Capítulo 5

O sonho

Ela estava na Câmara Secreta. Todas as forças de seu corpo haviam sido sugadas. Ela podia ouvir as gargalhadas de Tom Riddle. Sentia seu corpo tremer de frio involuntariamente. Sentia desespero. Tom via em sua direção agora, os olhos sinistros brilhando. Aquele era o fim, "meu fim", pensava Gina. De repente um rapaz de cabelos negros põe-se entre Tom e ela. Armado com uma belíssima espada, ele trava uma luta assustadora com Riddle, o barulho do metal ressoava nos tímpanos da garota. Por fim, Riddle desaparece e um Harry ferido, porém vivo, corre em direção a ela, agachando-se ao seu lado e tomando-a nos braços.

- Me perdoe Harry, foi tudo culpa minha, me perdoe, me per...

- Shh, não diga nada. O que importa é que você está viva, eu não saberia o que seria de mim se você morresse.

O rosto dele coberto de suor estava sorridente, os olhos verdes estavam mais escuros do que nunca estiveram, verde-esmeralda.

- Eu demorei muito para notar, Gina, mas a verdade é que eu te amo. Eu não posso viver sem você. Se você ainda me quiser, eu faria de tudo para te fazer uma mulher feliz.

Ao ouvir aquilo foi como se toda a energia drenada de seu corpo estivesse fluindo de volta, ela começou a se sentir leve e imensamente feliz. Ele aproximou seu rosto ao dela e ambos se beijaram. Um beijo de amor, um beijo há muito tempo ansiado.

Ela abre os olhos querendo encontrar aqueles olhos verdes, mas no lugar, encontra apenas o dossel da cama. Fora apenas um sonho. "Mas um sonho tão real". Gina suspira, levando a mão direita aos lábios. Sentiu-os quentes, como se realmente tivessem sido beijados. Nunca um pesadelo tão terrível poderia ter um desenlace tão doce. Olhou para o relógio para ver que horas eram. Estava atrasada! Essa Segunda-feira prometia... Trocou-se rapidamente e dirigiu-se ao Salão Principal para tomar café da manhã. Sentou-se ao lado de Neville Longbotom que a observava atento. Bem que ela tentou, mas não conseguiu comer nada, seus pensamentos estavam naquele sonho e seus olhos... bem, seus olhos acompanhavam cada movimento que um certo integrante de um certo trio fazia. Até que os olhos se encontraram. Gina sentiu o sangue subir ao rosto, mas não conseguia, nem queria, desviar o olhar. "Merlim, como ele está bonito nessa manhã".

- Gina, eu estou falando com você!

Quem estava a atrapalhando nesse momento tão, tão... mágico? – Hein, o quê? Ah, oi Dean.

- Você não parece muito feliz em me ver.

- Não é isso não, é que... é que essa noite eu dormi mal, eu tive um pesadelo, e ainda estou sonolenta.

- Certo, nos falamos na hora do almoço, então?

- Claro, a gente se fala.

- Então, até mais.

Gina olhou ao seu redor e viu que Harry não estava mais lá. Provavelmente já foi para a aula, ela pensou. Olhando melhor ela viu que praticamente todo o salão já tinha esvaziado. "Oh, não, agora eu tenho Poções, lá nas masmorras e já estou super atrasada. Tenho que sair correndo!"

Correndo pelos corredores, ela não percebeu que, ao virar o corredor havia uma outra pessoa vindo no sentido contrário. A trombada foi inevitável.

Ela não conseguiu pensar em pior pessoa para ter batido. Era Cho Chang.

- Desculpe, Cho, é que eu estou atrasada para a aula de Poções e estava correndo, por isso eu não te vi.

A chinesa se recompôs, jogando os longos cabelos negros para trás e dizendo:

- Eu não me lembro de ter intimidade com você para você me chamar pelo primeiro nome, Weasley. O simples fato de termos feito umas aulinhas extras com o Harry no ano passado não lhe dá esse direito.

Gina ficou boquiaberta. Chang sempre pareceu tão simpática quando estava em volta das suas amigas. Mas agora ela estava sozinha.

- Desculpe, eu...

- Chega de se desculpar, querida. Já que estamos aqui mesmo, quero aproveitar e tratar de um certo assunto com você.

- Mas eu estou atrasada para Poções...

- O seboso do Snape vai ter que esperar, pois o meu assunto é mais importante. E o meu assunto tem nome e sobrenome: Harry Potter.

- O que é que tem ele?

- Não se faça de trouxa, pois eu sei que você é sangue-pura. Não quero ver você se metendo com o meu Harry. Eu já perdi o Cedrico por algo mais forte do que eu, a morte. Não vou perder o Harry para uma ruivazinha sardenta como você.

