Capítulo 8 – Lua Cheia: Memórias e Tristezas

— Preciso que você respire fundo...Visualize ele...Você sabe que ele está aqui.

Hermione respirou fundo, René ainda segurava sua mão...Mas sua visão estava começando a escurecer...Ela não sabia exatamente se acreditava na iluminada...Sua respiração começou a ficar lenta...Algo lhe dizia que ele estava ali...Hermione fechou os olhos lentamente...Quem? Quem estava lá? Não havia agora mais nada, tudo escuro...Se era ele, porque ela não tinha visto antes? O silêncio era total...

— Abra os seus olhos, Hermione. – sussurrou uma voz distante

Lentamente ela obedeceu, quando ambos seus olhos estavam totalmente abertos, já não havia mais ninguém segurando suas mãos, ela ainda estava no parque, sentada no banco...René não estava mais lá. Hermione colocou sua mão na testa, confusa:

— Mione? – era Harry. Estava sentando ao seu lado, com cara assustada.

— Harry...Aonde foi a ....

— Depois que você fechou os olhos, ela foi embora dizendo que agora tudo estava nas minhas e suas mãos...Isso faz quarenta minutos...

— Eu fiquei quarenta minutos de olhos fechados?!

Harry assentiu. "Como?" Não parecia ter sido tanto.

— Você está bem? Está sentindo alguma mudança?

Ela estava? Não sabia...Parou um pouco para olhar a sua volta. Estava tudo normal...

— MISERÁVEL!!! DESGRAÇADO!!

Hermione levantou do banco assustada...Aquela pessoa gritando...Aonde estava? Quem era? Ela olhava pelos lados procurando a origem do grito...Nada...Mas a voz continuou:

— MISERÁVEL!!! DESGRAÇADO!!

Hermione se virou para Harry, ia perguntar se ele tinha ouvido aquilo também...Mas no lugar dele estava sentando um homem estranho...Seu cabelo estava desarrumado, tinha o rosto escondido por suas mãos. Hermione se manteve imóvel...Assustada demais para sequer abrir a boca. O homem então levantou o rosto e gritou novamente. Desta vez ela pode ver seu rosto. No lugar do olho direito havia um buraco negro...A boca do homem tinha em seus lados sangue seco...O olho que ainda estava lá só transmitia raiva.

— Não se assuste, ele não pode machucar você. – sussurrou uma voz conhecida atrás dela.

Hermione se virou...E não podia acreditar no que via...Era...Era Rony em sua frente!! Os mesmos olhos, o mesmo cabelo! A surpresa foi tão grande que ela se sentou no banco, ignorando o homem ao seu lado que continuava a gritar:

— RONY! – ela gritou, não acreditando no que via... – Você está vivo?

— Não, e você sabe isso. Você pode me ver porque René liberou sua habilidade...

— Rony, eu...Eu tenho tanta coisa para te dizer... – ela se levantou, mal acreditando com quem falava. – Tanta coisa para perguntar!

Rony que estava parado desde então, virou sua cabeça lentamente indicando o caminho por onde René veio:

— Podemos caminhar...?

— Mas e Harry?

— Harry...Harry...Ele não pode me ouvir, pelos por enquanto...

— Ele vai estranhar se eu sair daqui sem falar nada...Afinal, onde ele está?

— Continua aqui. Ele pode te ver e te ouvir...Fale com ele normalmente.

Hermione confiou na palavra de Rony, mas sem certeza falou para o banco:

— Harry, eu vou caminhar um pouco...Não se preocupe comigo.

Os dois então começaram a andar lentamente, cada vez se distanciando mais do banco, depois de um tempo, quando o banco tinha sumido de vista, Rony e ela pararam:

— Você deve estar pensando o quanto surreal é isso... – começou Rony – Deve estar se perguntando se tudo isso está realmente acontecendo...Eu também...Mas por muito mais tempo que você. Eu não sei bem como cheguei a esse estado...Não sei se esse espectro que você está falando agora é realmente Rony...Por isso antes de falar qualquer coisa, quero te avisar isso: Eu não sei o que sou, não sei se terei todas as respostas para suas perguntas.

