CAPÍTULO DEZOITO – O JULGAMENTO
No dia seguinte, logo de manhã, as garotas do quarto de Gina começaram a reclamar. Uma coruja negra piava e batia com a perna no vidro coberto por uma leve camada branca, desesperada do lado de fora, congelando no frio. Gina levantou de súbito e abriu a janela, entrando uma leve brisa. A coruja deixou que a garota retirasse a carta de sua perna e saiu voando rapidamente. Gina foi ao banheiro e abriu cuidadosamente o papel. Era o quê esperava.
Querida Gina,
O que aconteceu com você? Eu fiz algo de errado? Por favor, precisamos conversar! Responda-me logo para resolvermos este problema. Sonhei com você a noite toda! Espero sua resposta.
Draco
Gina sorriu ao ler as palavras escritas por Draco. Porém, estava muito envergonhada ainda. E confusa. Não sabia bem como se portar diante de Draco depois do ocorrido na biblioteca. Sem contar a dúvida de seus sentimentos. Ao contrário de Draco, ela havia sonhado a noite toda com Harry, e não com ele.
Tomou um banho rápido e desceu para a sala comunal. Não havia ninguém, então saiu para o corujal. Escreveu uma rápida resposta para Draco, dizendo que o encontraria na biblioteca depois do jantar. Voltou para a sala comunal e pegou um de seus livros para ler. Na verdade, não conseguiria ler. Harry não saía da sua cabeça.
Pouco depois, Hermione descera com o cabelo armado, como se tivesse enfrentado uma guerra.
- Olá Gina – cumprimentou cansada. – Tudo bem?
- Tudo – respondeu em baixo tom. – O que aconteceu com você?
- Uns garotos ou, eu diria diabinhos, do segundo ano. Não sei como Percy agüentou por tanto tempo ser monitor desta Casa! – resmungou.
Gina riu ligeiramente. Vendo o jeito descontraído de Hermione, pensou se seria uma boa idéia abrir o jogo com a garota. Seria bom se ela soubesse que havia dado seu primeiro beijo. O problema era que fora com Draco Malfoy. "Como seria a reação dela?", pensava, observando-a.
Logo depois, Rony desceu e cumprimentou Hermione. Mas Gina não. Ela já esperava isso. Depois da breve discussão do dia anterior, era mais do que natural Rony não olhar na sua cara.
- Hoje eu vou mandar uma carta para minha mãe – dizia Rony em alto tom, propositadamente para Gina ouvir. – contando como as coisas estão indo por aqui, Mione. Ela não vai gostar nem um pouco.
Gina enfureceu-se.
- Ai Rony! Deixe de ser criança! Tudo o que acontece agora você vai contar para a mamãe é!
Hermione afogou uma gargalhada. Rony começou a ficar vermelho.
- Vou contar para ela sim! Assim você abaixa essa bola comigo! – retrucou Rony.
- Ai mamãe! A Gina me mandou ir para o inferno! Bate nela! – imitava Gina como Rony falaria com a mãe.
Hermione soltou uma alta gargalhada neste momento. Rony olhou incrédulo para a amiga, que não parava de rir.
- Ah! Vão todas vocês procurarem o que fazer! – resmungou e saiu da sala comunal.
De repente, Harry apareceu atrás de Hermione.
- Qual é a graça? – indagou curioso.
Gina paralisou. Sentiu que ficara corada.
- Você perdeu, Harry! – dizia Hermione rindo freneticamente. – Gina estava imitando o Rony agora mesmo. Foi realmente engraçado ver a cara dele!
Harry franziu a testa. Olhou para Gina, que subiu para o quarto correndo. Hermione percebeu e foi parando de rir aos poucos.
- Qual o problema dela? – perguntou Harry sem entender a saída apressada da irmã do seu amigo.
***
Após o jantar, Gina caminhou até a biblioteca. Estava trêmula e suava frio. Já sabia bem o quê iria dizer a Draco. Sentou-se na última mesa, bem ao canto. Pouco depois, viu Draco se aproximando. O garoto trazia nos lábios um grande sorriso. Gina ajeitou-se na cadeira. Draco parou ao seu lado e deu um leve beijo em sua bochecha direita. Gina sorriu.
- Você poderia me explicar o que foi aquilo ontem à noite? – pediu Draco agitado.
Gina engoliu em seco.
- É uma longa história, Draco.
- Pode acreditar, eu estou bem disposto a ouvi-la. Não sei por você, mas eu queria muito que aquilo fosse especial! – disse rancoroso.
- Eu também! – concordou Gina nervosa. – Foi o meu primeiro beijo. São coisas que nós nunca esquecemos.
- Pois então, Gina! Qual é o problema? Eu fiz algo errado?
Gina abaixou a cabeça. Sentia uma dor tão grande no peito que a qualquer momento poderia estourar.
- Eu imaginei que você também quisesse. – disse Draco em tom baixo.
- E eu queria, Draco. Mas é que foi uma surpresa muito grande. Foi totalmente inesperado. Eu acho que não estava preparada. – tentou explicar Gina meio apressada.
- Então o que aconteceu para você fugir daquele jeito? – perguntou o garoto receoso.
Gina havia ensaiado aquilo durante o dia todo. Entretanto, as palavras faltavam no momento.
- Draco, você já gostou de alguém? – indagou sem jeito.
- Como assim? – questionou confuso.
