Finalmente havia chegado a véspera de Natal e também do baile. Os alunos estavam muito animados, não teriam aulas naquele dia e alguns corriam pelos corredores, tentando conseguir um par de última hora. Hermione estava ansiosa para usar seu elegante vestido e mesmo Rony estava empolgado. Finalmente estrearia traje novo de gala, que ganhara dos irmãos.
Harry estava um tanto quanto nervoso, iria ao baile com Cho e ainda não tinha a menor idéia de como se guiava uma moça durante a dança. Hermione havia tranqüilizado o garoto, dizendo que a maioria dos homens não sabe dançar e que algumas mulheres acham isso até um charme. Ele ficou desconfiado, achava que ela só dizia isso por que Rony não sabia nem mesmo se mexer no ritmo da música.
Hermione estava preocupada com Gina. Sabia que estava chateada por Harry estar indo com Cho mas a menina ainda não tinha contado quem seria seu par. Mione sabia que tinha comprado um lindo vestido apenas para a ocasião e seria uma pena perder a festa.
Gina tinha optado por não comentar nem mesmo com a amiga que ia com Draco Malfoy. Sabia que se dissesse antes tinha grande chance de ser trancada no armário das vassouras por um de seus irmãos. Ela fingiria até a última hora que não tinha ainda um par. Seria menos perigoso dessa forma.
Depois do jantar Rony e os irmãos jogaram uma partida de Snap Explosivo com Harry enquanto Hermione e Gina conversavam sobre como arrumariam os cabelos. As meninas estavam realmente animadas.
- Gina, eu andei pensando em alisar de novo, o que você acha? – disse, segurando os volumosos cabelos castanhos.
- Eu acho que se você prender o cabelo e deixar alguns fios soltos, ficará bonito Eu gosto do seu cabelo, Mione - Gina tinha os cabelos lisos e tentava a todo custo que tivessem um pouco mais de volume.
- Nossa meninas! - disse Rony. - Eu sei que a conversa de vocês é super importante - riu cinicamente - mas já está na hora de a gente dormir. Amanhã é um dia cheio e de manhã teremos alguns presentes para abrir.
Todos riram. Sabiam que a mãe de Rony mandaria vários suéteres Weasley para todos. Harry tomou um generoso gole da poção anti-sonhos e deitou na cama, dormindo imediatamente. Rony ainda foi ao banheiro e quando voltou o amigo já ressonava. Então também pegou no sono.
Mesmo tendo tomado a poção Harry começou a sentir novamente a sensação de sair do corpo. Agora tinha atravessado o túnel rapidamente e já estava de novo do outro lado. Porém a sensação de medo por saber como seria a volta era tanta que nem mesmo enxergava o que havia do outro lado. Só podia ver centenas de vultos negros à sua volta e nem havia sinal de Colin ou Cedrico. Os vultos então começaram a se mover em sua direção e ele estava tentando correr mas seus pés não saíam do lugar. Tentou gritar mas a voz tinha sumido e ele parecia novamente estar mudo. Começou a fazer muita força para acordar e agora podia sentir mãos geladas e pegajosas segurando os seus braços, seu pescoço. Tinha que acordar, tinha que sair dali.
Então novamente sentiu a vertigem, de forma mais intensa ainda e parecia que a sensação não acabaria nunca. Achou que era o seu fim. Sentiu o baque na cama. Tinha retornado. Ficou em estado de choque. Não quis acordar o amigo mas começou a imaginar o porquê de a poção não ter funcionado. Será que seria apenas uma coincidência não ter sonhado durante todo aquele tempo em que tinha começado a tomar a poção? Decidiu que só contaria aos amigos o que tinha acontecido depois do baile, queria que pelo menos os outros pudessem aproveitar a festa sem maiores preocupações. Mas passou a noite acordado, por via das dúvidas.
De manhã Harry acordou o amigo para descerem para ver os presentes. A árvore de natal da sala comunal estava repleta de pacotes e embrulhos de todos os tamanhos. Logo a sala estava cheia de alunos, abrindo caixas e rasgando papéis coloridos. Gina e Hermione desceram também e os gêmeos riram muito ao verem que os suéteres de Hermione e Rony se fossem colocados lado a lado formavam exatamente um coração com a letra do nome de cada um no meio. Rony ficou desconcertado.
