Primeiro Pecado
Por Hime

-Capítulo 2-

"Desvendadas as mentiras de palavras pomposas
Volto a temer a noite sem motivo
(...)
Apanhe a arma adormecida no seu peito
Atire ao céu como sinal
Está abrindo a nova cortina
(Mermaid – Glay)

Deitada, olhando para o teto do seu quarto, Sakura pensava, naquela manhã ensolarada. Com as pernas enroladas no lençol róseo e com os braços abertos, sentia o vento quente entrar pela janela do seu quarto, lhe tocando. Sentia-se fadigada, como se estivesse sem forças. Aquele clima sempre a deixava assim. Fechou os olhos lentamente e forçou a mente a se lembrar da noite passada, a se lembrar daquele único relance, em que pôde ver algo diferente nos olhos daquele estranho. Estranho sim, pois nunca tinha visto Syaoran antes em sua vida. Abriu os olhos, mas voltou a fechar com força, como se não quisesse acreditar que aquele rapaz era um seminarista. Quando chegou à sua casa, pôde ver com maior definição aquele rosto tão bonito. Sim, tinha que admitir que o rosto bem desenhado combinava excepcionalmente com tais olhos castanhos e com o cabelo em desordem também. Aliás... Ele era bastante alto e não parecia ser franzino. Será que praticava algo dentro do seminário? Sorriu. Depois precisava saber se ele havia chegado bem, afinal, a tinha acompanhado por todo o caminho.
Olhando para o lado bateu os olhos no relógio e pôde constatar que já estava na hora de se levantar para ir à casa de Tomoyo. Precisavam terminar um trabalho que a amiga havia adiado por toda a semana para poder ensaiar aquela surpresa, que ao seu ver, tinha ficado ótima. Levantou-se com moleza, foi tomar uma ducha gelada e depois se trocou colocando uma calça jeans meio desbotada e uma blusinha azul clara de alças. O calor estava insuportável, fazendo a garota prender seu cabelo mediano num coque. Arrumou alguns livros e papéis ajeitando-os nos braços e desceu a escada da sua casa, indo na direção da cozinha.

- Syaoran...- Eriol sacudia o amigo pelo ombro, que dormia com um travesseiro sobre o rosto.
- Hmm...- Resmungou.
Eriol já estava ali há quinze minutos o chamando, e perdendo a paciência deu um forte empurrão em Li, fazendo o rapaz se assustar. Para seu infortúnio, com o susto acabou levando um golpe nada fraco no rosto com o travesseiro.
- Ai!- Reclamou se afastando em direção à porta.- Você é maluco Li?
- Não reclama.- Sentou-se na cama e passou as mãos pelo rosto marcado pelo sono.- Você quem me assustou.
- Não vou discutir com você. Vamos logo.
- Que? Vamos onde?
- Ahm...- Sem graça, coçou a nuca.- Sabe... É que eu prometi para a Tomoyo que eu iria ajudá-la a fazer um trabalho de física...
- Tudo bem.- Levantou-se.- Eu vou para casa então.
- Ah, sabe o que é, Syaoran... É que sou péssimo em exatas... E, se você pudesse, eu gostaria que...- Foi interrompido.
- SE eu pudesse, não é? Acontece que não posso. Falei para minha mãe que eu...
- Ah Li, eu mal chego de viagem e logo no primeiro favor que peço você já me dá um 'não'? Poxa vida, hein?- Cruzou os braços e as pernas e se encostou à parede. Syaoran permanecia em silêncio arrumando suas coisas.- Será que vou ter que pedir 'por favor'?- Li trocou de camisa.- Por favor...
- Odeio quando você insiste.
Eriol foi até Syaoran e com um sorriso lhe deu um tapinha nas costas. Era por isso que gostava tanto do amigo.

