Capítulo 8 - A Esperança E O Desespero
Estavam os quatro reunidos ao redor da fogueira, pois a noite seria fria. Ninguém conseguia dormir, ficavam em alerta, esperando pelo inevitável: a luta contra Hayashaki. De nada adiantaria fugir, pois, mais cedo ou mais tarde, ele viria buscar o fragmento que estava com Kouga.
Miroku, de um lado da fogueira, observava as chamas que nela cresciam. Aquela voz não saía de sua mente: "Miroku!". Viu aquele mesmo rosto refletido naquelas chamas. Fechou os olhos e sacudiu a cabeça de um lado para o outro tentando limpar aquela imagem. Kagome e Inu-Yasha estavam sentados lado a lado, abraçados. Kouga estava um pouco mais afastado, oculto pelas sombras. Ainda não se sentia bem, por causa do veneno. Seu metabolismo rápido, que sempre o salvou de situações conflitantes, agora o traíra, espalhando o veneno por todo seu corpo. Mas, na mesma velocidade, também se espalhava o antídoto que Kagome lhe dera. Ficou observando Kagome e Inu-Yasha juntos, tanto, que ao perceber seu olhar, a jovem corou. Kouga resolveu desviar o olhar e encarar as estrelas no céu. Seu coração entristecido era a única parte de seu corpo que o antídoto jamais poderia curar. Inu-Yasha tinha o semblante preocupado e olhava para Miroku incansavelmente. Era como se lesse os pensamentos dele.
Inu-Yasha: Miroku, como está?
Miroku: Estou bem, o efeito do veneno já passou.
Inu-Yasha: Não era disso de que eu estava falando...
Miroku: (Levantou o olhar e encarou o hanyou). Você também viu, não foi?
Kagome: (Perdida no meio da conversa). Viu o quê?
Inu-Yasha: Sim, eu vi... Só que não estou bem certo se era realmente ela...
Miroku: Você está querendo dizer que ele armou aquela situação, Inu-Yasha?
Kagome: (Já estava ficando irritada com sua exclusão do assunto). Vocês querem me dizer sobre o que estão falando?
Inu-Yasha: Se você não tivesse parado o buraco do vento, Miroku, Hayashaki teria sido destruído...
Kouga: Quer dizer que vocês tiveram a chance de destruir aquela coisa e deixaram escapar... Mas que molengas!
Inu-Yasha: Não se meta no que não é da sua conta, Kouga!
Kouga: Só que agora, por causa do fracasso de vocês, ele tem mais um fragmento... O MEU!
Inu-Yasha: Ora, não reclame! Se eu soubesse que você ia falar tanto, o teria largado no meio da floresta!
Kouga: (Cruzou os braços, com um ar de convencido). Humph! Se não fosse por mim, Kagome estaria morta! Admita! Você não tem competência para cuidar dela! É muito fraquinho!
Com o punho cerrado, Inu-Yasha fez menção de levantar-se, mas foi impedido por Kagome, que o segurou pelo braço.
Kagome: Vocês dois querem parar com isso? Não é hora para brigas! Miroku, o que foi que houve?
Miroku: Eu não estou bem certo, mas talvez Sango, Shippou e Kirara ainda possam ser salvos...
Kagome: Como?
Miroku: Eu não sei. Talvez, como Inu-Yasha desconfie, seja apenas mais uma armadilha daquele maldito... Talvez só tenha usado o rosto de Sango para me fazer parar o buraco do vento...
Kagome: Ou talvez ela ainda possa estar viva! E Shippou e Kirara! (Abriu um sorriso).
Miroku: Talvez... (Baixou o olhar, mas não pôde deixar de conter o sorriso que aquela idéia lhe trazia a face e alegria ao coração).
