Quando chegaram lá embaixo Harry disse que tinha tido outra experiência fora do corpo e que aquilo estava se tornando insuportável. A volta era como morrer só que ao contrário.
- Lembra no ano passado, a poção para dormir e não sonhar que me deram?
- Lembro.
- Eu vou precisar tomar de novo. Assim não vai acontecer isso de novo comigo - Rony concordou.
- E para quê você trouxe a capa e o mapa?
- Vamos chamar Hermione. Ela deve saber como preparar a poção.
- Ahn? Agora? No meio da noite? - Harry apenas olhou para o amigo. – 'Tá bem, 'tá bem... Caramba, por que nós temos que resolver tudo sempre no meio da noite, não podemos esperar clarear como pessoas normais?
- Rony! Ela pode precisar pegar algum ingrediente e a capa também vai ser útil.
Rony então se cobriu com a capa e foi até o quarto da namorada. Acordou-a com carinho para não a assustar e fez com que ela entrasse debaixo da capa. Em alguns segundos estavam na sala comunal, com Harry. Depois de explicar toda a situação Hermione deu uma sugestão.
- Gina - os meninos se entreolharam e Mione continuou. - Ela adora Herbologia e vai saber reconhecer as plantas no escuro melhor do que eu. E depois, temos que apanhar a receita da poção na enfermaria, Madame Pomfrey é que tem acesso aos livros de magia curativa.
- Tudo bem Mione - disse Harry. - Veste a capa e desce com a Gina aqui. Temos que resolver tudo bem rápido. Eu e Rony vamos na enfermaria e trazemos a receita. E depois você vai com a Gina... - Rony o interrompeu.
- Não Harry. Eu não quero a minha irmã e a minha namorada andando sozinhas por aí. Nós vamos com elas.
- Rony, minha capa não é tão grande, só dá dois de nós, três se nos encolhermos - Mione estava pensativa.
- Harry, eu vou chamar a Gina. Quando ela descer vocês dois esperam aqui. Eu e o Rony buscamos a receita na enfermaria. Depois você e a Gina vão até a estufa número três para buscar os ingredientes. Amanhã eu preparo a poção com a Gina no banheiro da Murta que Geme - o plano parecia razoável e Harry e Rony concordaram com a cabeça.
Mione subiu as escadas e em alguns segundos Gina descia com ela, esfregando os olhos. Harry entregou o mapa a Rony e jogou a capa por cima dele e de Mione, que saíram pelo buraco do retrato e, guiando-se pelo mapa, evitaram que fossem descobertos.
Foi muito fácil buscar a receita. Mas mesmo assim estavam bastante empolgados, era a primeira vez que se aventuravam sem Harry. Em poucos minutos estavam de volta à sala comunal. Tinham dado o nome da planta que deveriam trazer. Agora era a vez de Gina e de Harry.
Rony devolveu o mapa ao amigo e colocou a capa por cima deles. Deu um beijinho na bochecha de Gina e recomendou.
- Cuida bem da minha irmãzinha. Se acontecer algo a ela mamãe vai me matar - Harry então segurou forte a mão de Gina e mostrou as duas mãos unidas para Rony, levantando-as.
- Pode deixar que vou tomar conta dela - Mione viu que os olhos de Gina estavam brilhando e ficou feliz pela amiga.
Então os dois saíram, invisíveis, pelos corredores. Harry de vez em quando largava a mão de Gina para consultar o mapa mas rapidamente voltava a segurar. A menina estava se sentindo protegida como nunca, apesar de estar vivendo uma aventura um tanto quanto arriscada. Eles estavam muito próximos sob a capa de invisibilidade e Gina estava se sentindo inebriada pelo perfume do menino. Não que ele usasse algum perfume específico mas poderia reconhecer o cheirinho gostoso dele de olhos fechados. Ele a puxava pela mão e pareceu que tinha levado um segundo para atravessarem os jardins e chegarem até a porta da estufa. Harry apontou a varinha para o cadeado e murmurou:
- Alorromora! - o cadeado se abriu e eles se esgueiraram.
