CAPÍTULO TREZE – A ORDEM DA FÊNIX

Na manhã seguinte, a escola acordou tensa. Harry levantou-se mais cedo do que Rony e desceu para a sala comunal. O tempo estava nublado, sujeito a temporais. Encontrou sentada no sofá à frente da lareira, Ametista.

         - Bom dia. – disse Harry, lembrando-se do episódio da noite anterior.

         - Bom dia, Potter. – comentou Ametista friamente.

         Harry não tinha certeza se era a garota que havia surpreendido ele e Gina na noite passada, mas mesmo assim, desconfiava. Ametista, por sua vez, agiu como se nada tivesse acontecido.

         Harry reparou que era a primeira vez que Ametista conversava com ele sem olhar em seus olhos. Havia alguma coisa errada. Pouco depois, Hermione desceu enrolada em seu roupão rosa. Cumprimentou-os e sentou-se no sofá. Comentou qualquer coisa sobre uma agitação na madrugada. Logo, quase toda Grifinória estava pronta para o café da manhã.

***

Os alunos da Sonserina faziam questão de apontar para Ametista no café. Responsabilizaram-na pelo aparecimento da Marca Negra no teto do salão principal na noite anterior. O salão estava cheio de estudantes apavorados e desconfiados. Mas, pela primeira vez, a mesa dos professores estava agitada também. Quase no final da refeição, ouvia-se os murmúrios vindos de um grupo de alunos do sexto ano da Sonserina.

         - A culpa é toda dela – e apontavam para Ametista. – Ela deve ter preparado aquilo só para nos assustar!

         Claro que eles disseram em alto e bom som para que todos começassem a zombar da garota da Grifinória. Entretanto, eles não esperavam que o diretor fosse ouvir também. Dumbledore levantou-se prontamente e disse:

         - Escutem todos! Nada do que aconteceu ontem foi uma brincadeira ou espetáculo feito por qualquer aluno dentro desta escola! Não admito que façam suspeitas sobre algo que não têm conhecimento. O momento é sério! Já havia comunicado a vocês que a volta do Lord das Trevas estava próxima! Então, não façam disso um motivo de rivalidade entre vocês. Quando o professor e diretor da Casa Sonserina voltar, terei uma conversa séria com ele para acabar com este tipo de ofensas aqui dentro. Agora, no dia de hoje, a saída para os jardins ou qualquer dependência exterior do castelo de Hogwarts está terminantemente proibida. E não ousem ir contra as normas! Os times de quadribol devem suspender os treinos e veremos se a partida marcada para sábado entre Lufa-Lufa e Grifinória será cancelada. Podem ir para suas torres e eu espero não ouvir mais nenhum tipo de comentário como o feito agora há pouco. 

         Dumbledore saiu do salão principal. Os alunos se espantaram com a atitude um tanto quanto rude do diretor. Porém, os sonserinos não pararam por aí.

         - É óbvio que ele tenha tomado uma posição como aquela! – berrava Pansy Parkinson. – Ofenderam a netinha dele!

         Os alunos da Grifinória levantaram-se em protesto. Uma briga iria começar ali a qualquer minuto. Até que McGonagall levantou-se de sua cadeira e disse:

         - Vocês ouviram bem o diretor! Vão para suas torres e nada de comentários maldosos novamente! E cinco pontos a menos para a Sonserina! – ordenava a professora.

         Surpreendentemente, Rony notou que durante todo o ocorrido, Draco não havia aberto a boca. Estava calado e misterioso. Aquilo era realmente estranho, já que o garoto nunca perdera a chance de zombar da cara dos alunos da Grifinória, principalmente do grupo de Harry.

***

Cerca de meia hora depois do ocorrido no café da manhã, alguém batia na porta de Dumbledore. O diretor estava preenchendo alguns papéis e estava com uma dor de cabeça insuportável. Parou por um instante e mandou a pessoa entrar. Espantou-se quando, olhando por cima dos óculos meia-lua, deparou-se com a neta.

         - Oi vovô. – cumprimentou a garota timidamente.

         Dumbledore levantou a cabeça e deu um sorriso. Indicou a cadeira da frente para a neta sentar-se. Ametista atravessou a sala. Como sempre, Fawkes agitou-se freneticamente quando a garota passou ao seu lado. O diretor reparou bem na cena. Depois, percebeu também quando a neta olhou de esguelha para o Chapéu Seletor, postado em um banquinho velho.