- Ai, desisto Tomoyo!- Sakura se jogou no sofá do escritório.
- Calma Sakura, não se dê por vencida! Tem certeza de que não deu certo?- Pegou as folhas nas mãos como se realmente fosse entender algo.
A moça de olhos verdes lhe lançou tal olhar que achou melhor ficar quieta.
- Bom, pelo menos daqui a pouco Eriol chegará e poderá nos ajudar.
- Assim espero.- Pegou o copo com suco que estava à sua frente e tomou um gole.- Já decidiu a experiência que vamos fazer?
- Não, eu procurei em todos esses livros e não achei algo que fosse realmente interessante.- Apontou para uma pilha com três ou quatro livros.
- Que ótimo...
Ouviram suaves batidas à porta, Tomoyo a abriu e permitiu a passagem de Eriol e Syaoran, que foram acompanhados até ali por uma criada da casa. Depois de se cumprimentarem, Tomoyo sorrateiramente entregou a ficha de exercícios para Eriol.
- Syaoran.- Sakura se aproximou do rapaz que, deslocado, fingia um olhar interessado para o livro que estava em suas mãos.
- Oi?- Fitou a garota nos olhos.
- Eu queria saber se tinha chegado bem em casa...- Sentia as bochechas queimarem.- Andar àquela hora da noite é muito perigoso.
- Bom...- Não pôde evitar um sorriso.- Acho que cheguei bem, sim.
A mocinha sentiu uma forte vontade de se dar um tapa na testa, afinal, se ele estava ali provavelmente tinha chegado bem. Ficaram algum tempo calados, até que Eriol salvou a situação:
- Syaoran.- Chamou.- Isso é especialidade sua, tome.- Entregou as questões para o amigo.
O seminarista apanhou o papel e analisou. Pediu um lápis, se sentou à mesa e começou a rabiscar algo. Tomoyo sorria de orelha a orelha, enquanto Sakura se sentava novamente no sofá. Respirou fundo. Passar vergonha não era seu passatempo preferido. Corrido em torno de vinte e cinco minutos Syaoran entregou as folhas a Tomoyo.
- Perfeito Syaoran!- Exclamou contente.- Agora é só passar a limpo com a nossa letra, não é Sakura?- Sakura lhe lançou outro olhar feroz.- Bem... Com a minha letra.
- Bom, então só falta arranjar uma experiência.- Sakura se ajeitou no sofá.- Será que na biblioteca tem algum livro interessante?
- Ah, com certeza.- Tomoyo afirmou.- Mas está fechada hoje.
- Droga... Desisto Tomoyo. Vamos pegar qualquer coisa mais simples.
- Hã?- A moça de cabelos em tom arroxeados mexeu seu indicador de forma negativa.- Nem pensar, Sakura. Você rejeitou todas as que eu te propus, então arranje outra.
Sakura olhou para Tomoyo de forma desconfiada. Que bicho será que tinha mordido a garota? Estava quase impossível de suportar aquele humor.
- Olha...- Syaoran interveio.- Eu tenho alguns livros bons em casa, se vocês quiserem...
- Mesmo?- Tomoyo se sentiu mais aliviada.- Ai que bom...
- Querem que eu traga?
- Claro! Mas o trabalho é nosso... Bem, Sakura pode ir com você, não?- Tomoyo sugeriu.
- Eu vou.- Sakura se levantou decidida. No momento, preferia fazer qualquer coisa a suportar o humor de Tomoyo.