Dentro da estufa tiraram a capa que os cobria. Harry ergueu a varinha.
- Lum... - Gina o impediu, apontando para o teto, que era de vidro, bem como as paredes. Se alguém avistasse as estufas do castelo, veria, facilmente a pontinha luminosa da varinha de Harry e seriam descobertos. - Bem pensado - sussurrou.
De qualquer forma, a noite estava clara e a luz das estrelas iluminava a estufa. Podiam enxergar razoavelmente bem na penumbra e mesmo estando seguros agora não largaram a mão um do outro.
Gina estava muito empolgada. Conhecia a estufa como a palma da sua mão e sabia que a planta que queriam estava bem no fundo da sala. Ela foi andando lentamente e então parou em frente a um vaso grande e pesado. Ela tentou pegá-lo mas era realmente pesado. Harry então tentou mas também não conseguiu. Ela olhou para ele, que deu de ombros. Gina sacou a própria varinha:
- Vingardium leviosa! - Harry sorriu quando o vaso desceu da estante como uma pluma e parou exatamente aos pés deles.
Gina coletou algumas folhas e as guardou no bolso. Então ele fez o mesmo feitiço, colocando o vaso no lugar.
Estavam se divertindo muito. Novamente ele segurou a mão dela e já estavam saindo quando ouviram o barulho de algo se quebrando. Harry puxou Gina para um canto escuro e se abaixou com ela, protegendo-a com o corpo. Ele estava tentando alcançar a capa com as mãos e observar o que poderia ter feito o barulho. Não conseguia alcançar e agora podiam ver que quem tinha feito o barulho. Tinha sido Pirraça, o poltergeist da escola. Estava se aproximando deles e logo seria capaz de vê-los. Harry não sabia o que fazer, estava praticamente abraçado a Gina, então ela sacou a varinha e sussurrou.
- Accio Capa! - a capa voou para suas mãos, e a última coisa que ela viu antes de jogar a capa sobre os dois foi um Harry extremamente surpreso com a presença de espírito e sangue frio dela.
Ficaram ali por alguns instantes e quando estavam a uma distância segura de Pirraça foram para a saída da estufa. Harry fechou o cadeado e retornaram ao castelo.
Ainda tinham as mãos dadas quando finalmente passaram pela Mulher Gorda e retiraram a capa. Hermione reparou no sorriso de Gina e mesmo Harry estava com uma expressão de grande alegria.
- Por que vocês demoraram tanto? – Rony perguntou, Harry largou a mão de Gina e respondeu.
- Pirraça - os amigos ficaram espantados. - Mas graças a sua irmãzinha aqui ficou tudo bem - piscou para a menina, que corou.
- Tudo bem, agora podemos voltar a dormir? - disse Rony, bocejando.
- Podemos... Amanhã Mione e Gina vão ter que fazer a poção então elas merecem descansar. Boa noite meninas - disse Harry, subindo as escadas aos pulinhos.
- Nossa! Você ficou mesmo feliz com isso, hein? - disse Rony enquanto subia as escadas mas o amigo sequer ouviu.
De manhã eles se levantaram um pouco mais tarde, afinal era sábado. Os quatro desceram para o café mas já havia passado das nove horas e a refeição não estava mais sendo servida.
- Vamos – Harry disse apenas.
Os três o seguiram por um corredor comprido que Rony e Hermione reconheceram logo. Em segundos estavam dentro da cozinha da escola. Gina ficou espantada com a grande quantidade de elfos domésticos, não imaginava que eram tantos.
- Nossa! Eles fazem a comida toda? Coitados! - Hermione sorriu, triunfante, para os meninos.
- Viram, não sou só eu que tenho coração! Gina, depois eu vou te dar uns broches do F.A.L.E... - os meninos passaram a mão pela testa.
- Ahn? Do quê? - Rony balançava a cabeça. Dobby veio correndo ao encontro deles nesse momento.
