Depois de uma séria crise criativa, aqui estou eu. Somente peço que leiam até o fim deste capítulo, e antes que eu me estenda: pessoa no telefone, do outro lado da linha, entre colchetes. Boa leitura!
Disc: Tá, não preciso nem falar que CCS e seus personagens não pertencem a mim, mas fazer o quê?
Primeiro Pecado
Por Hime
-Capítulo 1-
"Que amanhã haverá
Para aqueles que desperdiçam o hoje?
Venha! Leve-me à loucura
Fique de costas para o sossego
Injete a emoção na artéria
Venha! Leve-me à loucura
(Mermaid - Glay)
O corredor estava escuro, frio, mudo. Como sempre, nada tinha mudado. Sentiu uma dor já conhecida no pé e ouviu um barulho. Não sabia bem se a ordem tinha sido esta, mas a dor fazia seu dedão latejar. Tinha tropeçado mais uma vez na pequena mesa que ali havia, encostada no lado esquerdo da parede. Tateou o móvel e sentiu o mármore gelado sob a palma da sua mão. Tinha sido ensinado a não xingar, mas às vezes era impossível não pensar algo do gênero. Respirando fundo, andou mais alguns passos e reconheceu a porta por onde deveria entrar. Entrar mais uma vez.
- Mamãe?- Olhou pela fresta da porta e foi entrando, chamando pela mãe em voz baixa. Aquela casa enorme, vazia e calada sempre lhe causava esse tipo de reação introvertida.
- Syaoran!- Yelan levantou-se rapidamente da confortável poltrona onde lia uma revista, indo ao encontro do filho.
Em silêncio, abraçaram-se por algum tempo, até que a mulher resolveu quebrar o silêncio e o abraço:
- E então querido? Quando você chegou?- Puxou-o para se sentarem num sofá ao canto da sala. Em pé, a diferença de altura entre ela e o filho lhe daria cãibras no pescoço mais tarde.
- Agora mesmo, nem arrumei minhas coisas.- Sorriu aquele seu sorriso de sempre, que transmitia calma e paz interior.- Onde estão as garotas?
- Ah, suas irmãs estão num acampamento de férias, acho que ainda demorarão bastante para volta rem.- Sorriu largamente, passando a mão pelo rosto másculo do filho.
O silêncio era rotineiro, mas sempre incomodava. Syaoran tentou desviar os olhos da mãe fitando a janela fechada, as cortinas semicerradas. Levantou-se devagar e foi até elas, abrindo e vendo a imagem do amplo quintal, verde, florido, cheio de vida. A luz do sol invadiu o ambiente, agora já era possível ver partículas de poeira dançando pelo ar.
- E então Syaoran, não vai me contar as novidades?- Yelan disse empolgada, mas um pouco incomodada pela claridade.
- Oras mãe.- Virou-se para onde estava sentado há pouco.- Nos vemos todos os finais de semana, não tenho tantas novidades assim.
- Todos os finais de semana? Meu querido, isso é tão pouco!- Recebeu um sorriso sem graça em troca.
- Bom...- Tentou amenizar.- Realmente o seminário me toma bastante tempo.
- Sabe...- Olhou para o chão, mas depois voltou a mirar o filho. Achava que ele ficava quase angelical tendo sua silhueta contornada pela luz que entrava.- Fico muito feliz que você tenha entrado para o seminário. Sua vocação é tão...- Gesticulava com as mãos tentando achar as palavras corretas.- É tão especial, tão palpável! Você será um ótimo padre, meu querido.
Li sorriu sem jeito, encostando-se na parede por cima das mãos cruzadas, como era de costume. Yelan se aproximou e beijou-lhe a testa.
- Vou providenciar nosso almoço, meu anjo.- Tomou distância, mas ao se aproximar da saída fez ainda um último pedido.- Por favor, não esqueça de fechar as cortinas depois. O sol estraga e resseca os móveis.- Sorriu mais uma vez.
