Capítulo 9 – Lua Cheia: Sangue e Crueldade

Harry abriu os olhos lentamente, sua cabeça doía...O que tinha acontecido? Ele tentou se levantar, mas foi inútil estava acorrentado. Finalmente abriu os olhos por completo e se deparou com o rosto de Hermione, ela o fitava assustada:

— Você está bem? – ela perguntou em um sussurro

— Onde estamos?

— Não sei...Está tudo tão escuro! E eu não consigo virar o rosto...Estamos enfeitiçados.

Harry tentou novamente se mexer, desta vez apenas a cabeça...Não conseguiu. Porém ele podia ouvir alguém respirando alto ao seu lado, parecia estar dormindo. De repente Harry ouviu passos muito próximos, alguém tinha acabado de entrar:

— Estão todos prontos? – disse uma voz que Harry nunca tinha ouvido.

Uma segunda voz desconhecida respondeu:

— Estão...Todos desacordados. E quanto as varinhas?

— Comigo. Agora, me ajude a levitar eles até o salão, a lua já vai estar em posição.

Harry ouviu as duas vozes lançarem feitiços de levitação, e pouco tempo depois ele e Hermione foram levitados. Ele não conseguiu ver quem eram os bruxos que falavam a sua frente, mas percebeu reparou nos corpos levitados do lado...Eram todos os bruxos seqüestrados. Felizmente todos estavam apenas desacordados, pois respiravam rapidamente.

Lentamente todos foram levitados por um corredor estreito com paredes de pedra, a "caminhada" pareceu durar horas, mas enfim terminou em um amplo hall iluminado pela luz da lua.

Harry podia ver claramente agora, havia três pessoas no centro do hall, junto a um caldeirão gigantesco. Em volta deles estava um enorme círculo de pessoas com capas, os que Harry podia ver de frente tinham máscaras de madeira já familiares. Os dois bruxos que conduziam, pararam os seqüestrados em uma fileira.

Quando a presença deles foi notada, alguns membros do círculo abriam uma brecha para que os dois bruxos pudessem passar, os dois receberam abraços de um dos que estavam perto do caldeirão, esse parecia ser o chefe, sua máscara era diferente das outras, possuía um desenho mais tenebroso. Então ele falou primeiro baixo para que apenas as pessoas no centro pudessem ouvir, depois de uma curta conversa entre eles, sua voz falou para todos os outros:

— É chegada a hora! Irmãos e irmãs, nosso destino está próximo! A vitória será nossa e a nossa vitória será do Lorde das Trevas!

Houve uma comoção entre eles, alguns levantaram as mãos em alegria, outros ficaram de joelhos. O bruxo continuou:

— Todos vocês contribuíram para chegarmos aqui! Sua lealdade será recompensada, Lorde Voldemort sabe faze-lo! A lua está entrando em posição, logo será meia-noite, e quando todo o seu brilho recair nessa poção seremos imbatíveis! – ele se virou para os dois homens que haviam levitado os prisioneiros – Irmão Roger, irmão Lance...Fizeram um ótimo trabalho cuidado de nossos inimigos... – ele se virou para os outros dois ao seu lado – Irmã Miki, irmão Milton, o conhecimento de vocês nos libertará desse mundo sujo de trouxas! O Lorde irá recompensa-los muito bem! Irmão Nevin – ele fez uma pausa enquanto um mascarado baixo se aproximou do centro – Seus métodos nem sempre foram os desejados mas sua tarefa foi cumprida, todos os 13 estão aqui.

Ele então se virou para os prisioneiros, o resto dos bruxos fez o mesmo. Porém, pareceu que somente percebeu que Harry e Hermione estavam acordados:

— Harry Potter... – ele se aproximou da fileira de prisioneiros e ficou cara a cara com Harry – Uma vez você já o trouxa a vida, e duas vezes você a já tirou dele. Desta vez porém, sua ajuda será breve mas essencial. Você vai morrer para dar vida a ele...Como se sente?

— Que tal falar comigo sem essa máscara? Assim posso cuspir na sua cara nojenta.

— Ah...Você gostaria disso não? Gostaria de saber quem eu sou! Bem, você terá sua resposta...

Ele se virou para seus seguidores, mas sua voz estava direcionada a Harry:

— Sabe aquela pessoa, insignificante que faz todo o trabalho? Cuida da papelada? Faz aquele trabalho que ninguém gostaria de fazer? Aquele sujeito que quase ninguém nota? – ele fez uma pausa – Sou eu. Somos nós. Estamos em todos os lugares, em todos os tempos, horas, dias da vida de todos, mas ninguém nos nota...E isso...Isso, Potter, é o que nos faz grandiosos.

