Uma semana depois do Halloween os alunos já estavam em total rebuliço. O campeonato de quadribol teria o seu início na sexta-feira á tarde. O jogo de abertura seria Lufa-Lufa versus Corvinal e, por conta disso, não teriam aulas nesse horário. Então os alunos que tinham o grupo de estudo coincidindo com a hora do jogo dividiriam o horário da manhã com os colegas do turno. Seria a primeira vez que o grupo de Rony estaria junto com o de Harry na biblioteca.
Rony não estava nem um pouco animado em dividir a mesa com Draco Malfoy mas, de qualquer forma, Hermione, Harry e Gina estariam ali. Ele foi o último a chegar e quando se sentou ficou espantado de não receber nenhum comentário maldoso de Draco como boas-vindas.
Os amigos já estavam lendo um pergaminho sobre poções, muito complicado, que Snape tinha feito questão que fosse resumido por cada aluno. Mesmo os alunos do quarto e sexto ano tinham recebido a tarefa e Gina estava particularmente enrolada. Poções era a matéria que ela mais odiava, mesmo porque o professor Snape parecia ter por ela a mesma fixação sádica que tinha por Harry Potter. Ele implicava com a menina o máximo possível. Ela já tinha chorado muito por conta disso e por isso era tão difícil suportar a matéria.
Gina estava resumindo o pergaminho e Draco pareceu desviar o olhar do que estava fazendo para observar o que ela escrevia. Ele ficou olhando por um tempo até que ela percebeu e, sem tirar os olhos do papel e continuando a escrever, apenas disse.
- Malfoy, você quer parar com isso! - os outros, distraídos pela tarefa, levantaram os olhos. Os lábios de Rony se crisparam e Hermione segurou os joelhos do namorado debaixo da mesa. Antes que alguém dissesse algo Harry falou.
- O que você está fazendo com ela, Malfoy? - ele olhou com frieza dentro dos olhos cinzentos de Draco.
- Isso não te diz respeito, Potter - e se voltou para Gina, ignorando-o. A menina não esboçou nenhuma reação.
- Mas diz respeito a mim, Malfoy! Ela é minha irmã - Hermione agora não tinha conseguido manter o namorado quieto. Malfoy abriu a boca para responder mas Gina o interrompeu.
- Não Rony! Não diz, não... Eu não sou mais nenhum bebê. Eu posso cuidar dos meus próprios assuntos - Draco sorriu maliciosamente.
- Podia dormir sem essa, hein Weasley? - Gina se voltou para ele, com raiva nos olhos e a expressão de triunfo esmaeceu dos seus olhos. Ele disse, baixo, de modo que apenas Gina escutasse. - O que você está escrevendo... É muito bom mas está errado - ela fez uma expressão de curiosidade.
- Era por isso que você estava encarando? - disse baixinho também. Os outros, ainda incomodados, tinham se entreolhado e voltavam a ler.
Cho tinha sido a única a não manifestar qualquer reação, aquilo tudo era para ela uma grande besteira. Neville, por sua vez, estava rezando para aquilo acabar, só de estar no mesmo recinto que Malfoy tinha arrepios na espinha. Draco virou os olhos e sacudiu a cabeça.
- O que você achou que eu estava olhando, Weasley? - a menina ficou corada. - Se eu te ajudar na sua tarefa ganho pontos para Sonserina e você, se fizer corretamente, não perde pontos para Grifinória. Entendeu agora? - continuavam praticamente sussurrando e os outros não ouviam uma só palavra.
Rony já estava começando a ficar irritado. Hermione lançava olhares a Harry, pedindo socorro. Ela sabia que a qualquer minuto Rony explodiria, suas orelhas estavam quase roxas.
- Está bem então, Malfoy. O que está errado aqui? - ela tinha entregado a pena na mão de Draco e ele circulou algumas palavras que a menina escrevera de forma incorreta.
- Snape não gosta de determinadas palavras. Ele é cheio de manias. Viu? Pronto, agora ele vai te dar uma nota decente - a menina olhou dentro de seus olhos e, pela primeira vez, sorriu para ele da forma que alguém sorri para um amigo.