Syaoran acompanhou a imagem da mãe saindo e fechando a porta. O sol não tocava os pesados móveis de mogno, seu calor não iria queimá-los. Ele nunca gostou da falta de luz em sua casa, cheia de penumbras e sombras. Caminhou lentamente pela sala de estar, sentindo que cada canto dali gritava por luz. O clima gélido também não lhe agradava, parecia querer reprimir seu espírito, como sempre. Tinha aprendido muitas coisas no seminário, e isso incluía amar a natureza. Sempre gostou da natureza em si, mas lá a tinha visto de um ponto de vista diferente, como uma criação de Deus. Até hoje não entendia muito bem sua mãe, suas atitudes, seus sentimentos. Sabia que depois que seu pai morreu a mãe quase entrou em depressão, mas ainda assim não entendia os motivos. Aliás, nunca tinha realmente entendido nada, sempre fora calado, tímido, acanhado, nunca tivera voz ativa em sua própria casa, mas não gostava de pensar nesse assunto. Resoluto, foi até a janela e fechou as cortinas, saindo da sala em seguida. Ainda precisava arrumar suas coisas, afinal, hoje seria o dia em que o amigo chegaria da tão sonhada viagem. Sorriu. Lembrou-se que na mesma época em que entrou para o seminário, ele viajou para Londres. Já fazia um ano e meio... Que bom que pelo menos Eriol tinha conseguido alcançar seu sonho.
Yelan andava de forma enérgica em direção à cozinha. Sua trança média feita de grossos fios de cabelos negros balançava conforme seu andar. Encontrando a cozinheira deu algumas ordens sobre o almoço, mandou que fossem preparados alguns pratos dos quais o filho gostava e, com a mesma energia, seguiu para o seu quarto. Ao entrar, trancou a porta e, respirando fundo, suavizou a expressão. Seus olhos castanhos pareceram quase adquirir a mesma doçura de alguns anos atrás. A doçura de quando ainda havia brilho em sua vida, quando seu marido estava vivo. Antes daquele trágico e maldito acidente acontecer. Ainda podia sentir com imensa clareza os momentos difíceis que passou depois de tudo. Em como percebera que Syaoran era demasiadamente parecido com o pai, em como teve a súbita idéia de colocá-lo num seminário... Sabia que com tudo isso acabou encarcerando seu filho num breu profundo, complexo e...
- Senhora?- Ouviu suaves batidas à porta.
Fechou os olhos e voltou a abri-los, mas com a doçura já perdida. Com seu passo firme, foi até a porta enfrentar quem quer que fosse.
Tomoyo andava nervosamente para os lados, contorcendo as mãos. Era a milésima vez que olhava para o painel que indicava os pousos dos aviões, e a milésima vez que o gesto era seguido por uma olhadela no relógio.
- Já está na hora...
Ao longe pôde ver um avião pousando, e teve a certeza de que era ele. Passou as delicadas mãos nos longos cabelos negros, quase arroxeados, ajeitando-os. Mais alguns minutos e viu uma silhueta familiar. Nervosa, mordeu o lábio inferior e aproximou-se, mas viu que não era quem procurava. Tal engano fez seu rosto alvo tingir-se rosa.
Sentiu um toque em seu ombro, e então olhou para trás. Um par de intensos olhos de um tom azul escurecido mergulhou em sua alma e se sentiu sendo puxada para um abraço saudoso. Ao choque do susto ficou estática, mas então tomou consciência da situação e devolveu o abraço, fechando os olhos.
- Eriol...
Afastaram-se. Viu o sorriso que Eriol lhe dava e não pôde deixar de sorrir também, sentindo um leve aperto no peito causado pela emoção. Viu o sorriso e também o sentiu segundos depois, colado em seus lábios. Beijou-lhe com a saudade acumulada de muito tempo de separação. Abraçados, lhe disse ao ouvido:
- Tomoyo, que saudade...
O abraçou mais forte, sentindo algo lhe engolir as palavras, mas reunindo forças respondeu:
- Digo o mesmo...
