Catherine Duppling
E a Ordem dos Aurores

Décima Quinta Parte- A Comercialização de Almas

Catherine permanecera em silêncio por muitos dias junto com Philippe.
Eles olhavam pela única fenda que havia na parede de madeira, que
mostrava o mar de uma altura de pelo menos nove metros até o chão.
Cada vez que as enormes ondas rebatiam nas rochas escuras á base da
torre, as paredes estremeciam e parecia que o vento aumentava.
Catherine se lembrava quando Philippe roubou a varinha do bruxo que os
alimentava e soltou fagulhas vermelhas.Naquele dia, o garoto sumiu por
algumas horas e voltou fraco e mais loiro.
A garota ainda tinha esperança de que Joham ou algum auror notasse que a
barreira no norte do País de Gales era falsa, como os enormes Trasgos que
foram colocados á porta do cômodo. Eles haviam sido retirados havia dias,
e o silêncio parecia cada vez mais denso.

A viagem que Harry havia previsto para durar pelo menos uma noite fora
adiada. A alma de Cath estava em jogo e a leitura dos livros negros era
imprescindível.
A força negra possuía muito poder para manter Cath presa, ainda mais com
o sangue Fênix correndo pelas veias da garota.
Os cabelos loiros e sujos da garota caiam pelo rosto e ela permanecia
encolhida na parede junto com Philippe. Quando a noite chegou, Cath
reparou que a porta abrira, e dois homens a agarraram e a levaram para
fora do cômodo.
Ela não resistia, só observava onde poderia estar. Sua boca estava
sangrando e os homens riam sobre sua aparência. O corredor era
interminável e nele havia muitas portas de carvalhos gigantescas. Ao fim,
uma sala bem iluminada era vista, Cath fechou os olhos não acostumados
com a luz. Ela foi jogada no chão e as gargalhadas finalmente pararam,
ela percebeu que Philippe estava ao lado dela, desmaiado junto com pelo
menos um garoto negro e um adulto, com a pele verde escamosa descascando
e sangrando. Os homens ajoelharam-se perante uma figura encapuzada na
frente, ela começou a falar como num canto e os olhos pesados de
Catherine se fecharam num sono profundo, junto com as outras pessoas na
sala.
A cerimônia iria começar, e as almas iriam ser retiradas de seus
respectivos corpos.

Joham apressava-se em subir as escadas para acordar os meninos. Ele
esbarrava em vários quadros que xingavam conforme iam caindo e quebrando.
Mal humorada e pateticamente vestida Sigbrit Althopen descia as escadas
da pensão, trombando em Fred que estava subindo. Ela parou e olhou para
Joham, ele demonstrou a pressa, mas ela insistiu em continuar a falar,
lentamente e com um tom displicente.

- Então foi sua filha que libertou os dragões e os demônios no passado,
Arthur você já pensou que ela pode estar trabalhando para o Mal? - Sem
duvida alguma Sigbrit desconfiava de que lado Catherine estaria, sem
pensar onde estaria Joham.

- Sigbrit, Cath não esta trabalhando para o mal, fui displicente e não a
protegi o suficiente, ela é uma garota e não sabe o quanto é valiosa para
o Mundo dos Bruxos. Foi minha culpa que depois de hoje, ela não seja mais
do que um corpo. Precisamos da maior ajuda possível de todos para
chegarmos ao Castelo de Gurevicth antes do anoitecer.

- O Castelo? - A Aurora respirou, mantendo a calma e passou a mão nos
cabelos verdes. - Você acha que estão usando aquele lugar?

- Foram de lá que as fagulhas foram vistas, e como as instalações ainda
estão em bom estado, podem estar mantendo os prisioneiros nas torres mais
altas que dão para o oceano.

- Quem mais pode estar com Catherine?

- Suponho que seja Philippe e Forrest Makula e algo me diz que Guelador
também esteja. Ele desapareceu de sua casa á uma semana.

- Joham, eu não sei, talvez seja perda de tempo, seriam idiotas de montar
num lugar tão obvio. - Sigbrit pareceu inquieta.

- Não acho. Ainda existem, querendo ou não, fieis seguidores de Voldemort
e com certeza desejariam ver Harry Potter morto ao lado de sua namorada,
suponho que eles desejam também que fossemos burros o bastante de chegar
num ataque besta, liquidando bruxos ou trouxas que se opusessem á nós.
Não vou fazer o mesmo erro duas vezes, Sigbrit. Apronte-se e esteja no
hall daqui dez minutos. - Joham suspirou fundo, Sigbrit parecia a se
lamentar com a decisão de Joham. Burros ou não, a Força Negra estava
preparada. - Joham insistiu em continuar a subir as escadas - preciso
acordar os meninos.

Joham continuou subindo as escadas, primeiro checou o quarto de Ginny e
percebeu que não havia ninguém lá, ele presumiu que ela estaria já
acordada e junto com os garotos. Ele subiu mais um lance de escada até o
ultimo quarto e abriu a porta.
As janelas estavam abertas, os casacos haviam sumido e todas as camas
estavam arrumadas. Os garotos e as vassouras haviam sumido.
Joham deu meia volta atordoado, se culpando imensamente por Tê-los
deixado fugir provavelmente atrás de Catherine. Ele convocou uma reunião
de emergência e todos apartaram para a floresta.

Quando finalmente Cath abriu os olhos, ela estava deitada sob uma bancada
alta, e ao seu lado estava o homem de pele verde, ainda desacordado.
Ela olhou ao seu redor e a sala estava completamente vazia. Ela se
levantou, amaldiçoou o vestido por estar ainda brilhante e andou pela
sala devagar e observando se poderia escapar.
Cath pensou em suas azas e elas apareceram, ela voou até o teto, mas
nenhuma fenda existia. Ela começou a chorar, e grossas lágrimas negras
escorreram de seus olhos corroendo o chão. A maré estava começando a
subir e alagou a sala até a bancada, molhando a pele ressecada do
homem.Seus olhos vermelhos cor de sangue eram vistos e as guelras
abriram, respirando. Ele soltou um alivio e cumprimentou a garota.