- Como é que é? Eu não estou tendo nada com o Harry, mas se estivesse, quem é você para falar alguma coisa? Vocês nem estão namorando mais! Aliás, na verdade vocês nem chegaram a namorar. Que eu saiba vocês só ficaram uma vez... – Gina respondia alto e gesticulava, seu verdadeiro desejo era lançar um Crucio naquela oriental mal-educada.

- Pelo menos, ele me beijou e eu sei que ele tem uma queda por mim desde o terceiro ano. Não sou que nem você que desde o primeiro ano tem um tolo e infantil amor platônico, que nunca foi correspondido.

Gina sentiu uma vontade imensa de chorar, mas se conteve. Tinha que ir para a aula de Snape, portanto tinha que dar um fim àquela discussão.

- Quer saber? Eu não vou perder meu tempo aqui com você discutindo sobre o Harry. Eu tenho namorado. – E falando isso, ela deu as costas a Cho Chang e partiu no passo mais rápido que pode para as masmorras.

- Ora, ora, ora, vejam quem chegou. A Srta. Weasley resolveu prestigiar minha aula hoje. Um pouco tarde no entanto, já estamos no final da aula. Oh, mas eu me esqueci. Hoje é dia de aula dupla, tsc, tsc, tsc. 20 PONTOS A MENOS PARA A GRIFINÓRIA! – Esbravejou satisfeito o Professor Snape. Ele já estava irritado, pois os grifinórios estavam se comportando tão bem que não lhe deram a oportunidade de retirar nenhum ponto. Até o momento.

            Ao som de murmúrios desapontados dos colegas de casa, Gina procurou um lugar ao fundo e começou a preparar a poção que estava descrita no quadro. No entanto, seus pensamentos estavam em um turbilhão que ela tentava, inutilmente, pôr em ordem. Tantas coisas aconteceram... Seus sentimentos reavivados pela aula de quadribol com Harry, a briga com Malfoy, aquele maravilhoso sonho, Cho Chang... E tinha Dean. "Coitado", ela pensou, "ele está em último lugar na minha lista de pensamentos. Não é justo com ele, ele merece coisa melhor. E eu não estou sendo fiel ao meu coração. O que eu vou fazer? Será que vale a pena eu continuar com o Dean se eu não o amo? Mas passar a eternidade sozinha sonhando com alguém que não me quer também não é muito animador. Chega de tentar me enganar. Eu ainda não esqueci o Harry. Por Merlim, eu estou tão confusa... Eu preciso é de um tempo para tentar entender meu próprio coração". Ao pensar nisso, ela notou que Snape aproximou-se lentamente de seu caldeirão, retirou uma concha da poção fumegante e começou a analisá-la.

            - Em todos os meus anos de docência, eu já vi alunos deixarem essa poção azul, verde clara, verde escura, cinza. Mas rosa-choque é a primeira vez. Mais um pouco de raiz de mandrágora e a sua poção poderia atingir uma nuance muito próxima da cor dos seus cabelos, Srta. Weasley. Serei obrigado a descontar 10 pontos da Grifinória por isso.

            Ao ouvirem isso, os alunos da Sonserina, com quem a Grifinória dividia essa aula, começaram a dar risadas e a fazer piadinhas. Gina se sentiu corar. Seu auto-controle estava no limite. Olhou para aqueles Sonserinos e uma coisa lhe chamou a atenção: a poção de Stan Nott, da Sonserina, que deveria estar roxa, estava amarela.

            - Então o senhor terá que tirar pontos da sua amada Sonserina também, olha só a cor da poção dele.

            Um rumor quase ensurdecedor percorreu a sala. Os olhos de Snape se estreitaram, seus pulsos se fecharam, podia-se notar que ele tentava achar uma resposta, uma forma de não prejudicar sua própria casa.

            - Que falta de respeito, responder para um professor e dedurar um colega de classe. A senhorita precisa mesmo é de uma detenção! Esteja aqui hoje no final da tarde. E graças ao comportamento dela todos os alunos da grifinória deverão trazer na próxima aula um pergaminho de 60 centímetros sobre Poções Cicatrizantes.

            Todos os alunos ficaram indignados, e olharam de forma ameaçadora para Gina. Só não protestaram em voz alta porque queriam evitar perder mais pontos para sua casa.

            Ao sair da sala, Gina parecia carregar todo o peso do mundo em suas costas, seus colegas se distanciaram dela no corredor. Ela se sentia isolada, triste. Mas aquilo não era novidade para ela, ela sempre fora uma pessoa reservada, com poucos amigos. No ano passado começou a namorar e a participar das reuniões do Exército de Dumbledore, o que lhe rendera bons momentos de divertimento, também pode participar mais ativamente das aventuras do trio Harry – Rony – Hermione, mas agora ela estava se sentindo como se tivesse voltado ao primeiro ano.

