2º capítulo- Hogwarts

- Gina, não vai dormir tarde, hein... - Rony gritava para ela antes de subir para seu dormitório.

"Ele nunca vai mudar" - ela pensou sorrindo.

Ela estava terminando de fazer seu trabalho de Transfiguração. Ela era simplesmente ótima nessa matéria. Não era em todas as matérias que se dava tão bem assim mas ela amava transfiguração.

- Novidades? - Melina perguntava para ela encarando-a.

Melina era uma ótima amiga. Um pouco avoada às vezes, mas simplesmente ótima. Ela lhe recordava alguém mas não sabia exatamente quem.

- Nenhuma. A não ser aquela de alguém que não vai ao aniversário da amiga. - Gina falou chateada com Mel.

- Eu já falei com você sobre isso. - Mel voltava a falar chorosa - Eu não consegui chegar a tempo. Eu estava na casa da minha avó em Paris. Eu sinto muito, Gi.

- Tudo bem. - Gina falou encerrando o assunto - Vamos voltar a fazer o dever.

- Não. - Mel falou naquele seu tom de voz divertido - Antes você vai me contar tudo como foi.

- Foi uma festa normal. Tinha várias pessoas que eu nunca tinha visto na minha frente que eram amigos do meu pai. Só isso, nada demais. - Gina falou não querendo se demorar no assunto.

- Mas e o príncipe? Você conseguiu falar com o Harry? - Mel perguntou sorrindo.

Gina fechou a cara e explicou cuidadosamente para Mel tudo o que havia acontecido sem ser ignorante.

- Portanto, eu não quero mais falar sobre este assunto. - Gina falou novamente dando por fim a conversa.

- Mas Gina.. - Mel continuou - eu sei que você está magoada com isso tudo e sofre todos esses anos. Mas isto não é motivo pra você fechar seu coração para sempre.

- É, sim! - Gina falou afirmou séria - Eu já estou cansada de só sofrer e ver os outros rirem da minha cara. Agora eu vou simplesmente fechar meu coração para qualquer garoto.

- Tudo bem. - Mel disse dando-se por vencida - Mas eu quero que você saiba que discordo completamente dessa sua atitude.

Gina fingiu não ouvir as últimas palavras de Mel. Sempre contou com o apoio da amiga para qualquer decisão que tomava e na decisão mais importante de sua vida simplesmente a deixa fora do assunto.

Mas já estava decidido. Gina Weasley não voltaria a se apaixonar nunca mais.

Na manhã seguinte, os alunos do 5º ano receberam um aviso de que os horários seriam mudados excepcionalmente naquela manhã. O que deixou Gina perturbada pois perdera logo sua primeira aula de Transfiguração.

- Gina. - Hermione a chamou saindo do salão principal depois do café da manhã - Eu descobri o que aconteceu com Draco.

- Me conta, vai! - Gina falou interessada.

- Ele simplesmente tentou se matar num acidente de carro. - Hermione falou espantada, deixando Gina chocada.

- Meu Deus! Que horrível! - Gina exclamou transtornada.

- Ele ligou o carro e lançou um feitiço de desgovernado. E lançou o carro de um penhasco. - Hermione contou deixando Gina ainda mais chocada.

- Nossa! - ela disse terrivelmente assustada - Como ele sobreviveu?

- Ninguém sabe. - Hermione falou assustada.

- Quem te contou isso?

- Se eu te contasse teria que te matar. - Hermione falou afastando-se de Gina - Até mais.

- Tchau. - Gina murmurou chocada.

"Como uma pessoa pode fazer essas coisas consigo?" - Gina perguntava-se entrando em um outro corredor.

"É completamente chocante" - ela pensou assustada.

Gina entrou na sala de Feitiços e sentou-se na terceira cadeira da quarta fileira na frente de onde Mel costumava sentar-se, mas naquela manhã uma outra pessoa sentou-se ali.

- Com licença - dizia Gina virando-se para trás. Até o momento que ela o viu. - Este lugar está reservado.

- Qual lugar, Weasley? - Draco falou rudemente como sempre fazia. - Não estou vendo nenhum lugar vazio aqui.

- Olha aqui, Malfoy. - Gina falou partindo pra ignorância - Eu estou pouco me importando pro que você acha de mim eu só desejo que você saia do lugar da minha amiga.

Naquele instante Mel entra na sala. E presencia a cena.

- Nem morto! - ele falou sorrindo debochado.

- Eu acho que pra isso faltou pouco né? - Gina falou induzindo que sabia da história.

- Gina, deixa ele aí. - Mel falou tentando impedir a continuidade da discussão - Eu me sento do seu lado.

- Não, Mel. - Gina falou séria pra amiga - Este é o seu lugar. Ele vai ter que sair ou por bem ou por mal.