         - Aconteceu alguma coisa? – indagou o diretor, ao mesmo tempo em que escrevia algo num pedaço de pergaminho.

         - Não, nada. – respondeu Ametista rapidamente.

         Dumbledore ficou em silêncio e terminou de escrever o pergaminho. Levantou da cadeira e foi até a janela. Uma coruja apareceu e o diretor amarrou o pergaminho em sua perna. Logo, a coruja negra saiu voando.

         - A décima hoje. Minhas mãos já estão doendo. – resmungou o velho diretor de repente.

         - Para que tantas cartas? – perguntou a garota curiosa.

         - Uma reunião, Ametista. Você é inteligente, deve saber que algo precisa ser feito num momento como este. – respondeu Dumbledore.

         - É – concordou ligeiramente. – Eu fiquei feliz com o que você disse hoje no café, vovô.

         - E o que foi que eu disse? – questionou o diretor, pegando outro pergaminho.

         - Disse disfarçadamente que eu não tinha culpa pela Marca Negra, como o pessoal da Sonserina estava dizendo.

         - Oh! Sim! Claro, não deixaria que acusassem uma pessoa inocente, eles te crucificaram por algo que você não fez. E relacionada com um assunto tão sério como este. – respondeu o diretor.

         - E... Vovô, eu posso participar da reunião? – indagou Ametista.

         Dumbledore largou a pena e respondeu rapidamente, um pouco aflito:

         - Não, de jeito nenhum, Ametista! Isto não é coisa para que você fique sabendo!

         Ametista levantou as sobrancelhas surpresa com a postura do avô.

         - Está bem, se você insiste tanto...

         - Insisto sim! – frisou Dumbledore.

         Ficaram em silêncio enquanto o diretor fez mais duas cartas. Ametista observava como eram belas as estátuas que o avô tinha na sala, basicamente todas pratas, a cor preferida dele, juntamente com o azul. Nesse aspecto, a neta havia puxado o gosto do avô.

         - Você tem notícias de Severo? – perguntou a garota repentinamente.          Dumbledore franziu a testa.

         - Não, ainda não. Mas presumo que deve chegar dentro de alguns dias, não se preocupe. – respondeu o diretor.

***

Na manhã seguinte, McGonagall comandou o café. Dumbledore esteve ausente. Mais uma vez, os alunos foram impedidos de saírem do castelo, para nervosismo de Rony, que ainda não estava totalmente preparado para o jogo contra a Lufa-Lufa dali uma semana. Olívio aproveitava e dava dicas teóricas para um melhor vôo. Enquanto os alunos ficavam confinados em suas torres, os professores Flitwick e McGonagall recebiam os membros convidados por Dumbledore para a reunião proposta pela professora Arabella.

         Os homens e mulheres convidados foram colocados numa sala reservada ao lado da sala do diretor. Quando a maior parte dos membros estava presente, McGonagall deixou o recinto e foi em direção a sala de Lupin.

Entrou cautelosamente e encontrou Sirius sentado na cadeira do amigo, com os pés em cima da mesa, relaxando. Enquanto isso, Lupin verificava algumas coisas em uma mala encostada na prateleira.

         - Já chegaram – disse em um tom severo, fazendo Sirius tirar os pés da mesa. – Quase todos estão presentes.

         - Quase todos? – perguntou Sirius, estranhando.

         - Sim, estão faltando a Sra. Figg e o jovem Percy. – respondeu McGonagall, olhando para Lupin, que continuava a mexer na mala. - Estou achando muito estranho  eles não terem chegado. Vocês sabem que a Sra. Figg sempre foi muito pontual e, como Arthur Weasley disse, Percy sempre quer mostrar serviço. – comentou Minerva.

         - Eles devem estar chegan... – dizia Sirius quando Minerva interrompeu-o.

         - Sr. Lupin, o que está fazendo? – indagou intrigada, aumentando o tom de voz.

         O professor espantou-se e fechou a mala. Virou-se para Minerva e respondeu cordialmente:

         - Nada de muito importante. Estou apenas checando algumas coisas que estão sendo feitas para ajudar em minha missão. .

         Sirius, que sabia muito bem o que o amigo escondia na mala, ficou calado e apenas bufou em tom de reprovação. Minerva percebeu e nada disse. Depois de um tempo, ela tornou a falar.