- Você já sentiu uma coisa forte dentro de você que, quando você vê esta pessoa, surge um frio na barriga, você sente que está corado, suas mãos ficam geladas?
Draco respirou fundo.
- Acho que não. – respondeu meio sem certeza.
- Foi o que eu imaginei...
- Por que você está me perguntando isto? – indagou Draco, perdido.
"O plano não pode dar errado!", pensou Draco, rapidamente.
Gina sabia que aquele era o momento que tanto esperava. Iria fazer o que achava que era certo, mesmo que talvez não fosse tão certo assim.
- Eu já gostei de alguém.
Draco sentiu um balde de água gelada caindo na cabeça.
- Do Potter, não é? – desconfiou, mudando a postura. Agora estava frio, com a voz cortante.
Gina confirmou com a cabeça. Os dois ficaram quietos por alguns segundos. Draco então disse:
- Você ainda gosta dele.
Gina deixou algumas lágrimas caírem de seus olhos.
- Acho que sim.
Draco nada respondeu. Saiu andando depressa, quase correndo da biblioteca. Não queria demonstrar qualquer tipo de emoção, na verdade, decepção, na frente de Gina. Apenas saiu.
Gina ficou sentada durante alguns minutos ainda. As lágrimas corriam sobre sua face. Ela não conseguia controlá-las. Repentinamente, um forte arrependimento caiu sobre seus ombros.
Voltando para a sala comunal, encontrou Ametista sentada no parapeito da enorme janela. Todos já haviam subido para dormir. Apenas ela ainda permanecia ali. Estava pensativa. Apoiava a cabeça no vidro, observando as estrelas brilharem no céu estrelado. As aulas recomeçariam no dia seguinte e ela nem sabia quais aulas teria. Sua mente estava longe, estava em outro lugar, em outra pessoa. Assustou-se ao ver Gina passar depressa.
- Gina? – chamou curiosa.
A garota parou e permaneceu assim. Estava de costas para a amiga, tentava controlar o choro.
- Onde você estava? – indagou Ametista.
Gina continuou calada.
- Você foi ver o Malfoy, não foi? – supôs de repente.
Imediatamente, Gina recuou alguns passos e caiu no sofá. Chorava como uma criança. Ametista surpreendeu-se e sentou ao seu lado.
- O que foi que aconteceu? Me fala, Gina! – pedia desesperada.
Gina, em meio aos soluços, tentava explicar, mas nada saía. Ametista só pôde entender uma frase.
- Eu falei ao Malfoy que ainda gostava do Harry.
***
Passaram-se três semanas. Harry contava nos dedos o dia do julgamento de Sirius. E ele chegara. No dia seguinte, iriam até a sede do Ministério da Magia em Londres, para a libertação do padrinho. Já era hora do jantar e todos estavam reunidos no salão principal. Dumbledore levantou de sua cadeira, lentamente, e começou a falar:
- Queria dar um recado a todos vocês. Provavelmente, amanhã eu e outros professores nos ausentaremos para um importante compromisso, então será normal que algumas aulas sejam canceladas.
A rotineira exaltação por parte dos estudantes já era esperada. Harry e outros grifinórios sabiam bem o motivo da saída repentina dos mestres de Hogwarts.
- Estaremos de volta no mesmo dia. Enquanto isso, a professora Minerva McGonagall assumirá a direção de Hogwarts.
Rony ouvira o recado com atenção, mas percebera que havia alguém vigiando os passos dos amigos. Na mesa da Sonserina, Draco Malfoy tinha a atenção voltada totalmente ao grupo. Era como se soubesse que seria no dia seguinte o julgamento de Sirius.
- Eu sinceramente preferia o Malfoy de antes – comentou em meio aos comentários da turma. – Ele anda muito misterioso.
Gina imediatamente levantou os olhos na direção de Draco. O garoto tinha o olhar frio e raivoso.
- Como assim? – indagou Hermione.
- Pelo menos antes o ódio que ele sentia por nós era declarado. Agora ele parece que fica nos observando. Isso incomoda muito mais. – reclamou Rony pigarreando ao final.
Ametista olhou para Gina, que sentara em sua frente, e voltou a tomar a sopa de espinafre.
- Nem o Malfoy vai me tirar do sério! – festejou Harry, que andava tenso fazia alguns dias.
Draco esquivou-se completamente de Gina após a breve conversa na biblioteca. Ele sabia que, se ela chegasse e pedisse perdão, ele voltaria a ser seu amigo, ou até mais. Porém, além de orgulhoso, Malfoy lutava contra Harry Potter novamente. Evitava então todo o tipo de aproximação com a turma da Grifinória. Fechou-se. Entretanto, tinha um plano bem melhor.
Voltando para a torre da Casa, Gina avistou Draco de longe. Aquela dor no peito acompanhou o caminho que o garoto tomava. Ela ainda pensava no menino, ainda desejava voltar no tempo, mas ainda sabia que gostava de Harry, e não dele.
No dia seguinte, logo cedo, Harry desceu as escadas do dormitório masculino, ligeiramente. Encontrou Ametista na sala comunal. Apesar de ter passado praticamente um mês desde o ocorrido no Natal, Harry ainda sentia-se incomodado, e até envergonhado, diante da garota. Ela então, foi distanciando-se automaticamente. Nos últimos dias, mal chegaram a se falar.
- Bom dia, Ametista. – cumprimentou meio sem jeito.
- Bom dia, Potter – respondeu olhando nos olhos do menino, como de costume. – Muito nervoso?
