CAPÍTULO NOVE – A SALA AMALDIÇOADA

Na manhã seguinte, Harry acordara com um estranho barulho ao seu lado. Rony estava espirrando como um louco. O nariz destacava-se em seu rosto, mais vermelho que um belo morango maduro. Com isso, o mal-humor rotineiro despertou juntamente com o resfriado.

         - Dão acredito! Fazia ados em que dão ficava doente! – resmungava o garoto fanho. – Praga do Balfoy! Tenho certeza!

         - Se foi praga eu não sei, mas com certeza foi aquele espirro em cima de você que provocou esta gripe. – ria Harry.

         O menino levantou e passou a frente do espelho. Lembrou-se do vulto ou o quê fosse na noite passada. Contou toda a história para Rony.

         - Você deveria estar delirando, Harry. Como ia aparecer um vulto no espelho? – dizia Rony.

         - Sei lá. Eu vou devolver logo esse diário. – disse Harry, saindo do quarto.

         Na sala comunal, encontrou Hermione e Ametista conversando aos sussurros. Desconfiado, Harry postou-se atrás do sofá ao lado e ficou ouvindo a conversa entre as garotas.

         - Isso é loucura, Mione. Você tá achando que vai encontrar o quê lá? – indagava Ametista autoritária.

         - Eu estou sonhando com estas estátuas há dias! Eu preciso vê-las. – cochichou Hermione em resposta.

         - Eu não acho uma boa idéia. E se alguém te pegar? – supôs a amiga. – O que você vai dizer? E ainda tem mais. A sala da Profª. Figg é ao lado. Imagine se ela pega você?

         - Eu sei me cuidar. E eu peço para o Harry a capa de Invisibilidade dele. – disse Hermione.

         - Mas você mesma me disse que desconfia que ele tenha perguntado exatamente sobre isso na aula de Poções. Se ele ficar sabendo disso, não vai emprestar a capa para você.

         - Mas ele não vai ficar sabendo! – aumentou o tom de voz, nervosa.

         Nesse instante, Rony desceu as escadas do dormitório dos garotos. Sentou-se no sofá em que Harry estava escondido e espirrou novamente.

         - Bom dia, Abetista. – disse desanimado.

         - Abetista? – zombou a garota. – Você está mal, hein!

         - A besta do Balfoy! Aquele espirro em ciba de bim! Ele ainda be paga! – resmungava Rony.

         Hermione não dava a mínima atenção enquanto Ametista segurava disfarçadamente a risada. Era realmente cômico ver Rony naquele estado. Rony notou o pouco caso de Hermione e imediatamente fechou a cara e pediu licença. Virou para trás e espirrou. Apenas não sabia que Harry estava ali. O garoto levantou revoltado.

         - Ah! Rony! Que nojo! – protestava Harry.

         - Foi bal – respondeu o amigo, envergonhado. – Dão tinha visto você.

         - O quê você estava fazendo aí atrás, Harry? – perguntou Hermione, olhando torto.

         Harry demorou um pouco, pensando em uma boa explicação, e Ametista exclamou ao ver que o garoto segurava seu diário.

         - Meu diário! – e depois lançou um olhar duvidoso a Harry. – O que você estava fazendo com ele Potter? – indagou desconfiada.

         - Por que? Já está achando que eu peguei escondido não é?! – respondeu Harry nervoso. – Conheço muito bem este tom de voz. Você está achando que eu roubei, mas eu não fiz isso.

         - Quem sabe, não é mesmo? – Harry ficou roxo de raiva. – Você pode fazer de tudo mesmo!

         Harry gritou um palavrão e Ametista arregalou os olhos de raiva. Hermione notou e logo puxou Ametista para descerem ao café. Na refeição, Rony não conseguia comer nada. Estava enjoado e espirrava de cinco em cinco segundos. Até mesmo os professores repararam. A Profª. Minerva levantou-se de seu lugar quando todos deixavam o salão principal e aproximou-se de Hermione.

         - Você é a monitora, Srta. Granger. Leve o Sr. Weasley a enfermaria. Madame Pomfrey saberá cuidar dele e eu o dispenso da aula.

         - Mas, professora... – tentava desvencilhar-se da missão que a mestra havia dado, já que não olhava para o garoto há quase um mês.

         - Esta é uma das funções que uma monitoria reserva, Srta. Granger. – explicou McGonagall austera. – Agora, leve-o a enfermaria.

         Hermione levantou e postou-se ao lado de Rony. Ele deu mais um espirro e bateu com a mão na mesa, cansado da crise. A garota, meio grossa e desajeitada, disse:

         - Sr. Weasley, a professora Minerva pediu que eu o levasse até a enfermaria, dispensando-o da aula.

         Rony virou-se e olhou para o rosto de Hermione.

         - Eu não preciso da sua ajuda! – respondeu ríspido.