Todos os outros também ganharam suéteres e Harry e Hermione deram de presente a Rony uma Nimbus 2001. O menino ficou tão feliz que mal conseguia falar. Gina tinha dado ao irmão um colar com a letra "H" e para Hermione o mesmo só que com a letra "R". Tinha achado muito romântico e a amiga adorou. Harry ganhou de Rony um livro sobre táticas de jogo e de Mione uma capa para guardar sua Firebolt. Ele deu a Gina uma pena de escrever dourada com o nome dela gravado e a menina riu muito quando entregou exatamente o mesmo presente a ele só que com o nome dele. Dobby tinha mandado várias meias coloridas tricotadas por ele a todos e o elfo parecia ter se aprimorado pois tinha mandado luvas também, só que as luvas tinham todas mais de cinco dedos que eram extremamente estreitos. Todos riram muito e Harry disse que mais iria tarde à cozinha entregar o presente de Dobby. Era um kit de costura bruxo muito bonito.
Passaram o resto da manhã conversando e vez ou outra Mione perguntava a Gina se tinha certeza de que queria ir ao baile sozinha e a menina desconversava. Finalmente depois de um almoço de Natal muito rápido todos subiram para começar a se arrumar para o baile.
Gina passou um grande tempo arrumando o cabelo de Hermione e quando a amiga já estava penteada ela se retirou para se arrumar no próprio quarto. Tinha marcado convenientemente com Draco de os dois chegarem atrasados, não queria ter que entrar no Salão com os irmãos espancando seu par. Quando finalmente Hermione acabou de se arrumar ela foi até o quarto de Gina.
- Você ainda não está pronta? - Gina não tinha nem começado a se arrumar.
- Eu vou mais tarde Mione. Não quero ter que ver o encontro do "casal". Eu sei que você entende...
- Você quer que eu te espere?
- Não! Vá com eles, e não deixa aquela "Jezebel" ficar sozinha com o Harry – riram e Hermione saiu.
Quando Hermione desceu as escadas Rony já a estava esperando e ficou impressionado com a beleza da namorada. Mione tinha os cabelos presos em um coque e tinha deixado alguns fios soltos, como Gina sugerira. Tinha realmente ficado linda no vestido de baile, estava com ares de nobre e o menino não conseguia nem falar.
- Uau! - era tudo o que disse, a boca aberta e os olhos arregalados. Mione sorriu, sabia o que aquilo queria dizer.
- Uau para você também - ela olhou para Harry. - E eu arriscaria um "uau" para você também, Harry, se eu não fosse uma garota comprometida - os três riram.
- E a Gina? Não vem? - perguntou Harry.
- Ela vai depois. Vamos?
Saíram da sala comunal, Harry foi até a beira da escadaria que dava para o primeiro andar e encontrou Cho. A menina estava muito bonita, um vestido todo prateado de cetim, bem brilhante e justo. Ele ofereceu o braço para ela e foram então para o Salão Principal.
O Salão estava todo decorado e todo iluminado por velas. A atmosfera era extremamente romântica e havia alguns casais sentados em sofás muito engraçados, em forma de coração. No lugar das enormes mesas das casas pequenas mesinhas com lugar para até quatro pessoas estavam espalhadas. Nas mesas, candelabros dourados com velas tornavam o ambiente misterioso.
Sentaram-se à uma das mesas, próxima à de Neville, Padma, Simas e Parvati. Estavam bem perto e poderiam conversar. Passaram algum tempo conversando quando Rony finalmente perguntou.
- Caramba Mione! Cadê a Gina? - a namorada sacudiu os ombros, estava preocupada também.
Dumbledore tinha contratado uma espécie de orquestra bruxa que, ao invés dos instrumentos, tocava no ar, como se fosse possível tirar música do vento, e quando começaram uma bonita música lenta Cho levantou. Ela esticou a mão para Harry que, mesmo com medo de passar vexame, aceitou. Ela o conduziu até a pista de dança e Hermione começou a ficar tensa. Gina tinha pedido para não deixá-los a sós. Então se levantou decidida e arrastou um Rony muito perplexo pelo caminho que o outro casal fizera. Ela os avistou logo e viu que Harry até que tinha pegado o jeito da valsa. Rony ficou abismado com a atitude da namorada mas estava gostando de ficar abraçadinho com ela. Ele mal estava se mexendo pois Mione se virava o tempo todo para ver o que Harry e Cho estavam fazendo.
