Sob a Luz da Lua

Por Lexas (joaotjr@hotmail.com)

Capítulo II – Tristeza e Solidão

Aquele lugar era frio .

Frio e solitário .

Uma descrição estranha para aquele que era o lar das estrelas mais radiantes do universo .

E a mesma estava ali . Passara as últimas horas naquele lugar, encostada .

Aquilo doía . Muito . Atingia seu intimo e ecoava por toda a sua alma .

Era algo triste de se pensar . Triste de se lembrar, saber que algumas coisas nunca iriam mudar .

Saber que certas coisas já estavam escritas e seriam imutáveis, e nada, mas nada no universo, por mais poderoso que fosse, reverteria aquilo .

Coisas que nem mesmo o Caos e suas carrasca, a Galáxia, poderiam mudar.

No entanto, naquela noite, havia algo que ela estava fazendo, algo que não se dera ao luxo de fazer por muito tempo .

Há quanto tempo ? Dias ? Meses ? Anos ? Não sabia, tampouco se lembrava direito da passagem do mesmo . Apenas se lembrava de ter chorado quando a Senshi psicótica assassinou sua princesa, a qual tinha dado sua vida para salvar suas fiéis súditas .

Lágrimas .

Lágrimas de Outono .

Lagrimas de Primavera .

Lágrimas de Inverno .

Lágrimas de verão .

Lágrimas .

Ela tenta levar suas mãos até sua face, tentando conter o choro, mas não consegue .

A dor não lhe permitia tal luxo .

A única coisa que podia fazer era chorar, chorar com todas as suas forças .

Alguns diziam ... muitos diziam .... a maioria das pessoas acreditavam que chorar era bom, pois fazendo isso, você está colocando algo para fora, está expurgando seus demônios, vencendo seus medos ao admitir suas fragilidade e se preparando para cavalgar caminhos mais perigosos .

Mas não era por isso que ela chorava .

Sua dor era maior, muito maior .

Ela se ergue, encarando o espelho que estava diante dela . Passara muito tempo diante dele . Minutos, horas ... muito tempo . E por mais que ela estivesse diante do próprio reflexo, não era isso que seus olhos vislumbravam, não era essa a imagem produzida pela sua mente .

Era ela . Única e exclusivamente  . Em cada momento, em cada instante ...

- Por que ? Por que as coisas tem que ser assim ? Por que ? – ela tocava a palma da mão no espelho, forçando-o – eu ... eu ... não ... entendo ... por que ... por que é sempre tão ... difícil .... te encontrar ? – seu choro continuava, enquanto algumas rachaduras surgiam no espelho, tendo em vista a força colocada neste – Eu ouço ... eu sempre ouço a tua voz nos meus sonhos ... a me chamar ... sigo ... sigo noite adentro ... a te procurar . Só ... você ... pra me dizer ... que tudo o que eu preciso é ... viver . Minha doce melodia se eleva aos céus noite após noite, a cada momento, a cada instante, mas você não responde . Por que ? POR QUE ???? Por que não me responde ? Tal melodia já singrou pelo cosmos, já foi capaz de tocar na alma das mais gélidas criaturas ... por que ? POR QUE ????

Seu choro prossegue , perdura por horas e horas, até que a mesma , aliviada – ou por que está exausta depois de chorar por horas e horas – se ergue, enxugando seu rosto .

Apaixonada ou não, amando ou não, a mesma ainda tinha uma função . Uma obrigação . Um pacto de Honra .

Era uma Sailor . Uma Starlight . Uma Sailor Starlight, e como tal, tinha uma obrigação tremenda, a de proteger sua doce, sábia  e amada Kakyuu Hime Kinmoku .

Um sorriso forçado escapava por sua face . Desde que estivera naquele planeta distante, havia pego o hábito de usar expressões de lá para se referir as pessoas ao seu redor, no caso,  A princesa do planeta Kinmoku, Kakyuu .

Não, princesa não, Rainha .

Desde que regressaram, todos se esforçaram ao máximo e além para reconstruir o planeta . E tiveram ajuda, seja de sobreviventes, seja de pessoas que não estavam no planeta durante o ataque de Sailor Galáxia, seja de planetas aliados .

Ela sai de seu quarto, percorrendo os corredores do palácio .

Já era tarde, muito tarde . Com exceção dos guardas,  não havia mais ninguém acordado há uma horas daquelas .

Pouco depois, ela estava na torre, o local aonde havia se acostumado a fazer seus recitais .

Eram belos . Eram a coisa mais bela que já conseguiu compor . E mesmo repetindo a mesma melodia noite após noite, ainda assim, era muito mais bela do que a música que cantara para encontrar sua soberana .

Ela cruza os braços, observando a cidade, a capital do reino .

Uma das poucas cidades do planeta .

Menos de uma centena de vilarejos formados por sobreviventes, algumas raras cidades e raríssimos centros  populacionais como a capital . Raríssimos .

Mas todos estavam se esforçando, todos estavam dando o seu melhor para reconstruir o planeta, para que um dia ele voltasse a ser como fora um dia .

Não . Não seria . Seria muito melhor . O esforço conjunto de todos, o desejo de cada habitante em reconstruir seu lar , o ideal que todos compartilhavam acabaram por despertar algo em todos os habitantes de Kinmoku .

Ela chega até a beirada da torre, apoiando seu pé na mesma . Seus olhos se fecham por meros instantes .

Sua cidade . Sua bela e linda cidade .

Quando ela abre os olhos, uma surpresa . Nos céus do planeta, a face daquela que torturava seu coração .

- A maneira como eu te abraçaria por trás  ... as palavras que eu gostaria de sussurrar gentilmente em tua língua natal ... eu acharia isso tão romântico, que meu coração dispararia . Tremeria só de segurá-la tão perto assim ... a cada dia, a cada noite, a cada momento, sinto-me atraída a você como uma mariposa ao fogo . Eu ... eu sou  tua ... prisioneira . Meu destino está em seus braços nesta noite . Embora o amor esteja brilhando nos meus olhos ... conseguirei cantar para você amanhã ?

- Como são doces e sinceras as tuas palavras, Sailor Star Fighter .

Ela se vira, surpresa .

Surpresa não, espantada . Aquela ... aquela voz ...

- Majestade ?!?!?!?!?