         Hermione continuou calada e saiu, em direção a sala de aula. Harry pigarreou e Ametista disse:

         - Até quando vocês vão viver nesta guerra?! Acabe com essa besteira logo e peça desculpas a ela! – falava como se desse ordens a Rony.

         - Eu não preciso te obedecer Ametista! Eu não fiz nada, então não pedirei desculpas! – respondeu Rony, sem dar importância.

         Ametista resmungou algo que ninguém entendeu e saiu. Harry olhou para Rony, esperando alguma resposta.

         - Eu não me importo. – finalizou Rony, dando de ombros.

***

Na aula de Transfiguração, Hermione sentou-se numa bancada ao final da sala e apoiou a cabeça nos cotovelos. Logo, os alunos iam entrando devagar e Ametista aproximou-se da menina. Quando sentou ao lado dela, Minerva disse em alto tom.

         - Eu farei uma mudança hoje, em função de melhorar a dinâmica das aulas – e a mestra começou a mudar várias duplas. Ao final, mexeu em quem não deveria. – E Sr. Potter sente-se com a Srta. Dumbledore. A Srta. Granger sentará com o Sr. Weasley.

         Exatamente iguais, Harry, Ametista, Hermione e Rony ficaram boquiabertos. Havia tentado de todas as maneiras durante este período, ficarem o mais longe possível.           

         - Vamos, estou esperando. – disse a professora, impaciente.

         Ametista dirigiu-se até a bancada dos garotos e disse ríspido a Rony:

         - É melhor você ir lá e consertar a situação que você criou e me tirar dessa que você acabou de me colocar!

         Rony levantou-se e, antes de chegar à bancada, deu quatro espirros, um deles especialmente escandaloso. Os alunos da Sonserina riam. Draco não estava presente, mas os outros faziam questão de tomar seu lugar. As piadinhas eram inevitáveis e não sossegaram até a professora tirar dez pontos da Casa. O garoto sentou-se na bancada e Hermione continuou olhando para frente, prestando total atenção na mestra. McGonagall dizia agora que a transfiguração do dia seria especialmente difícil. Deveriam transformar-se em pessoas totalmente diferentes.

         - É como transformar um moreno em loiro, ou um baixo em um gigante. Quero pessoas totalmente diferentes. E isso apenas será feito entre as duplas, sendo que o parceiro decidirá em que irá transformar o amigo. Agora, podem começar!

         Harry disfarçou e olhou para a bancada mais atrás. Os dois amigos sequer se olhavam. Hermione folheava um livro, enquanto Rony espirrava como um louco. Minerva percebeu e aproximou-se da mesa.

         - Eu não sei qual é o problema entre vocês, mas eu não permitirei que brigas extraclasse atinjam a minha aula ou o estudo de vocês. – disse com a voz característica, seca e ameaçadora.

         A mestra continuou a rodar entre as bancadas. Observou que Harry e Ametista discutiam.

         - É realmente impressionante! Até aqui eu tenho que te agüentar! – resmungou Harry.

         - Então concordamos em algo! – respondeu Ametista virando-se para o garoto. – É insuportável ficar ao lado de alguém que pega meu diário e ainda se acha só porque conseguiu por alguma obra do destino, diminuir o poder do Bruxo das Trevas! – completou Ametista raivosa.

         - Ah! E você acha muito legal para eu ficar aqui com uma garota que só sabe discutir e que tem medo de espelhos?! – retrucou Harry com os olhos vermelhos de nervoso.

         Ametista ficou realmente brava com isso, mas teve de se calar, pois a professora aproximou-se da mesa:

         - O que está acontecendo aqui? – exaltou-se. – Já bastam o Sr. Weasley e a Srta. Granger, agora vocês também? Esperava uma atitude mais adulta da parte de vocês dois! Agora façam o quê eu mandei! – dizia Minerva severa.

         Harry e Ametista trocaram um olhar de ódio e passaram a pensar no que transformariam um ao outro. Harry quis transformar primeiro a garota e gastava muito tempo pensando.

         - Potter, você tem de se concentrar e imaginar no que vai me transformar! Depois, passe a mão em meus cabelos e diga o feitiço! – explicando o processo.

         - Eu sei, eu sei! É que não estou preocupado em que vou te transformar, e sim neles. – e apontou para os dois amigos.

         - Eles vão se entender. – respondeu.

         - Ao contrário de nós, eu espero! – disse Harry fazendo Ametista cerrar os olhos de nervoso.

         Minerva passou ao lado da bancada de Harry e disse:

         - Vamos, Sr. Potter. Transforme-a em alguém perfeita.