         - Bom, Sirius, você deve transformar-se em cão novamente, já que não sabemos se algum aluno está rondando os corredores da escola com uma capa de Invisibilidade. – disse a mestra, insinuando Harry e suas aventuras.

         Lupin disfarçou uma risada e saiu da sala, sendo seguido pelo grande cão negro e pela professora.

         Entraram na sala devagar. Havia muitas pessoas falando juntas e a maioria nem percebeu a presença deles. Lupin bateu palmas duas vezes e os bruxos pararam de repente e calaram-se. O mestre prontificou-se e disse em alta e clara voz:

         - O diretor está a nossa espera. – e saiu da sala, com os outros o seguindo.

         A sala do diretor de Hogwarts estava inteiramente mudada. Havia agora uma grande e oval mesa prata no meio, dando espaço para todos os convidados que foram entrando aos poucos e se acomodando. Dumbledore estava sentado na ponta da mesa, com seu grande chapéu cônico azul. Olhava a todos por cima de seus óculos meia-lua, como se medisse a cada um. Quando todos se acomodaram, o diretor começou a apresentações.

         - Presumo que a maioria de vocês já se conhece, mas não me custa nada fazer as devidas apresentações – dizia em tom sério. – Estes – e apontou para os bruxos sentados ao seu lado direito. – são os professores de Hogwarts, como sabem. Os que não conhecem são Remo Lupin, Professor de Defesa Contra a Arte das Trevas e Arabella Figg, Professora de Aparatação. E é claro, Hagrid, de Trato com Criaturas Mágicas.

         O restante bruxos, que estavam sentados à esquerda de Dumbledore mexeram suas cabeças, em cumprimento. O diretor continuou.

         - Este é Arthur Weasley – dizia, apontando para o pai de Rony. – que é responsável pelo departamen... – ia dizendo Dumbledore até que um homem já velho, postado na outra extremidade da mesa, disse:

         - Sempre os protetores dos trouxas idiotas pertencem a estas reuniões, eu realmente não sei porquê! – disse o velho em tom grosso.

         Dumbledore, que até agora esteve sentado, levantou-se e tomou uma expressão severa.

         - Pois eu tive a notícia de que o senhor e seus assistentes andaram incomodando meus alunos em seu período de folga, fora de meus olhos atentos. – disse em resposta o diretor.

         O velho lançou um olhar vingativo a Lupin, que nada fez. O velho estava acompanhado por um jovem de cabelos castanhos claros, e por uma bela jovem de baixa estatura.

         - Meu nome é Mundungo Fletcher, sou o chefe do Departamento de Espionagem do Ministério da Magia – dizia o velho em tom imponente. – Este é meu filho, Joseph Fletcher, e esta é minha assistente, Lynn Winter.

         Ninguém disse nada. Dumbledore sentou-se e perguntou:

         - Você poderia muito bem interrogar os meus alunos aqui em Hogwarts, e não em um bar de Hogsmeade, Mundungo. Por que fez isso? Tem medo de perguntar algo perto de meus ouvidos?

         O velho curvado tinha a expressão contorcida em raiva. Estava claro que não existia qualquer tipo de afinidade entre ele e o diretor.

         - Eu estava em Hogsmeade naquele dia. Não foi de propósito o meu encontro com os seus alunos. – respondeu em tom arrogante o velho.

         - Pois eu não acho – respondeu Lupin em seu tom sereno. – Todos percebemos que vocês estavam à procura de alguém. Alguém chamado Harry Potter, não é Fletcher? – instigou o professor.

         Via-se nitidamente as veias do rosto de Mundungo pularem de nervoso. O velho começara a ficar enfurecido.

         - Eu também estava lá e sei que vocês não estavam à procura de uma cerveja amanteigada. – debochou a Profª. Arabella.

         Esta foi à gota de água. O velho levantou-se e parecia que subiria na mesa, procurando o pescoço mais bem servido para ser apertado. O filho, Joseph, segurou o braço do pai e disse sabiamente:

         - Nós não viemos aqui para brigar, e sim para arranjar uma solução para o problema!

         Mundungo sentou-se e acalmou. Dumbledore continuou.

         - Prosseguindo as apresentações – dizia, encarando o velho. – Esta é Olímpia Maxime, a diretora da escola Beauxbatons.

         A gigante estava sentada ao lado de Arthur Weasley e sorriu tímida e rapidamente para Hagrid. Viu-se que o professor corou levemente.