Afastando-se mais uma vez sentiu o namorado lhe fitar o rosto agora rosado. Depois de empilharem todas as malas num carrinho, caminharam lentamente em direção à saída do aeroporto.
- Como estão todos?
- Muito bem. Por incrível que pareça nada mudou por aqui.- Sorriu com a meiguice que lhe era característica.
- Que bom. E o Li? Está bem?
- Quase não o vejo agora, mas está sim.
- Então ele ainda continua no seminário?
- Oras Eriol.- Disse com um pouco de ironia.- Foi Yelan quem o colocou lá!
- Tomoyo...- Sua voz tinha um tom de repreensão.
- Tudo bem, mas você sabe que esse destino não é o dele e... Esqueça.- Após um breve intervalo, voltou a dialogar.- Nosso programa de hoje ainda está de pé, não?- O abraçou de lado, ajudando-o a empurrar o carrinho.
- Com certeza.
- Que bom! Eu já programei tudo.- Dizia com alegria.- E também vou te apresentar uma pessoa.- Sentiu um olhar pesado sobre si.- Uma a-mi-GA.
Eriol riu. A intenção não era bem essa, mas tudo bem. Na porta do saguão do aeroporto sentiu os raios de sol lhe esquentarem o corpo. Olhou ao seu redor. Realmente nada havia mudado. Pelo menos até agora.
O telefone tocava insistentemente, parecendo querer pular do gancho. Sakura, tropeçando no que podia, correu até ele, atendendo a chamada.
- Alô!
- Sakuraaaa!- A garota pulou. A voz aguda lhe afetou o ouvido.
- Tomoyo? O que aconteceu?- Sentou-se no banquinho que havia ao lado da mesinha onde estava o telefone.
- Ele voltou!
- Aquele seu namorado? O Eriol?- Tomoyo já havia lhe contado previamente sobre o namorado que foi morar um tempo na Inglaterra, mas era bom não estragar a alegria da amiga.
- Sim! E pra comemorarmos vamos hoje numa boate. Aquela que eu tinha te falado.
- Você não desistiu mesmo de fazer aquela surpresa?- Começou a rabiscar um bloquinho de anotações.
- Claro que não! Ensaiei tanto tempo! E hoje é justamente o dia em que aquele DJ meu amigo vai estar lá. O local não é grande nem pequeno, não é vulgar, é divertido... O lugar ideal!
- Ah sim...- Tomoyo praticamente gritava ao telefone. Provavelmente Eriol não estava perto.- Boa sorte então. Tomara que ele goste.
- Sakura...
- O que foi?
- Você também vai.- Disse já com sua voz ao normal.
- O quê?- A caneta escapou de suas mãos e caiu de ponta, em cima do seu pé.- Ai. Ai, Tomoyo.- Fez uma caretinha.
- Não tem desculpa, Sakura. Você tinha me prometido.
- Mas é que... Ai, eu tenho vergonha Tomoyo...- Abaixou a cabeça pensando em algo. Precisava de uma ótima desculpa para escapar de virar candelabro por uma noite.
- Chame a Terue para ir junto com você.
- Ela está viajando.
- Eiji? Harumi?
- Não Tomoyo, acho que hoje tem uma festa em algum lugar... É melhor eu ficar em casa mesmo. Essa é a melhor solução.
-Nada disso! Você vai e ponto final. Se o problema é companhia, eu arranjo, pode deixar. Não vou chegar sozinha de jeito nenhum. Passo aí às onze, tudo bem?
- Ok, você ganhou.- Disse, vencida.- Até às onze.
- Você é uma ótima amiga, Sakura! Até lá! Tchau!
Sakura se levantou e foi até o quarto escolher uma roupa. Tomoyo empolgada era algo estarrecedor, não queria deixá-la esperando. Bem, mas a situação tinha seu lado bom, afinal, finalmente iria conhecer o tal namorado inglês supra-sumo de quem sua amiga tanto falava.