         Harry parou por um instante e olhou para a garota. Imaginou a garota perfeita para ele. Em sua mente, o rosto de Cho passou rapidamente. Mas depois pensou que muitos poderiam desconfiar. Quando se fez a pergunta novamente, o rosto da apanhadora da Corvinal não apareceu em seu pensamento. Agora, imaginava a própria Ametista, do jeito que estava. Porém, a idéia de achá-la interessante o fez odiar-se por um momento. Ela era realmente irritante e o desafiava o tempo todo. Ficou a encarando e a neta do diretor perguntou:

         - No que você está pensando, Potter?! No diário de quem você vai querer pegar e espionar?

         - Não vou responder porque estou cansado de discutir com você. – respondeu rapidamente arrogante.

         Harry concentrou-se e apanhou a varinha em sua mão direita. A esquerda foi apoiada no cabelo castanho de Ametista.

         - Transformecium! – disse Harry, apressado.

         Ametista abriu os olhos e Harry ficou paralisado. Ametista ficou curiosa.

         - E então, em que bicho você me transformou? – indagou, aos olhos maravilhados do amigo.

         - Espere só um pouco. Não diga nada senão pode estragar! – respondeu o garoto provocativo. Harry trouxe um espelho para a garota admirar-se. Ela se afastou.

         - Potter! Você sabe muito bem que eu não gosto de espelhos! – disse impaciente.

         - É mesmo. – respondeu Harry, guardando o espelho.

         McGonagall escrevia uma carta que deveria ser mandada ao pai de Rony, a pedido de Dumbledore. Ouviu os murmúrios dos alunos quando repararam em Ametista. Levantou os olhos e deixou o pergaminho cair no chão. Aproximou-se dos alunos e sorriu.

         - Harry, você me surpreende cada dia mais. – e deu uma risada. Hermione e Rony aproximaram-se e a garota percebeu que a professora estava emocionada. Algumas lágrimas caíram de seu rosto.

         Ametista estava totalmente mudada. Seu longo e ondulado cabelo castanho deu lugar a um volumoso cabelo ruivo. Os olhos azuis que maravilharam Olívio Wood agora estavam verdes como duas esmeraldas. Estava mais alta e a pele era do mesmo tom.

         - Lílian Potter! – exclamou Minerva, muito emocionada. – Você a transformou em sua mãe, Harry!

         Ametista nada disse e Harry sentiu-se muito orgulhoso. Minerva parecia em transe. Hermione deu um cutucão sem querer na mestra e ela acordou. Distanciou os alunos, fazendo-os voltarem ao trabalho.

         - Agora, eu quero que a Srta. Dumbledore transforme o Sr. Potter. E dou vinte pontos para a Grifinória pela sua execução tão perfeita da tarefa. – disse Minerva ainda impressionada.

         A garota sacudiu os cabelos e voltou a ser Ametista. Harry olhou para a menina e imaginou novamente a mãe. Sorriu acanhadamente sonhador. Durante o tempo em que Ametista tentava escolher em quem transformaria Harry, Hermione e Rony estavam se atacando.

         - Vamos lá! Eu quero ver se é realmente boa nisso – provocava Rony. – Faça um feitiço melhor que o de Harry.

         - Ah! – esbravejou a garota furiosa. – Transformecium!

         Hermione ficou tão irritada que transformou Rony em um homem alto, ligeiramente loiro de cabelos ondulados e olhos castanhos. Trouxe um espelho enquanto todos admiravam. A maioria dos alunos ria.

         - Gilderoy Lockhart! – exclamou Dino Thomas, gargalhando.

         Rony olhou-se no espelho e tomou um susto. Estava exatamente igual ao antigo professor fajuto de Defesa Contra a Arte das Trevas no segundo ano.

         - Que horror! – gritou Rony, enojado. – Não existia pessoa melhor, não?

         Hermione riu e disse em contra resposta:

         - Não achei pessoa que combinasse melhor com você.

         Todos se espantaram. Rony resolveu dar o troco:

         - Transformecium!

         Hermione não era mais uma jovem e bonita menina do quinto ano de Hogwarts. Ao lugar de seu rosto delicado, a famosa cara de buldogue de Pansy Parkinson, da Sonserina, realçava entre as inúmeras cabeças que rodeavam a bancada dos, agora, adversários.

         - O quê?! – gritou Hermione a olhar-se no espelho. – Você é um idiota!

         Pansy ficara nervosa também ao ver que alguns riam da "sua" cara. Hermione pegou sua varinha e gritou novamente:

         - Transformecium!

         Agora, as gargalhadas chegavam a sufocar os estudantes. Era hilário observar o temido sonserino Draco Malfoy com as vestes da Grifinória, ainda com o nariz vermelho de Rony. Este ficara mais revoltado que antes:

         - Nesse cachorro não! – ressoava a voz de Rony por toda a sala em protesto a transformação. – Mas se você quer assim... Transformecium!

         Pansy Parkinson "Granger" virara agora uma linda garota, com os longos cabelos loiros batendo na cintura e os olhos azuis. Praticamente uma veela.

         - Fleur Delacour! – impressionou-se Justino. – Como ela é linda!