         - E por fim, estes são Alastor Moody, chefe do Departamento de Aurores, e seu assistente, Matt Holm. – e apontou para o velho ex-professor de Defesa Contra a Arte das Trevas, e depois para um jovem de cabelos e olhos negros e aparência sombria.

         De repente, Dumbledore ouviu um latido. Olhou para o chão e viu um cão negro agitando as patas dianteiras rapidamente.

         - Oh! Perdoe-me – desculpou-se o diretor. – Eu havia esquecido da presença de Sirius Black.

         Joseph encolheu-se ligeiramente na cadeira quando um homem de pele clara e cabelos negros apareceu do lado oposto da mesa.

         - Ora, ora – disse Joseph Mundungo. – Se não é o conhecido Sirius Black! Poderia dizer que não estou surpreso que Alvo tenha te encoberto todo esse tempo.

         Sirius franziu a testa e depois trocou olhares com a jovem ao lado de Mundungo. Dumbledore lançou um olhar severo ao chefe de Espionagem e este se calou.

         - Como sabem, a inocência do Sr. Black sairá provavelmente antes das festas de fim de ano. O próprio Sr. Fletcher avistou Pedro Pettigrew, dando assim razão a minha proteção ao acusado. – disse Dumbledore para Joseph.

         Madame Maxime pigarreou e Sirius sentou-se ao lado de Lupin. Mundungo levantou a mão e perguntou:

         - Onde está a Sra. Figg? Ela nunca se atrasa! – resmungou.

         Neste exato momento, entrou como um furacão pela porta da sala de Dumbledore uma senhora já idosa, com a sua aparência incrivelmente parecida com a de Arabella, a única diferença saliente eram os cabelos brancos. Ao seu lado, vinha o jovem Percy Weasley, irmão de Rony.

         - Desculpem-nos o atraso, mas vocês não vão acreditar no que acabou de acontecer no Ministério! – dizia ofegante a senhora, sentando-se numa cadeira ao lado de Madame Maxime.

         - O que houve, Arabella? – indagou Dumbledore preocupado.

         A senhora começou a ofegar rapidamente, como se estivesse com falta de ar. A professora Arabella levantou-se da cadeira e foi até onde estava a senhora.

         - Acalme-se mamãe! Respire fundo! – pedia sem jeito, com a voz seca com de costume.

         Percy sentou-se ao seu lado, pálido. O Sr. Weasley ficou realmente curioso e preocupado. O filho nada dizia. Tinha o olhar perdido. A senhora ficou por mais alguns minutos assim e depois retornou a falar.

         - Nesta manhã, na portaria do Ministério, chegou uma caixa negra. O porteiro chegou até a reclamar que vinha um cheiro diferente de dentro da tal caixa. Chamaram-me então, já que sou chefe do Departamento de Execução das Leis Mágicas Especiais, assim poderia tomar alguma providência, se necessária. – dizia a Sra. Figg, meio que tropeçando nas palavras.

         Fletcher ajeitou-se na cadeira, incomodado com a posição que a Sra. Figg possuía no Ministério da Magia. Todos sabiam que o posto da mãe da professora de Aparatação de Hogwarts era apenas subordinado ao posto de Cornélio Fudge, o ministro da Magia. 

         - Então, desci até a portaria com Percy – e apontou para o jovem, que estufou o peito. – O porteiro já estava bem agitado. Eu não fazia idéia do por quê de tanto nervosismo. Pensei que era por causa da aparição da Marca Negra.

         - E não era? – indagou Minerva.

         - Não, ele havia aberto a caixa antes de mim. Mas nada disse. Eu achei estranho, pois o homem estava trancado dentro de sua sala, acuado num canto, trêmulo. Enquanto Percy foi verificar o que estava ocorrendo com o homem, eu me preocupei apenas com a caixa. – contava a Sra. Figg.

         - E o que era afinal? – questionou a filha, Arabella.

         - Conte você Percy. – pediu a velha Figg.

         Percy endireitou-se na cadeira e encheu-se de ar. Percebia que o jovem ainda estava um pouco impressionado e pálido.

         - Vocês devem saber o que exatamente significa o aparecimento da Marca Negra nos céus. – supôs o jovem.

         - Diziam que a Marca Negra apenas aparecia no céu quando alguém era morto, morto por Voldemort ou pelos Comensais da Morte – explicou Lynn. – Geralmente uma pessoa importante. Assim, este seria o sinal de que a missão estaria cumprida.