Em pouco tempo já estavam a caminho da casa de Li. O sol estava escaldante, mas andavam a passos largos, afinal, quanto antes chegassem menos teriam que suportar o calor e o mormaço. Todo o trajeto foi feito com breves comentários sobre banalidades. Definitivamente não achavam assunto que interessasse aos dois. Depois de dez minutos ou menos chegaram à casa de Li, que abriu o portão e convidou:
- Vamos, entre.
Com passos tímidos, a garota passou pelo enorme portão de ferro. A propriedade era inteiramente branca, misteriosa. Podia-se perceber claramente algo diferente naquela residência. Talvez fosse a falta de janelas... Syaoran andava a frente, guiando a garota. Passaram pela sala de visitas, pelo corredor e logo chegaram à biblioteca, mesmo lugar onde se podia encontrar o escritório.
- Onde eu posso procurar?- Sakura perguntou ao ver Syaoran passando levemente os dedos por uma prateleira em busca dos livros.
- Ali.- Indicou uma direção.- É um livro grosso, se não me engano tem capa verde.
- Certo.- E começou a procurar.
Em menos de dois minutos Li já tinha dois livros em mãos, enquanto Sakura ainda procurava.
- Achou?
- Ainda não.- Disse vagamente.- Está meio escuro aqui.
Syaoran não hesitou muito. Com passos largos alcançou a cortina e a puxou de uma só vez, fazendo barulho e ao mesmo tempo iluminando completamente o local.
- Ah!- A garota exclamou.- Achei!- Puxou o livro da estante.- Era a falta de claridade mesmo.- Sorriu abertamente.
Syaoran, ao ver aquele sorriso tão contagiante, não pôde evitar que um breve sorriso também lhe escapasse pelos lábios. Sakura fixou seu olhar no gesto, mas se dando conta do que estava fazendo tentou disfarçar olhando novamente para a estante e acabou batendo os olhos num bonito livro de capa bordô.
- Não acredito!- Largou o livro numa mesinha e foi até o que lhe chamara tanta atenção.
- O quê?
- Você tem esse livro! Eu já procurei em todos os lugares, mas ainda não tinha achado! Eu amo esse autor.- Começou a folhear.
- Se você quiser, pode pegar emprestado.- Encostou-se na mesa.
- Mesmo?- Suspendeu os olhos até o rapaz.
- Claro.- Aproximou-se da estante.- Se você prestar atenção, aqui tem vários livros desse autor. Eu gosto bastante dele.- Correu os dedos por uma porção de livros.
Sakura sorria involuntariamente. Tinha sido dificílimo achar alguém que gostasse do mesmo autor que ela. Teria uma boa fonte de livros por algum tempo.
- Todo final de semana você volta para casa?- Virou a cabeça repentinamente, fazendo seus cabelos exalarem um aroma suave.
- Sim.- Admirava-a silenciosamente, mantendo seus olhos mais do que atentos.
- Então no próximo sábado eu devolvo este livro.
- Não tenha pressa, pode pegar quantos quiser.
- Acho melhor deixar para uma próxima vez, está na hora de irmos.
- Tudo bem, vamos.
A garota saiu da casa abraçada ao livro que tinha pegado emprestado, enquanto Li carregava os outros. O caminho de volta tinha sido muito agradável, ao contrário de antes. Conversaram sobre livros, escritores, música! Sakura lhe prometeu que lhe mostraria algumas músicas das quais gostava. As afeições que tinham em comum foram aparecendo enquanto caminhavam a passos um pouco mais lentos que antes, afinal, agora o sol não lhes parecia tão quente e nem o calor tão sufocante.

O resto do trabalho foi feito com um pouco mais de animação, afinal, para isso se tinha de tudo: o cérebro pensante de Li, a opinião de Sakura, as habilidades manuais de Tomoyo e capacidade de observação de Eriol. Depois de tudo pronto todos foram embora. Syaoran, ao chegar em casa, logo encontrou a mãe, que o esperava desde algum tempo:
- Oi mãe.- Fechou a porta, lhe beijou a testa e ia caminhando para o seu quarto, mas ela o interrompeu.
- Você veio aqui antes?
- Sim.- Tinha parado de caminhar.- Vim pegar estes livros.- Sacudiu-os.- Pensei que não estivesse em casa.
- Realmente não estava, mas você deixou as cortinas abertas. Precisa tomar mais cuidado.- Levantou-se seriamente, como sempre.- Deixe suas coisas no quarto e venha jantar. Já mandarei servirem.
- Sim.- E com obediência foi para o seu quarto.