— Sendo o que eu sou...Só consigo lembrar de coisas relacionadas a minha morte, entende? Sei que tenho irmãos, mas não consigo me lembrar dos rostos deles...Sei que fui da Grifinória, mas não sei como. Nem consigo lembrar da minha cor favorita.

— Uma das minhas primeiras memórias é meio nebulosa, mas é o começo de tudo. O começo da minha traição e da minha morte. – Rony colocou sua mão fantasmagórica acima da testa de Hermione – Leia os meus pensamentos, Hermione.

A partir daquele momento, Hermione sabia o que fazer, fechou os olhos e a voz de Rony revelou segredos guardados há muito tempo:

Não me lembro exatamente da data, talvez tenha sido durante algum mês de férias, só sei que estava sentando jogando xadrez com alguém que não me lembro, talvez por pedido dessa pessoa me levanto e saio da sala, eu acho que é a Toca, onde eu morava...Não tenho certeza. Eu ando até a entrada da cozinha, mas paro porque ouço vozes conversando, é o meu pai e alguém do ministério, discutiam sobre um perigo que poderia surgir em Hogwarts...E esse perigo era eu. Me lembro de cada palavra:

— Eu não acredito no que você está falando! Você está acusando o MEU filho de traição? O meu filho?!

— Só estou falando de uma possibilidade, Artur...Encare os fatos, o seu filho tem falhas que o podem levar a traição...Todos sabem disso...Ele é um prato cheio para Voldemort, um passo errado e o garoto pode matar Harry Potter!

— Os dois são melhores amigos! Nunca que Rony iria fazer uma coisa dessas!

— Ele é um perigo, Artur...Você precisa tirar ele de Hogwarts antes que seja tarde demais!

Eu fiquei parado, com raiva...Fiquei com muita raiva, Hermione.Eu pensei: "Esse homem está falando aquelas coisas sem nem ao menos me conhecer...Como ele podia falar uma idiotice imbecil dessas? Eu nunca trairia Harry!" Mas sabe de uma coisa, Hermione? Bem lá no fundo eu sempre tive dúvidas no que faria se Voldemort me capturasse...Tinha medo de ser fraco demais e trair Harry...Fraco fisicamente, tinha medo de sucumbir à dor de um Crucio...O idiota aqui nunca imaginou que o problema estava na minha mente, eu sou fraco de personalidade, de caráter.

— Não! – gritou Hermione abrindo os olhos, e os fixando nos de Rony – Você realmente acredita nisso, Rony? Você acha que não teve caráter?

Ele suspirou:

— Não é questão de achar, foi o que aconteceu...Eu falhei. Por favor, eu só quero contar o que me lembro e ajudar vocês dois a se prepararem para hoje à noite. Tire suas conclusões depois.

Hermione fechou os olhos, mas decepcionada...Ele estava se autodestruindo:

Minha próxima memória é com você...Pode parecer bobagem, mas a maioria delas é com você. Essa é quando estávamos conversando sobre colocar um explosivin na cadeira do Snape...E então ele aparece, Krum...Lembro que fiquei ouvindo vocês dois conversarem...Naquela época ainda não tinha feito a escolha mais imbecil da minha vida, mas cada vez mais me distanciava de Harry, achava que o quanto menos eu soubesse, quanto menos eu me importasse, mais fácil seria...Fui idiota...Isso só me deixou com mais desconfiança e mais medo. Enquanto pensava nisso, Krum foi embora e te deixou chorando...Essa foi uma das únicas vezes que consegui falar com você como uma pessoa normal e não um asno incompreensível e imaturo...Eu ainda não consegui encaixar essa memória, não sei porque me lembro disso...Apenas sei que, por algum motivo, depois disso foi uma queda livre...Comecei a brigar com Harry, a não conseguir dormir...A memória que se segue é...Especial...Não sei bem quando se passa...Talvez você saiba...Era de tarde e você recebeu uma coruja, estávamos você, Harry e eu fazendo juntos alguma lição...Você levantou, abriu a carta...Era da:

— Era da mãe de Vítor – ela completou o pensamento em voz alta, ainda com os olhos fechados.