- Mais ou menos – respondia tentando desviar o olhar. – Eu estou feliz, aliviado. Só espero que tudo de certo.
Ametista levantou-se e parou na frente de Harry.
- Estarei aqui torcendo por um bom resultado. – disse ela formal.
- É engraçado – dizia Harry concentrado nos olhos azuis da amiga. – Mesmo o meu padrinho sendo grosso com você ou implicante, ainda assim quer que ele saia livre.
Ametista que há pouca parecia amistosa, fechou a cara.
- Eu não desejo o mal de Black! Só o seu mal mesmo! – respondeu ríspida.
Ametista nem deu chance para Harry respondeu, e subiu as escadas para o dormitório feminino. Harry sentiu-se corar de raiva como antigamente. Ela voltou a ser irritante e arrogante. Sentou no sofá e esperou até que Rony e Hermione descessem, já que iam ao Ministério também.
***
À frente do enorme prédio do Ministério da Magia em Londres, repórteres loucos espremiam-se por uma entrevista com algum dos envolvidos no caso Sirius Black. Harry, Rony e Hermione foram em um outro carro mágico, para evitar tumultos em cima das crianças. Acompanhando Sirius, estavam Lupin, Arabella, Snape e Dumbledore. Encontraram-se com os três jovens no saguão de entrada e entraram na primeira sala juntos. Encontraram, logo de cara, o ministro da Magia, Cornélio Fudge.
- Cornélio, como vai? – cumprimentou Dumbledore educadamente.
- Muito bem. As coisas andam calmas aqui no Ministério. – disse o ministro, provocativo.
Dumbledore acenou com a cabeça. Logo atrás do ministro, apareceu Lynn Winter, a assistente de Mundungo Fletcher, o chefe de Espionagem do Ministério. A bonita moça trocou olhares com Sirius rapidamente.
- Senhores, queiram esperar somente alguns minutos para o início do julgamento do Sr. Black. – avisou gentilmente.
Sirius suava frio. Não dormira a noite toda, as idéias confundiam-se na sua mente. Arabella sentara-se ao seu lado e passava a mão em seu braço esquerdo em forma de consolo. Harry estava calado, enquanto Hermione e Rony conversavam com Lupin. Snape escolhera um lugar ao canto para descansar. Se fosse por ele, não estaria lá por nada. Não ajudaria Black por nada. Pouco depois, a Srta. Winter entrou novamente na sala.
- Podem todos entrar. Por favor, não esqueçam de que estão em um tribunal, por tanto não atrapalhem o andamento do julgamento. – pediu calmamente, guiando os envolvidos para a área seguinte.
A sala era extensa. Em seu centro, havia uma única cadeira e envolta, outras tantas. O âmbito já estava ocupado por algumas pessoas como os aurores, representantes do Ministério, como Mundungo Fletcher e seu filho, a Sra. Figg e outros. Lynn não permitiu que Sirius entrasse junto com os amigos. Foi obrigado a esperar. Enquanto isso, o homem andava de um lado a outro. Lynn o observava atentamente. De repente, Sirius virou-se para a moça. Reparara que ela o encarava desde a primeira vez que se viram. Sirius e Lynn sentiram-se corar. Ele, por sua vez, respirou fundo e ficou pensativo por um momento. Fazia quinze anos que não corara ao olhar para uma mulher.
Harry, Rony, Hermione, Snape, Lupin, Arabella e Dumbledore sentaram-se nas cadeiras restantes, enquanto o ministro da Magia, Cornélio Fudge, sentava-se à mesa mais ao alto da sala. Rony pôde ver no extremo da área, o pai e o irmão, Percy. Arthur acenou ligeiramente, enquanto Percy tomava a postura calada e atenta. Rony não ligou.
- Que entre o acusado, Sirius Black. – ordenou Fudge sério.
Sirius entrou acompanhado por Lynn. Vários presentes levantaram-se rapidamente para conseguir ver a figura famosa de Sirius Black. Um dos bruxos mais temidos do mundo mágico estava ali, diante de todos, tentando garantir sua liberdade e reabilitação como bruxo. Sentou-se na cadeira ao centro da sala.
- Neste tribunal, serão apresentadas as provas de inocência do acusado. O Sr. Black é acusado de Defesa da Arte das Trevas, proteção aos Comensais da Morte, assassinato de doze trouxas e um bruxo, Pedro Pettigrew – Sirius contorceu-se ligeiramente ao ouvir o nome. – em uma avenida em Londres e de cúmplice na morte de Lílian e Tiago Potter.
Harry arrepiou-se. Cornélio Fudge prosseguiu:
- Pode começar quando quiser, Sr. Black – disse em tom de desdém. – Eu e os máximos representantes do Ministério da Magia daremos a sentença.
Sirius pigarreou e começou. Levantou-se da cadeira e deu uma olhada geral em todos os presentes.
- Estou aqui, disposto a mostrar para todo o mundo mágico que me classificou como o pior prisioneiro de Azkaban, como um perigo para trouxas e bruxos e até mesmo de doido – e deu uma leve olhada no ministro. – que não sou, e nem nunca fui, Sirius Black, o assassino, o partidário de Voldemort – vários no tribunal tremeram. – o frio e calculista homem que ajudou a matar os melhores amigos e que um dia queria vingança sob o afilhado.
Lupin sorriu para Harry, que se animou.
- Posso provar todas as acusações que foram colocadas sobre mim de uma vez só. Tenho algumas testemunhas que ajudarão a esclarecer os fatos.
