CAPÍTULO QUATRO – O NOVO GOLEIRO DA GRIFINÓRIA
Na tarde do mesmo dia, todos ainda se espantavam pela ausência do diretor da escola. Ametista já estava mais aliviada por saber que seu avô já havia saído da enfermaria. Agora, permanecia descansando em seu quarto. Harry e Rony haviam combinado de irem jogar um pouco de quadribol à tarde, já que ainda algumas aulas estavam suspensas. Porém, Rony lembrou que precisa terminar o resumo passado por Snape. Ainda não haviam usado suas varinhas, apenas faziam resumos e mais resumos, pedidos de todos os professores. Harry aproveitou e reuniu todo o time de quadribol da Grifinória na sala comunal.
- A professora disse que precisamos arranjar um goleiro e um capitão logo. – repetia Harry ao resto do time.
- Ai, eu sinto falta do Olívio! – suspirou Alícia Spinnet.
- Você apenas diz isso porque gostava dele. – falou Jorge, parecendo ciumento.
- Não é verdade! – disse em resposta à insinuação de Jorge.
- Como não, todas as garotas gostavam de Olívio! – exclamou Jorge.
Harry olhou para Fred, que apenas sussurrou:
- Jorge tem uma queda por ela. – e em seguida riu.
- Pessoal, não estamos aqui para discutir isso. Precisamos arranjar um goleiro e um capitão – lembrava a artilheira Katie Bell – Alguém conhece algum goleiro?
Ninguém levantou a mão ou disse algo. Angelina Johnson sentou-se no sofá e bufou. Fred sentou-se ao seu lado e colocou a mão em seu ombro. Harry observou e entendeu tudo.
- Como arranjaremos um novo goleiro até o mês que vem? – indagou Angelina, completamente desanimada.
- Eu tenho uma idéia! – gritou Harry, assustando a todos.
- Qual a sua grande idéia? – perguntava Alícia, esperando alguma besteira. – É melhor ser boa!
- O Rony pode ser o novo goleiro!
Fred caiu na gargalhada e Jorge disse:
- O Rony? Você só pode maluco!
- Por quê? – perguntou Harry, sem entender.
- O Rony é simplesmente uma negação em quadribol. – completou Jorge.
- Mas podemos ajudá-lo. Se ele treinar, acho que pode dar um bom goleiro.
- Sem chance. – repetia Fred, controlando a risada.
O silêncio seguiu, todos agora tentavam achar uma solução. Até que Angelina disse:
- Gente, nós não temos opção. Não existe ninguém para substituir Olívio. Apenas o Rony pode nos ajudar.
Agora os jogadores se olhavam, procurando entrar num acordo. Katie Bell e Alícia pareciam concordar com Angelina, que tentava convencer Fred.
- Eu só aceito com uma condição. – falou Jorge, aos olhos de todos.
- Qual condição? – perguntou Harry, receoso.
- A responsabilidade será toda sua! Se Rony for um ótimo goleiro, nós sempre o seremos grato, porém, se ele for um horror, sua cabeça será colocada a prêmio e faremos seleções com todos que se inscreverem!
Harry engoliu em seco. Será que Rony seria capaz de se tornar um bom goleiro, um goleiro a altura da Grifinória? Depois de pensar um pouco, Fred retomou:
- É com você, Potter.
Então, Harry finalizou:
- Eu aceito! Rony virara um novo Olívio Wood.
- E quem será o capitão? – lembrou Alícia.
Todos se entreolharam pensativos, até que Angelina propôs:
- Já que o Harry vai ser responsável pelo treinamento do Rony, ele pode ser nosso capitão.
Harry sentiu-se corar e um enorme peso nos ombros de repente. Seria algo grande, mas que teria o maior prazer de realizar.
Ao final, todos toparam e Harry concordou.
- O novo capitão é Harry Potter. – anunciou Fred.