A semana se passou rapidamente. No seminário, Li comentava com os companheiros a amizade que tinha feito. Muitos o zombaram, o deixando levemente irritado, mas tudo ia passando e se mostrava sem importância à medida que o final de semana ia chegando. Estava ansioso para conversar com Sakura, talvez para saber o que ela tinha achado do livro, talvez somente para vê-la falar com entusiasmo sobre o que gostava, sobre a família até. E chegando a manhã do sábado, estava mais animado. Olhou para o relógio quando a campainha tocou, eram dez horas da manhã.
- Olá Syaoran!- Sakura, toda sorridente, lhe cumprimentou.
- Oi. Entre.- Sentaram-se.- Gostou do livro?
- Muito! Agora vejo que todos os elogios que faço para este autor não são em vão. Ele é realmente o máximo!- Devolveu o livro ao dono.- Muito obrigada.
- Imagina. É sempre bom compartilhar das coisas que gostamos. Vamos lá na biblioteca escolher outro.
Ao entrarem no escritório, a primeira atitude do jovem Li foi abrir as cortinas. Realmente ficava muito escuro sem a luz do sol. Syaoran pegou outro livro e, sentando-se ao lado da jovem, mostrou:
- Veja.- Apontou um retrato que havia antes do prefácio.- É ele quando mais novo.
- Sério?- Estava surpresa.- Então ele era razoavelmente bonito quando mais novo, ao contrário das fotos em que ele está com aquela barba enorme.
- Bonito? Eu não o acho bonito.- Disse com desdém.
- Oras Syaoran.- Revirou os olhos.- Os homens nunca acham outro homem bonito. Na verdade devem achar, mas não assumem.
- Pode ser, mas sinceramente não o acho bonito.
Sakura balançou a cabeça sorrindo. Essa era uma coisa que a raça masculina nunca iria admitir. Repentinamente a porta foi aberta, e Yelan entrou sem pestanejar.
- Oh, desculpe meu filho, não sabia que você estava com visitas. Olá.- Sorriu à contra-gosto para Sakura.
- Olá.
- Esta é Sakura, mãe.
- Sim...- Quando Sakura fez menção de se levantar para cumprimentá-la, Yelan sentou-se na mesa.- Podem continuar conversando, só vou procurar alguns papéis.
- Tudo bem.- Syaoran voltou a baixar os olhos para o livro, indicando algo.- Aqui tem uma breve biografia. Tenho certeza de que vai rir quando ler o que ele aprontava quando...
Olhou disfarçadamente para a mãe, que abria e fechava gavetas com certa força, fazendo barulho. Syaoran começou a ficar irritado. Sentiu-se incomodado, e para não discutir com a mãe, chamou a amiga para conversar num lugar mais reservado. Seu quarto, para ser mais exato.
- Finalmente aqui teremos um pouco mais de silêncio.- O rapaz se jogou na cama de casal.
- Não estava incomodando tanto assim.- Sakura se sentou na beirada da cama.
- Mas eu prefiro o silêncio.- Sorriu e continuaram a conversar.
Quando Sakura olhou para o despertador que estava na cômoda já era quase meio-dia.
- Preciso ir, Syaoran, prometi para meu pai que estaria em casa antes do almoço.- Se levantou.
- Almoce aqui.- Levantou-se também.
- Não, obrigada. Eu falei que iria almoçar em casa. Preciso ir mesmo. Quando nos vemos novamente?- Saíram do quarto e iam na direção da porta principal.
- Amanhã talvez? Com este calor poderíamos ir naquela sorveteria perto da praça.
- Tudo bem. Amanhã às duas então. Agora preciso ir.- Tacou-lhe um beijo na bochecha.- Tchauzinho.- E saiu caminhando apressada.
Syaoran, com um indisfarçável sorriso no rosto, fechava lentamente a porta quando uma voz lhe disse ao ombro:
- Quem é ela?- O rapaz pulou ao ouvir a voz da mãe.
- Que susto!- Suspirou.- Ela se chama Sakura, como eu tinha dito antes. É amiga da Tomoyo.
- Ah sim. Aquela namorada do Eriol, não?
- Isso mesmo.
- Desde quando conhece essa garota?
- Desde domingo passado, numa visita à casa da Tomoyo.- Mentiu inocentemente.
- À qual família ela pertence?
- Kinomoto, acho.- Começou a ficar impaciente.
- Qual a religião dela?
- Mãe!
- Somos cristãos, meu filho. Não quero que nada te tire deste caminho sagrado, tão especial.
- Escute mamãe, sinceramente não vejo problemas nisso, mas acho que se realmente este for meu destino, nada vai me desviar dele, não é?- Yelan se calou, sentando na poltrona.- Acredite nisto.- Disse com voz firme, entrando no corredor que levava aos quartos.
Ao ouvir a porta do quarto se fechando, Yelan deixou seus olhos umedecerem. Estava um pouco surpresa, afinal, seu filho nunca a havia enfrentado, nunca a havia feito se calar. O filho que havia criado com tanto carinho... Seu único filho, seu caçula... Após a morte do seu marido, no dia do seu enterro, reparou, entre lágrimas, a semelhança do seu pequeno com o pai. Eles eram tão... Tão parecidos, tão semelhantes! Sabia que não estava fazendo a coisa certa, mas jurou naquele momento que Syaoran iria para o seminário. Iria para lá e se tornaria o melhor dos padres, para poder pregar as palavras de Deus e da Bíblia, que julgava tão correta. Assim, tinha certeza de que seu filho não se perderia pelo mundo e nem se afastaria dela. Ouviu um ruído qualquer e, rápida, foi para seu quarto se recompor. Não seria qualquer um que veria sua fraqueza. Não agora.