Ela viu que Cho tinha colocado os dois braços em volta do pescoço do garoto e Harry estava começando a suar. Nesse instante aconteceram várias coisas ao mesmo tempo, de maneira muito rápida. Mione começou a pensar que tinha sido melhor que Gina não tivesse vindo ao baile para assistir àquela cena. Rony, que tinha sido virado para a porta do Salão para melhorar a visão que Mione tinha do casal, acabara de avistar Malfoy entrando com uma bela moça ruiva, toda de vermelho e com lindos cachos nos cabelos. E Cho estava começando a se inclinar, sem que ele percebesse, para dar um beijo em Harry, para desespero de Hermione. Rony então disse rápido mas alto o suficiente para chamar a atenção de Harry.
- Quem é aquela garota com Malfoy? - ele estava de queixo caído com a menina.
Harry se virou para olhar, escapando do beijo de Cho por um triz, e Hermione deu um suspiro de alívio enquanto ela própria se virava para ver quem era a garota.
Harry ficou impressionado com a beleza da garota, que parecia uma princesa. O vestido vermelho lhe dava um ar de mulher e os cabelos ruivos cacheados um toque angelical.
- Meu Deus! - Hermione exclamou, tinha reconhecido a menina pelo vestido.
- GINA! - Harry gritou, surpreso.
Ele e Rony se desvencilharam das meninas e praticamente correram até a entrada do Salão. As orelhas de Rony nunca tinham fumegado tanto de raiva e Harry também estava extremamente possesso. Hermione e Cho ficaram a princípio sem ação e depois foram ao encontro dos dois meninos. Hermione queria evitar um assassinato mas os dois já estavam tomando satisfação com o casal.
- Que história é essa, Gina? - Rony começou, Harry olhava para Malfoy com tanta raiva que Draco pensou que a sua cabeça fosse explodir. Gina apertou o braço de Draco e deslizou a sua mão para a dele, que a segurou. Harry acompanhou o movimento com o olhar, raiva brilhando nos olhos verdes.
- Rony! - ela disse calmamente entre os dentes. - Hoje é dia de festa! Não crie uma cena. Depois nós conversamos - Draco começou a puxar a menina para a pista de dança, lentamente.
- Largue-a Malfoy! - Harry disse. Gina olhou com raiva para ele. Hermione e Cho já estavam próximas a eles.
- O que é, Potter? Agora deu para defender a irmã dos outros? Fique fora disso, não te diz respeito - ele apertou ainda mais a mão de Gina na sua, protegendo a menina. - Vamos Gina – acrescentou em tom provocativo.
- GINA? - berrou Harry, os olhos fixos em Malfoy. - GINA? - ele olhou da garota para Rony.
- DESDE QUANDO O MALFOY TE CHAMA DE GINA, GINA? - continuou Rony, segurando a irmã pelo braço. A menina agora estava começando a corar, todos estavam olhando para eles e a música tinha parado.
- É o meu apelido, oras... Parem com isso, por favor! Está todo mundo olhando - ela não sabia mais onde enfiar a cara. Harry olhou com raiva para Draco e ergueu a varinha na sua direção.
- Não pense que você vai continuar com isso - Rony também sacou sua varinha e o menino soltou a mão de Gina.
- O que vocês estão fazendo? - ela disse, a voz baixinha e chorosa. - O que eu fiz para merecer isso? - agora até mesmo Mione estava com pena da menina. Ela então olhou para Draco e, com lágrimas nos olhos, disse. - Eu sinto muito por tudo, Draco - e saiu correndo, aos prantos, do Salão.
- Viu só o que vocês fizeram? – Draco disse monotonamente. - Estão satisfeitos agora? - e saiu correndo atrás da menina.
Os dois fizeram menção de ir atrás do garoto mas Hermione os segurou pelas golas.
- Ele tem toda a razão! - os dois a olharam, chocados. - Vocês não conseguiram nada com isso, apenas magoar os sentimentos de Gina. Vocês transferiram o problema que vocês têm com Malfoy... - ela foi interrompida.
- O problema que o MALFOY tem com a gente, você quer dizer, Mione - disse Rony.
- O que seja... Vocês transferiram para Gina e quem vai sofrer com isso será ela - Rony compreendeu.
- Mas Mione, é o Malfoy, sabe? MALFOY! - disse Harry. - Ele podia fazer alguma coisa com ela e... - ele foi interrompido.
- Nada poderia ter magoado mais a Gina do que perder esse baile e vocês estragaram tudo. Sabem o quanto ela esperou para usar aquele vestido? - os dois ficaram envergonhados e voltaram para a mesa.
O resto da noite foi um grande fiasco. Cho ainda tentou chamar Harry para dançar, disfarçadamente, outras duas vezes mas o clima estava tão tenso que o garoto sequer percebeu as investidas da garota. Na realidade Cho não tinha uma conversa lá muito agradável. Harry podia perceber isso agora. Ela falava sobre coisas fúteis e Rony e Hermione já estavam achando a menina muito chata.