- Harry Potter, senhor! Quanta honra! O seu Wheezy também veio visitar Dobby - o elfo usava um sutiã na cabeça e tinha uma gravata muito suja amarrada na cintura. Usava uma meia curta e uma longa até a raiz da coxa e tinha um pequeno roupão de banho por cima de tudo. Parecia uma bonequinha de trapos.
- Dobby, será que nós poderíamos comer alguma coisa? Perdemos o café da manhã e... - antes que terminasse a frase Dobby tinha arrumado uma mesa com frutas, suco de abóbora e tantas torradas com mel, que demorariam uma semana para acabar de comer.
Hermione explicou para Gina, durante o café, por que achava que os elfos domésticos eram uma classe excluída e os meninos se divertiram com as idéias dela. Ao final do café agradeceram Dobby e foram para o banheiro de Murta, preparar a poção.
Murta veio recebê-los e quando viu Harry seu rosto ficou iluminado. Gina riu, percebendo que não era a única apaixonada perdidamente pelo rapaz. Só que dos mortos não tinha ciúmes.
- Você sumiu... Nunca mais eu te vi - choramingou Murta. Rony estava segurando para não rir e Harry estava ficando muito vermelho.
- Eu... - mas ela continuou.
- Eu te ajudei muito naquele dia do seu banho - agora Harry estava roxo e Rony não segurou as risadas.
- A Murta te viu tomando banho? - ele caiu na gargalhada. As meninas coraram e Murta começou a soluçar e sumiu por uma parede.
- Cale a boca, Rony. Depois eu te explico. É claro que ela não viu - disse, olhando as meninas.
- Vamos começar logo isso – Hermione disse.
- É bem simples. Nós temos que ferver água e depois espremer bem as folhas para tirar o sumo. Depois deixamos esfriar e acrescentamos algumas gotinhas de mel, senão vai ficar amargo como o quê. Eu trouxe um pouco de mel da cozinha - disse Gina.
- A poção da Madame Pomfrey não parecia levar mel, era amarga demais.
- Ela não gosta de facilitar as coisas para os alunos, Harry - disse Mione.
- Ela acha que o que arde cura e o que aperta segura - completou Gina.
- Nossa! - disse Rony. - E o que amarga, faz o quê? - implicou.
- A gente adoça com mel - sorriu Gina, olhando para Harry, as bochechas vermelhas.
Rapidamente fizeram a poção e deixaram esfriar. Ficaram ali mesmo esperando. Jogaram algumas partidas de Snap Explosivo enquanto esperavam e ao final Gina acrescentou as gotinhas de mel.
- Pronto! Agora você toma na hora que estiver indo deitar. Não vai ter nenhum sonho...
Harry colocou o time da Grifinória em um ritmo exaustivo de treinos. Ele era pior que Olívio Wood e estavam treinando com afinco. Gina e Mione iam assistir na maior parte das vezes mas algumas o treino era tão cedo que as duas não conseguiam se levantar da cama para ver.
Harry estava dormindo otimamente bem, não tinha tido nenhum sonho ou saído do corpo. A poção tinha funcionado perfeitamente bem e estava a cada dia mais bem disposto. O grupo de estudo tinha rendido muitos pontos para Grifinória e mesmo com Malfoy na mesa ele curtia cada momento da presença de Cho. Agora até conseguia trocar algumas sílabas com ela e achava que possivelmente teria coragem para convidá-la para o baile do inverno.
As semanas passaram voando e logo tinha chegado o dia do jogo contra a Sonserina. Harry e o resto do time estavam muito nervosos, como sempre, mas Rony parecia que estava prestes a ser enforcado. Seu estômago dava voltas dentro da barriga e ele finalmente compreendeu por que Harry não conseguia se alimentar antes de um jogo.