Os mascarados riram baixo enquanto o líder se virava para Harry novamente:

— Todos aqui têm muito em comum, sabe? Nosso sangue é puro e nossa lealdade é cega, mas não burra. Os antigos comensais fracassaram...Não precisa ser um gênio para descobrir por que. Todos sabiam quem eles eram...Not, Malfoy, Goyle...Os nomes estavam na ponta da língua. E eles? Eles não tinham noção de como agir corretamente, o que lhes interessava era se divertir matando sangue-ruins. Nós também queremos diversão, mas eu sei que segredo é a chave. Você sabe a razão de Malfoy não estar morto como o pai? Simples, ninguém conseguiu provar o que ele foi. Mesmo você sabendo, ninguém acreditou no famoso Harry Potter e nem na salvadora da pátria Granger. E o mesmo vai acontecer aqui. Exceto que a parte vocês em que vocês ficam vivos para contar a estória, é claro.

— Não faz diferença então se eu sei quem você é ou não, não é verdade? – desafiou Harry.

— Exato. Mas por que te dar o gostinho?

— Eu não preciso saber quem é você para te matar. Depois que você estiver frio no chão, é só tirar essa máscara ridícula.

Os mascarados riram mais uma vez, desta vez com mais vontade:

— Claro. Com certeza o herói do dia será mais uma vez, pela centésima vez, Harry Potter. Sabe...Um dia a sorte acaba. E, para você, esse dia vai ser hoje.

Ele voltou para dentro do círculo, onde os "irmãos" Miki e Milton inseriam ingredientes, estranhos dentro do caldeirão. A luminosidade da sala cada vez aumentava, a lua estaria sob o teto aberto em poucos minutos. Era hora de Harry fazer alguma coisa, e rápido.

Ele não conseguia virar o rosto para Hermione, mas ela estava ao seu lado, então pode ouvi-la bem quando disse:

— Eles pegaram nossas varinhas? – ela perguntou

— Pegaram. – confirmou Harry, gravemente.

— Harry, eu acho que sei quem o líder é. – ela fez uma pausa para pensar melhor – É estranho, mas acho que ele é o Raymond.

— Raymond?! O agente do esquadrão?!

— É...A voz dele...É muito familiar. E Miki e Milton...Eu já ouvi esse nome antes! É como se todos eles estivesse nos observando desde o começo!

— É bem provável...Mas Raymond estava na festa...

— Ele deixou outro para a tarefa de capturar pessoas...

— O tal do Nevin...

— Acho que sim...E também acho que esse Nevin é o mesmo Nevin do meu escritório, meu novo assistente! – a voz de Hermione demonstrava o quanto ela estava surpresa.

— Então ele que estava roubando os feitiços?

— É perfeito. Ninguém nunca ia suspeitar dele, ele era tão...

— Burro. – interrompeu uma voz. Era um mascarado.

— Eu ia dizer atrapalhado.

— Ah, é claro...Hermione Granger é muito sutil...Imagina se ia chamar alguém de burro. – Harry não conhecia a voz do homem, mas Hermione pareceu conhecer.

— Nevin...Por que?

— Precisa mesmo responder? É tão repetitivo. Eu odeio sangue-ruins, sou sangue-puro e mereço o melhor, e Voldemort vai me dar isso. CHEGA! CHEGA de ficar aos pés de uma suja como você! Sua imbecil!

O sangue de Harry ferveu, ele tentou se mover novamente, mas sem sucesso:

— O seu problema não é comigo. Você é um frustrado, pelo menos admitia. – revidou Hermione, sem se mostrar afetada pelos insultos de seu futuro ex-assistente.

Nevin chegou mais perto ainda de Hermione, e mirou sua varinha no rosto dela:

— Um crucio vai calar a sua matraca. Só um cruciozinho.

Mas ele foi interrompido pelo líder:

— Irmão Nevin? O que está fazendo?

Nevin não respondeu:

— O que você está fazendo? – repetiu o líder – Já não falei para deixar a Granger em paz? Controle-se homem! Venha aqui!

Relutantemente Nevin voltou para dentro do círculo. Harry ouviu Hermione soltar um suspiro de alívio:

— Eu achei...Achei que ele realmente ia... – ela não terminou a frase, preferiu mudar de assunto – Precisamos sair daqui...Salvar essa gente...Fazer alguma coisa!