Saindo da sala comunal, Harry lembrou-se de que tinha de avisar a professora McGonagall quando arranjassem um novo goleiro e capitão. Foi em direção à sua sala. Lá, encontrou a professora cabisbaixa, pensando profundamente. Entrou de mansinho, cuidadoso.
- É... Professora?
McGonagall levantou o rosto e viu Harry andando acanhado até chegar a sua mesa.
- É, já arrumamos o problema do goleiro de quadribol.
- Tão rápido assim? – parecendo desconfiada.
- Sim. Escolhemos o Rony.
A face da professora mudou de cor três vezes até esbravejar:
- OUTRO WEASLEY?
Harry deu quatro passos para trás, achando que a professora fosse o transformar num sapo do norte da Índia, como havia mandado os alunos fazer na aula do dia. Depois a professora respirou e respondeu:
- Desculpe-me, Sr. Potter. Apenas estou um pouco nervosa. Você tem certeza de que ele pode substituir Olívio?
Harry começou a pensar no que responderia à professora. Poderia responder a verdade e dizer que Rony será ainda testado e treinado, porém a professora poderia subir em seu pescoço de tão tensa que estava. Ou poderia dizer que ele é um ótimo goleiro e sairia dali com o peso de transformar Rony em tão pouco tempo. Optou por misturar as duas:
- Sim, professora. Tenho certeza de que ele se esforçará ao máximo.
- E quem é o próximo capitão?
- Eu. – respondeu Harry, vendo o rosto da professora aliviar um pouco.
- Está bem, Potter. Agora, se me der licença, vou visitar o diretor.
E saiu, parecendo incrivelmente preocupada. Harry correu para contar a novidade a Rony. Encontrou-o na biblioteca, conversando com uma garota de compridos cabelos negros. Harry se aproximou e tomou um susto.
- Olá, Harry. – cumprimentou Cho Chang.
- O... O que vocês estão fazendo? – perguntou, tímido.
- Ela estava aqui na biblioteca fazendo aqueles resumos doidos do Snape. Resolvi pedir ajuda, então. Aí, começamos a conversar e ela me disse que a Cornival também com problemas no time de quadribol. – explicou Rony.
- Ah... Falando nisso, já arranjamos nosso novo goleiro – avisou Harry, em tom ríspido com o amigo.
- Sério? Muita sorte a sua! – respondeu Cho, um pouco vermelha.
Nesse exato momento, Hermione chegou, carregando toneladas de livros. Despejou-os em cima da mesa, parecendo extremamente cansada. Rony olhou e riu. A garota observou a atitude do amigo, olhou para Cho e pegou todos os livros novamente e sentou-se na mesa do lado. Harry pediu licença e foi sentar-se com Hermione.
- Não precisa sentar-se aqui, Harry. É melhor você ficar lá.
- E por que eu ficaria ali? – respondeu Harry, tentando animar a garota, dando a entender que queria sua companhia.
- A Cho está lá.
- E?
- E que você gosta dela e deveria aproveitar os momentos que possui para ficar ao lado dela e...
- Eu não gosto dela, Hermione! – interrompeu-a.
- E ainda mais por que o Rony também está lá. – terminou a menina.
- E o que é que tem o Rony estar lá?
- Ah Harry! Vai me dizer que você não fica com ciúmes?
- É... É claro que não. – respondeu, com certa insegurança.
- Tá bom então, Harry. Continue enganando a si mesmo. Agora, me deixa estudar. – finalizou Hermione, nervosa.
Harry também ficara tenso e deixou Hermione na mesa sozinha. Não havia entendido por que a amiga tinha falado tudo aquilo. Observou Rony em uma animada conversa com Cho, o quê o fazia ficar mais tenso ainda. Passou pela mesa onde estavam sentados Rony e Cho e falou:
- Rony, depois, quando estiver livre, preciso falar com você. – e saiu da biblioteca.
Somente agora, Harry percebera que já estava quase escuro. A caminho da sala comunal da Grifinória, encontrou Snape. Parecia mais irritante do que de costume, como todos em Hogwarts. Suas vestes pretas pareciam mais ameaçadoras do que nunca e sua voz mais gélida também.
