CAPÍTULO DOZE – O RETORNO DE VOLDEMORT

Passadas duas semanas, os alunos começavam a juntar o dinheiro para horas na Dedosdemel ou na Zonko´s. A chegada da visita a Hogsmeade realmente melhorava o astral em Hogwarts. Os professores começavam a ajeitar os preparativos para a festa do Dia das Bruxas, que cada vez mais se aproximava. Hermione e Rony já haviam combinado a detenção com Lupin, onde na semana seguinte, teriam de guardar a estufa número cinco antes da transferência da Mortalha-Viva. Quanto à detenção de Ametista e Harry, o professor havia escolhido que os alunos ajudariam na arrumação dos preparativos para a festa do Dia das Bruxas. A varinha de Ametista ainda estava em poder de Lupin e a garota usava a antiga. Ás aulas de Poções estavam sendo dadas por Arabella.

         Na manhã daquela sexta, todos acordaram cedo. O frio não havia dado sequer um descanso. Na verdade, estava mais frio que todos os outros dias. O trem já estava preparado e as economias dos estudantes já no bolso de seus casacos. Na torre da Grifinória, a agitação era grande. Hermione estivera tendo muito trabalho em diminuir a expectativa dos alunos do terceiro ano. Rony agora conversava com Dino num canto da sala comunal, enrolando o cachecol no pescoço. A Profª. Minerva entrou pelo quadro da Velha Gorda e comunicou que deveriam se reunir no salão principal dali quinze minutos. Hermione, apontando para seu broche de monitora, empurrava os maiores através do quadro. Pouco tempo depois, todos os alunos reuniam-se no jardim de Hogwarts. Rony procurava Harry, mas não o achava. Até que topou com Lupin.

         - Ah! Bom dia, professor. – disse o garoto aborrecido.

         - Não está animado com a visita a Hogsmeade? – perguntou.

         - Sim, estou muito – respondeu ainda em tom desanimado. – Onde está Harry?

         O professor afogou uma risada.

         - Presumo que esteja muito cansado, Rony. Mas, logo ele e a Srta. Dumbledore estarão aqui. – respondeu e foi em direção ao grupo de mestres.

         E Lupin estava certo. Antes de embarcarem para Hogsmeade, lá estavam vindo devagar Harry e Ametista. Pareciam zumbis. Hermione e Rony sabiam que os amigos haviam trabalhado até muito tarde. Os dois se aproximaram e juntaram-se ao resto, subindo no trem. Dividiam um vagão Harry com um pesado casaco vermelho, apoiado em Hermione adormecido, Rony, Gina, Neville e Ametista, dormindo com a cabeça apoiada no vidro. O cachecol azul escuro da menina servia como um travesseiro. Perto de Hogsmeade, os amigos os despertaram.

         - Harry, até que horas vocês ficaram arrumando o salão? – indagou Neville, saindo do trem.

         - Até tarde, muito tarde. – respondia o garoto, em meio a bocejos.

         - Acho que não foi nem um pouco divertido para os dois. – comentou Rony em baixo tom com Hermione, já que os dois jovens não suportavam ficar juntos.

         Passaram primeiro na Dedosdemel, já que nem Harry ou Ametista haviam tomado café. Rony saiu com toneladas de sapinhos de chocolate, seus preferidos. Gina encontrou o tal amigo do quarto ano e deixou a turma. Harry observou e sentiu corar-se. Neville, em compensação, pegou uma carta de bruxos escondido e foi detido pelo dono da loja. Depois, os quatro amigos decidiram andar pela Zonko´s. A loja nunca estivera tão cheia. Todos andavam se empurrando, tentando achar um espaço confortável. Uma bruxa mais esperta fazia os objetos voarem pela cabeça de todos. Até que a caixa de uma gosma amarela caiu em cima de uma aluna da Lufa-Lufa, que fez um escândalo.

         Bem mais tarde, os alunos dirigiam-se para o Três Vassouras. Viram Madame Rosmerta no balcão conversando com Hagrid. O gigante estava com as bochechas vermelhas e gargalhava sem parar.

         Conseguiram uma mesa bem no canto do bar de bruxos e a bruxa se aproximou.

         - O que vão querer? – perguntou, suspirando.

         - Quatro cervejas amanteigadas. – pediu Rony rapidamente.

         - Saindo... – disse a garçonete, deixando a mesa.

         - Mas então – dizia Rony. – Que detenção chata!

         - Eu não consigo mais ver nenhum tipo de abóboras gigantes na minha frente! – reclamava Harry, que havia passado o dia passado inteiro ajudando Hagrid na colheita das abóboras.       