Você leu uma parte em voz alta...Dizia que ele tinha lutado bravamente e salvado a vida dos pais, mas a custo da própria...A carta continuava falando que o último pedido de Krum tinha sido:

— Pedir desculpas para mim, por não estar do meu lado quando me formasse – disse triste Hermione, lembrando do dia, e deixando uma lágrima escorrer por seu rosto.

Você então começou a soluçar e Harry e eu ficamos estáticos, sem saber o que fazer...Ou pelo menos eu fiquei sem saber...Foi naquele momento que parei...Pensava comigo mesmo, e agora? Ele morreu e ela amava ele...Que faço? Por que eu não estou contente com isso? Afinal, eu odiava ele! A razão, era que eu não odiava Krum...Eu amava você. E só naquele momento eu realmente entendi aquilo...Mas continuei ali estático, feito bobo...Abri e fechei a boca várias vezes esperando que alguma palavra maravilhosa saísse sozinha...

O coração Hermione estava disparado...Mas ele não deixou que ela sequer abrisse a boca, continuou contando suas memórias:

E então Harry se levantou, e te abraçou...Naquele exato momento eu vi o que era óbvio mais ninguém via...Vocês dois estavam destinados um para o outro...Harry sempre foi muito mais seu melhor amigo do que eu jamais tentei. Ele sempre estava lá para você e você para ele. Eu sabia que era apenas uma questão de tempo até que os dois descobrissem isso...Toda essa dedução não demorou mais que dois segundos...Levantei e fui embora. Depois daquele momento, sabia definitivamente que não tinha utilidade no "trio maravilha", sabia que você nunca ia gostar de mim mais do que um amigo qualquer, sabia que Harry nunca ia precisar da minha ajudar...Meu medo passou a ser raiva, raiva de tudo...Da minha família, da escola, de vocês, da minha inutilidade.

Naquela mesma noite procurei Malfoy, não me pergunte como eu o achei, nem eu mesmo me lembro, acredito que ele me achou. Não trocamos palavras, ele simplesmente me levou até Voldemort. E lá fui questionado.

Voldemort sabia quem eu era...Já me observava há algum tempo, aquele agente do ministério não tinha sido o único a perceber o meu "potencial"...O que ele não sabia Malfoy lhe informava...Falei pouco durante aquela reunião escura. O que falei, porém, trouxe gargalhadas aos comensais, e a Voldemort. Como não tinha nada a perder, fui sincero em todos os detalhes. De qualquer forma isso garantiu me a vida por um tempo, fui aceito no ciclo de Voldemort, me tornei um Comensal da Morte.

Minhas próximas memórias são todas de ataques que fiz parte contra você e Harry...A verdade é que no começo a raiva era tão grande que dei realmente informações que podiam ter matado muitos, principalmente Harry...Mas ele escapava e depois de cada ataque mal sucedido tinha que voltar a Hogwarts, colocar uma máscara e enganar vocês dois mais uma vez, fingindo.

Com o tempo ganhei a confiança de cada Comensal, e ficava cada vez mais difícil evitar Snape...Lembra? Antes de morrer ele tinha se infiltrado por ordem de Dumbledore...

Finalmente e por último os Malfoy acreditaram em minha "lealdade". Certa noite Draco e eu fomos chamados por Voldemort, apenas nós dois, mais ninguém. Éramos a nova geração e ninguém sabia que éramos comensais...Voldemort anunciou que a guerra estava chegando ao um fim, e nós dois seríamos o cheque-mate.

Ele nos deu duas missões vitais. Não me lembro qual era a de Draco, a minha, porém nunca vou esquecer. Minha missão era matar um auror. Não me lembro de seu nome nem porque tinha que ser morto...Apenas lembro que tinha que mata-lo...E só me lembro disso...Era a primeira vez que EU teria que fazer o trabalho "sujo", eu teria que matar com as minhas próprias mãos...Aquilo me chocou...Me virou as entranhas. Durante os dois dias de espera do "sinal" para agir, percebi o quanto tinha ido longe...Longe demais. Pensei no meu pai..minha mãe...E no quanto estava os decepcionado. O quanto aquilo ia contra o que eles me ensinaram.