- Potter, andando sozinho pelo castelo. Estranho. – disse o professor.
- Estranho por quê? – respondeu Harry, sem medo de perder pontos por responder a um professor.
- O senhor nunca anda sozinho, sempre com Sr. Weasley.
Harry queria responder algo como "não é da sua conta", mas preferiu preservar sua difícil relação com o mestre de Poções. Continuou calado.
- Bom, deve estar aprontando algo, talvez – insinuou o professor, testando a paciência do aluno – De qualquer forma, o senhor sabe onde está a Srta. Dumbledore?
- Não.
Snape olhou fixo no rosto de Harry e saiu, quase atropelando o estudante da Grifinória. Harry não estava disposto a gastar seu tempo brigando com Snape e voltou ao seu destino original: a sala comunal.
Passando pelo quadro da Velha Gorda, encontrou Ametista escrevendo em um tipo de caderno. Parecia grosso e tinha uma capa azul clara, assim como tudo o que pertencia à garota. Apenas naquele momento Harry reparou nas faixas azuis que cobriam os dois pulsos da menina, como Hermione havia comentado. Harry sentou-se no sofá. Só então a garota percebeu sua presença. Levantou a cabeça e olhou para o garoto.
- Potter! Não percebi que estava aí.
- Não, tudo bem. Acabei de chegar mesmo.
Ametista aproximou-se do menino e Harry assustou-se quando ela encostou a mão direita em sua testa, enquanto a esquerda segurava o caderno, que agora, surpreendentemente, mudou de azul claro para vermelho. Harry percebeu que seu nome aparecia várias vezes no diário.
- Nossa! Você está com uma cara péssima e até um pouco quente. Talvez esteja com febre. – disse a ele, ligeiramente ardilosa.
- Como você percebeu tudo isso?
- Não preciso ser a Madame Pomfrey para notar que não está bem. – respondeu impaciente.
Harry começou a sentir-se incomodado, pois naquele momento notou que Ametista tinha o costume de falar olhando em seus olhos, mesmo quando não brigavam. Ele levantou-se rápido.
- Muito obrigado em preocupar-se comigo, Ametista.
A garota sacudiu a cabeça.
- Não é questão de estar preocupada com você, Potter – respondeu ríspida. – Apenas estou lhe avisando para não ficar todo coitado pelos cantos depois. – completou arrogante.
Vontade não faltava a Harry para responder mal educadamente àquela fala. Porém preferiu engolir em seco.
Harry reparou que o diário parecia mais vermelho. Lembrou então de Dumbledore e mudou de assunto suavemente:
- Você parece melhor do que nestes outros dias. Dumbledore está melhor?
- Ah, está muito melhor! Amanhã, já poderá voltar com seus deveres. – contou a menina, com um grande sorriso na face, coisa difícil.
- Que bom. Daqui a pouco iremos jantar, então vou aproveitar para tomar banho. Até mais tarde, Ametista. – e Harry subiu as escadas, vendo os grandes olhos azuis da garota, olhando e irritando-o há pouco.
***
Perto do horário do jantar, Harry estava sentado no parapeito da janela de seu quarto. O tempo estava melhor do que na manhã. Ficava lembrando os momentos em que havia visto os pais. As pessoas que ele mais amava. Lembrava do sonho que tivera na noite de seu aniversário. Que havia visto todos que realmente gostava. Mas, os pais eram o bem mais precioso, a melhor lembrança que Harry jamais poderia guardar.
- Eles nunca me magoariam. – falava baixinho para si mesmo.
Ao mesmo tempo, Rony entrava no quarto, acompanhado por Neville, que estava coberto de um tipo de capa preta. Harry levantou-se e perguntou por que o amigo estava vestido daquela forma. A resposta veio rápida como a pergunta. Neville abriu a capa. Harry segurou-se para não rir na cara do gorducho amigo.