O time todo estava reunido na sala comunal e os outros alunos estavam em volta deles, dando muitos palpites e falando alto. Rony estava se sentindo tonto. O menino que tinha competido pela vaga veio lhe desejar boa sorte. Rony quase desejou que tivesse perdido para o garoto a vaga de goleiro. Mas quando ele viu Mione, sorrindo luminosamente para ele, sentiu-se mais calmo. Afinal mesmo que tomasse um balaço na cabeça ela ficaria ao seu lado na enfermaria, segurando sua mão e torcendo para que recuperasse a memória. Ele parou e pensou: "O que é que eu estou pensando? Eu não quero levar nenhum balaço".
Ao chegar a hora todos desceram muito animados, acompanhando-os até o vestiário. Era o momento da verdade. Vestiram o uniforme do time. Rony calçou as luvas de couro ajudado por Fred. E o outro irmão se aproximou, bagunçando seu cabelo. Sabia que era um gesto de carinho entre irmãos e aquilo queria dizer que, de alguma forma, eles o amavam muito e estavam orgulhosos. Ele sorriu em resposta.
Já podiam ouvir os gritos das duas torcidas do lado de fora e quando já estavam saindo do vestiário viram Hermione e Gina caminhando até eles para desejar boa sorte. Porém outra pessoa passou correndo pelas duas e chegou primeiro. Era Cho Chang. Gina e Hermione franziram a testa quando a menina se inclinou e deu um beijo estalado na bochecha de Harry.
- Ganha essa por mim Harry! – disse, e voltou correndo, esbarrando em Gina e Mione, quase as derrubando no chão.
Quando elas se aproximaram apenas sorriram, não criariam uma cena ali por causa da ousadia de Cho, poderiam deixá-los ainda mais nervosos.
Então saíram e foram se juntar ao resto da torcida. Hagrid e os três gigantes estavam juntos e Gina e Mione foram para perto deles. O ex-guarda-caça estava tentando explicar para os outros como era o jogo quando Madame Hooch apitou. Os times entraram em campo. Deram diversas voltas no campo sob aplausos da torcida. Os gritos de "Grifinória" sobrepujavam os de "Sonserina", já que as duas casas restantes torciam para o time de Harry, que apertou a mão de Marcus Flint - capitão da Sonserina - e todos tomaram as posições. Sonserina sairia com a goles. Madame Hooch apitou e o jogo começou.
Sonserina, com a posse da goles, atacava ferozmente quando o artilheiro grandalhão se aproximou de Rony, Mione fechou os olhos e apertou a mão de Gina. E a torcida vibrou. Rony tinha feito uma defesa espetacular. Assim foi a cada ataque do time adversário, Gina já estava com dor na mão.
- Mione, quer parar? Daqui a pouco você vai cortar a minha circulação. E você está perdendo todas as defesas do Rony. Ele está arrasando.
- Desculpe Gina, acho que estou com medo. Não quero ficar viúva antes de casar – a amiga riu.
Também tinha medo pelos irmãos e por Harry mas já tinha se acostumado. Mesmo seus irmãos mais velhos tinham jogado quadribol e quando se tem seis irmãos se acostuma facilmente com hematomas e contusões.
O jogo continuava a todo vapor. Harry e Draco estavam atentos ao pomo, que ainda não tinha aparecido, e o resto do time parecia bem afinado. Grifinória já estava ganhando de sessenta pontos a zero. Rony parecia ter fechado os aros, fazia defesas espetaculares e agora Hermione assistia, mesmo nervosa.
Harry encarava Malfoy mas tinha percebido um pequeno brilho dourado com o canto do olho e, sem desviar o olhar do adversário, mergulhou com sua Firebolt exatamente na direção oposta da que julgava estar o pomo. Draco na mesma hora seguiu o menino, que deu um looping numa manobra muito arriscada para poder perseguir o pomo.
Draco percebeu tarde demais, agora também avistava o pomo e via que Harry estava muito próximo de pegá-lo. Tinha que fazer algo, algo que pudesse paralisar o jogo. Olhou para o lado e viu Angelina. Não teve a menor dúvida, imprimiu força total à sua Nimbus 2001 e foi em cheio ao encontro da menina, que detinha aposse da goles. Na mesma hora Angelina caiu da vassoura e Harry, percebendo o que tinha acontecido, foi ao encontro da amiga.