         - Exatamente, Srta. Winter – completou Percy. – Pois foi exatamente isso que aconteceu. Encontramos o corpo de uma pessoa dentro da caixa, mais precisamente a cabeça – todos se arrepiaram com tamanha crueldade. Percy fez uma pausa e completou. – A cabeça de Igor Karkaroff!

         Mundungo e os professores ficaram brancos. Todos perderam a fala diante de tal notícia. Percy suspirou e abaixou a cabeça. Dumbledore ficou olhando para o nada, pensativo. Porém, faltava mais alguém. Alguém que tiraria todas as dúvidas de Dumbledore e seus convidados.

         Mundungo adiantou-se.

         - Então, teremos muito o que discutir hoje, não é?

         Dumbledore suspirou e começou.

         - Iremos por partes, por favor. Podemos começar com o depoimento do seu novo espião, Mundungo. – disse o diretor, apontando para Joseph, que erguera-se sério.

         O rapaz era alto e tinha cabelos castanhos claros. Os olhos eram negros e muito penetrantes, e possuía uma voz grossa. Parecia ter vinte e cinco anos ou pouco mais. Via-se claramente que não tinha qualquer semelhança com o jeito arrogante e superior do pai. Joseph Fletcher começou calmamente.

         - Como sabem, o departamento de Espionagem do Ministério da Magia funciona há cerca de oito anos. Não que não houvessem espiões anteriormente, mas somente formaram uma nova divisão do ministério há pouco tempo – fez uma ligeira pausa. – Eu estava caminhando pelo Beco Diagonal, procurando por alguns suplementos que a Sra. Figg havia me solicitado – a mulher confirmou com a cabeça. – E, depois de muito caminhar e passar no Banco Gringotes,  fiz uma parada para descansar. Foi quando eu o encontrei. 

         - Pedro Pettigrew? – indagou Hagrid, para confirmar a informação.

         - Sim, diria que depois de todas as honras que foram dadas à ele, seria muito difícil de minha parte esquecer o rosto daquele homem – Sirius sacudiu-se de forma raivosa na cadeira. – Eu sentei numa mesa localizada bem no meio do Caldeirão Furado e comecei a conversar com Tom, dono do bar, quando percebi que um homem, com uma capa surrada, acabara de entrar. Parecia um mendigo. Impressionei-me, já que nunca vi tais tipos dentro do Caldeirão. Então, tratei de ficar de olho, caso acontecesse algo. Foi quando o vi. Ele sentou-se no fundo, numa mesa bem escondida. E quando Tom trouxe uma bebida a ele, o homem tirou seu capuz e pude ver com estes olhos – e indicou seus próprios olhos. – que o homem que eu pensava ser um mendigo era na verdade, Pedro Pettigrew. 

         Comentários surgiram da parte de todos. A maioria cochichava. Era visível o desconforto de Sirius em falar o nome daquele que um dia foi um grande amigo.

         - Posso dizer que esfreguei meus olhos muitas vezes, pois eu mesmo achei que estava maluco. Como aquele ser poderia estar sentado na mesa ao fundo do Caldeirão Furado? Só podia ser brincadeira!, pensei eu. Mas não era. Imediatamente, fui para o escritório da Sra. Figg. Contei toda a história, e, somente naquele momento, soube do retorno já previsto de Voldemort. Como disse o jovem Potter. – terminou Joseph. 

         Murmúrios continuaram. Dumbledore pediu silêncio e disse:

         - No dia seguinte ao acontecido, eu recebi uma carta. Uma carta de Arabella Figg – e apontou a senhora do ministério. – Nela, dizia que Pettigrew havia sido visto no Caldeirão Furado, sem mais detalhes. Como foi que os outros ficaram sabendo? – indagou o diretor aos outros presentes.

         Alastor Moody levantou a mão e respondeu:

         - Por intermédio de Percy Weasley, eu fui comunicado do ocorrido. O secretário da Sra. Figg contou-me toda a história ainda no mesmo dia. Como atitude para prevenção, coloquei alguns de meus aurores nas ruas do Beco Diagonal e de Hogsmeade. 

         - Sábia decisão, Alastor – elogiou Dumbledore. – E você, Fletcher?

         O velho bufou e deu uma risada irônica.

         - Como sabe, Alvo, este é meu filho – e apontou para Joseph. – Foi assim que fiquei sabendo do fato. Mas, nada pude fazer, pois, como sabem, sigo ordens estritamente de Cornélio Fudge, e não da Sra. Figg.