Syaoran ouviu batidas à sua porta. Estava ouvindo música clássica, o único estilo que havia em sua casa. Levantou-se, e ao atender viu o rosto de uma criada escurecido pela penumbra do corredor, iluminado apenas por fracas luzes incandescente.
- A senhora Li o chama para o jantar, senhor.
- Diga a ela que já vou.
- Sim, senhor.
Entrando novamente no quarto desligou o aparelho de som e foi até o banheiro lavar as mãos, afinal, mexer naqueles discos empoeirados era motivo o bastante. Depois seguiu para onde a mãe estava e sentou-se à mesa.
- Estava dormindo?- Disse com casualidade.
- Não. Estava ouvindo um pouco de música.
- Ah sim... Não vai dormir na casa de Eriol hoje?
- Hm...- Pensou um pouco.- Não.
- Vocês brigaram?
- Claro que não.- Não pôde evitar um sorriso quase que irônico. Agora tinha certeza de que sua mãe achava que ele ainda era uma criança.- Acho que ele não vai estar em casa.
- Não? Mal chegou e já foi viajar?
- Acho que não se trata disso, mãe...- Sentia-se incomodado em falar sobre isso com Yelan.
- Bom, seja o que for, espero que não tenha haver com Tomoyo.
-...
- Syaoran, não me diga que ele foi dormir na mansão Daidouji?
- Não vejo problema algum, mãe. Eles são namorados, não são?
- Por isso mesmo. Não acredito que Sonomi tenha permitido.- Estava ultrajada.
- Mãe...- Respirou fundo, como se o ar que inalasse lhe desse mais paciência.- Acho que isso não nos interessa. Com licença.- Levantou-se da mesa.
Certas manias da mãe o faziam perder a paciência e a fome. Sem mais demora foi dormir, esperando pelo dia seguinte.