Angelina tinha caído bem no meio do campo. A torcida estava indignada com o que Draco tinha feito. Madame Hooch tinha paralisado o jogo e a coisa toda tinha virado um grande circo de horrores. Angelina estava caída, desacordada. Tinha desmaiado de dor e parecia ter quebrado os dois braços, que estavam em uma posição impossível de ser assumida por ossos inteiros.
Harry e o resto do time estavam em volta da amiga e os gêmeos tinham iniciado um corinho de "lincha, lincha" para o Malfoy. O time da Sonserina estava também em volta da menina e Madame Hooch estava apenas esperando que Madame Pomfrey analisasse o caso. A enfermeira rapidamente examinou a menina e foi taxativa.
- Essa menina precisa de cuidados urgentes. Tem várias fraturas nos dois braços e vai precisar de pelo menos dois meses e meio de repouso.
Marcus Flint fez força para não sorrir. O time inteiro da Grifinória ficou indignado. A professora então se manifestou.
- Eu não posso continuar o jogo nessas circunstâncias. Mas como a falta do Sr. Malfoy foi indevida e extremamente violenta eu vou descontar 50 pontos da Sonserina - Harry sorriu. - E vou encerrar o jogo agora. Porém, pelo placar, Grifinória vence - apitou.
A torcida começou a comemorar e Draco ficou furioso. Não imaginava que aquilo aconteceria, até mesmo ele sentia que tinha exagerado com a garota. Só queria impedir Harry de pegar o pomo. O resto do time da Sonserina olhou com raiva para ele e a torcida começou a gritar "Malfoy fede". E mesmo os sonserinos participaram do coro.
O jogo tinha terminado da pior forma possível embora eles tivessem ganhado a partida. Agora estavam na final, que seria jogada depois do Natal. Só que tinham um pequeno probleminha: quem seria a nova artilheira da Grifinória?
Algumas semanas depois ainda se falava do que tinha acontecido no jogo. Todos os dias os colegas de time e de turma visitavam Angelina. Ela estava completamente imobilizada e todos tentavam ajudar da melhor maneira possível.
Harry estava tão aborrecido com o assunto que nem olhava na cara de Malfoy durante o grupo de estudo. Temia que se encarasse o garoto acabaria dando um soco bem merecido no meio da sua cara.
Gina, mesmo estando chateada pelo que tinha acontecido com Angelina, estava com pena de Draco. O garoto estava com a moral tão baixa que mesmo Crabbe e Goyle, seus eternos bajuladores, falavam com o menino. Ele passava todas as refeições sentado sozinho, na ponta da mesa, e os colegas na maior parte das vezes atiravam restos de comida nele. Mesmo tendo feito algo desprezível era horrível o jeito que estavam tratando o garoto. Ela era o único ser vivente na escola que ainda trocava uma ou duas palavras com Malfoy.
Com as semanas se passando rapidamente eles já estavam a poucos dias do Natal e, conseqüentemente, do Baile de Inverno, que tinha se tornado uma tradição e mesmo sem haver o Torneio Tribruxo aconteceria. As meninas andavam afogueadas pelos corredores e volta e meia se ouviam gritinhos de contentamento daquelas que já tinham sido convidadas, contando as novidades para as amigas.
Finalmente chegaram na última sexta-feira antes do baile e Gina ainda estava sem par. Ela obviamente estava louca para que Harry a convidasse mas sabia que isso não aconteceria. Sentou-se à mesa e percebeu que Malfoy havia faltado à aula. Madame Pince anotou o nome dos que estavam ali e estranhou que a bibliotecária não tinha dado pela falta de Draco. Ela então se levantou, causando estranhamento a Harry e a Cho, e foi até a mesa principal e perguntou em voz baixa.