Percebi o quanto tinha sido infantil e imbecil...Colocando os meus sentimentos na frente de tudo...Não era à toa que sempre fui o elo fraco do trio. Sabia que tinha ido longe demais. Quando Malfoy veio ao me encontro com o sinal...Recusei a ir, falei que ele voltasse para Voldemort e enfiasse o sinal naquele lugar. Já estava anoitecendo. A hora marcada para a morte do auror passou e ele viveu...Voltei para Hogwarts e encontrei com vocês, sabendo que talvez aquela ia ser a última vez que iríamos ficar juntos. Pela primeira vez, quis contar tudo, explicar antes que fosse tarde demais. Fui covarde...E Malfoy pediu mais um encontro. Desta vez nos terrenos de Hogwarts...Era sinal que já não se importavam se eu era descoberto ou não...Roubei a capa de Harry, e segui para fora do castelo.

Draco estava me esperando, feliz da vida. De lá fui levado até o encontro de Voldemort, mas ao contrário do que suspeitava, ele não me matou..Sofri com o Crucio, mas estava vivo...Voltei para Hogwarts...E então o verdadeiro castigo de Voldemort veio...Você e Harry tinham descoberto minha traição, o encontro com Malfoy foi uma farsa para que um de vocês visse.

Harry me encontrou e falou tudo o que eu merecia ouvir...Eu sabia que o castigo de Voldemort não ia parar ali, iria ir além de vocês dois, chegaria a minha família, a toda a imprensa...Seria o fim. Queria que Harry tivesse me matado ali mesmo, ele não teve coragem...Me deixou ir, e só adiou o inevitável.

Malfoy apareceu de novo atrás de mim...Desta vez a mando de seu pai. Lúcio me odiava, sabe? Nem tenho idéia do porque. E então como se não bastasse todas as minhas outras falhas, eu fui colocado sob o feitiço Imperio, e não consegui me libertar...Você e Harry tirariam aquilo de letra.

Sem o controle de movimento, acabei aparatando em uma casa, a casa do auror que deveria ter matado antes...Abri a porta com um alohomorra, apontei minha varinha para o homem...E não fiz mais nada.

Morri naquele exato momento...Apaguei por completo...Mas sabe? Achei que era o fim do sofrimento...Claro que não. Não mereço nada além de castigo...Depois da sensação de nada, quando abri meus olhos estava em um cemitério...Em um enterro...No meu enterro.

Ninguém chorou não é? Não houve uma lágrima sequer...Não posso culpa-los...Mereci isso...

Depois daquele momento eu me tornei o que sou hoje, um simples amontoado de memórias sem ser realmente Rony. Fiquei vagando pelo cemitério, sem poder ou querer sair de lá.

René Brito me ajudou a lembrar de mais e mais coisas...Mas eu ainda não conseguia sair de perto minha sepultura...Acho que estava esperando por alguém...Alguém que pelo menos sentisse minha falta e colocasse uma flor, nem que fosse um botãozinho pobre...Mas ninguém nunca foi, e René me mostrou isso e eu desisti de esperar.

E então Hermione, finalmente eu estava "livre" para voltar para a minha casa, tentar lembrar de quem eu era realmente.

Não sei como consigo ir de um lugar para o outro. Simplesmente apareço quando alguém se lembra de mim...E você Hermione é a que mais se lembra de mim...Há algum tempo venho ficando ao seu lado...Acompanhando os seus dias...

Foi então que começou...Esses desaparecimentos...Percebi que algo de sério estava acontecendo, mas você não percebia! Fiquei sem saber o que fazer...Não podia me comunicar com ninguém a não ser René...E foi ela que me ensinou a utilizar sonhos para mandar mensagens...Venho tentando avisar Harry há tempos, mas os sonhos só o deixam com mais raiva de mim! Mas que podia fazer? Era a única lembrança que tinha de Malfoy que indicasse que ele estava doente!

Hermione abriu os olhos, surpresa, confusa, triste...Tudo ao mesmo tempo, entre tantas perguntas e afirmações ela resolveu escolher a que Rony preferiria:

— Você sabia que ele estava doente?