- E então, mãe?- Syaoran indagou, tamborilando os dedos no braço do sofá.
- Tudo bem, se você realmente for dormir na casa do Eriol, pode ir.
- Certo.- Levantou-se com um sorriso disfarçado no rosto e foi se afastando.
- Syaoran.
- Sim?- Virou-se para a mãe.
- Você não está mentindo para mim, está?- Disse estreitando os olhos, como se analisasse o filho.
- Eu?- Apontou para si mesmo.- Mãe!- Arregalou os olhos em incredulidade.
- Desculpe meu filho, desculpe. Vá arrumar suas coisas.- Fez um gesto com a mão, o dispensando.
Li se virou novamente e seguiu em direção ao quarto. Ao entrar, seu sorriso se revelou. Pegou a mochila já pronta e pendurou num ombro. Eriol havia lhe dito que precisava de um favor seu. Sabia que não teria uma aconchegante noite com sessão de filmes com os amigos, mas também não sabia do que se tratava. No momento, sua felicidade consistia apensa em poder ir a um lugar diferente do seminário e da sua casa, em poder estar livre por algum tempo, ainda que pouco...
Tomoyo e Sakura desceram do carro, e com as entradas que o amigo de Tomoyo, Tadashi, tinha dado, entraram na boate. O ambiente escuro, a música pulsante, tudo estava de acordo com o que Tomoyo queria. A morena ia à frente, puxando Sakura pela mão. Pensando bem, até que não foi tão ruim ter vindo. Tomoyo estava toda de preto, enquanto Sakura vestia peças brancas. Ao escolher a roupa, nem tinha pensado na possibilidade de chamar tanta atenção sob a luz negra. Lapso seu.
- Onde vamos ficar, Tomoyo?- Disse entre o som alto.
- Ali!- Gritou em resposta e apontou uma mesa no canto do camarote, espaçosa, que incluía um banco estofado acoplado à parede.
Esperaram algum tempo até que Eriol chegou com mais um rapaz. Cumprimentou Tomoyo, e depois disse:
- Olha quem eu consegui trazer!
- Syaoran!- Tomoyo estava pasmada.- Eu não imaginava que você viria.
- Nem eu.- Disse um pouco acanhado com toda essa bagunça a sua volta.
- Bem... Eriol, esta é Sakura, aquela amiga que eu queria te apresentar. E Sakura, este aqui é o Syaoran, amigo nosso.- Cumprimentaram-se.
Conversaram um pouco, o suficiente para Sakura matar sua curiosidade sobre quem era Eriol, para Syaoran se sentir mais tímido do que era normalmente, a boate encher e Tomoyo cochichar para Sakura:
- É agora, Sakura.- Depois falou alto.- Rapazes, nós vamos ali cumprimentar um amigo nosso e já voltamos.
- Tudo bem.- Eriol disse com um sorriso satisfeito.
Disfarçadamente chegaram até onde se encontrava o DJ, e Tomoyo pegou algo que tinha previamente guardado, indo para um pequeno palco que havia mais adiante. Sakura, já instruída, voltou para a mesa e chamou Eriol e Li:
- Er...- Disse meio sem graça para o rapaz que conversava com Li.- Eriol.
- Pois não?- Virou-se para ela.
- Tomoyo está chamando.
- Aconteceu alguma coisa?- Levantou-se de súbito.
- Não, não, calma...- Ela só pediu para que você vá até ali, vem.
- Certo...
Eriol começou a andar atrás de Sakura, mas esta parou, voltou para onde estavam e chamou:
- Vem Syaoran!- O puxou pela mão, fazendo Li se levantar.- Você não vai ficar aí sozinho, não é mesmo?- Sorriu naturalmente.
- Han...- Vermelho, ele cedeu. Ficar sozinho não era uma boa opção.- Tudo bem. Eu vou com vocês.