         Hermione ficara realmente nervosa agora. A estudante francesa da Beauxbatons havia ganhado certa antipatia da monitora desde que Rony vivia andando de lá para cá, apenas mencionando sua beleza. Visualizou em sua mente a pessoa perfeita para acabar com a brincadeira e gritou:

         - Transformecium!

         Rony "Malfoy" estava com quase dois metros de altura. Em seu rosto, surgiram grossas sobrancelhas negras, assim como seu cabelo e seus olhos. Alguns garotos ficaram impressionados enquanto as garotas suspiravam de admiração. Rony pegou o espelho e tornou-se mais vermelho que o próprio cabelo. O ódio estava estampado em seu olhar, diretamente para Hermione.

         - COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE ME TRANSFORMAR NISSO?! – esbravejou, sendo sua voz ouvida a quilômetros de distância.

         A imagem do apanhador da Bulgária, Vítor Krum, estava centrada e aos olhares de todos. Aquilo realmente havia irritado o garoto, que gritava agora com a menina:

         - Por que você não vem dar um beijinho em mim, hein? Vamos! Eu sou o seu Vitinho!

         - Pare com isso, Rony! – gritava em resposta.

         A professor McGonagall havia assistido tudo sentada em sua cadeira. Estava realmente impressionada com as transformações feitas até então. Pediu licença aos alunos e aproximou-se em meio à discussão entre "Vítor Krum" e "Fleur Delacour".

         - Sr. Weasley, Srta. Granger. Estou boquiaberta e diria, surpresa com o desempenho de vocês nesta tarefa. Eu pensei que nem todos conseguiriam completar a lição com tanta perfeição como vocês executaram. Meus parabéns!

         Hermione e Rony calaram-se. Paralisados com o elogio da professora e diante dos olhares de todos, Hermione começou a falar:

         - Muito obrigada professora. Apenas nos agitamos com o desafio imposto pela senhora.

         - É, foi somente isso. – completou Rony quase aos sussurros.

         - Devo dizer que, de agora em diante, todas as aulas, vocês sentaram juntos. Executam o trabalho muito melhor! Dou trinta pontos para a Grifinória.

         Enquanto os estudantes da Grifinória festejavam os pontos dados pela mestra, os da Sonserina por sua vez, começavam a brigar um com o outro, tentando conseguir o mesmo desempenho de Hermione e Rony. Minerva pediu então, que os dois fizessem um relatório sobre todas as transformações feitas em sala. Ametista aproveitou a chance e concentrou a mente na transformação que faria em Harry. Pediu que o garoto virasse para sua frente e gritou:

         - Transformecium!

         McGonagall virou-se para a dupla, verificando se a aluna já havia feito seu feitiço. Por sorte, Justino e Simas estavam ao seu lado, pois quando menos esperaram, a professora desequilibrou-se e quase caiu. Os dois a seguraram. Minerva, depois de se recuperar, aproximou-se da dupla devagar. Ametista estava segurando o espelho contra sua face, pronta para mostrar a aparência nova de Harry. Neste instante, a professora chegou e tomou o espelho da mão de Ametista.

         - Melhor não, Srta. Dumbledore. – disse em tom severo.

         - Por que? Ficou ruim? – perguntou a aluna confusa.

         - Não, não é isso. Ele apenas pode ficar impressionado. – respondeu.

         Harry estranhou e aproximou-se da mestra.

         - Por que não posso ver como fiquei, professora?

         McGonagall não respondeu. Ametista desanimou. Harry percebeu e, mesmo sem entender a postura da professora, indagou a menina:

         - E então, como estou?

         - Você está um garoto pouco mais alto, pele clara, cabelos e olhos castanhos, quase negros eu diria. Bonito. Bem diferente de você! – respondeu olhando fixo para os olhos de Harry. Como sempre, Harry desviou o olhar, um pouco raivoso também.

         - Pode voltar ao normal, Sr. Potter. – ordenou Minerva.

         Harry sacudiu-se e voltou a ter os cabelos desgrenhados e os olhos verdes, além da famosa cicatriz na testa. Entretanto, McGonagall disse a Ametista:

         - A senhorita poderia me acompanhar?

         Ametista olhou para Harry perdida, como quem pedisse explicações. Ele não soube o que dizer até que questionou:

         - Para onde ela vai, professora? – indagou meio gago.

         - Não é seu problema, Sr. Potter – respondeu austera. – Mas se questiona com tal apreensão, ela vai para a sala do diretor.

         - O que foi que eu fiz? – alterou-se Ametista.

         - Apenas siga-me, Srta. Dumbledore.

***

No almoço, Harry sentou-se com Hermione, que transparecia felicidade. Adorava receber elogios, mas de McGonagall era totalmente diferente.

         - Você viu o jeito que ela falou! – relembrava emocionada.