— Eles terão que nos libertar desse feitiço alguma hora, não é?

— Será? Precisão de nosso sangue...Podem nos cortar nesse estado mesmo. Se ao menos eu soubesse qual feitiço era esse! Todos que eles usam tem defeitos, se eu descobrisse poderíamos ter alguma chance

— Eu acho sei como descobrir isso. Mas preciso da sua ajuda...

— O que preciso fazer?

— Precisa tirar esse informação do Nevin, ele está louco para se gabar.

— Eu não sei...Ele parecia pronto para me matar, Harry...Eu não tenho certeza de que conseguiria.

— Precisamos tentar! Chame ele!

— Como assim, chamar?! Não vai dar certo!

Harry decidiu tomar uma atitude sozinho:

— Ei, Nevin!

Ele se virou novamente para a fileira, assim como outros mascarados:

— É, você mesmo. Pode coçar a ponta do meu nariz? Sabe...Eu não consigo mexer minhas mãos com esse feitiço podre de vocês.

— Ora seu!! – gritou Nevin vindo em direção a Harry.

O líder novamente o parou:

— NEVIN! Não caia nos truques de Potter.

Desta vez porém Nevin revidou:

— Ah cala a boca, Ray!

O líder sacou sua varinha e lançou um Crucio em Nevin, que caiu no chão se contorcendo:

— NUNCA FALE O MEU NOME SEU IMBECIL! Inútil! CRUCIO!

Nevin recebeu mais uma rajada do feitiço. Seus gritos ecoavam pelo hall.

***

Hermione respirou fundo ao ver Nevin se contorcer no chão. Era horrível! Aquele garoto, que parecia tão inofensivo! E Raymond que...bem...

— CRUCIO!

Não parecia ser aquela pessoa. Em meio aos gritos porém, Hermione pode ouvir uma outra voz, a voz de Rony em sua mente:

— Voldemort está aqui. Esperando.

— Rony! Você pode nos ajudar?

— Acho que sim. Mas preciso que Nevin fique inconsciente...

— Como assim? O que você vai fazer?

— Vou entrar na mente dele...Pelo menos tentar...Quem sabe eu descubro o feitiço.

— Você ouviu Harry então?

— Sim. Fiquei preocupado quando vocês foram levados, mas você pensou em mim, não foi? E aqui estou eu.

— Eu achei que tivesse ido embora para sempre...Eu...

Ele a interrompeu:

— Ele apagou. Vou tentar. Me deseje sorte!

A voz desapareceu. Hermione ficou observando o corpo de Nevin caído, esperando por algo. Raymond ria. De repente Rony falou novamente:

— Ele é louco...Fique longe dele ok? Ele tem sérios problemas.

— Eu já suspeitava...E então, conseguiu?

— Quase. Ele não sabe qual é o feitiço mas...Não sei se vai ajudar...mas ele planeja matar Raymond...Esse Raymond...É o mesmo que você achou que era eu?

— Erm...é...por que?

— Me sinto...Digamos...Inconformado com isso. Parece que ele não tem nada a ver comigo...

— Você já viu o rosto dele? – Hermione mudou de assunto, apressada – Chega disso, ele quer matar Raymond? Mas quando?

— Ah, logo. Aliás, daqui alguns minutos. Raymond vai levar Harry para perto do caldeirão e aí Nevin vai matar ele e tomar o poder, ou algo parecido. Ele tem tudo planejado, o doido. Pode dar certo.

— Se Raymond for quem está mantendo o feitiço sobre nós...Aí teremos uma chance! Harry poderá se mexer! Eu acordaria os outros e recuperaria nossas varinhas...Mas...

— Mas?

— Eu...Rony...E se não der certo?

— Vai dar certo...Sempre dá! Vocês dois são o casal perfeito.

— Casal?

— Modo de falar...Eu acho.

— Ah...

— Hermione? – era Harry chamando. Ela pode sentir Rony se afastando de sua mente. – Hermione! E agora? Ele está caído! Será que morreu?

— Não. Está respirando... – respondeu ela meio perdida – Harry! Temos um plano!

— Temos?

— Nevin quer matar Raymond. E vai fazer isso daqui a pouco.

— Como? – começou Harry, mas Hermione não o deixou interromper.