Seu domingo foi, no mínimo, prazeroso. Com toda a sinceridade poderia afirmar que aquele sorvete estava além das suas expectativas, muito bom mesmo. Chegou quase no mesmo tempo que Sakura e passaram em torno de três horas ocupando aquela mesa branca e conversando sobre banalidades. Às vezes, perdido nos trejeitos da garota, ficava a observando durante minutos com os olhos amendoados cheios de um sentimento... Se importava que ela fosse de uma religião diferente da dele? Definitivamente não. Ela poderia ser atéia ou protestante que ele não se importaria. Os pensamentos da mãe lhe invadiram de repente, e sem pensar e nem perceber que interrompia a garota, perguntou:
- Sakura, você segue alguma religião?
- Sim, mas... Não a mesma religião que a sua, Syaoran.- Sentia-se desconfortável.- Espero que nossa amizade não se abale por isso.
- Não, de forma alguma!- Abanou as mãos, atrapalhado.- Não foi isso que eu quis dizer, esqueça. Foi um pensamento tolo, desculpe.
Sakura sorriu. Às vezes ele sabia como faze-la rir. Depois que foi embora não mais se preocupou com isso, afinal, ele tinha falado que isso não mudava em nada, não é mesmo?

Syaoran estava sentado ao redor de uma fonte de água que havia dentro do seminário, admirando o reflexo do sol que se dava quando sentiu um forte tapa no ombro esquerdo que quase o fez se desequilibrar.
- O que foi? Sonhando acordado, é?- Minoru, um outro seminarista lhe perguntou.
- Ahn?- Ajeitou-se novamente, mas agora se segurando na borda da fonte para não cair numa próxima eventualidade.- Eu não lembro... Eu não me lembro do que estava sonhando... Quer dizer, pensando.
- Ih...- Zombou.- Você está distraído? Essa é nova! Só faltava o aspirante a padre Syaoran estar apaixonado.- Gargalhou.
- Calado Minoru! Quanta bobagem...- Balançou a cabeça de um lado para outro.
- O quê? O que é bobagem? É bobagem você estar apaixonado ou você ser padre?- Syaoran sentiu como se tivessem lhe dado um choque.- Escute Li, eu sou seu amigo, quero seu bem.- Sentou-se ao lado de Syaoran.- Pense muito bem no seu futuro. Muito. Às vezes, deixamos escapar coisas que não podemos recuperar depois. Acredite em mim, digo isto por experiência própria. Não faça uma besteira.- Passou a mão no cabelo do amigo e se levantou.
Syaoran, com o olhar perdido, continuava a fitar a fonte, agora tendo certeza no que estava pensando.

Continua...