         - Aposto que não sente as mãos! – disse uma voz irritante, em tom de ironia.

         A silhueta de um menino alto e magro apareceu, seguido por dois bem maiores, com aparência de trasgos.

         - Vá arranjar coisa melhor para fazer, Malfoy! – disse Rony nervoso.

         - Não, não. Prefiro ficar aqui me divertindo com a conversa fútil entre vocês. – respondeu sarcasticamente, fazendo Rony ficar corado de raiva.

         Draco observou as sacolas da Dedosdemel e da Zonko´s ao lado do garoto ruivo e disse:

         - Tudo isto, Weasley! – espantou-se. – Potter andou te emprestando uns trocados?

         Rony levantou e ficou encarando Draco. Crabbe e Goyle postaram-se mais à frente do garoto loiro, em posição de defesa.

         - Até quando você vai precisar se esconder atrás destes trasgos? – enfrentou Hermione.

         - Cale a boca, sua sangue-ruim! – esbravejou Draco, com o sangue subindo no cérebro.

         Rony aproveitou a deixa de espanto dos amigos de Draco e meteu um soco na cara do estudante da Sonserina, que caiu no chão. Harry levantou rapidamente e segurou os braços de Rony, que praticamente espumava de ódio.

         - Nunca mais diga isso! – repetia para o garoto loiro caído no chão.

         Logo, as cabeças de três professores apareceram. Enquanto Arabella levantava Draco do chão, Hagrid olhava para tudo impressionado e Lupin procurava apurar o que havia acontecido.

         - O que foi isso? – ordenou uma explicação o professor.

         Harry, Rony e Hermione começaram a gritar, tentando explicar, juntamente com Crabbe e Goyle. Lupin mandou todos calarem a boca e pediu que Ametista o explicasse, já que havia apenas assistido.

         - Nós estávamos aqui conversando e o Malfoy chegou com estes dois, nos importunando. Tirou sarro da família de Rony, do Potter e chamou a Mione de sangue-ruim. O Rony se irritou e bateu nele. – disse a garota calmamente.

         Depois de algum tempo, onde Rony e Draco fuzilavam-se com os olhos, Lupin acalmou a situação e tirou dez pontos das duas casas. Madame Rosmerta trouxe as quatro cervejas amanteigadas e os ânimos acalmaram-se novamente.

         - Sabe, eu acho que ele não é feliz. – disse Ametista de repente em quase um sussurro.

         - O que? – indagou Rony, voltando ao estado de nervoso.

         - É, não me leve a mal, mas eu acho que com o pai que ele tem, mesmo que quisesse, não conseguiria ser bom. Ou mesmo feliz.

         - Você só pode estar de brincadeira conosco! – dizia Harry espantado.

         - Eu não estou falando com você! – respondeu Ametista grossamente. – Ele deve fazer o que pai manda. – voltou-se para Rony e Hermione.

         Harry lançava um olhar fatal a garota que dava alguns goles na sua  cerveja amanteigada. Neste momento, o Três Vassouras estava lotado. Os alunos invadiam sem pedir licença, querendo uma cerveja amanteigada, procurando um calor que somente a bebida poderia proporcionar naquele frio. De repente, um jovem homem, de cabelos claros e olhos penetrantes, uma jovem mulher, baixa e bonita, e um homem mais velho, um pouco encurvado entraram no bar. Andavam entre as mesas, como se estivesse a procura de alguém ou algo. Vestiam roupas negras. Era visível que Madame Rosmerta ou qualquer professor não gostava da presença dos três.  

         - Quem são eles? – perguntou Hermione, interrompendo a possível discussão entre Ametista e Harry.

         Harry reparou então que os três bruxos que acabaram de entrar no bar agora vinham em sua direção. Encolheu-se no banco timidamente. O mais velho prontificou-se e disse:

         - Sr. Potter? – indagou ao menino, que confirmou com a cabeça. – O senhor tem conhecimento de...

         O senhor ia dizendo quando Lupin interrompeu-o.         

         - Tenho certeza de que não há necessidade de interrogatórios aqui – o homem virou-se para o mestre. – Dumbledore não gostaria nada que vocês estivessem pressionando o garoto fora de Hogwarts, fora de seus olhos e ouvidos. – terminou Lupin com a voz ponderada.

         O homem estreitou as pálpebras, como se medisse o professor.         

         - Não estou interrogando ninguém, Sr... – dizia o velho, indagando o nome do mestre.