- Pode chamar as testemunhas. – concordou Cornélio relutante.
Lynn, que estava sentada ao lado da porta dianteira, levantou-se e chamou devagar:
- Que se aproxime o senhor Remo Lupin.
Lupin levantou e caminhou até a senhorita. Ela o acompanhou até a cadeira postada no centro da sala, onde Sirius sentara há pouco.
- Sr. Lupin – começou Sirius seriamente. – Você poderia nos dizer quem é, o que faz, o que o traz a este tribunal? – pediu calmamente.
- Meu nome é Remo J. Lupin – começou com o costumeiro calmo tom. – e eu trabalho atualmente como professor de Defesa Contra a Arte das Trevas na Escola Hogwarts. Venho a este tribunal relatar minha vida com o acusado.
Sirius sentia-se feliz por ter um amigo tão fiel ao seu lado. Lupin sempre fora o mais coerente dos amigos e o mais inteligente.
- Quando conheceu o acusado?
- Quando entrei em Hogwarts. Fomos selecionados para a mesma Casa, a Grifinória, juntamente com Tiago Potter e Pedro Pettigrew.
- Mantinham que grau de relações?
- Éramos muito amigos. Nós quatro formávamos um grupo e tanto. – lembrava Lupin.
- Pelo que fora brevemente citado, vocês eram extremamente unidos em Hogwarts. Mas como se tornou à relação entre vocês após a saída da Escola? – perguntara Sirius.
- Continuara a mesma. Apenas pelo ligeiro afastamento de Pedro.
- Afastamento?
- Sim. Após Hogwarts, alguns de nós casaram – dizia Lupin, fazendo Harry ficar curioso. Imaginava que apenas seu pai havia se casado da turma. – e conseguimos trabalhos. Eu, por exemplo, tornei-me especialista nas Artes das Trevas, Tiago tornou-se auror e Sirius trabalhava no Ministério da Magia...
- Seu pai fora auror, Harry? – indagou Hermione espantada.
- Isso nem eu sabia. – respondeu surpreso.
- Enquanto Pedro – continuava Lupin. – não arranjara nenhum trabalho específico.
- Houve algum acontecimento que fizera o senhor perceber algo de estranho com o Sr. Pettigrew? – indagou Sirius.
- Sim, mais exatamente no dia do casamento de Tiago e Lílian – Harry abrira bem os ouvidos. – Após a cerimônia, todos nós nos reunimos no jardim da casa dos noivos. Porém, Pedro sumiu e voltou somente horas depois, quando a festa quase terminara. Achei estranho, pois ele não avisou ninguém. No dia seguinte, ficamos sabendo que três aurores haviam sido mortos exatamente no horário em que Pedro estava ausente.
- Você chegou a comentar algo com alguém?
- Sim, comentei com o senhor Black. Ficamos na dúvida, mas preferimos nada dizer a Tiago, já que havia casado há poucos dias. – respondeu Lupin.
- Muito obrigado pelo depoimento, senhor Lupin. – agradeceu Sirius contente.
Lupin saiu da cadeira e caminhou de volta para onde estava sentado antes, ao lado de Harry. Ao sentar-se, Harry agarrou seu braço.
- Meu pai foi um auror? – perguntou desesperado por informações de seu pai.
Lupin deu um sorriso satisfeito e orgulhoso.
- Sim. Nós ajudamos seu pai e ele conseguiu se tornar um auror.
Harry sorriu, feliz. Um repentino orgulho surgiu dentro do seu coração. Seu pai então havia lutado bravamente contra as investidas de Voldemort e seus partidários.
- Que se aproxime o senhor Alvo Dumbledore. – disse a Srta. Winter.
Dumbledore levantou-se da cadeira ao lado de Arabella e caminhou até Lynn. Ela o guiou até cadeira central.
- Senhor Dumbledore, diretor da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts – dizia Sirius. – Poderia nos dizer como era o desempenho do grupo de alunos da Grifinória em questão?
Dumbledore olhou para Fudge, que se ajeitou na cadeira e começou:
- Os quatro alunos foram escolhidos para a Casa Grifinória. Remo Lupin sempre fora o mais empenhado e inteligente, mas também era terrível, assim como Tiago Potter e Sirius Black. Os dois eram muito parecidos, inteligentes e agitados. O comportamento dos três sempre fora um grande problema para mim – Harry sorria. – Também havia Pedro Pettigrew, o quarto dos estudantes.
- E como era a sua posição como estudante? – perguntara Sirius.
- Era o menos inteligente e não tinha, vamos dizer, o talento que os outros três. Sabia que eram muito amigos, mas sempre notei que Pettigrew vivia atrás dos três.
- Houve algum motivo para que desconfiasse da postura do senhor Pettigrew?
- Como disse antes, como aluno, nunca fora um dos melhores. Potter, Lupin e Black se destacavam muito mais do que ele – contava lentamente. – Foi quando dei um recado sobre as inscrições para as vagas no Ministério da Magia que notei que havia algo de errado com o garoto – a platéia já se concentrava curiosa. – Sem querer, quando Potter e Black foram colocar seus nomes nas listas para as vagas, Pettigrew disse que de nada valia aquilo.
- Por favor, senhor Dumbledore. Explique-nos melhor esta frase. – pedia Sirius ao ver certa reação dos presentes.