Por fim até mesmo Harry se convenceu de que a menina era uma grande ilusão criada por ele e que na realidade o único interesse que poderia ter nela era o de protegê-la, como Cedrico havia pedido em seu sonho. Tirando o fato de ser uma bruxa, aluna de Hogwarts e apanhadora, Cho Chang tinha tantas coisas em comum com Harry quanto um hipogrifo tem com um basilisco.
Os três amigos estavam muito preocupados com Gina e passaram o resto do baile sentados à mesa, calados. Nem perceberam quando Cho se retirou para dançar com um dos garotos do sétimo ano da Lufa-lufa e não voltou mais. Ficaram lá com a maior cara de deprimidos que tinham e esperavam que a menina estivesse bem.
Draco, que tinha corrido atrás de Gina, teve alguma dificuldade em encontrá-la mas finalmente descobriu a menina dentro do armário de vassouras. Afinal de contas ela tinha ido parar no lugar que temia que a trancassem por ter saído com Draco e de certa forma a culpa dela estar ali, era deles.
- Gina, você está bem? - ela olhou para ele com os olhos vermelhos de tanto chorar. Era óbvio que ela não estava bem, ele pensou. - Vou reformular a pergunta: podemos sair daqui? - ela sacudiu a cabeça negativamente. Ele lhe entregou um lenço, Gina limpou as lágrimas e assoou o nariz. - Vamos! Toda essa poeira daqui a pouco vai me fazer espirrar e eu não tenho mais o meu lenço agora - ela riu.
Draco lhe estendeu a mão e saíram do armário. Foram andando de mãos dadas pelo corredor até chagar ao lado de fora do castelo. Caminharam em silêncio até a beira do lago. Ele tirou o paletó e estendeu na grama para se sentarem.
- Você tem uns defensores muito esquentadinhos não é? - ela riu mas ainda estava aborrecida.
- Eles acham que podem controlar tudo... Me controlar - estava começando a desabafar. - Eu queria poder esquecer isso tudo... Esquecer que ele existe... - tinha começado a falar no singular agora. - Mas não... A tonta tem que ficar com ciúmes, tem que ficar babando, correndo atrás dele... - estava falando mais do que devia e agora Draco estava compreendendo o que estava acontecendo. - Eu não tenho nem o direito de viver minha vida, de tentar esquecer... Porque ele fica me lembrando... Me iludindo... - agora tinha voltado a chorar.
Draco já estava começando a duvidar se seria capaz de executar o que seu pai tinha ordenado. Tinha começado a criar um respeito, uma certa afeição pela garota.
- Eu quero esquecer, Draco... Eu juro que eu quero... Eu sei que eu posso lutar contra isso. Eu posso... - ele agora observava a garota atentamente, ela ficava muito bonita à luz da Lua. Poderia facilmente se apaixonar por ela. Mas ela não o amava, isso estava claro. Ela amava, obviamente, Harry Potter, não estava se referindo ao irmãozinho petulante. - Eu preciso esquecer... Isso está acabando comigo... Você pode me ajudar? - ela finalmente abraçou o menino, deixando-o muito desconcertado.
Seria a perfeita oportunidade para ele fazer com que ela abandonasse a idéia de estar sempre tão colada em Potter, como seu pai havia pedido. Mas, de certa forma, não estava conseguindo agir friamente, como deveria. Ela tinha descongelado uma pequena parte do seu coração impenetrável. Ela estava soluçando, abraçada a ele. E finalmente se soltou do abraço, olhando dentro dos olhos cinzentos do menino.
Draco ficou incomodado com o olhar da menina. Era ao mesmo tempo terno, infantil e malicioso, um olhar de mulher. Ele ficou tentado beijá-la mas quando a menina se aproximou dele Draco recuou. Mal podia acreditar no que estava fazendo aquilo, muito menos no que disse para ela.
- Gina, eu ia ficar muito feliz mesmo. MESMO - enfatizou e, pior, era verdade. - Mas eu não posso te deixar fazer isso. Eu poderia deixar você fingir que isso era o certo para você, me deixar enganar... Mas eu não poderia deixar você mentir para você mesma. Enganar seu próprio coração. Isso te tornaria uma pessoa falsa, amargurada. Você ama a ele, não a mim. E depois seu coração esqueceria o que é amar de verdade. Eu não quero que você fique assim... Igual a mim - a menina olhou dentro dos seus olhos e concordou. Seria mesmo viver uma mentira se insistisse em algo entre ela e Draco. Sabia que o seu coração sempre seria de Harry e não seria justo com o rapaz também. Ela sorriu.