- Veja só o que me aconteceu, Harry. – dizia, quase choramingando.
Neville estava sujo com uma meleca amarelo da cabeça aos pés.
- E por que você veio todo coberto? – indagou Harry.
- Se McGonagall me ver nesse estado, acho que sou expulso de Hogwarts! – exclamou Neville.
- Bom, eu ia tomar um banho agora, mas pode tomar primeiro, Neville. – disse Rony, segurando a gargalhada também.
O garoto foi deixando a roupa pelo caminho e entrou no banho. Rony sentou-se na cama e caiu na risada, juntamente com Harry. Após o acesso de gargalhadas, Rony questionou Harry:
- Por que você falou comigo daquele jeito na biblioteca?
- É... Por que...
- Se o problema for ciúmes por causa da Cho, pode ficar tranqüilo porque eu não me interesso por ela, apesar de a achar muito bonita.
- Eu não estava com ciúmes dela! – exclamou Harry.
- Tá bom, tá bom. Então por que era?
- Ah... – Harry percebera que era provavelmente por causa de Cho e desconversou. – Esquece.
- E você sabe qual era o problema da Mione? Ela estava uma fera!
- Provavelmente porque você riu dela, e ainda na frente da Cho.
- Ah, vai, ela já está acostumada com isso.
- Acostumada?! Coitada, Rony! Você fica rindo dela na frente dos outros!
- Ah, agora deu para você ficar defendendo a Hermione?
- Não é essa a questão, Rony! É que ela deve ficar muito chateada!
- Harry, mas você também sabe que ela é assim!
Harry e Rony pareciam estar prontos para brigar, mas nesta mesma hora, Neville gritou, pedindo sua toalha que havia deixado em cima de sua cama. Depois de acalmados, Rony perguntou o quê Harry queria falar para ele.
- Bom, acho que você vai gostar da notícia. – respondeu Harry.
- O quê é? Fala logo, Harry!
- Você é o novo goleiro da Grifinória! – exclamou Harry para quem quisesse ouvir.
- SÉRIO? – Rony parecia desacreditado.
- Sério, mas terá de treinar muito!
- Eu treino até embaixo de uma tempestade de feitiços de Você-Sabe-Quem! – gritava Rony.
- E a idéia foi minha. – gabava-se Harry.
Rony pulou em cima do amigo, festejando.
- Você é o maior amigo do mundo! Você é, Harry!
Na hora do jantar, os alunos da Grifinória pareciam com uma nova motivação, apesar de ninguém acreditar muito no potencial de Rony como goleiro de quadribol. E como toda nova notícia na escola, logo a novidade chegava aos ouvidos de Malfoy.
- Já ganhamos a Copa de quadribol deste ano! – gritava no meio da turma da Sonserina, que adorava a notícia. – Sim, já somos os campeões!
- Se eu fosse você, não teria tanta certeza, Draco. – disse Snape, atrás de Malfoy, que se assustou com a voz cortante do professor.
- Como assim? O senhor está do nosso lado ou não?
- Claro que quero que a Sonserina ganhe, porém não se esqueça de que também perdemos dois jogadores. Precisamos arranjar novos, e muito em breve.
As risadinhas corriam pela mesa da Grifinória, e não somente nela. Sonserina havia conseguido ganhar uma antipatia de todas as casas de Hogwarts. Lufa-lufa e Cornival também estavam tirando sarro de Draco. Para a surpresa de todos, apenas Dumbledore não estava presente no jantar. Todos os outros professores apresentavam-se em suas cadeiras. Durante todo o jantar, Hermione era o oposto de Rony. Estivera imóvel. Não falara nada. Comeu muito pouco e permanecia olhando apenas para o próprio prato. Ao final, quando todos já estavam indo para suas torres, Harry perguntara o que havia acontecido e Hermione respondeu:
- Parabéns Rony. – e correu para o banheiro das garotas.