         - Sim, eu vi – respondeu Harry, impaciente. Era a sexta vez em que ouvia a garota falar sobre a aula. – Por falar nisso, você sabe que o elogio não foi apenas para você, Mione.

         - É – respondia encabulada sobre a atuação de Rony. – Ele foi muito bom também. Surpreendeu-me.

         - Realmente, o Rony anda melhorando, sabe? – incitava Harry. 

         - Bom para ele. – respondeu ríspida.

         Harry viu que não havia jeito de consertar a briga entre os amigos. Isto deveria partir de Rony, pois Hermione parecia irredutível. Logo, viram Ametista entrando no salão principal com a face preocupada. Sentou-se ao lado da amiga e perguntou:

         - Onde está o Rony? – era uma das primeiras vezes que Ametista chamava Rony não mais pelo sobrenome.

         - Foi para a enfermaria – respondeu Hermione. – Harry o convenceu – Ametista olhou para Harry. – Piorou depois que terminou a briga comigo – depois, perguntou curiosa. – Então, qual foi o problema?

         - Ai – suspirou Ametista. – Nem eu sei. Foi super estranho. Eu saí mais perdida do que quando entrei. Primeiro, a professora entrou na minha frente. Ficou cerca de cinco minutos conversando com o meu avô a sós. Depois, saiu da sala e me mandou entrar. Nunca vi meu avô com aquele cara. Parecia que tinha visto um fantasma.

         - Por que? – indagou Hermione, apressada.

         - Calma! Eu sentei na cadeira e aquela fênix dele...

         - Fawkes. – respondeu Harry rapidamente.

         - Não me interrompa Potter! – Harry resmungou. – Ela sempre fica agitada quando eu entro na sala dele – reclamou ligeiramente e prosseguiu com a história. – Ele me disse que a McGonagall tinha contado a história da minha transformação. Disse que ela tinha ficado surpresa sobre todas as que foram feitas, mas a minha, especialmente a minha, a perturbou – Hermione olhou para Harry, que deu de ombros, e Ametista continuou. – Então, aí ele pediu que eu repetisse a descrição da pessoa que eu tinha te transformado, Potter...

         - Um garoto alto, com os cabelos e olhos castanhos. – interrompeu-a o garoto.

         Ametista lançou um olhar frio e impaciente a Harry, calando-o.

         - Ele me perguntou se eu tinha conhecido este garoto alguma vez. Eu respondi que não. Aí ele me perguntou onde eu já tinha visto ele, como se estivesse repetindo a pergunta, sabe?

         - E onde você o viu? – indagou Hermione.

         - Uma vez, eu tive a impressão de vê-lo em meus sonhos. Fica sempre me observando. Mas naquela hora, somente ele veio em minha cabeça e então transformei o Potter nele – explicava Ametista com calma. – Daí eu aproveitei e perguntei por que eu estava lá. Ele me disse que o garoto era um velho conhecido dele. Mas ele não quis dizer o nome da tal pessoa. E me mandou ir almoçar.

         - Só isso? – indagou Harry sem dar importância.

         - Não, tem alguma coisa estranha nisso – disse Hermione. – Não seria qualquer coisa que perturbaria a professora ou mesmo o diretor. Deveria ser alguém muito importante.

         - Que deve ser alguém, isso deve – afirmou Ametista. – Mas eu não sei quem é. Agora, mudando de assunto, o quê você – reforçou Ametista para Hermione. – vai fazer hoje à tarde? – questionou.

         Hermione gaguejou e não respondeu. Harry lembrou-se de que havia combinado de visitar Hagrid. Não poderia faltar.

         - Falando nisso, Harry – dizia Hermione. – Eu queria pedir um favor seu. – e deu um sorriso.

         Harry lembrou-se da conversa entre as meninas de manhã e falou:

         - Se esse favor for emprestar a minha capa para você, pode esquecer.

         Hermione ficou boquiaberta, enquanto Ametista escondeu uma risada.

         - Mas por que? – indagou a garota nervosa.

         - Porque vou usá-la hoje. Arranje outra. – e saiu deixando as duas na mesa da Grifinória no salão principal.

         - Eu acho que seu plano foi por água abaixo. – riu Ametista.

         - Nem tanto. – respondeu Hermione, sorrindo para a amiga.

         Ametista percebeu o olhar malicioso de Hermione e foi logo negando.

         - Nem pense nisso! Eu não vou emprestar a minha capa para você. Se Lupin descobre que mais alguém sabe sobre ela, meu avô corta o pescoço dele. – avisou Ametista.

         - Mas ninguém vai ficar sabendo! – dizia Hermione manhosa.

         Hermione ficou olhando para a amiga com cara de coitada. Ametista não resistiu.

         - Escute aqui. Se alguém descobrir que a capa é minha, você estará morta no dia seguinte. – ameaçou Ametista.