Um vento frio soprou. Kagome se recostou em Inu-Yasha e este a abraçou para aquecê-la. Kouga roeu-se por dentro diante da cena, mas tinha que admitir: perdera. Ela já havia feito a sua escolha. Fechou os olhos e um arrepio horrível percorreu-lhe a espinha. Abriu os olhos novamente e viu Inu-Yasha, em pé, com a mão sobre a Tessaiga. Miroku também se levantou e ficou observando ao redor. A floresta estava silenciosa. Era como se todos os seres vivos da área, a exceção deles, tivessem sido tragados para o nada. Kouga levantou-se e aproximou-se de Inu-Yasha.
Kouga: Ele está aqui, nos observando.
Inu-Yasha: Não sinto o cheiro dele, Kouga. Mas esse silêncio não é normal.
Kouga: Ele pode ocultar seu cheiro escondendo-se por debaixo da terra. Ele poderia estar bem debaixo de nós e nunca perceberíamos.
Inu-Yasha: Kagome, você sente alguma coisa?
Kagome: Eu só sinto o fragmento que está com Kouga...
Inu-Yasha: Então ele não está tão perto assim...
Kagome: Mas, quando eu e Kouga fomos atacados na última vez, eu também não pude sentir os fragmentos de Hayashaki, até ser tarde demais.
Inu-Yasha: Que ótimo! (Notou Miroku olhando preocupado para a direção atrás deles). O que foi, Miroku?
Miroku: Essa sensação... (Apertou a vista para tentar desvendar o que a escuridão da noite não deixava revelar-se).
Kagome: Fragmentos! Estão vindo rapidamente em nossa direção!
Inu-Yasha sacou a Tessaiga. Da direção que agora não só Miroku, mas também seus amigos, observavam, surgiram inúmeros redemoinhos. Inu-Yasha segurou Kagome firmemente e desviava destes que, vez por outra, eram destruídos por golpes de sua espada. Miroku usava ofudas, lançando-os contras os redemoinhos e depois acertava-os com seu bastão. Para Kouga aquilo seria brincadeira de criança, se não fosse o fato de ainda se sentir fraco por causa do veneno, mas conseguiu livrar-se de todos. Todos os redemoinhos foram destruídos e novamente o silêncio tomou conta do lugar. Kagome ficou olhando para o chão, enquanto abraçava fortemente Inu-Yasha.
Inu-Yasha: O que foi, Kagome?
Kagome: Os fragmentos... parecem estar por toda a parte!
Enormes troncos ergueram-se do chão e foram tão alto que pareciam tocar o céu, fazendo um círculo ao redor do acampamento, cercando-os.
Inu-Yasha: Maldição! (Soltou Kagome e avançou contra os troncos, fazendo-os em pedaços com sua Tessaiga).
Mais troncos surgiam do solo, dessa vez, tentando acertá-los. Enquanto tentava desviar dos troncos, Kagome acabou sendo afastada do grupo. Não percebeu que atrás de si formava-se um redemoinho. Diante daquela cena, Inu-Yasha ficou com o coração na boca. Tentou chegar até ela, mas os troncos pareciam querer impedi-lo, bloqueando seu caminho propositadamente.
Inu-Yasha: Kagome! Atrás de você!
Kagome então virou-se e viu o redemoinho seguindo em sua direção. Deu dois passos para trás, mas outro tronco surgiu atrás dela, impedindo-a de recuar. A menos de meio metro do redemoinho, sentiu um vento soprar e ela foi empurrada para fora de seu alcance. Kagome caiu de joelhos e ao virar-se para o redemoinho, apavorou-se diante do que viu.
Kagome: Kouga!
Era tarde demais. Ele a havia empurrado para fora do redemoinho, mas fora pego por ele. Logo Kouga e o redemoinho foram tragados para dentro da terra. Lágrimas vieram aos seus olhos, mas não permitiu que nenhuma caísse. Segurou os soluços e localizou, caídos em um canto, seu arco e a bolsa com flechas.
Hayashaki: Finalmente eu tenho a Jóia de Quatro Almas! Agora só falta a sacerdotisa!