            Mas uma coisa ela tinha que fazer. E não poderia esperar. Seria agora.

            No horário do almoço.

            Ao entrar no Salão Principal, Gina percorreu os olhos por toda a sua extensão, inquieta à procura de alguém. Quando localizou Dean Thomas, sentado na mesa da Grifinória conversando e rindo com Parvati Patil, andou em um passo apressado em sua direção, seu coração batendo forte, suas mãos estavam geladas e suando.

            - Dean, eu preciso falar com você.

            - Claro, Gina, pode falar.

            - Bem, é que é particular, será que poderíamos dar uma volta?

            Dean observou-a com um olhar malicioso, concordando e acompanhou-a para fora da Sala Principal. Quando estavam andando pelo corredor, procurando um local mais calmo, ele puxou bruscamente a mão dela para dentro de uma sala vazia. Ela teria perdido o equilíbrio, se não fosse ele segurá-la e empurrá-la contra a parede. Sem deixá-la falar nada, ele beijou-a violentamente. No começo ela não resistiu, mas quando o beijo começou a machucá-la, viu-se obrigada a dar um empurrão nele.

            - Dean, eu acho que você entendeu errado, não era isso que eu pretendia quando eu disse que precisava falar com você.

            Ele, desnorteado, deixou-se sentar em cima de uma carteira e retrucou:

            - Ok, era bom demais para ser verdade... O que você queria falar?

            - Olha Dean, eu acho que está faltando alguma coisa em nosso relacionamento. A culpa não é sua, eu sei. – Ele ficou encarando-a de forma interrogativa - Sou eu, eu ando muito confusa. Muita coisa tem acontecido comigo. Eu queria pedir um tempo para reorganizar minhas idéias.

            - Gina, eu sou uma pessoa muito direta. Eu não sei dar um tempo. – ele fez uma pausa e lançou sua cartada máxima – Você escolhe, se você quiser terminar, eu compreenderei.

            Gina ficou assustada com a resposta de Dean, ela não queria ter que decidir o seu relacionamento assim, tão rápido, sem ter tempo de pensar. Mas ele não lhe deixava alternativas.

            - Se é assim então, eu sinto muito. – E lançando-lhe um último olhar, virou-se em direção à porta.

            Gina correu pelos corredores de Hogwarts, segurando-se para não deixar as lágrimas caírem, passou quase que voando pelo salão comunal e foi direto para o seu dormitório. Jogando-se na cama, ela fez a coisa que mais tinha vontade desde que se deparou com Cho pela manhã: chorar. Não almoçou nada. Quando deu o horário, forçou-se a levantar, lavar o rosto e dirigir-se para as aulas da tarde.

            A maçante aula do professor Binns foi útil em um aspecto. Permitiu que ela refletisse melhor sobre todos os acontecimentos do dia. E dali ela tirou algumas certezas. Foi melhor ela ter terminado com Dean, não adiantava tentar enganar o seu coração. Quem sabe um dia aparecesse alguém que substituísse o lugar que hoje é ocupado por Harry Potter. Sim, agora ela admitia, amava aquele rapaz da mesma forma ou até mais do que antes, porque agora o desejava em cada centímetro do seu ser. Mas ele nunca a correspondeu, não seria agora que ele iria mudar em relação a ela. Ela percebeu que ele estava mais próximo dela este ano, mas isso não quer dizer nada. Existe a Cho Chang entre eles. Quem será que ele escolheria? "Com certeza ela" bufou Gina. "O quê ele vê nela afinal? Será que é porque ela é mais velha? Eu queria tanto ser mais velha, assim ele e o Rony não me tratariam como uma criancinha".

            A tarde acabou e Gina, suspirando desanimada, arrastou-se até as masmorras, para a detenção com Snape. Subitamente, ela se deu conta, Harry Potter estaria lá! Seu coração começou a bater descontroladamente e ela o sentia retumbando em seus ouvidos. Uma sensação engraçada tomava conta de seu estômago e o sangue subiu ao seu rosto fazendo-a corar. "Se eu já estou assim antes de ver ele, imagina quando eu entrar naquela sala, tsc, tsc, tsc, Gina, é bem capaz de você desmaiar ou ter um ataque cardíaco".

            Tentando respirar profunda e lentamente para forçar o seu coração a voltar ao ritmo total, ela bateu na porta do escritório do Professor Snape.

N/A: Que sacanagem, hein? Terminar o capítulo assim! Em primeiro lugar eu quero agradecer aos e-mails que recebi elogiando a fic: da Nani, da Jasmin Tuk, entre outras! Em segundo lugar quero pedir desculpas pela demora em atualizar a fic, é que eu estava sem inspiração e sem inspiração, não dá né? Prometo não demorar tanto para atualizar novamente.