- Obrigada! Eu não vou esquecer isso - o menino ficou desconcertado.
- Eu... Eu... Foi... Só por causa dos pontos - ela sorriu de novo.
Ele estava ficando incomodado. Não queria que ela percebesse que a achava muito bonita. E devia se ater apenas à ordem de seu pai. Deveria evitar que Virgínia Weasley se envolvesse com Harry Potter, a qualquer custo. Ela virou o rosto e sussurrou, voltando à sua tarefa.
- Se você quiser eu te ajudo com Herbologia. É a minha matéria preferida - Draco sorriu, de modo sinistro, sem olhar para a menina.
- Se eu precisar...
- QUER PARAR DE FINGIR QUE É AMIGO DA MINHA IRMÃ? – Rony berrou, levantando-se da mesa.
Harry e Hermione se olharam e ela apenas olhou para baixo, balançando a cabeça.
- Rony! - disse Harry, vendo que Madame Pince se aproximava.
- Rony! – Gina também disse mas o irmão ainda estava de pé, tinha tirado a varinha de dentro do bolso e agora estava apontando para o meio da cara de Malfoy.
- Agora chega! - disse Hermione, sacando a própria varinha. - Expelliarmus! - disse, arrancado a varinha da mão do namorado, fazendo-o cair sentado no chão. O namorado olhou com raiva para ela. Madame Pince tinha acabado de chegar na mesa. Ela olhou de Rony, no chão, para Hermione.
- O que está havendo aqui? Srta. Granger, Sr. Malfoy, uma mesa com dois monitores deveria ser a mais bem comportada - ela olhou para Draco, que tinha a expressão monótona.
- Madame Pince - disse calmamente -, nós estávamos demonstrando um feitiço. Não é o que a Sra. está pensando. A Sra. acha que dois monitores não têm mais o que fazer do que causar balbúrdia na biblioteca da escola? - a mulher ficou intrigada.
- Mas eu ouvi gritos. Devem fazer silêncio aqui. Eu adverti a Srta. Granger.
- Madame Pince - agora Hermione tinha conseguido falar -, são os ânimos exaltados, sabe? Daqui a pouco é o início do campeonato de quadribol. Nós estamos empolgados é só... - ela olhou friamente para todos e resolveu relevar.
- Só desta vez, só por que está no fim do período de estudo e logo começará o jogo - ela se retirou.
Rony olhou com raiva para Hermione e saiu pisando firme. Ela olhou para Harry mas ele ainda estava tão chocado quanto os outros, Hermione então foi atrás de Rony.
Draco ainda ficou ali, sentado, enquanto os outros se afastavam. Quando finalmente ficou sozinho deu uma gargalhada. Ele nunca esqueceria a cena da varinha de Rony voando para as mãos de Hermione e o menino caindo de susto, sentado no chão.
Hermione alcançou Rony mas ele sequer a olhava. Eles entraram na sala comunal, ela o segurou pelo ombro.
- Rony! Não faça isso comigo! - ele a olhou ainda com raiva.
- Você devia ter pensado nisso antes de me fazer passar por idiota na frente de todo mundo.
- O que você queria que eu fizesse? Eu sou monitora, Rony! Tenho que manter a ordem - ele ficou indignado e começou a gritar.
- ORDEM? ORDEM? ISSO INCLUI ESTUPORAR OS AMIGOS? PIOR, O NAMORADO? - estava tão vermelho que parecia que explodiria, as veias saltavam da testa. Ela continuou a falar baixinho.
- Primeiro: eu não te estuporei, desarmei. Segundo: nós acabaríamos perdendo muitos pontos para Grifinória se eu deixasse você lançar um feitiço no Malfoy. Terceiro... - parou de falar, tinha os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada. - Eu não queria que o Malfoy machucasse você. Sei que ele seria capaz disso e eu não suportaria - agora chorava com vontade, soluçando. - Eu te amo! Me desculpe - ela subiu correndo as escadas e não deu tempo do menino dizer mais nada.
Rony tinha entendido os motivos de Hermione. Ficou esperando que ela descesse mas estava quase na hora do início do jogo e Harry teve que ir. Ele tinha, como capitão, a obrigação de assistir a todas as partidas para poder montar as estratégias de jogo.