Sakura seguiu puxando Syaoran pela mão, gesto que passou despercebido por Eriol. Li olhou para aqueles delicados dedos puxando sua mão. Não sabia dizer se era ele quem estava quente, mas os finos dedos lhe pareceram levemente gelados. Pela multidão ela o conduzia, e sem reação seguia aquela figura tão brilhante sob a luz negra. De repente, sentiu-se sem chão: Sakura tinha lhe soltado a mão. Então guardou as mãos nos bolsos por um motivo que não sabia.
Sakura chegou à frente do palco, parou, chamou a atenção de Eriol e apontou para a figura que surgia.
- Veja Eriol.- Disse sorridente. Uma agitada música eletrônica começou.- É para você.
Seguida a essas palavras, Eriol olhou para cima. Tênues luzes brancas e avermelhadas caíram sobre uma pessoa. Tomoyo. Esta sorriu, percebendo que chamara a tenção de muita gente, e, contando mentalmente as batidas da música, começou sua apresentação. Elevando o instrumento, o apoiou no delicado ombro esquerdo. Suspirou fundo e começou a executar notas melódicas que davam um tom a mais àquela música de batidas alucinantes. O violino. Tomoyo mexia-se conforme as notas, e junto com ela, o violino. Um violino negro, eletrônico, perfeito para isto. Olhava de relance para a multidão, e num desses olhares encontrou Eriol, não podendo deixar de sorrir. Tinha preparado tudo para agradá-lo, sabia que ele amava o som do instrumento, e em alguns meses preparou esta surpresa para o namorado. A velocidade dos acordes aumentava, e junto com ela o esforço, a melodia e a perfeição. As luzes que piscavam alucinadamente suavizavam os movimentos da garota. Tomoyo sentia-se realizada, mas apenas até o momento em que não pôde mais ver Eriol, somente Sakura e Syaoran, que observavam encantados a performance da amiga. A música acabou, e Tomoyo abaixou o instrumento, curvando-se tristemente para uma reverência ao público, que aplaudiu. Alguns breves segundos de silêncio se passaram, e outra música eletrônica ainda mais agitada começou. Encaminhou-se para a saída do palco, mas trombou em alguém. Eriol disse num tom suficientemente alto para a moça de olhos arroxeados ouvir:
- Essa é por você.- Sorriu seu melhor sorriso.- Para você.
E, caminhando, fez a moça recuar, dando alguns passos para trás. Eriol aproximou seu rosto do dela, mas recuou rapidamente, para poder fazer o que tinha planejado. Tomoyo ouviu um som peculiar, apaixonante, se distinguindo entre o altíssimo som característico das boates. Viu um lindo saxofone nas mãos do namorado, que o executava com perfeição. Mesmo sendo apenas algumas notas soltas, era perfeito. Não sabia se tinha gostado por que era Eriol quem estava tocando ou se tinha gostado porque realmente o arranjo estava perfeito. Somente havia a certeza de que tinha adorado a surpresa. Olhou atônita para o rapaz, que tocava olhando em seus olhos, e quando a apresentação acabou, jogou-se em seus braços.
- Eriol!- Este retribuiu o abraço apertado.
- Obrigado pela surpresa, meu anjo.- Beijou os lábios femininos.- Espero que eu tenha retribuído à altura.- Fechou os olhos, sentindo a doce fragrância que Tomoyo usava.
- Muito mais do que pensa.- Sorriu feliz, olhos brilhantes.- Obrigada!
O beijo foi inevitável, e inevitável também foram os aplausos de quem ainda prestava atenção. Envergonhados e envolvidos um com o outro, Tomoyo e Eriol desceram do palco, indo dançar na pista.
Sakura olhou para a amiga. Estava tão perdida ali que sentia vontade de ir embora. Olhou para o rapaz ao seu lado. Conteve-se e não revirou os olhos, mas não estava com paciência para ficar fazendo "novas amizades". Foi até a mesa e viu que Syaoran a seguia. Mudando de pensamento, sentiu pena do rapaz, afinal, ele deveria estar mais perdido do que ela. Ficou de frente para ele.