- Madame Pince, onde está o Malfoy? - a velha senhora respondeu quase num sussurro.
- Ele está muito doente, querida. Na enfermaria - a menina pareceu muito chocada enquanto a mulher se afastava.
Harry se virou para ela e antes que pudesse dizer alguma coisa, Cho segurou sua mão por debaixo da mesa, fazendo-o congelar.
Gina não percebeu o que a menina tinha feito mas sabia que algo estranho estava acontecendo, pela expressão que Harry tinha quando retornou à mesa. Cho então se virou para ele e, com a cara mais cínica que pôde fazer, apenas disse.
- É claro que eu aceito ir ao Baile de Inverno com você, Harry. Obrigada por perguntar - o garoto ficou em choque e só conseguiu dar um sorrisinho amarelo.
O coração de Gina se partiu em mil pedaços mas ela conseguiu se manter firme até o final da aula. Quando finalmente acabou não sabia o que fazer. Mione provavelmente estava ocupada demais para recebê-la. A amiga estava resolvendo várias questões referentes à decoração natalina junto ao professor Flitwick e, com Draco doente, devia estar com trabalho dobrado. Gina não tinha a quem recorrer e estranhou a si própria quando entrou pelas portas da enfermaria para visitar Draco Malfoy.
Madame Pomfrey permitiu que entrasse e a conduziu até o leito do rapaz. Ele parecia abatido, não devia comer há pelo menos dois dias. Ela se aproximou da cama e ele ficou em dúvida se devia fingir que estava dormindo. Mas quando se decidiu já era tarde, a menina estava ao seu lado e tinha visto que estava bem acordado.
- Olá Malfoy - disse educadamente.
- Weasley! O que é, veio rir da minha desgraça? - disse secamente.
- Não, eu não ri antes, por que riria agora? - ela ficou séria. - Para dizer a verdade eu nem sei o que vim fazer aqui – disse, virando-se para sair, mas ele a deteve.
- Não! Não saia. Eu não converso com ninguém há dias. Nem mesmo a enfermeira fala comigo. Ela apenas me dá água, remédio, essas coisas idiotas, e sai. Até mesmo os meus amigos me desprezam. Só vieram me visitar para dizer que esperam que eu morra logo - Gina ficou espantada.
- Eu vim porque... - ela nem mesmo sabia. - Acho que porque eu estava triste. Senti sua falta na biblioteca hoje - ele ficou abismado. Nunca ninguém tinha sentido sua falta antes.
- Weasley, você está brincando comigo? Você deve me desprezar pelo que eu fiz.
- Eu desprezo o que você fez mas acho você engraçado. Você me diverte às vezes - o menino preferiu entender aquilo como um elogio. Ficaria fulo da vida se ela estivesse apenas o chamando de palhaço.
- Weasley, você vai ao Baile de Inverno? - a menina corou. Fez uma cara muito triste, tinha lembrado que Harry ia com Cho.
- Não, eu acho que não - suspirou profundamente. - Por quê?
- Nada... Eu... Deixa para lá...
- O quê é, Malfoy? - agora tinha ficado curiosa.
- Eu pensei que se eu fosse gostaria que você aceitasse ir comigo – respondeu, mas o estranho é que realmente gostaria que ela aceitasse. A menina pareceu chocada.
- Se eu aceitar o seu convite você vai se alimentar? Eu não quero ir com uma caveira - ele riu, os olhos cinzentos tinham um brilho diferente agora.
- Então nós temos um trato, Weasley?
- Gina.
- O quê? - ele estanhou a resposta da menina.
- Se você vai me levar ao baile não espera que eu seja chamada por você da mesma forma que você chama o meu irmão - ele sorriu maliciosamente.
- Está bem Gina - enfatizou.
- Combinado então Malfoy - ela estava saindo quando ele gritou.
- GINA? - ela se virou para ele, que apenas disse, sorrindo com o canto da boca. - É Draco! - ela riu e então saiu da enfermaria.
