeu com um fraco e desanimado "Bom dia professora Figg". - Eu primeiramente gostaria que vocês me chamassem de Arabella. Quero ser uma amiga para vocês, alguém com quem possam contar. Por isso vou dispensar as formalidades - Draco Malfoy deu um sorriso desdenhoso e disse, baixinho, para Crabbe e Goyle.

- Típico de uma amante de trouxas - os outros dois riram.

- Mas não quer dizer que eu dispense o respeito, educação e boas maneiras. Compreendeu, Sr. Malfoy? - Draco se sobressaltou. Como ela poderia ter ouvido?

- Compreendi professora - e sorriu da maneira mais forçada que pôde. Ela olhou seca para ele enquanto os grifinórios riam discretamente.

- Não me pareceu muito... Então estou descontando 5 pontos da Sonserina, apenas como aviso - ele ameaçou protestar mas diante do olhar de raiva dos colegas se calou. - A menos que o Sr. queira partilhar comigo e com o resto da turma o que dizia aos seus colegas enquanto eu tentava iniciar a aula - ele abaixou a cabeça, balançando-a negativamente. - Ótimo - ela sorriu. - Vamos começar a nossa primeira aula...

Harry sorria por dentro e por fora. Era como se Arabella fosse Snape só que ao contrário, já que protegia os grifinórios.

- Agora eu gostaria de esclarecer o motivo que me fez adotar um livro trouxa. Algum de vocês tem alguma idéia do que poderia me fazer adotá-lo? - Hermione ergueu a mão. - Sim, Srta. Granger? - ela sorria para Hermione.

- Foi por que a senhora queria desmistificar os trouxas, diminuindo os preconceitos? - era um palpite razoável.

- Sim e não, querida. Na verdade é preciso bem mais do que um livro, uma aula e muitos anos para destruir um preconceito. Preconceitos podem ser mais fortes e piores do que muitas maldições imperdoáveis - Draco ensaiou fazer uma careta mas ela, mesmo de costas, pareceu perceber. - O Sr. Malfoy gostaria de arriscar um palpite, pois não... - ela olhava incisivamente para ele agora. Draco nunca tinha sido tão massacrado em uma sala de aula.

- Eu, é... Digo... Eu... - ele corou profundamente e Malfoy raramente, senão nunca, corava.

- Bem, diante da sua articulação eu vou esclarecer. Na realidade eu realmente gostaria de amenizar os preconceitos contra os trouxas, como a Srta. Granger brilhantemente deduziu. Aliás, 10 pontos para Grifinória por isso - Mione sorriu para Rony e Harry. - Mas, mais do que isso, eu quero deixar claro para vocês que não são apenas os bruxos que têm talentos mágicos. Há trouxas que conseguem manter grande contato místico de formas diferentes que não mágica. É isso que eu quero mostrar com este livro - Hermione levantou a mão.

- Mas Arabella, como isso será possível? Nem todos têm conhecimento suficiente sobre o mundo trouxa.

- Ótima pergunta, querida, mas é aí que os grupos de estudo entram. Eles são para aumentar a integração entre os alunos. Reunirão alunos de turmas, casas e talentos diferentes. Assim, cada um poderá dividir com os outros, ensinando e aprendendo coisas novas, com base nas próprias experiências. Quem é descendente de trouxas poderá compartilhar com os outros.

- Caramba, meu pai adoraria isso - Rony deixou escapar sem querer o comentário.

- Garanto que sim, Sr. Weasley. Ele está a par disso, foi, aliás, uma idéia dele e de Alastor. Excelente homem Arthur - Rony corou de orgulho do pai. - Bem, queridos, gostaria que vocês fizessem uma breve leitura do livro e que, na próxima aula, já tivessem lido o primeiro capítulo. É uma leitura difícil, eu sei, mas será fascinante, garanto. Vou adiantar algo a vocês para ajudar. É um livro que se utiliza de metáforas para profetizar acontecimentos marcantes do mundo trouxa de vários séculos. Quero que vocês enxerguem isso como uma forma de prevenir acontecimentos, uma forma de ter uma previsão do futuro - a turma fez um silêncio sepulcral. - Por favor, não se assustem com isso. Há várias formas de se prever o futuro, algumas não muito ortodoxas - Harry riu para Rony, sabia que ela se referia às maluquices da professora de Adivinhação. - Mas há formas genuínas e deveras interessantes. E quero que vocês tenham isso em mente quando forem ler. Há diversas formas de se ter uma previsão. Ela pode ser algo simples, como um sonho, ou complexa como uma visão. Por hoje é só, queridos.