Do solo abaixo de seus pés, surgiu Hayashaki. Kagome rolou para um lado e pegou seu arco e prendeu a bolsa com as flechas em suas costas. Ao levantar o olhar, percebeu que Hayashaki a observava com um certo prazer mortal. Ela levantou-se e o encarou friamente. Percebeu que sua presença estava muito mais poderosa. Seu poder parecia infinito. "Como adquiriu tanto poder com apenas os fragmentos que tirou de nós?". Determinada, puxou uma de suas flechas.
Kagome: Eu quero meus amigos de volta!
Hayashaki: Por que você não se junta a eles? Estão todos aqui!
Dito isto, arrepiou seus galhos e, na ponta de cada um deles, rostos se formaram. Para o espanto de todos, puderam ver Sango, Shippou, Kirara e Kouga dentre aqueles rostos.
Inu-Yasha: (Tentava abrir caminho entre os galhos que se formavam). Kagome!
Kagome: Pare, Inu-Yasha!
O hanyou ficou confuso com a atitude dela. Chegou até a sentir um frio no estômago. Ali, parada, diante daquele monstro, com sua flecha em riste, sem demonstrar qualquer sinal de medo. A ponta da flecha já começava a brilhar, mesmo antes de ser lançada. O jeito dela o fez lembrar-se de Kikyou. Sacudiu a cabeça, desfazendo-se daquele pensamento. "Não! Elas são completamente diferentes!", tentava enganar-se. Mas de uma certa forma, sabia que elas eram parecidas, eram a mesma alma. E isso o incomodava porque ainda se sentia magoado por ter sido usado por Kikyou. Seus pensamentos foram interrompidos por um som, como um assobio. Kagome havia lançado sua flecha, que cortou o ar como um relâmpago e foi de encontro à ponta de um galho que Hayashaki lançara em sua direção. A flecha reluzente foi abrindo caminho através do galho até atingir o tronco do monstro.
Hayashaki: Sua maldita! (O poder da flecha começava a se espalhar lentamente por seu tronco. Os galhos atingidos formavam casulos pulsantes).
Miroku: Kagome, você o pegou!
Kagome abaixou seu arco lentamente, enquanto o vento soprava e afastava os cabelos de seu rosto. Encarou Inu-Yasha com um sorriso doce e angelical. Ele retribuiu o sorriso com ar orgulhoso. "Você ficou muito forte, Kagome...". Mas antes que pudessem se aproximar um do outro, um galho surgiu por trás de Kagome e envolveu seu corpo, erguendo-a no ar e fazendo-a derrubar seu arco.
Hayashaki: Se eu absorver o poder da sacerdotisa, esse poder purificador não será mais uma ameaça para mim! (Parte dos casulos começou a cair dos galhos).
Inu-Yasha: Kagome! NÃO! (Ergueu a Tessaiga sobre a cabeça). "Não posso deixar que você morra!" (Começou ver as nuvens de energia sinistra se chocando). "Sango, Shippou, Kirara... Me perdoem!".
Miroku percebeu que ele iria usar a ferida do vento, mas ainda não sabia como libertar as pessoas dos casulos e muito menos se sua Sango estaria dentre aqueles que estavam pelo chão. E mais casulos formavam-se a cada instante, como se o poder daquela flecha os estivesse expulsando do corpo de Hayashaki. Num ato impensado, Miroku atirou-se contra Inu-Yasha, derrubando-o no chão, evitando que o golpe se completasse. Fortes correntes de vento começaram a invadir o local.
Inu-Yasha: Miroku! O que você pensa que está fazendo? Ele vai absorvê-la!
Miroku: Mas e quanto a todas as pessoas que ele já absorveu, Inu-Yasha? Ainda podemos salvar a todos! Kagome...
Inu-Yasha: Saia da minha frente, Miroku! (Empurrou o monge com força para longe de si e levantou-se. Caminhou com certa dificuldade até Hayashaki, pois agora os ventos ao redor do local eram quase como um gigantesco redemoinho. Olhou para o negro céu da noite, cujas nuvens giravam em grande velocidade circular). Ele está... (Percebeu que toda a área seria sugada para dentro do monstro). Maldição! (Novamente ergueu sua espada).
Miroku: (Apoiou-se em uma árvore). Inu-Yasha!