         - Lupin. Prof. Lupin. – repetiu.

         - Oh! – suspirou o velho. – O professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. Sei muito sobre o senhor. Sei também que é o guia da neta do diretor. – deduziu rapidamente.

         - Presumo que o senhor saiba mais da minha vida que eu mesmo possa saber. Mas não importa, os alunos estão descansando agora, não é hora ou momento para interrogatórios. – disse Lupin com sutileza.

         O velho bufou e depois observou todos os presentes na mesa. Virou para Rony e disse:

         - Filho de Arthur, acho eu. Os cabelos denunciam.

         Rony permaneceu calado. Depois passou o olhar em Hermione, mas nada disse, e depois encarou Ametista.

         - Poderia estar enganado, mas conheço estes olhos de longe – falou o velho encarando a garota. – A neta de Dumbledore possui características marcantes como o avô, porém há aquilo que a diferencia de todos... – ia dizendo o homem em tom ameaçador quando Lupin o interrompeu de novo.

         - Creio que não será preciso descrições presunçosas também. Espero que o senhor esteja satisfeito. – disse o professor, o expulsando.

         - Vamos embora agora – ordenou o velho aos dois jovens. – Nos encontraremos em breve.

         Os três deixaram o bar, suas vestes negras abrindo em confronto ao vento. Harry ia perguntar quem eram os indivíduos que ali estavam há pouco, mas Lupin apenas respondeu:

         - Logo vocês saberão quem são eles. – e deixou-os ali, cheios de perguntas.          

Antes de saírem de Hogsmeade, Harry percebeu uma movimentação estranha. Tinha a nítida impressão de que alguém os seguia.

         - Mione, você tá percebendo alguma coisa estranha? – perguntou Harry disfarçando, enquanto Ametista andava mais à frente com Rony.

         - Que coisa?

         - Tá vendo aqueles três ali? – e apontou para os três mesmos bruxos de vestes negras.

         - Muito estranho. Quem serão eles?

         - Não sei. Mas eu acho que estão nos seguindo. – comentou Harry.

         - Acho que não, deve ser só sua impressão. – dizia Hermione.

         Logo embarcaram de volta a Hogwarts. A maioria subiu para as suas salas comunais e quartos, para se prepararem para o jantar de Dia das Bruxas. Rony aproveitou para jogar uma partida de xadrez com Harry, enquanto Hermione e Ametista foram para o quarto, tomarem banho.

         - Você acha que eles têm alguma coisa a ver com o Ministério, Rony? – indagava Harry, no meio do jogo.

         - Claro, ele conhecia meu pai. Você viu que ele disse que era seu filho com certeza. Deve conhecer Percy também – respondeu Rony. – D5. – disse e seu cavalo comeu o peão de Harry.

         - É, pode ser. Que droga! O Lupin não devia ter interrompido o velho naquela hora, já que ia acabar me perguntando algo. – resmungou Harry.

         - Sei lá, mas o importante é que o jantar estará delicioso! – disse Rony faminto.

         - Eu tive um trabalhão para ajudar Hagrid com aquelas abóboras... – dizia Harry quando Rony o interrompeu.

         - A Ametista deve ter trabalhado como um cão também.

         Harry cerrou os olhos de raiva.

         - Coitadinha – debochou raivoso. – Eu realmente estou com muita pena dela! Tomara que tudo esteja horroroso lá embaixo! – desejou Harry com ódio.

         Rony levantou as sobrancelhas.

         - Aconteceu alguma coisa ontem?

         - Tudo pode acontecer quando aquela garota está por perto! E3. – e a torre de Harry derrubou o bispo de Rony.

         O amigo deu uma risada.

         - Não adianta Harry. Você nunca vai me vencer em xadrez – zombou Rony. – Xeque-mate!

***

Após três horas, os alunos começavam a descer para o salão principal. Pirraça estava postado diante da porta do salão.  Tinha um chapéu laranja na cabeça, com uma pena amarela na ponta. Segurava bolas coloridas e tinha a feição suspeita. Harry e Rony iam entrando no salão quando uma bola azul caiu na frente deles, interrompendo o caminho.

         - Adoro os alunos da Grifinória, são os mais esquentados! – berrou Pirraça, em meio a gargalhadas forçadas.

         Harry fez uma careta e continuou andando. O fantasma então derrubou mais um punhado de bolas. Rony pegou a sua varinha e apontou para Pirraça.

         - Deixe-nos passar! – gritou.