- Dizia que Voldemort era muito mais forte do que todo o mundo mágico junto e que, um dia, ele reinaria e todos nós teríamos de nos curvar diante de seu poder e dominação. – explicou Dumbledore.
Uma onde de murmúrios surgiu em todos os cantos da sala. Seria o começo de uma reviravolta no caso Black. Na verdade, o herói fora Sirius e o traidor fora Pettigrew.
- O senhor não tomou nenhuma atitude diante desse fato? – indagou Sirius seriamente.
- Não. Talvez fosse uma brincadeira dele. Apenas mais tarde, fui me arrepender do feito. – completou Dumbledore ligeiramente desapontado.
- Muito obrigado, Alvo Dumbledore. – agradeceu Sirius.
Cornélio começara a ficar confuso diante de tanta informação nova em sua cabeça.
- Recesso. Durante meia hora. – anunciou confuso.
Harry e os outros foram em direção a Sirius, que suspirava.
- Acho que estamos com muitas chances, Harry! – dizia alegre.
***
Aproveitaram para tomar um chá no bar do Ministério da Magia. Sirius sentia-se perto da liberdade. Dumbledore mantinha-se sério e Lupin exibia um sorriso ao relembrar de acontecimentos do passado. Arabella seguia ao lado do diretor em seu tom seco característico. Era curioso, pois dependia do dia a reação da professora com as pessoas. Harry e Hermione foram até o balcão pedir as bebidas, enquanto Arthur e Percy Weasley se aproximavam para conversar com Rony e os outros. Apenas Snape sentou isolado do resto do grupo.
- Você acha mesmo que ele vai cooperar? – indagava Sirius ao diretor.
- Tenho certeza que sim, Sirius. – respondia Dumbledore seguro.
Chegara o Sr. Weasley estendendo a mão para Sirius.
- O senhor está indo muito bem. – cumprimentou educado.
Sirius sorriu. Percy relutou a falar com o padrinho de Harry. Ainda defendia o ponto de vista de Cornélio Fudge. Harry vinha chegando com Hermione e sentou-se ao lado de Lupin e Sirius.
- Então, vamos esclarecer umas coisas.
Lupin e Sirius entreolharam-se curiosos.
- Meu pai era um auror e vocês nunca me disseram nada. – disse fingindo estar bravo.
- Harry, sua mãe achava que seria uma profissão muito perigosa, mas tanto eu quanto Remo o incentivamos a batalhar pelo que queria. – explicou Sirius.
- Ele era um bom auror? – perguntou ansioso.
- Um dos melhores, eu diria. – respondeu Arthur entrando na conversa.
Harry sorriu satisfeito.
- E eu tenho mais perguntas. – disse em tom de mal humorado.
- Faça. – dizia Lupin querendo rir.
- Você disse no seu depoimento que vocês arranjaram trabalhos e alguns até casaram – via-se a expressão séria de Sirius e Lupin ao ouvir as palavras de Harry. – Quem casou, além dos meus pais?
Lupin pigarreou alto e Sirius começou a tossir como se estivesse engasgado de alguma maneira.
- Vamos, me respondam. – pedia o garoto indiscreto.
Sirius e Lupin trocaram um rápido olhar e Sirius respondeu muito rápida e rispidamente.
- Muita gente se casa, Harry! E chega dessas perguntas.
Após o chá, a Srta. Winter invadiu o bar avisando que a sessão voltaria naquele momento. Todos se levantaram e voltaram para a sala do julgamento. Sirius começou a tremer e suar frio.
Cornélio Fudge já estava sentado em sua mesa quando Sirius pôde entrar na área.
- Que a sessão recomece. – anunciou o ministro.
Sirius, de pé, deu uma piscada a Lynn. Ela sorriu.
- Queira se apresentar o senhor Severo Snape.
Snape levantou de seu lugar e caminhou até a jovem. Hermione via a cena atentamente e cochichava com Rony.
- Isso é para ficar gravado – dizia ela ao amigo. – Snape ajudando Sirius Black, parece até brincadeira.
- E onde está Ametista para ver isso? – disse Rony em tom gozador.
- É – concordou. – Mas o Dumbledore não a deixou sair do castelo. Que estranho, hein!
Snape andava até a cadeira localizada no centro da sala. Sirius começou o interrogatório:
- Poderia nos dizer sua ocupação no momento?
- Sou Severo Snape – dizia ele profundamente mal humorado. – professor de Poções na Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts.
Passava na cabeça de Sirius as malandragens feitas com os garotos da Sonserina em seu tempo de Hogwarts. Atrapalhar a vida de Snape sempre fora um de seus passatempos preferidos.
- Como era sua relação com o acusado?
Snape matinha a voz seca e cortante, assim como a desafiadora postura.
- A pior possível. – respondeu secamente e cheio de rancor.
Os presentes surpreenderam-se. O que estaria fazendo um homem que odiava o acusado ali? Defendê-lo, não mesmo!
- Explique-nos melhor. – pedia Sirius prazeroso.
- Eu estudei na mesma época que o acusado e os envolvidos de uma forma ou outra em seus crimes – Sirius contorceu o rosto ao ouvir a discreta acusação de Snape. – Porém, havia um pequeno empecilho entre nós: eles eram da Grifinória e eu da Sonserina. Isso pode provocar, na mente de todos vocês aqui presentes, o tipo de relação que havia entre eu e Black, Pettigrew, Lupin e Potter. – ele finalizou a fala com mais ódio que nunca.