- Obrigado!

- Quem é você? - A garota fechou as asas, o homem olhou espantado quando
ela sentou na bancada, abrindo um sorriso em finalmente conversar com
alguém.

- Meu nome é Macarius Black - Cath olhou para sua pele, ele entendeu a curiosidade da garota e completou sorrindo - Sou, digamos uma aberração. Meu pai é um sereiano e minha mãe uma Fênix. Fui gerado num ovo de Fênix na cidade de meu pai, no fundo do Mar Vermelho. - Cath pareceu interessada, Macarius continuou sorrindo - Sou, como você uma peça rara para a magia negra, junto com Philippe.

- Philippe! Ele não está aqui! Será que o levaram? - Cath desceu da bancada e molhou os seus pés na água morna do mar.

- Creio que sim, mas, não podemos ficar aqui, temos uma fenda criada pelas suas lágrimas, eu posso chegar ao litoral em alguns minutos, longe daqui.

- Mas, Philippe! Ele está morrendo em algum lugar! Não podemos deixá-lo!

- É um pensamento nobre, mas se fomos atrás dele, haverá três mortes, precisamos poupar nossos corpos e nossas almas, vamos embora!

- Isso é um pensamento horroroso! Eu preciso salvar Philippe! - Os olhos de Macarius se tornaram pretos, ele mergulhou no mar e voltou rapidamente.

- Você é tola! Se quiser morrer, fique, espere sua vez! - Catherine, olhou para a fenda no chão e desejou sair dali, o mais rápido o possível, mas a idéia de deixar Philippe para trás, deixar ele morrer e de sua alma contribuir para a vitória da Força Negra a atormentaria pelo resto de sua vida. O garoto era feliz em algum lugar, e isso lhe foi tirado dele, o cruel o bastante para fazê-lo chorar lagrimas negras.

- Prefiro ficar, não vou sair e deixar Philippe morrer. - Macarius sorriu com desprezo, talvez lembrando o Professor Snape, e mergulhou no mar através da fenda e desapareceu.

Harry, Matt, Ron, Karen e Ginny ainda liam os livros que a avó de Cath havia escrito durante muitos anos. Ron estava olhando na janela o sol se por lentamente enquanto todos observavam as figuras do livro, mostrando os rituais de almas, e os ingredientes. Harry olhava para a sala ao lado da que estavam, observando o console da lareira, escuro, coberto de poeira e teias de aranha com inúmeros porta-retratos antigos.O garoto levantou e entrou no outro cômodo, olhando para as fotos. Uma delas, numa moldura muito viva, folhada á ouro, estava a foto de um garoto loiro, com uns sete anos. Ele sorria com uma bola segura nas mãos, vestes marrons, meias muito brancas e sapatos afivelados pretos. Ao fundo, havia uma carruagem e uma mulher vestida de vermelho, acenando para a câmara. Harry notara que as pessoas na foto não se mexiam, então, provavelmente fora tirada por uma câmera trouxa. Ele tentou pegar a foto, mas ela não saia do lugar, ao contrário ela caiu para trás e as paredes começaram a tremer. A poeira da sala foi dando espaço a um túnel que ia se moldando na lareira, onde dava para caber um garoto muito pequeno, o garoto da foto. Harry pegou a varinha e murmurou "Lumus". Olhando desconfiado para a passagem chamou os outros. Entre vários "Oh!" Das meninas e olhares surpresos de Ron e Matt, todos acenderam as varinhas.

- Acho melhor entrarmos um de cada vez, onde quer que nos leve, aquele menino da foto usava para ir a algum lugar, ao norte...

- É onde temos que ir! - Ginny saltou a frente gritando com a varinha bem segura. Karen engoliu seco e olhou para Harry.

- Acho que essa passagem é muito pequena... - Ron ficou vermelho ao se aproximar da garota.

- Tudo bem, eu vou atrás de você. - Matt se adiantou falou para todos.

- Vamos, estamos ficando sem tempo! E Joham já deve ter descoberto que fugimos...- Harry concordou e foi à frente, entrando no túnel de joelhos, seguido por Matt, depois, Ginny, Karen e Ron. Os livros, as mochilas e as vassouras foram deixadas, os garotos apenas carregavam as varinhas á punho.

Na floresta que rodeava o Castelo de Gurevicth, os aurores foram apartando um por um, em cima de árvores ou sentados no chão, escondidos. Alguns com má sorte acabaram chegando na fronteira da floresta e apesar do susto tiveram que deixar vários trolls desacordados. A Floresta ao redor permanecia com uma constante nevoa úmida e silenciosa. A respiração ruidosa dos trolls era ouvida sem muito esforço e os passos largos que eles davam nos seus postos de vigia faziam com que o chão tremesse cada vez que o enorme pé de um deles alcançasse o chão. Joham havia acabado de estuporar dois ao mesmo tempo, assobiou para Syl McBride e a chamou. Ela apartou ao seu lado.

- O castelo não tem segurança interna. Será fácil entrarmos pelas torres mais altas se abrirmos uma passagem pelo oceano ou também pelas torres mais altas, o que você acha, querida Syl?

- Melhor irmos pelo oceano, as bancadas para os antigos rituais eram encontradas perto do oceano, para ser mais fácil do sangue ser lavado e escorrido para o mar. Talvez achamos uma rachadora que eles ainda não tenham visto.