- Obrigada, eu não vou esquecer o que você fez... - ele sorriu de volta.
- Eu também não. Mas você sabe... Nós nunca poderemos ser amigos - ela estranhou.
- Por quê?
- Certas coisas apenas são, Gi... Weasley - a menina ficou confusa. - Nosso trato era só por esta noite. Eu sei os limites do que é seguro. No momento não é seguro eu ser seu amigo - sabia que seu pai não tinha a menor preocupação com o bem-estar da garota. - Espero que você entenda isso. Não espero que você me perdoe - ela não tinha compreendido mas resolveu dar um voto de confiança ao rapaz.
- Está bem Malfoy. Posso fazer algo antes de sacramentarmos a nossa inimizade? - ele sacudiu os ombros. Ela então deu um beijo estalado na sua bochecha e o garoto se espantou.
- Por que você fez isso, Weasley?
- Para você ter algo bom para se lembrar. Isso é um beijo de amizade. Não se esqueça - ela voltou correndo ao castelo. Draco nunca se esqueceria do gesto.
Quando ela entrou na sala comunal Harry, Rony e Hermione lhe estavam esperando. Ela disse "oi" apenas para Hermione, como se os dois não estivessem ali. E já ia passando direto quando Rony se manifestou.
- Você acha que um dia vai poder me perdoar por isso? - ela olhou para o irmão, com lágrimas nos olhos, e Hermione sorriu, emocionada. Rony continuou. - Eu vi você bebê, Gina. Eu era pequeno mas eu me lembro quando o papai me disse: "Você deve protegê-la, não deixe nenhuma pessoa má se aproximar dela, você é o irmãozão dela". Eu tinha dois anos e estava com ciúmes de você, eu tinha deixado de ser o bebê da casa e papai estava tentando me mostrar que era bom ser mais velho. Eu passei a te considerar o bebê da casa desde esse dia e nunca mais mudei essa idéia - estava pertinho da irmã agora. Harry e Hermione estavam tocados com a cena. - Eu não queria te machucar. Se você quiser... Se for importante para você eu peço desculpas... Para o Malfoy. Ele é seu amigo, não é? - Gina sorriu e se jogou nos braços do irmão.
- Ele não é mais... Agora não - Rony a olhou, curioso.
- Ele te fez algo? - ele a afastou, examinando-a de cima a baixo.
- Rony! - ela riu. - É claro que não! Esquece isso... Só esquece...
- Você sabia que você era a menina mais linda da festa? À exceção da Mione, é claro - Hermione e ela riram, Gina estava corada. Então Rony lançou um olhar a Harry, e ele se voltou para a menina.
- Gina... - começou.
Mas ela não se mostrou muito receptiva para ele. Gina tinha visto quando Cho quase o tinha beijado, antes de ele e de Rony armarem toda a confusão. E sabia que se falasse com ele ali, naquele instante, acabaria sendo muito grossa e até cruel com ele, possivelmente o magoando mais do que ele havia a magoado. Gina também não gostaria de tornar óbvios os seus sentimentos por Harry. Por isso não queria falar com ele ainda.
- Harry... Desculpe mas eu não quero falar com você agora. Eu ainda estou muito sentida. Não quero falar nada que eu possa me arrepender depois. Você entende? - o menino ficou surpreso com a atitude dela mas concordou. Ela então deu boa noite aos três e subiu.
Harry ficou se sentindo extremamente culpado pelo que tinha feito. Mas ainda tinha que contar aos amigos o ocorrido da noite anterior. Mione e Rony ficaram encafifados por Harry ter tido o sonho mesmo tomando a poção. Harry agora estava realmente preocupado. Será que nada poderia evitar que ele sonhasse? Mione ainda estava muito confusa por causa da confusão toda mas prometeu pensar em algo. Ela iria de novo para a biblioteca e tentaria algo com Arabella.
Harry apenas cochilou àquela noite. Dormia e acordava. Temia entrar novamente em Érevan, estava também com a consciência muito pesada pelo que tinha feito a Gina. Se bem conhecia o temperamento Weasley a menina demoraria um bom tempo para falar de novo com ele. E isso o estava deixando imensamente chateado. Além disso tinha o problema do time. Ainda não tinham conseguido arrumar outra pessoa para ser artilheira da Grifinória. Ele realmente se sentia agora imerso em problemas.