- Quando você fala, se me permitir, parece que tem raiva, ódio dos envolvidos na história – provocava Sirius. – Por quê?
Snape apertou os olhos.
- Porque vocês quase me mataram uma vez, se não se recorda, senhor Black. – disse sarcasticamente.
O Sr. Fudge pigarreou alto e interrompeu o depoimento de Snape.
- O senhor poderia nos explicar melhor este fato? Esta é uma acusação muito séria. Seria mais uma para suas costas, Sr. Black.
Sirius fechou a cara. Virou-se para Snape, que parecia sorrir.
- Com prazer, senhor Fudge – e Snape contou todo o ocorrido com o Salgueiro Lutador na época em que eram alunos. – E é essa a história.
- Com licença – pediu Sirius furioso. – O senhor esqueceu de um pequeno detalhe. Tiago Potter o salvou!
Snape ajeitou-se na cadeira. Cornélio, que já estava gostando de ter mais uma acusação em cima de Sirius, desanimou-se. Aquilo poderia muito bem inocentar Black.
- Voltando ao julgamento – dizia Sirius mais calmo. – Houve mais algum fato que o senhor tenha passado junto com o acusado? Um fato mais recente.
Sirius encarava Snape fortemente. Era incrível o ódio que existia entre os dois. Harry rezava que nenhum se alterasse dentro do Ministério, pois não sobraria ninguém para contar o acontecido.
- Há quase dois anos, o acusado fugiu de Azkaban – começava Snape contrariado. – Diziam que queria vingar-se do afilhado, Harry Potter – o professor parecia ter nojo de pronunciar o nome do garoto. – O fato ainda foi reforçado diante de uma invasão de Black ao quarto do garoto. Porém, o seu companheiro de dormitório, Ronald Weasley, começou a fazer um escândalo – Rony fechou a cara. – e ele fugiu.
- Então o senhor Black invadiu mesmo Hogwarts com a intenção de matar o filho de seu melhor amigo? – interrompeu novamente Fudge.
Snape bufou desapontado.
- Na verdade, não. Sim, ele invadiu Hogwarts, mas não para matar o afilhado. Ele estava à procura do rato de Ronald Weasley.
- Do rato? – ouvia-se centenas de murmúrios.
- Silêncio! – gritou Cornélio Fudge.
- O que ninguém sabia era que o rato, era na realidade, o dado como morto e herói, Pedro Pettigrew. – completou Snape.
A reação foi geral. Todos ficaram impressionados com a revelação de Snape. Era visível a decepção do mestre em ajudar Sirius, mas era preciso. Cornélio Fudge apresentava-se profundamente surpreso.
- Como o senhor pode ter certeza? – indagou o ministro.
- Eu estava lá, eu vi Pettigrew na minha frente. – afirmou Snape convicto.
Harry lembrou-se que quando Rabicho apareceu, Snape estava desmaiado. Estaria então, mentindo por Sirius?
- Isso era o quê diziam os garotos na ocasião. Você mesmo disse que Black havia aplicado um feitiço de confusão nos envolvidos. – lembrava Fudge, que esteve em Hogwarts na noite do acontecido.
- Sim, porém eu afirmei aquilo, na verdade, criei uma própria história, para incriminar injustamente este homem – e apontou para Sirius. – que tanto prejudicou a minha vida.
Todos ficaram mais surpresos ainda diante das revelações de Snape. Ali, ele estava abrindo o jogo totalmente. Estava mostrando sua verdadeira imagem, sua postura.
- Mas ainda assim, não tenho provas de que Black não era um servo de Voldemort e que não matou aqueles trouxas, Pettigrew e os Potter. – insistia Fudge nervoso.
- Tem algo mais a dizer, senhor Snape? Algo que queria acrescentar? – indagou Sirius, pressionando Snape visivelmente.
Chegara o momento. Aquilo poderia acabar com toda a reputação e vida cultivada por Severo Snape. Mas o combinado havia sido feito e teria de cumpri-lo, por mais que relutasse.
- Eu sei que Pettigrew era um servo de Voldemort. – disse convicto.
Todos se entreolharam. Harry e Rony sentiam-se perdidos. Hermione não podia acreditar. Ela já havia entendido.
- Como? – interrogou Sirius tremendo.
Snape olhou ao redor, sem demonstrar o mínimo de emoção ou mesmo nervosismo. Respondeu naturalmente:
- Eu era um Comensal da Morte.
A sala irrompeu-se em gritos, murmúrios, zumbidos. Um professor com tal reputação, fora um dia servo do Lord das Trevas.
- Mas o senhor não tinha sido inocentado pelo Conselho? – perguntou o ministro confuso e desacreditado.
- Eu fui um Comensal da Morte, um servo de Voldemort. – confirmou Snape ainda sem mostrar qualquer tipo de reação. – Fui inocentado uma vez com o depoimento de Alvo Dumbledore diante do Conselho, porém minhas atividades com Comensal foram muito piores e duraram muito mais.
- Mas isso é impossível! Dumbledore não iria defendê-lo sabendo que continuava a ser um deles! – vociferou Fudge incrédulo.
Snape levantou-se de repente e levantou a manga comprida que cobria o antebraço esquerdo. Todos puderam ver a Marca Negra tatuada no professor. E ela brilhava, brilhava como nunca brilhara antes.
- Não posso acreditar! – gritavam os aurores em protesto.