Ametista, que havia ido ver o avô logo após o jantar, encontrou Harry e Rony sentados na sala comunal. Imediatamente, pediram ajuda:
- Você sabe o que está acontecendo com a Hermione? – perguntou Rony, aparentemente muito preocupado. – Eu acho que ela estava brava comigo.
- Não, não sei. Ela estava muito calada no jantar. – respondeu Ametista, que também havia notado.
- Tenho certeza que ela foi para o banheiro das meninas. Talvez você consiga falar com ela. – disse Harry.
- Mas vai acabar o horário de ficar fora das torres. O Filch vai nos achar, Potter. – lembrou a garota.
- Nós temos uma maneira de impedir que isso aconteça. – disse Rony, olhando diretamente a Harry.
Harry subiu para o quarto e voltou com uma capa escura dobrada nas mãos. Ametista olhou e não entendeu. Harry então, colocou em volta de seu corpo. Ametista tomou um susto.
- Uma Capa da Invisibilidade! – exclamou a menina – Era mesmo o que eu precisava, Potter!
Ametista cobriu-se da cabeça aos pés e pediu que um dos meninos dissesse a senha à Velha Gorda, para que pudesse passar. Após este obstáculo ultrapassado, caminhou calmamente até o banheiro das garotas. Entrou com cautela e, depois de verificar que não havia alguém mais além de Hermione no banheiro, retirou a capa. Abaixou-se e procurou os pés da amiga. Nada achou. Começou a olhar para cada porta e reparou em uma especialmente.
- Está trancada – sussurrou para si mesma – Ela deve estar aqui.
Tudo continuava muito silencioso. Ametista virou para trás e viu que acima das pias havia espelhos. Virou-se rapidamente.
- Hermione? Hermione? É Ametista. Eu sei que você está aí.
Mas não adiantava. Parecia que estava sozinha no banheiro. Tornou a chamar, mas a amiga nada respondeu. Ametista pegou então, dentro de suas vestes, uma varinha e ditou em direção à porta:
- Alorromora!
Entretanto, a porta não abriu. Ametista olhou para a varinha.
- Não é como a minha! Bom, Hermione, se você não quer sair, eu vou te esperar aqui fora. Vou me sentar aqui no chão e esperar você sair daí.
Ametista abaixou-se e sentou de costas aos espelhos. Passados cinco minutos, Hermione abriu a porta, cabisbaixa. Ametista sorriu.
- Você venceu. – disse Hermione, em baixo tom.
- Sente-se. Vamos conversar.
Hermione olhou para Ametista, que estava sentada de maneira desconfortável, entre os canos que havia debaixo das pias, de costas para os espelhos.
- Por que você está sentada assim? – indagou Hermione, achando a posição muito estranha.
- Assim como?
- Embaixo das pias!
- Oh, não é nada com as pias. Eu apenas não gosto de espelhos.
- Por que? – perguntou Hermione, estranhando.
- Ah... Por nada. – respondeu rapidamente.
Hermione abaixou-se e sentou à frente de Ametista. A garota notou a capa de Harry, nos braços de Ametista. Imaginou que o amigo estivesse preocupado com ela e que havia a emprestado para Ametista, para esta procurá-la.
- E então? Qual é o problema? – perguntou apreensiva.
- É... É que... É uma história muito longa, Ametista.
- Não tem problema, eu estou aqui para escutá-la. – respondeu Ametista rapidamente.
Hermione hesitou. Será que Ametista era uma pessoa em que poderia confiar um segredo tão bem guardado? Afinal, havia conhecido a menina há tão pouco tempo e seus primeiros contatos não foram os mais esperados. Se aquilo caísse nos ouvidos de Harry ou, principalmente Rony, estaria perdida.
- Sabe, o Rony achou que você estava assim por causa dele. Achava que você estava brava com ele.
- Não, não estou brava com ele. Até já me acostumei com as brincadeirinhas dele.
Ametista riu. Hermione percebeu, olhando nos olhos da amiga, que poderia confiar o seu segredo. Resolveu começar.