***

Passada cerca de duas horas, Harry estava sentado em uma das mesas da sala comunal refazendo uma redação sobre a poção da Verdade. Pouco tempo depois, avistou Ametista descendo as escadas do dormitório sozinha. Harry observava calado. Agora a garota estava sentando no sofá, com um grosso livro na mão. Parecia procurar algo importante. Logo depois, Harry viu Hermione descer e subir novamente. Em seguida, Ametista estava à frente do quadro da Velha Gorda, dizendo a senha. Harry calculou que Hermione estava no quarto e subiu para verificar. Não a encontrou.

         - Como ela saiu? – sussurrou a si mesmo, descendo as escadas. Presumiu que havia se distraído e correu para fora da torre da Grifinória. Encontrou Ametista voltando com o imenso livro no colo. – Onde está a Mione, Dumbledore? – perguntou ansioso.

         - Acho que ela saiu, Potter. – respondeu rapidamente.

         Harry sabia que ela já havia saído. Mas como? Preferiu deixar essa questão para ser respondida depois. Subiu para o quarto, a procura de sua capa de Invisibilidade. No meio do caminho, lembrou-se de que deveria se encontrar com Hagrid. Viu a solução rapidamente. Correu até a enfermaria.

         - Rony, você tem que me ajudar! – sibilou para o amigo, deitado na cama sorridente.

         - Com o quê?

         Harry estranhou a cara alegre do amigo e indagou:

         - O que aconteceu? Você está tão feliz!

         - É que eu ganhei dele no xadrez. – disse, apontando para a cama ao lado. Draco Malfoy estava com a pior cara de raiva que o mundo já vira.

         - Tá, tá – resmungou Harry apreensivo. – Pegue ela. – e mostrou a capa para Rony.

         - E o que eu vou fazer com ela? – estranhou Rony.

         - Você vai atrás da Hermione.

         - O QUE?! – esbravejou Rony surpreso. – Dão besbo.

         - Ela pode estar correndo riscos, Rony. Eu não posso ir ajudar, então você vai! – ordenou Harry.

         - Riscos?

         - Isso mesmo. Ela vai atrás daquelas estátuas.

         - As abaldiçoadas, cobo o Binns disse? – indagou Rony, levantando ligeiramente.

         Harry afirmou com a cabeça. Rony hesitou e olhou feio para o amigo. Mas depois percebeu que o assunto era sério e concordou.

         - Você be deve uba! – disse contrariado. – Onde devo ir?

         - Sétimo andar, a terceira sala à esquerda. Atrás do gárgula que faz par com o de Dumbledore. Eu não sei como ela vai chegar lá, mas fique atento. Você vai saber se ela chegou, pois ela tem a chave da sala.

         - Entendi. Eu espero que dê tudo certo. – disse Rony, saindo da enfermaria escondido.

***

Hermione subia as escadas cautelosa. Não queria despertar suspeitas de nenhuma forma, sabendo que a sala da Profª. Figg era no mesmo corredor. Chegou ao sétimo andar e observou o movimento. O andar estava deserto. Esperou dois minutos e dirigiu-se a estátua do gárgula. Ouviu alguns passos repentinamente e escondeu-se atrás da estátua. Nada viu e achou melhor verificar se a sala da mestra de Aparatação estava ocupada. Não encontrou ninguém. Observou novamente o andar e resmungou:

         - Estou ouvindo coisas agora? – em tom austero consigo mesma.

         Entretanto, os passos que Hermione ouvira não eram loucura de sua cabeça. Havia alguém mais no andar. Rony estava postado ao lado da porta da sala de Aparatação. Tentava ouvir alguma coisa ou alguém. Atento, percebeu quando uma chave, pequena e enferrujada, começou a flutuar no ar. "Hermione", pensou ele. A garota colocava a pequenina chave que Fred havia dado há alguns dias a ela no olho esquerdo da estátua do gárgula. Girou três vezes, como instruiu o livro, e a estátua moveu-se ligeiramente para a direita. Hermione conseguiu ver a porta dourada.

         - A Sala Amaldiçoada. – disse baixinho, sorrindo.

         Rony percebeu a mudança de posição da estátua e foi ao encontro dela. Viu quando alguém abriu a porta dourada escondida. De repente, a porta começara a fechar. Rapidamente, deu um passo a frente e segurou-a firmemente, conseguindo entrar. A porta bateu e Hermione deu um pulo, deixando a capa cair. Rony logo desviou um pouco para a direita e Hermione encostou-se à porta. Verificou que não havia maneira de abri-la.

         - Ninguém havia dito que ela não tinha maçaneta! – reclamou, sentando no chão. – O jeito é ver estas estátuas mesmo... A Ametista vai perceber que estou demorando e vai chamar alguém para me ajudar. – disse apreensiva.

         - Isso vai custar-lhe o cargo de monitoria. – disse Rony de repente, não mais fanho.