Ela liberou a turma mais cedo, não tinha sentido ficarem ali já que as aulas seriam baseadas na leitura do livro e só teriam começado na aula seguinte. Todos se retiraram rapidamente, principalmente os sonserinos, que odiaram a professora e a aula. Mas Mione ainda se deteve na sala. Gostaria de esclarecer algumas dúvidas com a professora Figg. Harry e Rony a estavam esperando do lado de fora.

- Arabella, eu posso fazer alguma perguntas? - ela parecia confusa.

- É claro, querida.

- Em relação a estas formas de previsão, sonhos, visões... Será que a senhora teria algum livro que eu pudesse ler, sabe, como exemplo - Arabella sorriu.

- Você é muito interessada, Hermione. Muito bem querida. Vou lhe emprestar uma caderneta de anotações minha. Nesta caderneta tem várias informações que podem te ajudar a entender melhor esse assunto. Espero que minha letra não seja difícil de você entender - ela mostrou a caligrafia para Mione, abrindo o livrinho.

- Ah! Arabella, a sua caligrafia é ótima. Já viu a do Hagrid? - as duas riram e Mione saiu satisfeita com a caderneta debaixo do braço. Ela aproveitaria que a aula tinha acabado mais cedo e leria um pouco na sala comunal. Os dois meninos a estavam esperando do lado de fora.

- Mione! Não acredito que você já foi arranjar mais um livro para ler - Rony ficava cada vez mais impressionado com a ânsia de conhecimento da namorada.

- Ah! Rony, eu acho que pode ajudar o Harry. Ele fica tendo esses sonhos estranhos... Pode ser um começo. Talvez eu não precise ir à biblioteca.

- Hey! Eu não fico tendo esses sonhos estranhos. Eu tive um, um. E depois, eu não acho que seja previsão de nada... - ele foi interrompido por Fred e Jorge, que vinham correndo.

- Harry! Ainda bem que a sua aula acabou mais cedo - disse Jorge. - McGonagall nos liberou para reunir o time.

- Temos que decidir direitinho o capitão e o goleiro. As meninas já estão nos aguardando no campo - continuou Fred.

Harry olhou para Rony e Hermione. Ela então falou, antes que pudessem dizer outra coisa.

- Vão logo! E Rony, vá também. Algo me diz que você vai fazer parte do time - ela deu um rápido beijo nos lábios do namorado, que ficou com as orelhas púrpuras. - Boa sorte - e saiu, estava ansiosa para ir até a sala comunal, desfrutar do livro de Arabella.

Enquanto isso os meninos correram para o campo de quadribol. Quando chegaram lá Angelina, Alicia e Katie já os aguardavam. Junto com elas três outros meninos da Grifinória, dois do sétimo ano e um do sexto. Tentariam a vaga de goleiro. Rony ficou branco de medo. Era mais alto que os três mas bem menos forte. Estava começando a achar que tinha sido um grande erro acreditar que poderia entrar para o time. Mas então lembrou da namorada, sorrindo confiante para ele, e resolveu se dar uma chance.

Antes de começar a testar os goleiros deveriam decidir quem era o capitão novo. Fred chamou os outros cinco para perto, deixando Rony e os outros três garotos de fora.

- Bem, vamos decidir logo o novo capitão. Eu e o Jorge sugerimos o Harry. Ele topa se vocês, meninas concordarem - Fred era realmente muito prático para o gosto de Harry, que estava absolutamente encabulado agora. As meninas se entreolharam.

- Eu acho que está ótimo. Creio que não há melhor escolha. Era o que o Olívio gostaria, Harry. Ele confiava muito em você. E nós também - Angelina disse, ele sorriu para elas.