- Bom, não sei se você soube que, no ano passado, tivemos um Torneio Tribruxo aqui em Hogwarts – Ametista confirmou com a cabeça – Então, as escolas Durmstrang e Beauxbatons também foram convidadas a participarem do torneio.
- E delas surgiram seus campeões. Eu fiquei sabendo da história por cima, sabe?
- Isso já ajuda muito para você me entender. Continuando, os campeões foram Cedrico Diggory de Hogwarts, Fleur Delacour da Beauxbatons, o Harry e Vítor Krum da Durmstrang.
- É, meu avô me contou.
- Presumo que você já ouvira falar do Krum?
- Claro, um ótimo jogador de quadribol!
Hermione pigarreou alto e mudou o olhar. Ametista não entendeu e perguntou o que havia falado de errado.
- Você é como uma daquelas fãs enlouquecidas que ficam pedindo autógrafos e gritando seu nome? – parecendo um pouco ciumenta, indagou Hermione.
- Não, claro que não. Eu apenas acho que é um grande jogador. – respondeu Ametista, e mesmo que ela achasse algo a mais sobre Krum, preferia não dizer e manter o recente laço de amizade com Hermione.
- Prosseguindo, eu sempre ficava na biblioteca. E por coincidência, ele também, mas as fãs atrapalhavam-no sempre. Até o dia em que ele veio falar comigo.
- O Krum veio falar com você? – parecendo surpreendida Ametista.
- Veio. Dali alguns dias, teria o Baile de Inverno, em que os campeões tinham que levar um par. A Fleur foi com o Davies, o Harry com a Parvati, – nessa hora, Ametista mudou a feição, contraindo os olhos. – o Cedrico foi com a Cho Chang, o que deixou o Harry muito desanimado, e o Vítor foi comigo!
- Que legal! Ele te convidou, então?
- Sim. Porém, no baile, o Rony fechou a cara para mim e falou umas coisas muito grossas...
- Ciúmes? – indagou Ametista, interrompendo-a.
- Não, acho que não. Mas, de qualquer forma, brigamos feio no final da noite. Depois, na segunda tarefa do torneio, onde as pessoas mais importantes para os campeões foram levadas para o fundo do lago, eu fui à escolhida por Krum, enquanto Rony foi por Harry. Mais um motivo para ele ficar muito bravo comigo.
- E você ainda acha que não são ciúmes dele?
- Isso não importa – desconversava Hermione. – Depois que o torneio acabou, eu continuei me correspondendo com ele. Mas, em uma das últimas cartas, ele fez uma coisa inesperada.
- O quê? – perguntava Ametista aflita.
- Ele me pediu em namoro!
Ametista ficou sem fala. Hermione riu da cara da amiga, que estava com o queixo caído. A garota continuou, depois que Ametista perguntou qual tinha sido a resposta.
- Eu não aceitei. Disse que ainda era muito cedo, que não nos conhecíamos direito, e também porque eu nunca namorei...
- É incrível. E por que você está assim?
- A resposta dele. – respondeu Hermione pausadamente.
- Qual foi à resposta dele?
- Você vai ver agora. É exatamente por isso que estou dessa forma. E agora, não sei mais o que fazer.
Hermione tirou um pedaço de papel de sua blusa e entregou a Ametista, que começou a ler.
Querida Hermione,
Posso dizer que estou muito magoado com a sua resposta. Pensei que depois do que passamos, você entenderia meus sentimentos por você.
Mas vejo que não. Às vezes, eu acho que você é apaixonada pelo Harry Potter, apesar de dizer que não. Já te disse que nunca senti o quê eu sinto por você por nenhuma garota antes, mas você não entendeu. Preferiu me jogar, me humilhar. Mas tudo bem. Espero que você possa pensar bastante no que acabou de fazer. Se tiver mudado de idéia, mande uma carta, se não, não precisa nem mandar, pois não vou recebe-la. Já estou avisando. Por favor, reconsidere, eu gosto muito de você. Continuarei sonhando com o momento em que você vai ver que sou a pessoa certa.