— Sabia. Ele está com aquela doença desde que...bem...conheceu uma certa...É uma longa história que não me lembro direito – disse Rony sorrindo pela primeira vez – Ele se apaixonou por uma trouxa, sem saber que ela trouxa é claro...E...bem...aconteceu algo...e...

Hermione ficou olhando ainda mais surpresa e confusa...Esperando que ele continuasse. Finalmente ele desistiu de lembrar e falou:

— Draco é o último comensal vivo capaz de dizer a vocês o que Voldemort planejou antes de sua morte. Como não me lembrava o que era esse plano, não podia avisar Harry ou você...

— Malfoy não fala...Já procuramos ele no hospital.

— Eu sei disso...Fui eu que pedi que Selene...A iluminada que vocês visitaram...falasse dele. Mas ele se recusou não é? Nada mais normal...Talvez uma vingança de última hora...Idiota seboso. Eu não sei porque quis xingar ele assim...Eu não me lembro...Por que eu odeio ele tanto assim, Mione? – perguntou ele fechando o sorriso.

— Eu...eu não sei – disse perturbada. – direito...Acho que...

Os dois ficaram em silêncio...Ela olhava para a visão fantasmagórica a sua frente, ele estava pálido e semi-transparente, mas fora isso estava exatamente como ela se lembrava...E ele...tinha dito que amava ela...Ele tinha amado ela! Ela era razão de tudo que ele tinha feito! Foi por causa dela que ele se transformou em um Comensal...Ela segurou as lágrimas bravamente para acompanha-lo, enquanto ele voltava andar:

— Não te culpo por nada Hermione...E nunca vou. A culpa é toda minha, eu fiz as escolhas erradas, eu desisti de tudo que realmente importava...Você não pode chorar por minha causa! Não pode! – ele falava tudo aquilo sem olhar para ela, mas ela podia sentir que ele também pensava em chorar. Ela sabia que agora os dois estavam ligados, sentiam um ao outro. – Eu joguei tudo fora. Eu fui covarde...

— Rony...

Então ele se virou:

— É bom ouvir o meu nome de novo...E é melhor ainda ouvir saindo da sua boca...

Porém algo lhe fez voltar a olhar para frente, e ele não continuou a frase. Mudou de assuntou:

— Hoje é a noite...Eles vão atacar...Veja o céu – ele apontou para o céu rosado – Está escurecendo...Eles vão terminar o trabalho...

— Rony...Foi você que me parou naquela hora? – disse Hermione lembrando do último ataque no FAF.

— Foi. Você já estava se tornando uma iluminada, podia me ouvir...Consegui evitar que você fosse levada também...

— Eu? Eles também querem me pegar?

Ele assentiu com a cabeça:

— Você e Harry fazem parte do plano...Não sei como...Voldemort me falou um dia, mas não consigo me lembrar...Sou inútil como sempre...

— Voldemort está vivo?

— Acho que não. Você deveria saber disso melhor que eu...Não foi Harry que matou o desgraçado?

Hermione não respondeu...Mas ao ouvir o som do nome dele, sentiu falta de Harry:

— E Harry? Por que não consegui ver ele? – ela perguntou lembrando do acontecimento no banco.

Rony deu os ombros:

— Talvez você não queira ver ele.

Hermione preferiu não pensar nisso. Por que não iria querer ver Harry?

— E quanto aquele homem sem olho? Ele também é...a mesma coisa que você?

— Acho que sim...Provavelmente...Só que ele não foi libertado por um iluminado ainda.

— Podemos...Podemos voltar lá? Harry pode estar correndo perigo. – ela pediu, mesmo sem precisar de autorização.

— Se você quer...Ele ainda não vai poder me ver...Você...Vai contar tudo o que eu falei? – perguntou Rony, inseguro do que realmente queria.

— Eu...eu não sei ainda. Eu nunca imaginei que você ia encarnar aqui na minha frente e dizer todas essas...

Rony a interrompeu, como se um raio o tivesse atingindo:

— Encarnar?! É isso! – ele gritou, mas sua voz apenas ecoou nos ouvidos de Hermione – Eu lembrei do plano de Voldemort, Mione!