         - Não, não. Seus irmãos brincaram comigo, então está na hora de brincar com a família Weasley também. – respondeu o poltergeist, jogando mais bolas.

         Hermione apareceu com Ametista e gritou ao fantasma:

         - Talvez o diretor possa pará-lo, já que está vindo aí com o Barão Sangrento!

         Pirraça parou com as bolas e disse a monitora da Grifinória:

         - Não acredito, Minerva Dois! – e deu uma risada.

         Rony e Harry viraram-se para a garota, que sacudiu a cabeça em tom de reprovação. Logo entenderiam porque a menina não havia ficado nervosa ou chateada. Pouco depois, Dumbledore apareceu acompanhado do fantasma da Sonserina, o Barão Sangrento.

         - Vamos Pirraça! Não chateie os alunos! E deixe-nos passar ou mando o Barão Sangrento dar algumas aulas de boas maneiras a você. – disse Dumbledore em tom de deboche.

         O fantasma se arrepiou e saiu do caminho. Todos se juntaram e entraram. Dumbledore abraçou a neta e seguiu para o salão principal. O grupo ficou realmente impressionado com a decoração. Nada era igual. Havia as abóboras gigantes de Hagrid suspensas no céu sombrio do teto do salão, morcegos de diferentes tipos e tamanhos davam as caras no teto, nos arranjos de mesas, nas paredes, em todos os lugares. Faixas pretas e roxas decoravam as paredes e as janelas, sem contar no leve nevoeiro de Feitiço Arrepiante que o Prof. Flitwick havia ensinado para Ametista. A garota estava muito satisfeita, assim como o avô, que a parabenizou com um beijo no rosto.

         - E ainda tinha gente que ficou torcendo para isso sair um fracasso. – insinuou a garota metida a Harry, que ficou vermelho de raiva.

         A mesa dos professores já estava tomada. Lupin, Hagrid e McGonagall eram os mais animados. Esbanjavam sorrisos a todos que os olhavam. Harry notou que a Profª. Figg estava com a expressão misteriosa e sombria. Algo diferente estava no ar, não era mais aquela mulher que o salvou da Sala Amaldiçoada com tanto carinho. A turma sentou-se à mesa da Grifinória e o diretor anunciou o começo do banquete de Dia das Bruxas. Ametista observava tudo com os olhos brilhando de felicidade, mas mudou quando olhou para a mesa dos professores. Hermione percebeu.

         - Qual o problema? – perguntou carinhosamente.

         - Severo ainda não voltou. Nem deu notícias... – disse Ametista desanimada.

         Hermione ainda não conseguia entender muito bem como a amiga poderia ter consideração com um homem como aquele.

         - Logo ele estará de volta... – respondeu em consolo.

         - Eu espero. Ainda não tive aquela conversinha com ele – dizia a garota, que parou quando os seus olhos encontraram os do cão negro postado ao lado de Lupin. – Aquele cão tem algo de errado. Eu acho que ele não gosta de mim. – disse a Hermione.

         - Como assim? Siri..., quero dizer, - embaralhou-se Hermione. – Snufles?

         - É, o cachorro do professor Lupin. Toda vez que eu chego perto dele, acabo recebendo um belo rosnado.

         Hermione deu de ombros. Todos comiam lentamente e aproveitavam muito os pratos feitos pelos elfos domésticos. Os doces eram os mais variados e gostosos. Pareciam ter vindo todos da Dedosdemel. Fred e Jorge conversavam animadamente com Olívio e Lino. Harry e Rony sabiam que logo iriam aprontar algo. Estavam muito inquietos. Quase no final, perto da meia-noite, Fred e Jorge levantaram-se e começaram a atacar comida nos alunos da Lufa-Lufa. Eles reclamaram, mas nada fizeram. Os mestres olhavam sem tomar nenhuma atitude. Porém, a confusão se instalou quando Jorge jogou um belo pedaço de bolo de morango em Draco Malfoy. O sonserino levantou-se e jogou mais na mesa da Grifinória. Logo, todos os alunos estavam fazendo uma boa guerra de comida. Minerva ia levantar-se, mas Dumbledore segurou seu braço, deixando que os alunos aproveitassem. Algumas pessoas corriam do salão principal para suas torres. Gina foi atingida por um grande pedaço de torta de maçã, jogado por Draco. A garota olhou para o menino, que deu uma risadinha marota, mas logo tomou um grande gole de suco de maracujá, que foi jogado por Olívio. Gina saiu correndo para o banheiro das garotas. Harry e Rony viram, mas nada fizeram.  