- Syaoran, eu vou embora. Será que depois você poderia avisar a Tomoyo?- Disse, colocando a bolsa no ombro.
- Vai embora sozinha?
- Sim, eu pego um táxi, dou um jeito. Eu...- Inventou uma desculpa qualquer.- Eu estou com dor de cabeça.
- Eu também estou indo embora. Não estou acostumado com isso.- Apontou para a multidão que se contorcia ao ritmo frenético da "música". Sakura sorriu de leve.
- Tudo bem.- Encaminhavam-se para a porta de saída.- Eriol sabe?
- Bom...- Abriu a porta para a moça sair.- A primeira condição que eu impus para vir aqui foi que eu iria embora a qualquer hora.- Bateu levemente no bolso da calça, fazendo as chaves da casa do amigo tilintarem.
- Sim...- Saíram da boate e fecharam a porta que era guardada por dois seguranças.
Seus ouvidos zuniam, e podiam se sentir mais leves, deixando aquele alvoroço todo para trás, preso dentro do recinto. Caminharam um tempo em silêncio, até que Syaoran começou:
- Vai de táxi?
- Não, acho que vou aproveitar para caminhar um pouco. Adoro a brisa da noite.- Abriu levemente os braços.
- Então te acompanho.- Viraram a esquina. Somente acompanhava Sakura, já que não sabia a rua em que a garota morava.- O que você faz, Sakura?
- Como assim?- Conversava sem olhar para trás.
- Estuda, trabalha?
- Ah, eu só estudo por enquanto. E você? Onde estuda?
Syaoran parou repentinamente. Idiota. Não deveria ter feito esta pergunta.
- Eu... Bem... Eu estudo também, sou seminarista.- Disse cabisbaixo.
- Quê!- Sakura disse, incrédula.
- Seminarista. Minha mãe quer que eu seja padre e...- Olhou para a garota.
I luminada pela luz do poste atrás de Syaoran, Sakura o olhou com olhos arregalados de surpresa. O rapaz viu a cor e a tonalidade dos olhos. Aquele par de olhos... Aquele brilhante par de olhos... Até agora não tinha prestado muita atenção naquela garota, mas agora... Agora se sentia sendo tragado por aqueles olhos tão... Tão indescritíveis. Sakura ficou sem reação com o intenso olhar que recebia. Apesar de não estar enxergando os olhos que a fitavam, podia sentir. Voltou a caminhar rápido, sentia as bochechas queimarem. No ritmo que estavam, dentro de dez minutos chegaram a casa de Sakura. A moça entrou no portãozinho.
- Obrigada por me acompanhar, Syaoran. Espero que eu não tenha te desviado muito do seu caminho.
- Não se preocupe. Em cinco minutos eu chego na casa do Eriol.
- Então tudo bem. Obrigada.- Sorriu cordialmente.
O rapaz virou-se para ir embora, e neste rápido movimento a garota viu um reflexo quase dourado. Sozinha, balançou levemente a cabeça e entrou em sua casa. No dia seguinte ainda teria um trabalho para fazer na casa de Tomoyo.
Continua...
N/A: Puxa, que saudade! É ótimo estar de volta à ativa! Como podem ver, coloquei no começo um trechinho da tradução não confiável, porém satisfatória de "Mermaid", do GLAY (ultra-recomendada a banda, hein!).
Ok, os agradecimentos. Lívia, menina das estrelinhas, muito obrigada por ter lido, viu? Tá certo que você nem vai passar por aqui, mas tudo bem. Você tem me ajudado bastante nas criações feitas ahn... Em horário de trabalho, hehe. Pode ir se preparando para mais serviço! Miaka, Daiana, obrigada também por terem lido.
Bom, é isso. Acho que perdi a prática de escrever, ficaram meio emboladas as coisas, mas vou melhorar isto. Claro que têm vários errinhos, mas e então? O que acharam? Por favor, deixem suas opiniões! Ah, e mais uma coisinha... Ficou muito comprido?
B-jos,
Hime .
