Capítulo 2
De volta a Hogwarts
Apesar de estar feliz na Toca, Harry estava ansioso por voltar para o seu verdadeiro lar: Hogwarts. E quando esse dia chegou, ele já estava na sala com a bagagem pronta para ir à Estação King's Cross. Ao chegar na barreira entre as Plataformas 9 e 10, uma mão suave puxou suas vestes, retardando-o enquanto Rony atravessava a barreira.
Era Gina.
- Harry, se você tiver um tempo durante a viagem, você podia me procurar para eu falar um assunto com você? – ruborizando visivelmente.
- Pode falar, Gina – Harry respondeu, confuso, observando uma mecha vermelha do cabelo dela que teimava em esvoaçar sobre seu alvo rosto devido ao forte vento Londrino.
- Agora, não Harry, senão perderemos o trem, mas gostaria que você me procurasse quando estivermos lá dentro. - Falou ela.
- Mas Gina, você não vai ficar conosco na cabine? – Retrucou Harry.
Gina pensou consigo que deveria estar sonhando, "POR MERLIM! O que ele está fazendo?!!" Gina espantou-se ao ver Harry aproximar a mão de sua face e colocar atrás da orelha dela aquela mecha que estava teimando em incomodar seu rosto. Um pouco encabulada, ela respondeu rispidamente:
- Melhor não, vocês devem ter muitos assuntos para tratar quando vocês dois encontrarem a Hermione.
Sem esperar a resposta, ela atravessou correndo a barreira e foi procurar Dean Thomas na Plataforma 9 ¾ . Ao encontrá-lo, viu que ele estava conversando com Simas Finnigan e achou melhor não interromper. Deu um aceno para ele e foi procurar uma cabine vazia, bem no final do trem.
Logo após entrar no trem, Harry avistou seus amigos Rony e Hermione conversando felizes em uma cabine, pois ainda não haviam se visto o verão todo. Ao vê-lo, Hermione deu um abraço em Harry e disse:
- Oi Harry, que bom que você chegou. Como foram suas férias?
Harry achou engraçada a pergunta dela, visto que todas as férias nos Dursley são simplesmente terríveis e respondeu brincando:
- Maravilhosas, durante a primeira semana teve um dia em que os Dursley deixaram o Duda em casa e me levaram para um Parque de Diversões, depois me levaram para comprar roupas novas e jantar fora.
- Que ótimo, Harry – falou Hermione, desinteressada e, virando-se para Rony, deu um sorriso de orelha a orelha e perguntou – Mas Rony, fale-me mais sobre o vampiro da Toca, como é que ele pode estar namorando a vampira que habita a casa dos seus vizinhos?...
Harry sentiu-se um pouco excluído, mas ficou feliz por ver seus amigos conversando de forma civilizada, pois sua paciência com as briguinhas deles estava começando a se esvair.
Resolveu sair para procurar à senhora do carrinho de doces, mas se deu conta que era muito cedo para isso e lembrando-se de Gina, resolveu procurá-la.
Harry encontrou-a na última cabine sozinha, lendo o Profeta Diário. Ele entrou e sentou-se à sua frente, aguardando ela começar a falar. Enquanto ela lia o jornal, tomando coragem para iniciar uma conversa, Harry observava-a intensamente. "Como ela cresceu nestas últimas férias, da menininha que eu conheci, agora já é uma mulher. Que engraçado, ela é apenas um ano mais nova do que eu, mas ela parecia tão criança antes".
A porta da cabine de repente se abriu, e uma moça de 17 anos, com longos e lisos cabelos negros apareceu à porta, seus pequenos olhos cerraram-se ainda mais ao fitar Harry:
- Oi Harry, fiquei sabendo do que aconteceu com seu padrinho. – Falou Cho Chang, ao mesmo tempo que Gina tirava os olhos arregalados do jornal – Eu sei o que é perder uma pessoa que amamos. Apesar do que aconteceu entre nós, se você quiser conversar, chorar em um ombro amigo, pode contar comigo, está bem?
- Quem sabe, se você me prometer NÃO chorar.- Falou Harry sério, mas por dentro contendo um riso. Ele não estava sentindo mais seu estômago revirando ao olhar para ela.
- Ah, oi Gina, eu não vi que você estava aí. Vocês estão juntos? – Essa última frase quase sussurrada acompanhava os olhinhos que estavam agora quase que totalmente fechados encarando Gina, que corava.
Gina não sabia o que dizer e não entendia o sentido que Cho queria dar àquela frase, portanto desviou seu olhar para o jornal, sem se lembrar mais do que estava lendo.
Se Harry havia captado o duplo sentido daquela frase, ele não deixou transparecer, respondendo:
- Minhas coisas estão na cabine do Rony e da Mione, mas eu resolvi vir aqui para deixar eles colocarem o papo em dia.
- Certo, até mais então, tchau Harry, tchau Gina! – falou Chang, enquanto saía da cabine.
- Tchau, Cho. – falou Harry. Gina não respondeu.