         O clima havia piorado ali. A Sra. Figg sentiu-se ofendida. Sirius devolveu a risada irônica e manteve a postura. Mundungo olhou de canto de olho para a Sra. Figg e prosseguiu:

         - Mas precisava confirmar a situação. Assim, coloquei alguns de meus espiões nas ruas, tanto de Hogsmeade, quanto de Londres.

         - Graaaande coisa... – sibilou Sirius para Lupin.

         Depois, Madame Maxime dava sua explicação.

         - Fui comunicada do aparrrecimento de Pedrrro Petrrigrrew porr Dumbledorrr. Reforrrcei o esquema dentrro de Beauxbatons. – explicou Olímpia, sempre com muito sotaque.

         - E quanto a Durmstrang? – indagou Lupin de repente.  

         - Ainda não houve resposta. – respondeu Dumbledore.

         - Eu fiquei sabendo por uma carta de meu filho, Percy, e pela Sra. Figg. Estamos cuidando para que os trouxas não tenham que sofrer a conseqüência de nossa guerra contra aquele monstro. – disse Arthur.

         Uma silêncio formou-se na sala. Ouviu-se um suspiro cansado de Dumbledore, que depois voltou a falar.

         - Precisamos agora então de medidas eficazes contra o mal que ele poderá nos causar novamente. Ele já começou o serviço. Está indo atrás dos traidores, dos que não se importaram em procurá-lo – disse o diretor. – Começou por Karkaroff.

         - E você sabe muito bem quem será o próximo, Dumbledore. – instigou Sirius seriamente.

         - Eu sei bem que você está referindo-se ao professor Severo Snape, mas é exatamente isso que ele está fazendo neste exato momento, tentando recuperar a confiança de seu antigo líder. – explicou o mestre.

         - Mas mesmo assim, alguém aqui tem alguma certeza de que ele voltará para Hogwarts sem estar em poder de Voldemort? – indagou Sirius.

         - Se você se refere a Maldição Imperio, pode ficar tranqüilo, pois estaremos fazendo uma série de feitiços para detectar qualquer tipo de outra força. Sem contar que Severo já tinha tomado algumas de suas poções contra um possível ataque de Voldemort. – completou Minerva McGonagall.

         Sirius fez qualquer comentário para si e depois calou-se. Lupin disse de repente:

         - Pois eu lembrei-me de algo muito importante. Agora, que o retorno do Lord das Trevas está praticamente consolidado, devemos tomar alguma posição a respeito dos dementadores de Azkaban.

         Dumbledore franziu a testa.

         - Sim, tem razão, Sr. Lupin. Os dementadores, mais cedo ou mais tarde irão juntar-se com Voldemort. Não podemos permitir isso. Vocês devem imaginar como seria uma união entre os Comensais e estes seres! – lembrou o diretor temeroso.

         - Sim. Pois eu acho que devemos aumentar a segurança em lugares como Hogsmeade, ou o Beco Diagonal, onde as crianças são mais comuns. Eu estou disposto a colocar os guardas do Ministério nas ruas, disfarçados e com total poder. – disse Arthur Weasley.

         - Boa idéia. Temos de proteger nossos bruxos do futuro. – concordou Dumbledore.

         - Escutem – pediu Alastor Moody. – Colocarei os melhores aurores atrás daqueles ratos imediatamente! Mas, antes, precisamos decidir se as Maldições serão permitidas. – e olhou para a Sra. Figg.

         Todos sabiam que no passado, muitos inocentes foram mortos pelo uso indevido do Crucio, por exemplo, por aurores inexperientes. E era o departamento de Execução de Leis Mágicas Especiais que decidia se as Maldições Imperdoáveis poderiam ou não serem usadas. 

         - Eu preciso analisar isso, Alastor, posso te dar uma resposta mais tarde?. – pediu a Sra. Figg.

         - E eu acho que desde o quinto ano, as Maldições já podem ser ensinadas aos alunos. – propôs Mundungo Fletcher.

         Os olhos da maioria dos professores de Hogwarts arregalaram-se. Porém, a mais incomodada com a idéia foi McGonagall, que realmente sentiu-se posta a prova.

         - Você está maluco! – exclamou Minerva exaltada.

         - Se vocês querem que os mesmos erros sejam cometidos de novo por aurores ou mesmo bruxos incapazes... – supôs Mundungo.