- Rony, eu ficaria aqui com você, você sabe... – o amigo estava arrasado por conta da briga. - Você tem certeza de que não vai assistir ao jogo?
- Tenho Harry. Eu quero ficar aqui, para quando ela descer - o amigo concordou com a cabeça e ele então ficou sozinho na sala comunal.
Rony viu quando o resto dos alunos desceu, Gina e as outras meninas do quarto ano inclusive.
- O dormitório está vazio agora? - Gina sacudiu a cabeça positivamente. - Ela está lá sozinha? – a irmã repetiu o gesto. - Chorando? - ela fez o mesmo de novo.
Rony se sentiu um perfeito patife. Gina então se retirou com as outras meninas para assistir o jogo, Mione tinha pedido para ficar sozinha. Agora só restava Rony e Hermione na Torre da Grifinória. Ele ainda ficou alguns minutos sentado no sofá, pensativo. Então tomou coragem e se levantou. Subiu as escadas que levavam ao dormitório das meninas. Pôde escutar os soluços de Hermione do lado de fora e se sentiu ainda pior. Abriu a porta sem que ela percebesse e viu que a namorada estava debruçada na janela, olhando tristemente para o campo de quadribol. Estava falando sozinha, a voz fanhosa.
- Pronto, Hermione Granger! Você conseguiu – Rony ainda estava só observando. - Você conseguiu estragar a coisa mais importante da sua vida, sua idiota. Agora olhe para ele de longe. Ele lá e você aqui. Esta vai ser a menor distância entre vocês, agora. Graças a você... - ela ainda chorava quando ele a abraçou por trás.
- Quem falou que essa vai ser a menor distância entre nós? - ela deu um berro mas logo se virou para ele, retribuindo o abraço.
- Rony! Você está aqui... Mas eu pensei... - disse, fungando. Rony permaneceu agarrado à sua cintura.
- Você pensa demais. Acaba pensando errado... Essa vai ser a maior distância entre nós - disse, referindo-se ao abraço. - Você vai precisar lançar muitas maldições imperdoáveis em mim para se ver livre deste cabeça dura ruivo aqui - disse, sorrindo.
- Ah Rony! Eu tive tanto medo de perder você... - ela estava abraçada fortemente a ele. Podiam ouvir os gritos vindos do campo de quadribol. Parecia que a Corvinal estava realmente levando a melhor.
- Mione, eu te amo, você nunca vai me perder... Ponha isso na sua cabeça - ele riu. - Quer que eu anote para você? - ele fez cócegas na namorada, que riu.
- Não, a sua palavra basta mas eu não me importo de receber cartas de amor. Sabe, poesia é uma coisa... - ele a interrompeu.
- Mione, essa é a parte em que a gente cala a boca e se beija.
Colaram os lábios um no outro e deram o beijo mais apaixonado da vida deles. Quando já estavam perdendo o fôlego ouviram uma grande gritaria lá embaixo. De mãos dadas, foram até a janela e Rony ficou abraçado a ela, Hermione estava com as costas apoiadas em seu peito e ficaram olhando para fora. Os jogadores montados nas vassouras pareciam os bonequinhos em miniatura que Rony tinha dado de presente de aniversário para Harry. O pôr-do-sol iluminava o campo e o quarto com uma luz dourado alaranjada e o lago parecia feito de ouro puro, cintilando. Ele a apertou pela cintura e ela colocou os braços por cima dos dele. Estavam bem juntinhos e Rony podia sentir o perfume dos cabelos dela. Hermione se recostou ainda mais nele, colando o rosto no dele. Então ouviram o apito de Madame Hooch soar. Era o final do jogo. Corvinal havia ganhado, Cho Chang apanhara o pomo de ouro.
- É lindo! - ela disse.
- O sol se pondo?
- Não! - ela se virou para ele, sorrindo. - Você! - e lhe deu outro beijo.