— Quando você for levado para ser morto, ele vai tentar matar Raymond...Se ele conseguir, ou pelo menos distrair ele o suficiente, conseguiremos nos mexer de novo!

— É...Mas e os outros? Deve ter uns 20 bruxos mascarados lá...Sem varinha eu não tenho chance.

Hermione parou para pensar um minuto, enquanto olhava Nevin ser carregado para perto do caldeirão a mando de Raymond:

— Temos que descobrir onde nossas varinhas estão.

— Isso eu sei. Estão com os dois que nos trouxeram aqui.

— Eles vão estar do lado da confusão...Você precisa pegar as varinhas dele...Enquanto isso eu vou acordando os outros...Seremos 13.

Harry concordou, mas pelo tom de voz não estava muito confiante. Não houve tempo para mais nenhuma troca de idéias. Raymond falava novamente:

— É HORA! E quase que esse verme nos atrapalha – disse ele bravamente – Que venha o primeiro cordeiro!

****

Harry sentiu uma força o puxar para o círculo, os bruxos nele abriram uma brecha e ele passou direto e ficou frente a frente com Raymond, separados apenas pelo enorme caldeirão borbulhante, onde havia uma solução avermelhada onde havia um nítido reflexo da lua cheia acima deles. Ao lado esquerdo de Raymond estavam o casal Miki e Milton, Miki segurava um punhal curvado com marcas rúnicas em sua lamina e cabo de madeira. Do lado direito estavam os dois e felizmente varinhas em seus bolsos:

— Tragam o iluminado!

Um dos bruxos do círculo saiu do hall...Após alguns minutos de respiração forte e suor frio escorrendo pela testa de Harry, ele voltou com o iluminado. O homem tinha seus olhos brancos sem nenhum globo ocular...Ele estava possuído:

— Lua cheia da noite, sangue impuro, corpo leal. Lua cheia! Traze-me a força! Encha-me com sua magia negra! – gritou Raymond.

A luz azulada da lua brilhou como se fosse um raio do sol e atingiu diretamente no caldeirão. Miki entregou o punhal para Raymond...Era hora de agir Nevin! Harry olhava para o bruxo desesperado...Ele não abria os olhos!

— Lua cheia! Traze-me a força! Enche-me com sua magia negra! – gritou novamente Raymond.

Um coro uníssono surgiu...Todos do círculo repetiam a mesma frase..."Sangue, corpo, impuro, leal." Harry ainda olhava para Nevin. Esse por sua vez abriu os olhos, Harry suspirou de alívio. Lentamente ele levantou, enquanto Raymond cortava seu braço com o punhal e deixa pingar gotas no caldeirão.

Nevin finalmente tinha se levantado e agora, totalmente consciente da situação ele pegou sua varinha e apontou para Raymond, e gritando mais alto que podia lançou o feitiço fatal:

— AVADA KEDRAVA!

Harry não conseguiu acompanhar muito bem o que aconteceu depois. Viu Raymond cair duro e de olhos abertos no chão, derrubando o caldeirão em cima do casal mascarados, que gritaram de dor. Surpresos os outros dois apontaram suas varinhas para Nevin, enquanto o círculo de bruxos permaneciam em algo parecido com um transe, repetindo "Sangue, corpo, impuro, leal". Harry sentiu uma forte dor e então podia se mexer novamente.

Sem nem pensar, piscar ou mesmo respirar Harry pulou em cima Roger e Lance, pegou a primeira varinha que pode e lançou os dois para a parede.

Hermione fez sua parte também. Logo que Harry nocauteou os dois, ela correu para pegar as outras varinhas e enquanto Harry enfrentava o recém acordado círculo ela tentava acordar os outros bruxos raptados.

Foi tudo muito rápido...Todos do círculo lançaram um Expelliarmus juntos, fazendo a varinha de Harry voar para longe. Sem como se defender ele foi dominado novamente. Mas não por muito tempo...

— EXPELLIARMUS! – era outro coro...Hermione tinha os acordado finalmente. Estavam todos enfileirados com suas varinhas apontadas, cada um mirando em um bruxo.

Em poucos minutos todos os mascarados tinham sido dominados, ou pelo menos foi isso que Harry achou.

Enquanto ele prendia com cordas Nevin, que gritava inúmeras coisas sem sentindo com muita raiva, Harry foi segurado por uma mão fria no ombro, era o iluminado, e ele estava apontando uma varinha no pescoço de Harry, sua voz foi fria e direta:

— Avada Kedrava.