Vítor
Ametista parecia impressionada enquanto lia a carta de Krum. Hermione ouvia as palavras e ficava mais chateada ainda. Ao final, Ametista levantou o rosto e viu que Hermione estava chorando.
- Não era a minha intenção faze-lo sofrer. Eu gosto muito dele, mas apenas como amigo. – dizia Hermione, limpando as lágrimas da face.
- Ele tá mesmo apaixonado por você, hein? Mas eu acho que ele só escreveu isso num momento de raiva, não leve a sério.
- Como não levar a sério?! Olha o que ele me respondeu! Eu o magoei muito. – lamentava-se Hermione.
- Eu acho que, se ele gosta de você do jeito que ele fala, o Krum não pensa isso de você.
- E o pior é que ele acha que eu gosto do Harry!
As duas ficaram por um momento em silêncio, até que Ametista perguntou, acanhada:
- Você gosta?
- Não, ele é meu amigo, somente isso. Sabe, eu até posso confessar a você que quando conheci o Harry, eu tive uma quedinha por ele, mas já passou.
- Mas você não gosta mais? – Hermione confirmou. – Então, você precisa esclarecer isso com ele. – continuou Ametista. – Precisa mostrar para ele que, na verdade, você não gosta de ninguém, mas que também não está preparada para namorar ele.
- E como eu faço isso? Ele não me quer ver nem pintada!
- Eu acho que você tem de responder. Mesmo que ele tenha dito que não vai ler a carta, ele vai ficar curioso de saber o quê você tinha para falar.
Hermione estava receosa em mandar uma resposta a Vítor. Ficou calada por algum tempo, pensando se a atitude parecia correta.
- Mione, talvez, ele perceba que é melhor ser seu amigo. É a única opção. Vamos tentar, pelo menos.
Hermione observava o apoio que Ametista dava a ela. Reservava uma postura totalmente diferente de como conversava com ela quando Harry ou Rony não estavam por perto.
- Tá bem, mas eu espero que isso dê certo.
As duas combinaram de se encontrar na tarde do dia seguinte para elaborar a carta. E saíram do banheiro envolvidas na capa de Harry.
Na sala comunal, Harry e Rony esperavam ansiosos a chegada de Hermione. Harry ficara mais preocupado do que Rony, já que este só conseguia imaginar-se como o melhor goleiro que Hogwarts já conhecesse. Quando as garotas passaram pelo quadro da Velha Gorda, encontraram Harry lendo um livro sobre dragões e Rony simulando um vôo em sua vassoura. As duas riram e Harry notou sua presença.
- O que ele está fazendo? – perguntou Hermione, rindo.
- Não esquente, está assim durante horas – avisou Harry, olhando o amigo que estava sentado no braço do sofá, fingido estar quase pegando o pomo. – Mas vejo que você está melhor!
- Ah, sim! Estou bem melhor. Nada como uma conversa entre amigas, não é? – disse Hermione, dando um sorriso a Ametista.
- E qual era o problema? – questionou Harry.
- Nada, nada de mais. Já está quase resolvido – respondeu Hermione rapidamente.
Ametista parou atrás de Rony, deu um cutucão em seu braço e disse:
- Eu sei, isso deve ser muito divertido – foi dizendo, quando Rony caiu do braço do sofá e ficou muito vermelho. – Mas, que tal você esperar até o primeiro jogo?
Todos riram e finalmente, tudo parecia bem, pelo menos, naquele instante.
***
Na manhã seguinte, todos pareciam levantar de bom humor. Logo no café, a antiga atmosfera amigável e acolhedora de Hogwarts havia voltado. Dumbledore estava novamente sentado ao meio da mesa dos professores, com um grande sorriso na face e parecendo muito disposto. Para a alegria do diretor e a tristeza dos alunos, as aulas voltaram ao normal.