Desceram para a sala comunal, esperar pelos amigos. Queriam saber como tinha sido o jogo. Em pouco tempo a sala estava repleta de alunos muito animados. O jogo tinha sido muito bom. Harry chegou logo e Gina também, tinham ficado preocupados por deixar Rony e Hermione daquele jeito. Entreolharam-se, sorrindo aliviados, quando viram as mãos de Rony entrelaçadas nas de Mione e ficaram bem mais tranqüilos. Aproximaram-se dos amigos para poder contar como tinha sido o jogo.
- Foi um excelente jogo, Rony! - disse Harry, entusiasmado.
- É mesmo - concordou Gina. Os dois times jogaram muito bem mas Corvinal acabou ganhando. Estava tentando esconder uma pontinha de decepção, tinha torcido por Lufa-Lufa. Mas Harry, obviamente, não.
- Foi incrível quando a Cho apanhou o pomo - ele continuou. Hermione olhou para Gina, que abaixou os olhos. - Não foi Gina? - ela apenas concordou com a cabeça. E Hermione, percebendo a situação, mudou de assunto.
- E agora Harry? Qual vai ser a estratégia do time? Vamos enfrentar a Sonserina, não é?
- Dentro de seis semanas. Teremos algum tempo para treinar, Rony, mas vamos ter que reservar logo o campo. É melhor que os treinos sejam sempre de manhã, bem cedo.
- Agora você está começando a falar como um capitão. Parece que estou olhando pro Olívio – riram e desceram para jantar.
O Salão Principal estava lotado e quase todos estavam já acomodados quando o time da Corvinal entrou, sendo muito aplaudido pelos componentes da casa e Gina reparou que a apanhadora trocou um olhar com Harry, que corou. Antes de se sentar à mesa, Cho Chang foi até a mesa da Grifinória e disse, no ouvido de Harry, após apertar sua mão.
- Espero que você vença o próximo jogo. Vou adorar jogar a final com você - o menino ficou mudo e ela saiu como se não tivesse dito nada demais.
Gina tinha as orelhas púrpuras de raiva. Ela estava, como qualquer Weasley, irada. Hermione tinha ficado impressionada com a ousadia da capitã da Corvinal. Nunca imaginaria que a menina pudesse se expor daquela forma, na frente de todo mundo. Gina estava com tanta raiva e ciúme que praticamente esfaqueava a carne de seu prato, triturando-a com a faca. Permaneceu calada até o final da refeição. Principalmente quando Rony recomeçou a dar conselhos amorosos para Harry.
- Eu acho que agora ela está no papo, Harry - Mione lhe deu um beliscão por debaixo da mesa.
- Hey! Que foi? - ela estava impressionada com a falta de tato do namorado. Será que ele não se tocaria nunca que o que sua irmã sentia por Harry era bem mais do que admiração infantil?
Gina agora estava com o olhar perdido, calada. Parecia em outro mundo, as vozes dos amigos estavam distantes, como se estivesse no fundo de uma piscina. Ficou com os olhos vagando pelas mesas, observando as pessoas, e de repente seu olhar se cruzou com o de alguém. Draco Malfoy estava olhando exatamente para ela. Ela gelou. Sentiu-se incomodada, invadida. Ele continuou encarando a menina com o olhar cinzento e frio, penetrante, como se pudesse adivinhar seus pensamentos mais secretos. Não suportaria aquele olhar por muito tempo e então desviou os olhos. Ele sorriu maliciosamente com o canto da boca.
Quando o jantar terminou subiram para a Torre, para dormir. Estavam muito cansados e o dia tinha sido muito cheio. As meninas ainda ficaram conversando um pouco no quarto de Hermione, antes de Gina ir para o seu, dormir.
- Ah Mione! Você viu só o que aconteceu?
- É, foi realmente péssimo. E o Rony também... Ele devia parar de achar que tem que empurrar o Harry para essa garota. Eu acho que eu vou falar com ele...
- Não! - Gina pediu, quase implorando. - Se você falar ele pode desconfiar. Eu não quero que ele saiba dos meus sentimentos. Eu acho que ele ficaria com ciúme de irmão e acabar fazendo alguma bobagem.
- Você acha, Gina? Mas o Harry é o melhor amigo dele...
- Mas eu sou sua única irmã. A caçula de sete filhos. Eu não gostaria também de ver Fred e Jorge mandando Bombas de Bosta para o Harry - Mione riu.