- Eu não podia parar – completou. – Sabia que Voldemort possuía um servo disfarçado. Desconfiava de vários, mas Black nunca esteve em minha lista. Poucos dias antes do ocorrido com os Potter, fiquei sabendo que o informante era alguém muito próximo dos procurados. O único que se encaixava no perfil de informante era Pedro Pettigrew. Nunca tivera talento para nada, um peso para os três mais inteligentes e encrenqueiros de Hogwarts. Então Voldemort anunciou a todos nós que na noite seguinte, iria até os Potter, graças a Pettigrew.
Harry sentia-se corroer por dentro. Snape sabia de tudo e nada fez para evitar a morte de seus pais. Odiava aquele homem mais do que nunca.
- Quando fiquei sabendo que Black fora preso acusado de ser um servo de Voldemort, e não Pettigrew, dado como morto, nada fiz, já que seria minha doce vingança sobre este verme. – terminou raivoso.
Sirius pulou para cima de Snape. Agarrou-lhe pelo colarinho e começou a gritar como um louco.
- VOCÊ SABIA QUE TIAGO E LÍLIAN IRIAM MORRER E NADA FEZ! DEPOIS, DEIXOU-ME APODRECER EM AZKABAN POR UM PURO CAPRICHO! O ÚNICO VERME QUE TEM AQUI NESTA SALA É VOCÊ! – berrava Sirius revoltado.
Logo, os guardas do Ministério chegaram e separaram Sirius de Snape. O professor fora dispensado e Fudge pediu dez minutos para refletir sobre o quê havia acontecido há pouco. Todos ainda permaneciam na sala de julgamento, incrédulos.
Pela primeira vez, Harry vira Lupin sair do sério. Dumbledore e Arabella tinham um trabalho e tanto para segurarem tanto Sirius, quanto Lupin. O garoto sentia-se perdido. Rony tentava acalmar Lupin, enquanto Hermione apenas observava o olhar de prazer de Snape diante da confusão que causara. O sangue subia-lhe à cabeça e não podia fazer nada. Logo, Cornélio voltou de sua sala restrita e deu um sinal de positivo a Lynn Winter.
- O julgamento recomeçará agora! – anunciou a jovem calmamente.
Sirius levantou-se novamente e, agora um pouco mais sereno, confirmou algo com a cabeça.
- Apresente-se o senhor Joseph Fletcher.
O bonito jovem foi até a assistente, que o acompanhou até a cadeira no centro da sala. Sirius começou perguntando sua função e pediu que contasse o episódio no Caldeirão Furado. Todos ficaram novamente surpreendidos com a história do filho do chefe do departamento de Espionagem do Ministério da Magia. Terminado o depoimento, Lynn chamou pela última vez.
- Aproxime-se a última testemunha, a Srta. Arabella Figg. – pediu Lynn.
A professora levantou-se e caminhou até a Srta. Winter, que a levou até a cadeira central. Sirius suspirou e começou:
- Qual a sua atual ocupação? – perguntou.
- Sou Arabella Figg e atualmente sou professora de Aparatação da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts.
- Como era a sua relação com os envolvidos no caso? – perguntou Sirius esperançoso novamente.
- Éramos amigos em Hogwarts – dizia Arabella, fazendo Harry ficar bem curioso. – Todos nós estudávamos na Grifinória.
Hermione encontrou o olhar com o de Harry e os dois franziram a testa, admirados.
- "Todos" quem? A senhorita poderia explicar melhor? – pediu Sirius.
- Eu tinha duas amigas, Hariel Dumbledore e Lílian Potter – Rony, Harry e Hermione ficaram boquiabertos. – Nós éramos inseparáveis. Porém, havia um grupo de meninos que eram extremamente irritantes conosco.
- Presumo que sejam Potter, Black, Lupin e Pettigrew. – disse Sirius alegremente.
Arabella sorriu.
- Precisamente. Era impossível! Eles nos perseguiam. Porém, fomos ficando mais velhos e vimos que de nada adiantava ficar brigando. Acabamos amigos, no final do terceiro ano. A turma uniu-se ainda mais quando dois de nossos amigos começaram a namorar: Lílian e Tiago.
Harry sorriu levemente. Isso era novo para ele. Arabella continuou:
- Já estávamos completamente unidos no final do sétimo ano, quando saímos de Hogwarts.
- E como foi a relação de vocês pós-Hogwarts? – indagou Sirius.
- Pouco depois, Lílian e Tiago, que já eram noivos, casaram-se e convidaram Hariel e o acusado, Sirius Black para serem padrinhos de casamento.
Harry virou-se para Dumbledore, que sorriu.
- Então eram mesmo unidos? – insistia Sirius.
- Muito amigos mesmo, já que Sirius Black e eu fomos escolhidos como padrinho e madrinha do primeiro filho deles, Harry Potter. – disse com muito orgulho.
Harry espantou-se:
- Arabella é minha madrinha?! – gritou, sem a intenção, emocionado.
A mulher virou-se para trás e cruzou o olhar com o de Harry. Ele esforçava-se para não correr até ela. Sempre se perguntava se nunca teve uma madrinha, mas não imaginava que ela estivesse tão perto. Via-se Sirius sorrir ao ver a surpresa de Harry.
- A que ponto pretende chegar, Sr. Black? – perguntava Fudge já impaciente, interrompendo a cena.
- Já que o senhor insiste – dizia Sirius mal humorado. – Sendo tão próxima assim de Tiago e Lílian Potter, sabia que tiveram que se refugiar de Voldemort?