- Muito bem, Gina, agora me diga, o que você gostaria de falar comigo? – Inquiriu Harry, mirando-a.
Gina levantou o seu olhar no Profeta, colocou o jornal ao seu lado, deu um suspiro e falou.
- Depois da experiência que eu tive nos nossos encontros do Exército de Dumbledore, eu melhorei muito na disciplina de DCAT, e eu queria saber se você poderia me dar umas aulas extras de Quadribol, se o diretor aceitar eu ser sua reserva.
- Bom, teremos que ver se ele vai aprovar isso primeiro, não é? – Retrucou Harry.
Com olhos suplicantes, Gina falou: - Mas se ele aprovar, tudo bem?
- É claro que sim! – Sorriu Harry e após alguns momentos falou: - E a outra coisa que você queria falar comigo?
- Essa vai ser muito mais difícil de você dizer sim.
- Pergunte, oras, estou curioso! – Harry falou, enquanto apoiava o cotovelo direito em seu joelho e segurava o queixo.
- Eu queria saber se não haveria condições de... Como eu vou dizer isso... De eu fazer parte do Trio mais famoso de Hogwarts. – Disse lentamente Gina, ao mesmo tempo que involuntariamente se curvava para frente, ficando a poucos centímetros da face de Harry.
- Se você participasse, não seria mais um Trio, seria? – sorriu Harry, afastando-se de Gina para se encostar ao banco, deixando-a desapontada pelo aumento da distância entre os dois.
- Não seja brincalhão, você não vê a coragem que eu tive que juntar para fazer uma pergunta dessas? – Gina respondeu em um suspiro.
- Mas você é uma Grifinória, e, acima de tudo, você tem sangue Weasley correndo nas suas veias... Não deve ter sido tanto esforço assim – caçoou Harry.
Ela abaixou seus olhos e ficou fitando o chão sem saber o que dizer. Depois levantou-se.
Num impulso, Harry segurou a mão dela, pois teve a impressão de que ela iria sair da cabine. Ela virou seu rosto para ele bruscamente, seu cabelo escarlate acompanhou o movimento do rosto.
- Senta, Gina, vamos conversar sobre isso, ok? – Falou Harry com um tom paternal.
- Ok – Respondeu Gina, baixando seus olhos para a sua mão, que ainda estava envolta na de Harry.
- Olha Gina, tem dois motivos que me impedem de tornar você parte da nossa... equipe. Mas se você quiser saber quais são, você terá que se sentar.
Sem opção, ela assentiu com a cabeça, sentando-se ao seu lado, sua mão ainda segura na mão dele.
- Explique-se, então. – Gemeu Gina, sua voz embargada pelas lágrimas que teimavam em aflorar.
Ele olhou diretamente nos olhos dela e disse: - A primeira razão é porque eu teria que pedir autorização para Rony e Hermione e eu SEI que Rony NUNCA concordaria, afinal ele é mais velho que você e você sabe o quanto ele é protetor.
Gina, processando essas palavras, deu-se conta de que apenas esse motivo já seria o suficiente para ela não entrar na equipe, mas seu coração começou a disparar em um ritmo frenético, agora que estava acalmando-se e percebia que sua mão esquerda ainda estava segurando a mão direita de Harry. Um calor incontrolável em seu estômago fez ela sentir que deveria estar mais vermelha do que seus próprios cabelos. "Devo me lembrar de nunca mais tocar ele, senão eu acho que não responderei pelos meus atos". Ela ergueu seus olhos e surpreendeu aqueles olhos verdes fitando-a com uma expressão enigmática. Um silêncio baixou sobre eles e pareciam que minutos haviam se passado. Ela não queria que aquele momento acabasse. Ela falou em um tom trêmulo: - E o segundo motivo? – Harry sorriu e disse: - O segundo motivo, mocinha, é que você é uma amiga que eu gosto muito e eu jamais me perdoaria se alguma coisa ruim acontecesse a você.
Gina sentiu como se um balde de água fria tivesse sido jogado em cima dela. "Então é isso que eu sou para ele, apenas uma menininha, apenas uma amiga!". Instintivamente, ela puxou sua mão e foi para o banco em frente de Harry, murmurando palavras desconexas que este não pôde entender. Ela pegou o Profeta e começou a lê-lo no estilo Luna Lovegood. "Eu, hein, agora é moda ler os jornais de ponta-cabeça?", perguntou-se Harry.
Alguns minutos depois, ao ver que ela não largava o jornal, Harry levantou-se e voltou para sua cabine. Se ele tivesse voltado para aquela cabine em qualquer momento durante aquela viagem, encontraria uma linda moça de 15 anos aos prantos.
"Cansei. De agora em diante ele será para mim nada mais do que um amigo. Por que eu tive que fantasiar tanto com ele durante essas férias? Eu já tinha praticamente esquecido dele". Mas o amor não escolhe momento para assolar um coração. Gina sabia disso, mas ela fez uma promessa para si mesma: iria tentar fazer seu namoro com Dean Thomas dar certo. Não iria mais pensar em Harry. Ele seria apenas um amigo.