         Hermione levantou rapidamente e começou a olhar para os lados, procurando o dono da voz, a qual ela conhecia muito bem.

         - Rony? – indagou relutante.

         O garoto postou-se a sua frente e retirou a capa de Harry. Hermione olhou abismada.

         - Como você sabe que eu estaria aqui?

         - O Harry me avisou.

         - Eu sabia! Harry e aquela maldita poção da Verdade de Snape. Ele descobriu o meu plano com o seu irmão. – resumiu a garota revoltada.

         - Que plano?

         - Depois eu te explico... – ia dizendo, quando interrompeu. – Isso me lembra de algo! Eu não deveria estar falando com você!

         - E nem eu com você – respondeu Rony em resposta. – Aliás, eu não deveria fazer o que Harry pediu!

         - E por que fez então? – indagou Hermione nervosa.

         - Porque... Porque... – tentava encontrar uma resposta, sem reconhecer que havia ficado preocupado quando Harry disse que a amiga corria riscos. – Ah! Sei lá porque! – respondeu ríspido.

         Rony encostou-se a algo e ficou. Hermione começou a andar de um lado para o outro, pensando. De repente, Rony gritou. Hermione olhou para trás e não conseguiu ver o amigo naquela escuridão. Tomou a varinha.

         - Lummus! – e a ponta da varinha acendeu.

         Para sua surpresa, a sala era totalmente fechada. Não existia nenhuma janela ou porta por onde entrasse ar. A sua frente viu a porta dourada reluzir com a luz vinda da varinha. Uma mão gélida encostou-se a seu ombro e ela pulou. Depois viu que era Rony, pálido e apavorado. Os olhos estavam bem abertos e ele respirava como um bichinho assustado.

         - O que aconteceu? – perguntou a garota agoniada.

         - Eu... Eu senti uma coisa se enrolar na minha perna e percebi que vinha da coisa em que eu estava encostado. – explicou, comendo algumas palavras de nervosismo.

         - E onde você estava encostado?

         - Não sei! – respondeu ríspido.

         Os dois viraram de costas e se depararam com quatro, incríveis e belas estátuas. A primeira estátua em que observaram foi a menor entre as quatro. Uma mulher parecendo inteligente e muito bonita. Em sua mão direita, reluzia um escudo bronze, protegendo o tronco reto.

         - Rowena Ravenclaw das ravinas. – disse Hermione.

         - Como você sabe? – indagou Rony em um desafio.

         - É muito claro. O escudo era a arma principal de Ravenclaw, dizem os livros – explicava a garota saltitante. – Além disso, o escudo representa, na mitologia, inteligência, homens de espírito e saber. 

         - E o que tem isso a ver?

         - Ai! – bufou a menina. – As características da Corvinal!

         - Ah... Eu sabia. – respondeu Rony acanhado.

Mais à esquerda, uma mulher de aparência serena, paciente e justo. Na mão direita, tinha uma flecha dourada, enquanto na esquerda, onde estava apoiada a flecha, um arco levemente marrom.

         - Helga Hufflepuff das planícies. – disse Hermione admirada.

         - Tem certeza? – desafiou Rony novamente.

         - Claro que tenho! – respondeu grossamente a pergunta de Rony. – Hufflepuff possuía um arco e flechas velozes. Eles, em tempos passados, representavam grande empenho, aplicação, lealdade e perfeição. Mas principalmente, a fama de negar a dor. Assim são as características da Lufa-Lufa.

         - Aposto que você leu isso em "Hogwarts, uma história", estou certo? – provocou Rony.

         Hermione olhou feio e nada respondeu. Rony parou diante da mais bela estátua, assim como descreveu.

         - E este, quem é? – indagou maravilhado.

         - Quem mais senão Godric Gryffindor! – respondeu com um sorriso tímido nos lábios, ao perceber que o amigo estava se interessando.

         Um homem de postura reta e rosto severo, mas bondoso. Na mão direita, carregava uma grande e bela espada prata, com o punho cravejado de rubis do tamanho de ovos.

         - É incrível, eu achei a mais bonita até agora. – disse Rony.

         - Godric Gryffindor das charnecas! – exclamou Hermione. – A espada significa coragem, enfrentar o inimigo diretamente. Somente os nobres possuíam espadas como essa. Sangue-frio e valentia.

         - As nossas características. – disse alguém em quase um sussurro.

         Hermione e Rony deram um pulo assustados. Olharam para todos os lados da sala escura e nada encontraram. Entreolharam-se e deram de ombros. Até que a voz ressoou novamente por todos os mínimos cantos da sala.

         - Sim, as características de todos os que pertencem a Grifinória. A valentia, a coragem, a nobreza, o sangue-frio e a ousadia.

         Das sombras, saiu um vulto negro. Hermione e Rony olhavam para o lado da porta, mas a garota notou que a voz vinha de trás deles. Virou-se e deu de cara com quem menos esperava.