         Quando a guerra estava em seu ponto alto, onde até mesmo Lupin entrara na brincadeira, uma luz invadiu o salão principal. Uma luz forte e esverdeada iluminou todos os cantos. Então se ouviu um emaranhado de gritos aterrorizados. Harry, Rony, Hermione e Ametista pararam de repente e procuraram a origem dos gritos. Logo perceberam e desesperaram-se também. No teto do salão principal, havia um grande crânio composto por estrelas de esmeralda, onde no lugar de sua língua havia uma cobra. Era realmente assustador.

         - A Marca Negra! – berrou Ametista assustada.

         Os alunos no salão corriam para suas torres malucos. Os monitores seguiam seus passos enquanto os professores e Dumbledore saíam do salão. Os mestres pararam ao lado dos quatro amigos.

         - Srta. Granger siga para a torre da Grifinória! – ordenou Minerva.

         - E vocês três venham comigo! – gritou Dumbledore a Harry, Rony e Ametista.

Hermione deixou os amigos e seguiu para a torre da Grifinória, enquanto os três seguiram os mestres. Todos desciam rapidamente as escadas até a grande porta de carvalho.

         - Ametista, qual o encanto que você trancou as portas? – indagou o diretor um pouco aflito.

         A garota destrancou a porta e foram para fora do castelo. Então viram a caveira conjurada no céu estrelado. Era horrível. McGonagall tampou a boca em sinal de desespero. Lupin olhava sério para a Marca Negra, enquanto Arabella fazia o mesmo. Dumbledore tinha a expressão aflita pela primeira vez em relação a Voldemort. Harry reparara nisso e ficara intrigado. Somente então lembrou de Gina.

         - Rony, a Gina! Onde ela está? – perguntou Harry.

         - Não sei, mas por que?

         - Você sabe como ela fica apavorada em relação a Voldemort!

         - Não diga esse nome! – pediu Rony.

         - Ela foi para o banheiro das meninas. – respondeu Ametista séria.

         Harry saiu correndo em uma atitude protetora. Enquanto isso, o diretor de Hogwarts andava de um lado para o outro. O cão começou a latir enlouquecido. Dumbledore parou e olhou para o cachorro calado. Ficou encarando-o por um bom tempo, até que disse a Rony e Ametista.

         - Podem subir para a sua torre. Não há mais nada que se possa fazer. E por favor, não se desesperem. Vocês já sabiam que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. – disse Dumbledore calmamente.

         Rony e Ametista voltaram para o castelo então. Rony ia subindo as escadas para a torre da Grifinória quando Ametista parou. A garota tocava no próprio corpo como se estivesse sentindo falta de algo. Virou-se para Rony e disse:

         - Vai indo na frente, eu acho que esqueci algo lá dentro.

         - O que? – perguntou o garoto ruivo.

         - Minha varinha. Não é exatamente a minha, mas é a única que eu tenho por enquanto.

         Rony deu de ombros e subiu para a torre. Na sala comunal, a confusão estava instalada. Os alunos estavam agitados e assustados. As garotas gritavam histéricas, enquanto os garotos supunham que aquela era a volta definitiva do Lord das Trevas, deixando todos mais apavorados ainda. Rony encontrou Hermione sentada numa poltrona em frente à lareira, enrolando uma das mechas do cabelo, pensativa. Rony sentou-se ao seu lado.

         - Como estão as coisas?

         - Tensas. – respondeu em quase um sussurro, sem olhar para Rony.

         O amigo percebeu que algo estava errado.

         - Mione, você está bem? – indagou receoso.

         - Acho que sim. – respondeu Hermione, em um soluço.

         - Você está chorando? – perguntou Rony espantado.

         A garota nada respondeu. Rony levantou sua cabeça e viu que a menina estivera chorando, os olhos estavam ligeiramente vermelhos.

         - Eu disse que ele viria atrás de nós, eu disse! – disse ela em meio a soluços.

         - Calma – disse o garoto. – Mione, nós vamos dar um jeito. Esqueceu que eu e o Harry prometemos que nada iria acontecer? Fique calma! – pedia Rony, tentando animar a situação de desespero, que ele também sentia no momento.

         Hermione voltou a chorar e Rony a abraçou carinhosamente, tentando protegê-la. Sentiu o coração bater mais forte e beijou o cabelo da garota. Algo diferente havia acontecido, mas que não sabia explicar. Só queria que aquele momento durasse para sempre.

