Catherine Duppling
E a Ordem dos Aurores

Décima Parte - Srta. Duppling.

A sala escura com as janelas fechadas ainda deixava o vento passar,
criando uma corrente tão forte, balançando os longos e gordos cachos
recheados do mais puro loiro dos cabelos de Catherine.
Havia alguns dias que ela jazia sentada no mesmo lugar, sem comer e com a
cabeça cheia de perguntas. Ela estava fraca e doente, com as mãos e pés
frios, com pingos da chuva caindo sem parar, ecoando nas paredes de
pedra.
Noites silenciosas recheavam o tempo que a Srta. Duppling permanecia
sentada, encolhida, observada.
Ela tentava lembrar o que acontecera depois que o cavalheiro encapuzado a
fez desmaiar. Ela tentava se lembrar porque havia ficado loira e muito
magra. Suas vestes do baile estavam sujas e amassadas e o cabelo comprido
e despenteado desconfortavelmente na altura da cintura, devido ao feitiço
de crescer que a garota aplicara naquela tarde de sábado.
Os corvos cercavam a ilha, era a única visão que Catherine podia ter de
onde estava.
Com os cabelos, Cath temia arrancá-los, por mais que já estivessem no
chão, tufos enormes do cabelo. O vestido, ela tentara rasgar, mas o
feitiço de brilho, era muito bem feito e não mudava a versão original do
vestido.

As horas e passavam lentamente, e quando o sol começou a se por um baque
surdo foi ouvido do lado de fora do corredor. Cath grudou o ouvido na
porta, para que pudesse ouvir a voz. Mas não se parecia nem um pouco com
uma, de fato, eram gritos:

Quem está aí? Estão te machucando? - Cath gritava desesperada para a grande porta de carvalho. Ela se abriu e um garoto foi jogado para dentro, ele caiu no chão e gemeu, a garota foi ajudá-lo. - Quem é você? - Ele não respondeu, as lagrimas escorriam de seu rosto, os grandes olhos pretos mostravam um garoto de três anos chorando.

Quero minha...

Quem? -Ela tentou limpar as lagrimas, o garotinho olhou para Catherine.Quando uma das lagrimas alcançou o chão, ele foi corroído. A pedra pegou fogo e desapareceu me meio das cinzas. - Quem é você?

Phillipe Montegnain!

É o seu nome? - Ele parou de chorar, e olhou para o chão. Catherine continuou - Você também tem lagrimas especiais! Você é filho de alguma fênix!

Phillipe...- e abraçou Catherine forte. Ela sentiu o calor invadir o corpo, finalmente os pés e mãos estavam quentes e o vestido seco e limpo. "O garotinho! Ele... Ele fez isso", pensava ela. Eles dormiram abraçados, e só acordaram quando a porta de carvalho abriu e uma bandeja fora colocada por alguém invisível com sanduíches, copos e uma jarra de suco de abóbora.

Phillipe Montegnain comeu em silêncio. Sua boca pequena dava mordidas do
sanduíche lentamente, come se fosse forçado á comer. Catherine observou o
garoto por alguns minutos. As roupas do garotinho eram surradas, com
mangas compridas e sapados afivelados pretos. Os cabelos de Phillipe
Montegnain eram tão louros quanto os de Cath, os olhinhos pretos
expressavam raiva e tristeza, como se ele estivesse chorando
constantemente. A garota percebeu que os olhos do garotinho eram azuis,
iguais aos dela, mas as lagrimas o tornavam pretos como nanquim.
Então, quando finalmente os dois se sentiram sonolentos e confortáveis,
apesar do ar úmido da torre, se deitaram novamente e dormiram.

As longas manhãs e noites passavam, e os dois permaneciam em silencio
absoluto.
Catherine sonhava com o Beco Diagonal, ela andava devagar, era um dia
ensolarado e com nenhuma nuvem no céu.
Então ela olhou para o chão e viu a barra do vestido. Ele era tão
comprido que Cath não conseguia andar direito. Como se de repente ela caísse, a garota abriu os olhos e respirou o ar denso e úmido da torre.Cath olhava pela abertura, observando o movimento do oceano, batendo nas pedras, e pensando em Harry. Ela se perguntava o que o garoto estaria fazendo, comendo e se sentia sua falta. Um suspiro lhe disse que Phillipe acordara lentamente, chorando e gritando. Catherine levara horas para fazê-lo parar de gritar e chorar. Ela cantava músicas aprendidas quando era pequena, doces melodias alegres que invadiam a torre, tornando-a mais aconchegante.