- Sim, eu sabia.
- E você disse que tinha uma carta da amiga, dizendo sobre o Feitiço Fidelius, feito sobre eles.
- Sim.
- Onde está a carta? – pediu Sirius.
Arabella retirou a carta do casaco e entregou-a para Sirius.
- Esta carta – levantava o pergaminho. – é a prova decisiva para comprovar a minha inocência. Como já disse, eu desconfiava de que Pedro estava metido em algo com relação a Voldemort. E então, fiz com que os Potter escolhessem Pettigrew como fiel do segredo do que a mim. – dizia com certa mágoa.
Sirius começou a ler a carta de Lílian Potter:
Querida Arabella,
Como vão as coisas? A França é tudo o que falam mesmo? Eu e o Tiago estávamos pensando em passar as férias aí. Acho que o Harry iria gostar.
Mas o motivo de eu ter mandado esta carta não é essa. Não sei se eu já te contei, mas com essas loucuras do Tiago sobre Você-Sabe-Quem, o pai da Hariel achou melhor que fizéssemos o Feitiço Fidelius. Você deve conhecer este feitiço, não é? Conversei muito com Tiago e concordamos. Será melhor para nós e para o Harry. Decidimos escolher o Sirius como o fiel do segredo. Mas eu me surpreendi quando o Sirius se recusou na última hora! A Hariel praticamente subiu pelas paredes, você pode até imaginar! O Dumbledore chegou até a se oferecer como fiel do segredo, mas recusamos.
O mais estranho está por vir. Sirius disse que devíamos escolher o Pedro como fiel do segredo! Como você sabe, eu nunca gostei muito dele, então neguei. Mas o Tiago insistiu tanto que acabei cedendo. Outra que não gostou nada da história, foi a Hariel. Ela é ainda mais invocada do que eu! Acho que o pai dela também não. Mas de qualquer forma, o feitiço já está sendo realizado e espero que possamos dormir em paz novamente.
Mande-me novidades quando possível. Tanto o Sirius, quanto o Lupin vivem perguntando de você. Parece até que sumiu! Beijos.
Lílian Potter
Harry tentava digerir a história ainda. Murmúrios correram pela sala agitada. Fudge tinha a face rosada e suava frio. Dumbledore encarava o ministro com a expressão vitoriosa.
- O senhor Black tem algo mais a acrescentar? – indagou Fudge relutante, depois de alguns minutos.
Sirius respirou fundo.
- Quero apenas concluir que apresentei depoimentos sérios, alguns tumultuados, mas todos verdadeiros. Com eles, provei que sou inocente em todas as acusações colocadas contra mim nestes doze anos de Azkaban e quase três refugiado. Quero apenas fazer um último pedido: que, como tutor de meu afilhado, Harry Potter, ele possa viver comigo. Com a sua real família. Durante todos esses anos, ele têm vivido com a irmã de sua mãe, sendo a casa guardada pela mãe de Arabella. – finalizou Sirius seriamente.
Harry não entendeu muito bem. Fudge encarou o homem por alguns momentos.
- Preciso me reunir com os membros do Ministério por alguns momentos e só então poderei dar o parecer. Esperem do lado de fora da sala de julgamento. – disse trêmulo.
Lynn acompanhou todos até a outra sala e fechou a porta. Harry não se segurou e foi direto a Arabella, que trocava olhares felizes com Sirius.
- Professora? – chamou baixinho atrás dela. Arabella virou-se. – Então, a senhora... A senhora é minha madrinha?
Arabella ainda mantinha a expressão sombria e o olhar seco para o garoto, mas logo se desmanchou em um grande sorriso.
- Sou sim, Harry. – respondeu feliz.
Harry não hesitou e deu um forte abraço na mulher. Hermione e Rony notaram que Arabella deixava escapar algumas lágrimas de emoção.
- Depois conversaremos melhor, está bem? – disse para o garoto calmamente.
Harry concordou com a cabeça. Esperaram cerca de meia hora. Sirius andava de um lado para o outro, impaciente. Lynn voltou para o local e pediu que um assistente chamasse os repórteres. O ministro já tinha o resultado. Todos foram acompanhados de volta a sala de julgamento, enquanto Sirius aguardava do lado de fora. Lynn aproximou-se devagar.
- Acalme-se Sr. Black, logo tudo será resolvido. – disse em consolo.
Sirius encarou a bela jovem. Ela parecia estar preocupada.
- Muito obrigado. Só espero que Fudge tenha refletido certo. Que seja justo comigo. – respondeu nervoso.
- Ele será, ele será. – disse a mulher encarando os olhos azuis de Sirius.
Deram o sinal e eles puderam entrar no tribunal. Centenas de flashes iluminavam a sala. Sirius sentia-se sem jeito. Sentou-se na cadeira ao centro da sala e Fudge levantou-se. Todos estavam em silêncio.
- Depois da análise sensata e justa dos fatos com todos os membros do conselho do Ministério da Magia, eu, Cornélio Fudge, ministro da Magia tenho em minhas mãos o veredicto – Fudge segurava um pergaminho. – O réu, Sirius Black, após um julgamento de quatro horas, foi considerado por unanimidade pelos membros do conselho, inocente!
O tribunal explodiu em aplausos. Todos gritavam e festejavam. Os repórteres tentavam pegar o melhor ângulo da foto que entraria para a história. Um abraço emocionado de Sirius e Harry. Os dois, simplesmente, choravam.