***

Enquanto isso, Ametista voltou ao salão procurando a varinha. Encontrou-a em baixo da mesa da Corvinal. Quando se levantou, deparou com o crânio esverdeado estampado no teto do céu do salão. Somente então reparou que a cobra que saía da boca do crânio, formando sua língua era familiar, conhecida. Ouviu um sibilo bem baixinho, que dizia:

         - Bem-vinda ao império do Lord das Trevas, seu futuro mestre.

         A garota arrepiou-se e achou que estava ouvindo coisas. Procurou sair logo do salão principal e seguir para a torre da Grifinória. Entretanto, algo em sua mente disse que deveria seguir outro caminho. Uma vontade enorme tomou seu coração e a garota seguiu para o banheiro feminino.

         - Preciso saber, preciso. – dizia a si mesma enquanto andava.

         Durante esse tempo, Harry correu até o banheiro feminino. Sabia que Gina havia ficado muito traumatizada desde os acontecimentos em seu primeiro ano em Hogwarts. Sabia que ainda receava uma vingança de Voldemort. Bateu na porta três vezes e perguntou se havia alguma garota ali. Ninguém respondeu. Harry abriu então a porta e entrou devagar. A luz esverdeada iluminava todo o banheiro. Olhou a sua volta, mas não havia ninguém. Avistou as portas dos boxes e viu que em uma havia uma sombra diferente. Aproximou-se e parou em frente da porta semi-aberta. Foi abrindo lentamente até encontrar o corpo de uma garota encolhido na parede. Era Gina, os cabelos denunciavam. Estava soluçando e com a cabeça abaixada entre os joelhos.

         - Gina? – indagou Harry baixinho.

         A garota nada respondeu, apenas soluçou um pouco mais alto. O garoto abaixou-se e parou em frente da garota agachado.

         - Gina? Sou eu, Harry. – tentou o garoto novamente.

         Desta vez deu certo. A menina levantou a cabeça e olhou dentro dos olhos verdes de Harry. Seus olhos castanhos diziam a quem quisesse que estava apavorada. Além de estarem fortemente vermelhos, a expressão de medo exaltava em seu rosto.

         - Está tudo bem, agora. Eu estou aqui. – dizia Harry.

         - Ele voltou! – gritava ela apavorada. – Ele voltou e vai se vingar de mim, e de toda a minha família!

         - Não, ele não vai, Gina. Eu não vou deixar!

         Gina parou de soluçar e ficou olhando para o amigo impressionada. A coragem de Harry em enfrentar sem medo nenhum a verdade e a crueldade de Voldemort era incrível. Sentiu um calor e percebeu que estava corada. 

         - Mas isso não vai dar certo! Ele está mais forte e eu sei disso. A minha família tenta me esconder isso, mas eu sei, eu não tenho mais onze anos como tinha quando tudo aconteceu!

         - Eu sei disso, Gina. E eu digo que, mesmo que ele esteja mais forte, não deixarei que nada aconteça com sua família, com você.

         Harry disse isso e levantou. Estendeu a mão para Gina, como se a garota precisasse de ajuda para levantar. A garota arrumou os fios de cabelo ruivo como fogo e pegou na mão de Harry. Sentiu uma onde de calor intenso invadir seu corpo e levantou-se. Harry por um segundo sentiu o mesmo.  

         - Escute Gina. Eu não vou deixar que nada aconteça com vocês. Eu já prometi isso a Hermione e estou prometendo para você agora. Nem que eu tenha que morrer para defender todos vocês.

         Quando Harry dizia isso, Gina estava muito próxima dele. Havia acabado de se levantar e se desequilibrou um pouco, ficando bem próxima ao rosto e ao corpo do garoto. Ficaram durante um momento apenas se olhando, medindo cada centímetro do outro. Pela segunda vez, Harry sentiu uma vontade enorme de ficar mais perto o possível do corpo de Gina, assim como havia sentido quando empurrou Ametista contra a parede, impedindo que Lupin a visse, quando foram para a Sala Amaldiçoada. Gina sentia calafrios e ficava cada vez mais corada. Sabia que se algo deveria acontecer, seria ali, naquele instante, longe de seus irmãos, longe dos olhos invejosos de suas supostas amigas, longe de Voldemort, longe de tudo. Cada vez mais eles se aproximavam e sentiam o calor emanar de seus corpos. Quando estavam bem próximos, ouviram a porta da frente do banheiro bater com violência. Assustaram-se e Harry largou Gina, indo até a porta, procurando ver quem estava os espionando. A única coisa que conseguiu ver foi o final de um longo cabelo castanho. Gina parou atrás dele, curiosa.