***

Harry estava sentando naquele banco há tempo demais estava começando a ficar muito preocupado...O que estava acontecendo com Hermione? Ela tinha ido embora mesmo com os protestos dele...Será que a tal René na verdade era parte do grupo? Não...Harry tinha certeza que não. Havia algo realmente entre eles, alguém.

O dia já estava escurecendo, a lua já aparecia gigantesca no céu e nada de Hermione...O que estaria acontecendo? Deveria ele ir atrás dela? Sair correndo?

Com um impulso rápido de ansiedade ele levantou do banco, se virou para o mesmo caminho por onde Hermione tinha ido embora, mas ao encarar-lo de frente viu ela andando lentamente, cabisbaixa, e se aproximando.

Harry não teve paciência para esperar mais tempo. Correu até ela:

— Mione! Aonde você foi? O que aconteceu? – perguntou muito rápido.

— Harry...É difícil explicar...E não temos tempo! – ela disse levantando a cabeça.

— Comece do começo!

— Sem tempo para isso também – ela suspirou – Harry, o que realmente importa é que Voldemort está ainda aqui, ele não morreu por completo, parte de sua "essência" está aqui ainda, mas não como da última vez, ele...Bem...Ele não tem mais corpo ou alma...E para ele voltar a ter os dois precisa encarnar em alguém...Se apossar do corpo. Entende?

Harry apenas assentiu com a cabeça.

— E apenas um iluminado consegue receber algo assim...

— Arcantos. – ele completou, deduzindo onde ela queria chegar.

— Exatamente! Ele vai ser usado em uma cerimônia que apenas alguns comensais conheciam...Treze inimigos de Voldemort seriam levados para uma sala, seriam mortos em sacrifício, depois o sangue deles seria usado como o ingrediente principal de uma poção...Arcantos tomaria ela e essa serviria para manter a essência de Voldemort nele para sempre. A cerimônia precisa ser realizada na última noite de lua cheia.

— Hoje. Mas que comensal está solto para unir um grupo novo e seqüestrar pessoas abertamente?

— Não sei. Mas vamos descobrir isso.

— Espere...Você disse treze inimigos? Mas foram nove raptados!

Ela assentiu:

— Isso mesmo...Parece que somos os próximos da lista.

Harry olhou para o céu. Queria saber como ela tinha descoberto tudo aquilo apenas andando por um parque vazio...Mas o tempo estava correndo, precisavam pensar e rápido em uma forma de parar aquele plano. Mesmo com todas aquelas informações, não tinham como agir, não havia pista de onde os culpados estavam agora ou quem eram realmente.

— Então é melhor estarmos bem preparados...Trouxe sua varinha?

— É claro. Sempre comigo.

Harry checou a sua que estava em seu bolso. Enquanto isso Hermione olhava para os lados como se procurasse algo:

— Que foi? – ele perguntou.

— Ah nada. Acha que eles irão atacar agora?

— Não sei, Mione. Provavelmente, se realmente formos os próximos.

Hermione sentou no banco, parecia cansada...Harry aproveitou para tentar descobrir o que tinha acontecido:

— Quando René foi embora...Eu fiquei muito preocupado...Você está bem? De verdade?

— Não sei mais, Harry. Estou meio confusa. Ouvindo coisas...Pensando demais...Mas passa, não vou ser uma iluminada para sempre...Foi como René disse, não foi? Talvez nunca me torne uma de verdade.

— E isso é bom ou ruim? – ele perguntou, procurando perceber a reação dela em detalhes.

Hermione demorou para responder...E isso preocupou Harry...Alguma coisa lhe dizia que...R..Não...Bobagem...

— Eu... – ela começou a responder apenas para ser interrompida.

Em um piscar de olhos os dois estavam cercados por bruxos mascarados...Não havia escapatória...Harry ainda tentou lançar um feitiço, Hermione tentou aparatar...Mas não houve tempo nem para um suspiro. Ambos foram nocauteados por dúzias de feitiços ao mesmo tempo.

Caíram inconscientes e sangrando.

Nota da autora: Espero que esse capítulo não tenha sido uma porcaria! Eu sou péssima com sentimentalismo...Please me falem o que acharam: madamescila@hotmail.com A fic está chegando ao seu final e gostaria muito de descobrir o que quem lê está achando!