         - Mas eles são apenas crianças! – retrucou a professora.

         Viu-se claramente um olhar de culpa entre Dumbledore, Lupin e Arabella. Mas apenas Sirius e Arthur notaram, e acabaram sem entender.

         - Mas há ainda um outro problema. – disse Matt Holm, o assistente de Alastor Moody.

         - E qual seria este? – indagou Mundungo grossamente.

         - Como dispensaremos aurores, espiões e guardas diante de Cornélio Fudge? Quer queriam, quer não, ele ainda é o ministro da Magia. – lembrou o jovem Matt.

         Todos de repente calaram-se. Muitos haviam esquecido disso, mas ainda havia Dumbledore e sua mente brilhante.

         - Você nos lembrou de algo muito importante, Sr. Holm – agradeceu o diretor. – Mas eu já havia pensado nesta possibilidade antes mesmo desta reunião acontecer. Eu sei bem que Cornélio está tampando seus olhos de propósito, pois não quer ser responsabilizado pelo retorno de Voldemort. Por isso, devemos evitar ao máximo que tudo isso seja descoberto. – disse paciente.

         - E qual seria sua idéia para omitirmos isto? – perguntou a Sra. Figg.

         - A criação de uma ordem secreta! – anunciou Dumbledore.

         - Uma ordem? Uma idéia brilhante, eu diria! – elogiou a Sra. Figg.

         - E como poderíamos nos comunicar? Devemos dar um nome a ela – disse Lynn Winter. – Qual seria o nome para a ordem de proteção ao mundo contra Voldemort?

         Enquanto a maioria pensava em um bom nome, Dumbledore ficou pensativo, relembrando de algo em sua manhã do dia anterior.

         - A Ordem da Fênix! – disse Dumbledore animadamente de repente.

         Todos se entreolharam. E ficaram satisfeitos. Ao final da reunião, a Ordem da Fênix estava formada, com o objetivo de proteção do mundo contra as forças de Voldemort. Alastor Moody levantou-se e perguntou seriamente a Dumbledore:

         - Senti a falta do professor de Poções, Severo Snape. Onde está ele em uma hora dessas?

         - Está em uma missão especial passada por mim. – respondeu o diretor, suspirando levemente.

         - Que tipo de missão? – indagou Matt.

         - Como devem saber, o professor Snape era um Comensal da Morte, então ele está em meio aos antigos amigos e disfarçou-se para conseguir mais informações sobre Voldemort e seus planos.

         - E você acha que ele é de confiança? – duvidou indiscretamente Mundungo, com seu tom prepotente.

         - Eu deixei a vida de minha neta nas mãos dele durante dez anos. Se o senhor acha que esta não é prova o bastante de confiança, então me diga qual seria. – respondeu Dumbledore com sutileza.

         - Claro! – exclamou Fletcher. – Havia me esquecido de sua neta! Devemos ou não fazer algo a respeito? Afinal, tudo poderá trazer um grande perigo para os alunos.

         Dumbledore levantou-se de sua cadeira e disse ríspido:

         - Se o senhor pretende tirar minha neta de alguma forma de Hogwarts ou de perto de mim, vai perder seu tempo, pois eu não permitirei!

         Sirius resmungou algo e Dumbledore lançou um olhar fatal e muito impaciente ao padrinho de Harry. Fletcher ajeitou-se na cadeira e voltou a falar.

         - Sem problemas, Alvo. Só disse que isso pode ser perigoso. E você sabe disso, não sabe? – instigou o velho.

         Dumbledore nada respondeu. Mais tarde, quando todos deixavam a sala do diretor, Lupin parou e perguntou para o diretor:

         - De onde vem este nome?

         - Que nome? – indagou o diretor, que depois da discussão que tivera com Fletcher, desligara-se de todos.

         - Ordem da Fênix – disse Lupin, curioso. – É um nome forte e brilhante.

         Dumbledore seu uma risada tímida e respondeu:

         - Achei que seria um bom nome por dois motivos. Primeiro, a fênix é o animal que renasce das cinzas, é imortal. E será assim a nossa ordem. Não importa o quê aconteça sempre lutaremos até o fim, nem que tenhamos que morrer e renascer das próprias cinzas.

         - E o segundo?

         - Por que é o animal que protege a minha neta, Ametista, e que protegeu Harry muitas vezes. Eles precisarão de muita proteção. – disse Dumbledore, finalizando a conversa.