- E quem é que vai me tirar daqui, hein, Weasley? - Draco perguntava começando a achar graça de tudo - Você? Você me faz rir.

- Expelliarmus. - ela exclamou nervosa com a varinha apontada pra ele.

- Ah.. agora você conseguiu me deixar nervoso - ele falou levantando-se do chão. - Tarantallegra.

- Finite Incantatem! - disse o profº Flitwick.

Os pés de Gina pararam de mexer e os dois ficaram quietos esperando a fala do profº.

- Muito bonito, senhor Malfoy e senhorita Weasley. - ele falou com uma voz arrastada - Eu nunca pensei que eu faria isto tão cedo este ano. Portanto, é o que vocês merecem. Esta noite de detenção. Falem com o zelador exatamente às 18:00 horas da tarde.

Eles sentaram-se cada um em seu lugar. Mel sentou-se ao lado de Gina, como havia dito, e Draco no antigo lugar de Mel.

- Você me paga por isso, Malfoy. - Gina disse ao sentar-se.

Ele sorriu descaradamente.

A aula seguiu normalmente e quando finalmente tocou o sinal da última aula. Gina estava decididamente irritada com qualquer um que visse na frente.

- Ah, que ódio. - ela dizia para Mel - Quem aquele garoto pensa que é? O dono do mundo. Pois bem, ele não é ninguém.

- Gina, acalme-se, você está se irritando à toa. - Mel falou tentando acalmar a amiga.

- Não sei como você consegue ficar tão calma. - ela disse nervosa - Todas as nossas aulas foram com a sonserina.

- Mas você já sabia que o horário havia sido mudado. - Mel disse lembrando- a. - E simplesmente chega de falar nesse garoto. Esquece.

- É, tenta esquecer a obrigação de ter que passar uma detenção com ele mais tarde. - Gina falou mais calma.

Elas sentaram-se uma ao lado da outra na mesa da grifinória. Quando Hermione se aproximou de Gina sentou-se ao seu lado.

- Oi, Mione. - Gina disse desanimada.

- O que houve? - Hermione perguntou pra Melina

- Detenção. - Melina gesticulou tentando não fazer Gina lembrar-se.

- É. - Gina falou enfezada - Mas não é uma simples detenção, é uma detenção com o Malfoy.

- Que horrível! - Hermione exclamou detestando a idéia de algum dia ter que passar uma detenção com o Malfoy sozinha. - Sinto muito, mas o que aconteceu?

Melina explicou toda a história para Mione que entendeu perfeitamente mas não entendeu porquê Gina estava tão aborrecida.

O fim da tarde chegou antes mesmo que Gina pudesse se despedir de Melina. Ela deixou seu material na biblioteca mesmo onde estava e foi para o salão principal onde encontrariam o Filch com a detenção. No meio do caminho ela é parada pela profª Mcgonagall.

- Senhorita Weasley. - a profª a cumprimentou formalmente.

- Boa tarde, profª. - Gina cumprimentou gentilmente.

- A senhorita tem se saído muito bem na minha matéria. Mas eu tenho um grupo de alunos que não tem se saído tão bem assim, a senhorita gostaria de ajudá-los? - Minerva estava fazendo um pedido gentil.

- Será ótimo poder ajudá-los profª. - Gina concordou sorrindo.

- Então está tudo certo. Você começa amanhã às 15:00 da tarde. - Mcgonagall disse antes de voltar ao seu caminho.

Gina sorriu e continuou a ir para o salão principal. Gina sempre tentava fazer o possível para ajudar Melina nos estudos e agora contaria de ajuda de um grupo maior para fazer o mesmo trabalho com outras pessoas.

Ela chegou no mesmo momento no qual Draco parava na entrada do salão principal. E fechou a cara assim que o viu.

- Ótimo! - Filch exclamou com um ar de alegria - Venham comigo.

Eles saíram em direção ao jardim do castelo onde ficavam várias mudas de rosas e outros tipos de flores e plantas.

- Bem, vocês têm que retirar os bluders, esses pequenos vermes que ficam no caule das flores e jogarem neste balde e nem pensem em usar magia. Eu não quero ver mais nenhum desses vermes quando eu voltar por volta das 20:00 horas. - ele entregou os baldes e as luvas e entrou para o castelo.

Gina apanhou um par de luvas e colocou cuidadosamente em suas mãos. A única coisa que desejava era não encostar naquele bicho com suas lindas mãos. Ajoelhou-se próximo às flores e as observou, havia muito daqueles vermes em volta delas. Mas ela e Draco poderiam terminar aquilo numa boa sem diálogos e brigas.

Ela o observou. Ele estava parado olhando para o céu cinzento.

- O que você tanto olha, hein? - Gina falou levantando-se e aproximando-se dele.