- Mas o Rony apoiaria, você não acha?
- Não sei Mione, meu irmão às vezes me surpreende. Mas eu acho que talvez ele apoiasse... Mas para que discutir isso, isso nunca vai acontecer mesmo. Eu vou dormir agora, boa noite Mione - ela saiu do quarto, deixando a amiga muito preocupada. Hermione sabia o quanto Gina sofria com aquilo.
Enquanto isso os meninos já estavam dormindo há algum tempo e então, como da primeira vez, Harry começou a sonhar. Estava sentindo de novo a estranha leveza no corpo. Pôde se ver deitado na cama e sentiu o chão lhe fugindo aos pés. Novamente o túnel se mostrou à sua frente, com uma pequena luz, lá no fundo. Ele foi flutuando até a extremidade e lá, bem no final, encontrou novamente Colin, que sorria e agora apontava para os ouvidos. Harry então, sem entender nada, tentou falar, só que desta vez conseguiu.
- O que você disse? - perguntou para Colin e se espantou por conseguir ouvir a própria voz.
- Eu disse que agora nós poderemos nos ouvir – ele sorriu.
- Onde nós estamos?
- Em Érevan!
- Onde? - Harry nunca tinha ouvido falar naquilo.
- É uma dimensão paralela. É para onde nós vamos algum tempo depois de morrermos.
- Então... Isso é real? – Harry estava abismado.
- Pra mim sim. É a minha realidade agora mas para você é como um sonho. Você apenas entrou em uma passagem para cá.
- Você está bem?
- Sim mas eu sinto falta de estar vivo ainda - fez uma expressão triste.
- Da outra vez eu não te ouvi. Por quê?
- Você teve medo e o seu medo os atraiu para nós.
- Quem? - Harry se lembrou. - Os encapuzados?
- É. Eles são atraídos por sentimentos inferiores, como medo, ódio.
- Eles te machucaram?
- Não, eles não podem fazer isso aqui. Eles apenas me deteram por um tempo.
- Por quê você não é um fantasma?
- Só viram fantasmas aqueles que tiveram uma existência vazia e infeliz. Ainda que eu tenha vivido pouco, era feliz.
- Você está sozinho?
- Não. Eu tenho companhia aqui - ele apontou para longe e Harry pôde perceber outros vultos. Um deles parecia estar se aproximando, cada vez mais. Harry começou a ficar receoso. Estavam bem perto agora.
- Não tenha medo - ele ouviu uma voz diferente dizer e reconheceu. Era Cedrico.
- Você? - Harry estava espantado.
- Sim, eu também estou aqui, muitos outros...
- Outros? - Harry fez uma expressão curiosa.
- Eles não estão aqui, Harry - parecia que tinha adivinhado os pensamentos do menino. - Seus pais alcançaram outra existência, superior.
- Eu não entendo por que eu vim parar aqui.
- Você realmente não deveria estar aqui - disse Colin.
- Mas já que está, eu tenho que te pedir. Cuide dela - Harry sabia que ele se referia a Cho. - Eu a amo muito. Você vai fazer isso?
Aquilo começou a fazer com que Harry se sentisse mal. O que podia responder ao menino? Começou a ficar com medo. Na mesma hora viu os vultos negros se aproximando e novamente seguraram os dois meninos.
Ficou olhando para eles e sentiu novamente a sensação de vertigem, só que desta vez foi bem pior. Era como se estivesse caindo de um abismo, de cabeça para baixo. Não tinha como parar e sentia que a qualquer momento se chocaria contra alguma superfície. Sentiu o sangue todo ir parar na cabeça, que começou a latejar. Não conseguia gritar e nem respirar. Quando finalmente a sensação parou ele bateu violentamente na cama e o barulho acordou todo o dormitório.
Os meninos ficaram olhando para Harry, que mesmo estando suado e ofegante disse que tinha caído da cama. Rony olhou para ele e o amigo fez um gesto com a cabeça, indicando que deveriam descer. Ele colocou a capa de invisibilidade debaixo do braço, o mapa do maroto no bolso e desceu as escadas, seguido por um Rony muito sonolento.