- Obrigado pela confiança, gente. Bem, então agora vamos escolher esse goleiro e começar a treinar. Vamos ganhar este campeonato... - todos riram.

- É isso aí, capitão - disseram os gêmeos juntos.

Chamaram os quatro meninos para fazer o teste. Seria uma melhor de três. Cada uma das artilheiras arremessaria um lance livre para cada um. Aquele que agarrasse mais venceria. Se houvesse empate os lances seriam repetidos. As três meninas subiram nas vassouras e deram algumas voltas no campo para se aquecer.

O primeiro dos pretensos goleiros foi para a frente dos aros e começaram os lances livres. Angelina lançou e ele agarrou. Depois Katie e ela fez o ponto. Por fim, Alicia lançou e ele defendeu. O segundo rapaz, o menino do sexto ano, perdeu duas defesas e logo já estava desclassificado. O outro menino do sétimo ano perdeu os três lances. Então só faltava Rony. Ele empatou com o primeiro rapaz. A decisão ficaria entre os dois. Harry estava animado. Torcia discretamente pelo amigo.

Novos lances foram repetidos, incansavelmente. Após uma sucessão de empates entre os dois, Fred e Jorge tiveram uma idéia.

- Vamos simular um jogo mas sem o pomo, nós vamos trabalhar com os balaços, defendendo as meninas e os dois goleiros. Elas devem tentar fazer gols dos dois lados. Quem tiver defendido mais ao final de meia hora ganha.

Todos concordaram. Estava ficando extremamente chato e cansativo o esquema de lances livres. Os dois meninos eram igualmente bons goleiros mas Rony tinha mais preparo, pois era mais leve e magro que o outro. Podia suportar melhor uma partida mais longa e, evidentemente, ao final da meia hora tinha defendido todos os arremessos das garotas. Harry levantou a mão, indicando que o jogo terminava.

- Acabou! Rony, você é o novo goleiro da Grifinória! - ele ria descaradamente agora para o amigo.

- É isso aí maninho! - os gêmeos também estavam felizes. E mesmo as meninas. O outro menino não ficou muito aborrecido, afinal Rony tinha ganhado merecidamente e uma vez que a Grifinória ganhasse o campeonato ele ficaria feliz.

- Parabéns Weasley. Vitória merecida - disse.

- Obrigado! Você jogou muito bem! - o menino saiu.

Harry se aproximou para cumprimentá-lo.

- Muito bom, Rony! Eu sabia! Tinha que ser você...

- Eu mal posso esperar para contar para a Mione... Acho que eu poderia levantar ela no colo de tão feliz que eu estou.

- Você deveria tomar um banho primeiro. Ela não ia gostar de ficar cheirando como um gambá - ele riu, implicando com o amigo.

- Ah, Harry! - eles foram saindo. Todos estavam muito cansados. Quando estavam já fora do campo, Harry viu que alguns alunos se aproximavam. Era o time da Corvinal.

- Olá pessoal! Olá Harry! - era Cho, era a capitã do time, e estava chegando no campo para iniciar a seleção de dois novos artilheiros.

O garoto corou mas conseguiu responder desta vez.

- Olá Cho! Bom treino pra vocês.

- Você é o novo capitão?

- Sou sim, por quê? - ele estava cada vez mais sem graça mas também curioso. Onde ela estava querendo chegar com aquela conversa?

- Por nada - ela sorriu, ficou em silêncio por alguns instantes, deixando Harry desconsertado. - Gostei que tivesse sido você - disse, piscando, e subindo na vassoura para reunir o resto do time. Harry ficou sem fala. O resto do time da Grifinória já estava no vestiário e ele os acompanhou.

Rony estava ansioso para se arrumar. Queria estar o mais rápido possível na sala comunal, para contar a novidade para Hermione. E Harry agora estava literalmente anestesiado pela conversa que tinha tido com Cho. Ela nunca tinha agido daquela forma com ele. Os dois se arrumaram rapidamente e correram para o castelo. Queriam estar antes do almoço na sala comunal.

Assim que passaram pela Mulher Gorda, Mione se levantou. Ela lançou um olhar para Rony, que fez a maior cara de derrotado que seu cinismo permitiu.