Ela também olhou. Era lindo aquele pôr-do-sol vendo a aurora apagar no fim do horizonte. Ela sentiu em paz por um momento e sorriu ao ver o fim daquele espetáculo da natureza.

"Ela é linda!" - ele pensou a observando por um momento. Deixou seus olhos apreciarem a forma que o rosto dela estava vendo o sol se pondo. Ela estava majestosamente linda. Mas ele logo arranjou de afastar aqueles pensamentos de sua cabeça.

Ela encontrou os cinzentos olhos deles. Se pareciam muito com a cor do céu naquele instante. Ela viu dor dentro dos olhos dele. E logo toda paz e calma que sentiu por um momento desapareceram. Algo novo começou naquele momento.

- Vamos acabar logo com isso, Draco. - ela falou séria, voltando para as flores.

"Eu o chamei de Draco" - ela falou pra si em pensamento - "Porquê?"

"Ela me chamou pelo nome." - ele falou confuso - "Porquê?"

- Você não é ninguém para me ordenar alguma coisa, Weasley. - ele falou rude.

Gina preferiu ficar calada ao invés de começar a discutir novamente com Draco. Sua noite já estava sendo extremamente desagradável por ter que estar ali limpando aquelas flores.

Ela retirava os vermes aos montes das flores. Até o momento que se viu cansada demais para continuar e agora só havia mais algumas plantas, o que significa alguns milhares de vermes.

- Droga! - ela exclamou odiando-se. Havia se cortado com o espinho da rosa. Como havia conseguido aquela arte estando de luvas é que ela mesma não entendia.

- O que foi, garota? - ele perguntou voltando sua voz grossa.

- Não te interessa. Ai. - ela falou retirando a luva com cuidado.

Draco continuou fazendo seu trabalho sem se importar como ela estava. Ela estava do lado oposto ao dele e a última coisa que ele queria era ter que ajudar uma Weasley.

Gina assoprava gentilmente seu corte, tentando amenizar a dor. Foi apenas um corte fino, não estava mais doendo tanto. Ela voltou para fazer seu trabalho queria, se ver longe dali o quanto antes melhor. A presença dele simplesmente a irritava.

Gina preferiu pensar que no dia seguinte, ela estaria contente explicando alunos devidamente interessados algumas matérias de Transformações.

Draco estava tão furioso com o que estava passando ali que estava conscientemente desejando que tivesse morrido naquele carro. Tudo de ruim estava acontecendo com ele, e agora aquilo. Ter de ficar aquele tempo todo se torturando com a presença dela ao seu lado. Ele olhou para o que ela fazia. Ela segurava a rosa com suavidade e delicadeza como se pudesse machucá-la se fizesse qualquer movimento brusco.

Naquele momento, ele se recordou dela. Da linda mulher de cabelos loiros que ela era, da única pessoa que havia cuidado dele, da única pessoa que o havia protegido. De como ela era carinhosa e delicada com ele, de como ela cuidava dele com carinho e proteção. Aqueles simples gestos que ele não receberia de nenhuma outra pessoa a não ser ela.

Mas agora ela havia ido embora. Para sempre, nunca a veria mais, a não ser em seus sonhos. Em seus piores sonhos, pois agora sempre quando fechava os olhos lembrava-se daquela noite escura e fria, à noite na qual ela o tinha deixado para sempre.

Ele ainda não entendia porque não morreu naquela noite. Mas sabia que a morte chegaria para ele mais cedo ou mais tarde. Ele desejou que fosse mais cedo, por isso fez o que fez. Em toda a sua vida, ele só conheceu aqueles doces sentimentos com ela, com mais ninguém. E ela havia ido embora por ele. Para que ele se salvasse mais ele sabia que nunca poderia se salvar sem ela.

A vida para ele não tinha mais importância. Ele sempre sonhou que um dia poderia ser livre da terrível maldição que rondava sua família. Sonhou que um dia poderia ir para longe com ela. Fugir com ela para que enfim eles pudessem ser felizes. Desde pequeno ele foi ensinado que o amor era para os fracos e todos aqueles sentimentos doces e inocentes que ele nunca tinha conhecido para os ingênuos e inocentes e Draco sabia que ele nunca seria inocente, ingênuo ou sequer fraco. Ele sempre foi ensinado a ser forte acima de tudo. Ser fraco não era um dos adjetivos que se davam para um Malfoy.

Um Malfoy, acima de tudo, deveria ser frio, egoísta e forte. Assim ele alcançaria o poder acima de qualquer coisa ou qualquer pessoa. Mas mesmo que ele fosse um Malfoy e nunca tivesse conhecido o amor, aquela mulher de lindas feições, havia lhe apresentado à esperança. E era somente aquilo agora que lhe dava forçar para continuar.