         - Quem era? – indagou com uma voz trêmula.

         - Não sei. – respondeu Harry ainda olhando para os lados, a procura de alguém.

         - Harry, acho melhor voltarmos para a torre da Grifinória. Podem dar por nossa falta. – disse         Gina, com um forte arrependimento.

         - É, é melhor. – concordou Harry, saindo do banheiro juntamente com Gina.

***

Na torre da Grifinória, a maioria dos alunos já tinha subido para seus quartos. Permaneciam na sala comunal ainda Olívio e Jorge, jogando uma partida de Snap Explosivo, querendo esfriar a cabeça; Fred e Angelina que sentaram numa mesa bem escondida; e Rony e Hermione, conversando sobre o último aparecimento da Marca Negra no céu. Logo, a luz verde que iluminava a sala foi diminuindo, mas não desapareceu por completo. De repente, Ametista entrou na sala comunal correndo e subiu para o quarto sem dizer nada a ninguém. Olívio reparou e ficou preocupado. Hermione e Rony ficaram perdidos.

         - Que será que aconteceu? – indagou Rony a amiga.

         - Não sei, mas eu vou descobrir. – respondeu Hermione, deixando Rony sentado na sala comunal.

         Pouco depois, Harry entrou na sala comunal acompanhado por Gina. Rony levantou-se e foi em direção a eles.

         - Onde vocês estavam? Ficamos preocupados. – disse o garoto ruivo.

         Harry e Gina começaram a gaguejar, procurando uma boa resposta, já que sabiam que haviam demorado por causa da tensão que havia sido criada entre eles.

         - Foi difícil convencer Gina a vir comigo. – respondeu Harry com pressa.

         - Sei... – respondeu Rony desconfiado.

         - E onde está Hermione? – perguntou Harry.

         - No quarto... – ia explicando Rony quando Gina se despediu e foi para o quarto.

         - Boa noite, meninos.

         Harry e Rony sentaram na lareira. Rony então continuou explicando lentamente.

         - Então, como eu ia dizendo, a Hermione estava super mal quando eu cheguei aqui. Você deve se lembrar quando ela chorou com medo do Você-Sabe-Quem, quando estávamos vindo para cá.

         - Lembro.

         - Então, ela estava chorando, ainda está com muito medo, sabe?

         - É, a Gina estava bem mal também.

         - Mas o mais estranho foi a Ametista.

         - A Dumbledore? Por que? – indagou Harry curioso.

         - Ela entrou aqui faz uns cinco minutos correndo e não falo nada com ninguém. Foi direto para o quarto. – disse Rony.

         E então Harry percebeu. Deveria ter sido Ametista. Mas não havia porquê ser ela, já que o ódio entre os dois era tão grande que não havia motivo para aquilo.

         Hermione parou em frente da porta do dormitório. Estava fechada. Bateu uma vez e ninguém respondeu. Entrou e encontrou o dossel da cama de Ametista fechado. A luz esverdeada quase sumia em contraste com o azul do dossel da cama da menina. Hermione podia ouvir um ligeiro soluço. Aproximou-se e abriu o dossel devagar.

         - Eu quero ficar sozinha! – exigiu Ametista a amiga, em tom choroso.

         - Eu não vou sair daqui enquanto você não me contar o que acontece com você. – respondeu Hermione em tom mandão.

         - Pois você vai ficar aí até amanhã então.

         Hermione sentou-se na ponta da cama. Ametista estava deitada de costas para a amiga, encolhida.

         - Ametista, que foi que aconteceu? – insistiu a monitora.

         A neta de Dumbledore nada respondeu. Hermione bufou. Ametista levantou-se de repente e sentou na cama. Olhou a volta e viu que Lilá e Parvati, que dividiam o quarto com elas estavam dormindo feito pedras.

         - Eu não entendo o quê aconteceu. – disse baixinho.

         - Como assim? – não entendeu Hermione.

         - Eu vi alguma coisa que não queria. – disse Ametista em quase um sussurro, em meio a soluços.

         - O que foi que você viu?

         - Isso não importa – respondeu ríspida. – O que importa é que eu já estava desconfiada e algo me disse para ir até lá. Quando cheguei, vi algo que preferia não ter visto. Mas eu não deveria estar me importando.

         - E isso tem a ver com quem?

         - Já disse que não importa! – levantou o tom de voz grosseira. – Agora, me deixe dormir. – e Ametista virou para o lado.

         Hermione ia levantando da cama, quando a garota falou pela última vez baixinho.