Harry não precisava nem mesmo fingir choque. A rápida conversa com Cho tinha sido o suficiente para tirá-lo de órbita. Mione encarou o namorado e sorriu. Ele então ficou com dúvida estampada no rosto:

- Eu sabia que você ia conseguir! - disse ela, correndo para abraçá-lo.

- Como você descobriu? - ele estava confuso. - Eu estava tentando te enganar e...

- Suas orelhas - disse rapidamente.

- Ahn? - o garoto arregalou os olhos e abriu a boca, espantado.

- Suas orelhas, Rony. Elas ficam vermelhas quando você está nervoso. E elas parecem bem normais - disse, fazendo cócegas nas orelhas do namorado.

- Nossa! É tão fácil me interpretar assim? - ela sorriu.

- Só para quem te conhece bem, meu amor - ele a achava adorável daquele jeito, segura de si. - Não é, Harry? - ela agora se dirigia ao amigo, que não respondeu. - Harry? - ele continuou calado, em silêncio. - TERRA CHAMANDO HARRY POTTER! - ela gritou, tentando chamar a atenção do amigo, que finalmente a olhou, saindo do transe.

- Ahn? Ah! Sim, Mione, é sim... - ele não parecia ter idéia do que ela falava mas quando Hermione ficava histérica daquele jeito o remédio era concordar.

- Nossa, Harry, você nem sabe do que eu estou falando... Em que mundo você estava? - Rony então respondeu antes que o amigo pudesse dizer outra coisa.

- Não é em que mundo mas onde. Ele ainda está no campo de quadribol... Ficou lá, junto com a apanhadora da Corvinal - disse alto essa parte. Alto o suficiente para que Gina, que tinha acabado de entrar na sala comunal, pudesse ouvir. A menina abaixou a cabeça, tentando disfarçar a tristeza, e Rony continuou.

- Shhhh! - disse Harry, pedindo silêncio. Era tímido com essas coisas.

- Ah, Harry! Deixa de cerimônia... Desta vez o articulado aqui se deu bem, a garota até piscou para ele. Ou você pensa que eu não vi? - disse, dirigindo-se ao amigo. - Pelo jeito daqui a pouco não serei só eu com uma namorada por aqui... - aquela tinha sido a gota d'água para Gina e Mione.

- Rony! - Mione estava ficando realmente furiosa. Tinha visto com o canto do olho Gina subindo correndo as escadas do dormitório. Ela percebeu que a amiga tinha lágrimas nos olhos. Finalmente Rony calou a boca quando o resto dos colegas do quinto ano foi lhe dar os parabéns pela vaga no time.

Mione subiu as escadas discretamente. Sabia que Gina não estava bem. Pensou que poderia ajudá-la. Bateu de levinho na porta do quarto da amiga.

- Um momento... Entre - ela ouviu a amiga dizer com a voz fanhosa de choro.

- Gina? Você está bem? - disse, aproximando-se da amiga, que estava deitada de bruços na cama e agora tinha se sentado.

- Ah! Mione... - ela abraçou a amiga, soluçando. Mione não sabia muito bem o que fazer, apenas a confortou. Sabia que ela não queria conversar sobre o assunto naquele instante mas ficaria ali o tempo que precisasse.

Sofrer por amor era algo que ela mesma já tinha experimentado em relação a Rony diversas vezes até o garoto se decidir. Ficou bastante tempo ali com Gina. Não tinha idéia de que o que ela sentia por Harry fosse tão forte. Achava que era mais uma quedinha infantil. Mas ali, diante dela, via sofrer não uma criança mas uma jovem. Aquelas lágrimas não eram por causa de uma paixonite qualquer, Hermione percebia agora. Eram o sofrimento de quem ama de verdade.

Não desceram para almoçar. Hermione aproveitou que Gina dormiu após chorar por alguns minutos e foi para a biblioteca, pesquisar sobre o sonho de Harry antes das aulas da tarde. O próprio caderninho da Sra. Figg tinha sido muito útil. Os meninos, por sua vez, estavam tão entretidos com toda aquela conversa sobre quadribol que nem estranharam a ausência delas na mesa do almoço.