         - Professor Lupin! – gritou Hermione em pânico.

         - Srta. Granger, eu avise-lhe quando estávamos na biblioteca. Não mexa com isso! – repreendeu-a.

         - Eu sei, professor. – respondeu Hermione cabisbaixa.

         - E a senhorita sabe que tenho um grande carinho por vocês, mas que não posso deixar este episódio passar. Isto lhe custará o cargo de monitoria. – disse Lupin com a voz um pouco culpada.

         Hermione soluçou baixinho. Tinha batalhado tanto para ganhar este cargo para uma obsessão maluca acabar com a melhor posição que havia ganhado em Hogwarts. Mas nem tudo estava perdido. Rony tomou a frente:

         - Professor Lupin, é extremamente injusto da parte do senhor em retirar o cargo de monitoria da Hermione. Ela é a aluna mais capaz na Grifinória para executar este trabalho.

         Hermione levantou a cabeça desacreditada. Olhou para Rony, que parecia empenhado. Era estranho, pois até três semanas ou mais, o garoto gritava que ela era uma traidora. Agora, a defendia.

         - Mesmo assim, Sr. Weasley. Concordo com a sua afirmação, porém é preciso fazer isso. Logo o diretor saberá que alguém invadiu a sala das estátuas e até mesmo o professor Binns estava dando por falta da chave.

         Hermione, que havia adquirido certa esperança com o discurso do amigo, abaixou a cabeça novamente. Rony não sabia mais o que falar. Até que uma idéia veio repentinamente a sua cabeça.

         - Professor, e se eu contar-lhe a verdade sobre o que aconteceu?

         Lupin franziu a testa perdido, enquanto Hermione arregalou os olhos, pensando qual seria a alegação de Rony.

         - Explique melhor, Rony. – pediu Lupin.

         - Na verdade, este foi um plano meu – disse Rony, quando Hermione engasgou. – O senhor deve ter percebido que eu e Hermione brigamos faz cerca de quatro semanas – Lupin ouvia com atenção e confirmou com a cabeça. – Muito bem, eu então quis arranjar uma forma de me desculpar com ela. Sabia que ela havia ficado louca com a tal história das estátuas amaldiçoadas, como disse o professor Binns. Então, eu peguei a chave na sala dele e preparei tudo. Fiz a Hermione vir até aqui e conhecer todas as famosas estátuas. Foi tudo minha idéia. Ela não tem culpa de nada, professor. Por favor não tire o cargo de monitora dela! Só eu vi como ela batalhou todos estes quatro anos por isso. – terminou Rony.

         Hermione ficou abismada e ao mesmo tempo admirando a atitude de Rony com ela. Lupin, por sua vez, pareceu convencido da história, apesar de, na verdade, querer apenas um pretexto para não punir a menina.

         - Eu acredito no que disse, Rony. E por causa disse, apenas darei uma detenção para os dois. Amanhã eu decido melhor e depois os comunico. O senhor – e apontou para Rony. – deve estar ciente que a sua detenção será maior do que a dela, não é?

         - Sim, professor. – respondeu Rony.

         De repente, Lupin sorriu.

         - Mas é claro que não pegarei pesado com nenhum de vocês. Suas razões foram nobres para com Hermione e ela estava muito interessada nestas estátuas. Porém, devo pedir que não voltem aqui novamente.

         O professor os guiou para uma passagem apagada atrás da estátua de Hufflepuff. Perceberam que havia uma escada íngreme, mas segura. Desceram cerca de cinco minutos ou menos. Surpreendentemente, a passagem dava direto na sala do professor. Saíam atrás do quadro Guerra Gargulesca, que o mestre havia colocado há pouco tempo.

         - Amanhã, passem aqui após o almoço. Passarei a detenção. – avisou Lupin.

         - Ah... Professor... – dizia Hermione encabulada. – Por acaso, você dirá algo ao diretor?

         Lupin ficou encarando a garota em tom austero, porém respondeu:

         - Esta passa. Mas é a última!

         Rony e Hermione saíram da sala calados. Chegando perto da torre da Grifinória, Hermione parou Rony.

         - Eu... Eu queria agradecer. Você foi muito, muito legal hoje. – disse meio envergonhada e relutante.

         - No final, foi uma forma de me desculpar, não é? – indagou Rony e os dois riram até chegarem ao quadro da Velha Gorda.

         Rony havia parado a frente do quadro e quando ia dizer a senha, espirrou fortemente, deixando a capa de Harry cair no chão.

         - Nossa, você não espirrou sequer uma vez quando estávamos lá em cima e não estava mais fanho. Agora vai começar tudo de novo? – zombou Hermione, abaixando-se para pegar a capa de Harry.

         A garota parou de repente. Rony estranhou. Ela apenas respondeu:

         - A capa de Ametista! Ficou lá!