N/A: Oolá! Aqui está a continuação. Vocês não imaginam como eu estou contente em todos os sentidos! ^_^ Antes que eu me esqueça (de novo), preciso falar que eu tive essa idéia repentinamente, mas o que mais reforçou o enredo foram as fortes influências de "Dom Casmurro" e "O Crime do Padre Amaro"(o qual me deixou muito indignada). Lív-chan, obrigada por lembrar, e Dai, obrigada pelas ajudinhas e alterações on-line. Sobre o capítulo passado, quem quiser ver a foto de um violino eletrônico me avisa que eu mando com a maior boa vontade, pode ser? É que fico meio receosa de colocar um link aqui. ^^''
Eu falei aquele negócio todo de que o fic estava enrolado, que as coisas não estavam muito boas, mas porque era o que realmente sentia naquele momento. Na verdade ainda sinto isso em relação àquele capítulo, mas não vou mudar, e é melhor eu parar de falar isso antes que eu leve uns puxões de orelha da Dai. Sobre os reviews, muito, muito obrigada pelo apoio de vocês! Não preciso nem dizer que foi fundamental, não?
Agora os agradecimentos:
Madam Spooky- O Li se desviando do seu caminho? Imagiina! Espero que tenha gostado do capítulo e obrigada pelo comentário.
Metabee.x- Que bom que não saiu fora do tamanho que eu tinha previsto ^^. Aliás, você que precisa escrever hein? Um por dia! Obrigada pelo apoio, Murilo.
Miaka Hiiragizawa- Olá! Este capítulo foi meio chocho, mas como foi intermediário teve que ser assim mesmo. XD Sinceramente espero melhorar cada dia mais, valeu pelo review.
Dai- Bom, como eu disse anteriormente, foi o que eu senti naquela hora. Bem que uma apresentação dessas não seria nada ruim, mas a pata aqui também não sabe tocar nada direito. Também acho que a Yelan tem uns parafusos a menos, mas fazer o quê? hehe. Não ficou meio esquisito esse capítulo? Obrigada pelo apoio!
Lívia- Hohoho, Liv-chan, feliz natal! (-_-) Obrigadão pelo apoio, viu? Além de me agüentar pela net me agüenta ao vivo todos os dias. Nem sei o que falar. ^^ *emocionada*
Mitty- Fico muitíssimo feliz em saber que gosta das minhas fics e em saber também que gostou dessa minha mais nova invenção. O que achou deste capítulo? Obrigada pelo review e pelo apoio.
Isinha- Que bom que gostou da história! Sim, não é nada fácil de se aceitar o Li dentro dum seminário, mas talvez seja por isso que eu tenha publicado isso. ^_^ Será que nesse capítulo você conseguiu imagina-lo? Espero que sim. Obrigada pelo review!
Renata- Que bom que gostou do capítulo inicial! Se você nunca imaginou o Li seminarista, imagine ele realizando a cerimônia do seu casamento! *calor afetando o cérebro* ^.~ Obrigada pelo review, Renata!
Mary Marcato- Olá Mary! O que posso te garantir é que nào vou matar a Yelan. ^^ Deixe sempre opiniões como estas, ajudam muito mesmo. Obrigada pelo apoio!
Violet Tomoyo-
Oi Tomoyo! Há quanto tempo, hein? Eu estava com saudade de receber um comentário seu, são sempre animadores. Fica satisfeita em saber que gosta do que escrevi. Que tal o segundo capítulo? Obrigada pelo apoio.
Jenny-Ci- Oi! Como eu disse, não se preocupe. Obrigada pelo elogio e espero que continue acompanhando.^^
Diana Lua-
Olá Diana, espero que tenha gostado da foto. ^^ Acho que já deu mais ou menos para ver o rumo desta fic. Muito obrigada pelo apoio e pelas palavras.
Saki Kinomoto-
Oi! Fico super feliz que tenha gostado dessa minha mais nova tentativa. ^_^ Bom, essa música, como falei, é Mermaid, na versão original. Você deve ter pego na versão instrumental... Eu acho que nem todas as músicas deles instrumentais são boas... O Glay é bom, claro, sem dúvidas, mas já tenho minhas preferências que não vou citar agora. ^_^ Ah, realmente eles não são bonitos... Esses dias estive procurando uma foto em que todos estivessem bem, mas desisti dessa minha tarefa. Nesse quesito minhas preferências voltam... Obrigada pela força e pelo review!
Anna- Quando eu estiver com a cabeça mais vazia (mais??) eu vou procurar lê-los sim, obrigada pela recomendação e pelo comentário.
Lani-
Olá! Que bom que tenha gostado! Eu também adoro fanfics UA, me dá mais liberdade.^^ Obrigada pelo comentário Xux... er... Lani! ^.~
Sayo Amakusa- Nossa, o tempo passa rápido mesmo, hein? Tsc, tsc, tsc.. coitada da Sakura... Ah Sayo, não é tão ruim o Li como padre... Bom, eu acho. Mas pensando bem.. é um desperdício mesmo. -__- Muito obrigada pelo comentário!
Karoline Dutra- Que bom que tenha gostado, Karol. Espero que este capítulo também tenha te agradado.Obrigada pelo comentário! Ah, meu pc está quase desmaiando.. -__-

Bom, é isso. Se tudo continuar neste ritmo, em muito pouco tempo tudo já estará resolvido. Muito pouco mesmo.
B-jos,
Hime