Como primeira aula, o Prof. Flitwick estava muito mais que animado e alegre. Decidiu começar a matéria mais cedo. Pulou as explicações mais detalhadas e juntou os alunos da Grifinória em grupos, com seus livros de feitiços.
- A aula de hoje será como uma revisão. Peguem suas varinhas e apontem para seus livros, levitando-os. Espero que não tenham esquecido do feitiço. – disse o professor anão.
Hermione lembrava-se muito bem, assim como Harry. Porém, Rony não parecia nem um pouco motivado para a aula de feitiços.
- Eu quero ir treinar quadribol! – repetia.
- Vingardium Leviosa. – falou Hermione e seu livro começou a levitar. O mesmo aconteceu com Harry, que deu um cutucão em Rony, que por sua vez, também tentou fazer o mesmo.
Entretanto, Ametista não conseguia executar nenhum feitiço. Segurava uma varinha desgastada e muito feia. Hermione olhava com tom de reprovação, enquanto os garotos riam.
- Do que vocês estão rindo? – indagava Ametista nervosa.
Na aula de Herbologia, com o pessoal da Lufa-Lufa, a Profª. Sprout parecia muito satisfeita com o trabalho dos alunos sobre a Greensamby, uma espécie de samambaia de um metro e meio de comprimento que libera um gás somente no período da noite que confunde os sentidos e provoca um desmaio depois de dez minutos de contato.
- Escutem, essa planta é uma das mais perigosas do mundo – dizia a professora, temerosa. – Tanto que vocês podem observar que ela esta praticamente trancada dentro desta estufa particular. De forma alguma ou por qualquer motivo, vocês nunca poderão abrir esta estufa a noite!
- Nossa professora! – impressionou-se Rony – É tão perigoso assim?
- Se o senhor duvidar do que estou dizendo, então eu providenciarei uma estadia sua no período da noite na estufa, junta com a Greensamby. – ameaçou a professora.
Rony riu timidamente, arrependendo-se de ter feito tal pergunta. Na hora do almoço, o correio chegava aos poucos. Como era apenas setembro, não havia muitas novidades. Porém, uma animou Harry especialmente. Edwiges entrou no salão principal com o exemplar do Profeta Diário amarrado em sua perna. A notícia da capa impressionou:
Trouxas Malucos!!!!
Na manhã de ontem, nosso repórter Peter Kedley, caminhava pelas ruas da cidade de Londres. Porém, houve um contratempo, e em que teve de desviar o caminho até o Beco Diagonal. Ao passar pela rua dos Alfeneiros, de dentro de um carro saíram três trouxas, enlouquecidos!
- Você tem de sair de meu bairro, seu bruxo estúpido! – gritava o trouxa mais adulto, bem encorpado e de grande bigode.
O nosso repórter teve de sair correndo da rua, fugindo de pedregulhos que os trouxas encontravam pelo caminho e arremessavam em cima de Peter.
- O pequeno até que dava um bom artilheiro de quadribol, tinha boa pontaria – ridicularizava Kedley.
Dizemos e avisamos que evitem esta rua, pois se três trouxas podem fazer um estrago que quase cometeram, quem diria mais moradores!
- Demais! – exclamou Harry.
- O quê foi? – indagou Rony, que lia um recado de sua mãe.
- Leia isso! – pediu Harry às risadas.
Depois de Rony ter lido a notícia, os amigos caíram na gargalhada.
- Provavelmente os Dursley! – dizia Harry.
De repente, Fred e Jorge começaram a festejar. Todos olhavam para os irmãos gêmeos, que não se continham e pulavam alegres. Dumbledore pigarreou alto, esperando que os irmãos se acalmassem. Conseguiu. Fred bateu o olho no diretor que apenas acenou com a mão. Os irmãos sentaram e todos pareciam curiosos.
- Estamos salvos! – gritou Jorge. – Pode ficar tranqüilo, Rony.
Permaneciam sem entender. Fred prosseguiu e finalizou:
- Olívio Wood vai dar aulas para você! – exclamou para Rony.