         - E não comente nada com ninguém, muito menos com os meninos.

         Hermione saiu do quarto curiosa. O que será que Ametista havia visto? Chegando na sala, viu Harry e Rony sentados no grande parapeito da janela da sala comunal, conversando.

         - Que ela tem? – perguntou Rony.

         - Disse que... – aí Hermione lembrou-se do pedido da amiga. – Disse que não estava muito bem e que precisava subir depressa. Só isso. Ela estava quase dormindo.

         - Ah... – disse Rony, quase num resmungo.

         - Foi só isso mesmo, Mione? – indagou Harry, desconfiado.

         - Foi – respondeu Hermione naturalmente. – O que vocês estão fazendo sentados no parapeito? – resmungou no tom que ela usava quando dava alguma ordem.

         - Minerva Dois – dizia Rony irritado. – É que nós percebemos que o Dumbledore e os outros ainda estão lá fora. – e Rony apontou para o jardim de Hogwarts. Dava para ver nitidamente os mestres Lupin, McGonagall, Hagrid e Arabella, o diretor Dumbledore e um homem a mais.

         - Sirius? – espantou-se Hermione.

         - Exatamente. Ele se transformou aqui na escola. – disse Harry, que parecia surpreso também.

         - Foi por isso que o Dumbledore mandou eu e a Ametista subir para cá quando o cachorro começou a latir. O Sirius não pode se transformar na frente da Ametista. Ela ainda não deve saber.

         - Mas é loucura! E se algum aluno vê e sai por aí dizendo que Sirius Black está como um animago aqui em Hogwarts! – esbravejava Hermione em tom de extrema censura.

         - Bom, de acordo com o que nos falaram e com o que nós contamos a você, Mione, logo o Sirius terá um julgamento justo e será reabilitado. – lembrava Harry animado.

         - Mas não se esqueça que ainda – e ela frisou bem. – o Sirius é um foragido tido como muito perigoso e traidor pelo mundo bruxo. Até mesmo pelo Fudge e garanto que por todo o Ministério da Magia. – dizia Hermione preocupada.

- Gente, isso não importa agora. Eu queria é saber o que eles estão conversando, isso sim! – dizia Rony.

***

No jardim de Hogwarts, os mestres conversavam nervosamente. Era clara uma discussão entre Sirius e Lupin.

         - Não adianta vocês ficarem discutindo! – esbravejou Dumbledore impaciente. – Não é hora de pensar nisso! O importante é que Voldemort está de volta e precisamos impedi-lo!

         - Pois eu tenho a solução rápida para nossos problemas! – gritava Sirius em quase um latido. – Eu acho que deveríamos dar o quê ele quer, pois somente assim ele nos deixará em paz! 

         - Sirius, você sabe que não é apenas isso que ele quer! – retrucava Lupin. – Ele quer Harry também! E Pedro nos quer também! E tenho certeza que se puder, Voldemort mata à todos nós como vingança por termos escondido isso por tanto tempo dele!

         - Eu não me importo com o que possa acontecer a mim ou àquela pessoa! Eu só quero que ele deixe Harry em paz! – berrava Sirius.

         - Controle-se Sirius. – pediu Minerva ponderada.

         - É fácil para você falar assim porque afinal, não é do seu sangue, não é? – gritava Lupin.

         Sirius e Lupin estavam agora cara a cara. Parecia que ia estourar uma guerra ali. Hagrid se pôs no meio dos homens, pedindo calma.

         - Nisso, eu lamento Sirius – dizia Dumbledore. – Mas Lupin tem razão. Você diz isso porque não é alguém de quem tem carinho. Você não se importa, pois ainda se sente traído. Tudo bem, mas veja que estamos falando de um ser humano.

         - Eu já disse que não me importo! – gritou mais um vez Sirius.

         - Perdoem-me, mas eu acho que tenho a solução. – disse uma voz seca em meio a confusão. – Devemos nos acalmar hoje e discutir isso em uma reunião com as pessoas certas.

         - Explique-se melhor, Arabella. – disse McGonagall.

         - Acho que devemos convocar uma reunião, um conselho com todos os membros mais importantes neste momento de nervosismo. Nós não poderemos tomar a decisão do que fazer.

         Todos pararam por um momento, pensativos. Dumbledore se prontificou e disse aos companheiros.

         - Amanhã eu mandarei cartas a todos os membros do Conselho da Magia e iremos nos reunir. Enquanto isso, vigiem todos os passos deles. Não deixem que saiam do castelo sem a minha permissão ou de algum professor.