Fechou os olhos para não ver o golpe final. "Não... Por que, meu Deus? Por que me deste tanta esperança só para tirá-la de mim de novo?". Seus pensamentos foram interrompidos por um estrondo ao seu lado. Notou uma trilha aberta através da mata por uma das raízes de Hayashaki que ainda não tinha sido atingida pelo poder da flecha de Kagome. No final dela estava Inu-Yasha, com a ponta da raiz presa ao lado direito de seu peito, segurando-o contra uma árvore. Hayashaki havia percebido o intento dele e tratou de evitar o golpe que o destruiria com certeza. A Tessaiga havia sido jogada longe, fincando-se no solo, e, ao cair, destransformou-se. Inu-Yasha segurava aquela raiz, tentando inutilmente impedi-la de perfurar ainda mais a sua carne. Para sua infelicidade, estava ferido do lado direito do peito e, mesmo que conseguisse se livrar, não poderia usar a ferida do vento com toda sua força. Dependeria de Miroku agora.
Kagome: Inu-Yasha! (Tentou soltar-se, mas foi em vão).
Inu-Yasha: Miroku! Use o buraco do vento! É a nossa única chance!
Miroku virou-se e ficou observando aquela criatura que prendia seus amigos com suas ramificações. "Que diferença faria agora se eu me deixasse levar por esses ventos?... Pelos menos, estaria com ela..." Sentiu-se envergonhado dos próprios pensamentos. Afinal, ele havia se tornado um monge, assim como seu pai e seu avô, para ajudar as pessoas, e não para deixar simplesmente que elas morressem. "Meu pai e meu avô teriam muita vergonha de mim agora se ouvissem meus pensamentos...". Ficou olhando para o seu punho direito. "De um acerta forma, você acabou tirando a minha vida...". Começou a retirar o colar de contas ao redor dele lentamente.
Autora: By Mandora
Comentários: bymandora@click21.com.br
Estavam os quatro reunidos ao redor da fogueira, pois a noite seria fria. Ninguém conseguia dormir, ficavam em alerta, esperando pelo inevitável: a luta contra Hayashaki. De nada adiantaria fugir, pois, mais cedo ou mais tarde, ele viria buscar o fragmento que estava com Kouga.
Miroku, de um lado da fogueira, observava as chamas que nela cresciam. Aquela voz não saía de sua mente: "Miroku!". Viu aquele mesmo rosto refletido naquelas chamas. Fechou os olhos e sacudiu a cabeça de um lado para o outro tentando limpar aquela imagem. Kagome e Inu-Yasha estavam sentados lado a lado, abraçados. Kouga estava um pouco mais afastado, oculto pelas sombras. Ainda não se sentia bem, por causa do veneno. Seu metabolismo rápido, que sempre o salvou de situações conflitantes, agora o traíra, espalhando o veneno por todo seu corpo. Mas, na mesma velocidade, também se espalhava o antídoto que Kagome lhe dera. Ficou observando Kagome e Inu-Yasha juntos, tanto, que ao perceber seu olhar, a jovem corou. Kouga resolveu desviar o olhar e encarar as estrelas no céu. Seu coração entristecido era a única parte de seu corpo que o antídoto jamais poderia curar. Inu-Yasha tinha o semblante preocupado e olhava para Miroku incansavelmente. Era como se lesse os pensamentos dele.
Inu-Yasha: Miroku, como está?
Miroku: Estou bem, o efeito do veneno já passou.
Inu-Yasha: Não era disso de que eu estava falando...
Miroku: (Levantou o olhar e encarou o hanyou). Você também viu, não foi?
Kagome: (Perdida no meio da conversa). Viu o quê?
Inu-Yasha: Sim, eu vi... Só que não estou bem certo se era realmente ela...
Miroku: Você está querendo dizer que ele armou aquela situação, Inu-Yasha?
Kagome: (Já estava ficando irritada com sua exclusão do assunto). Vocês querem me dizer sobre o que estão falando?
Inu-Yasha: Se você não tivesse parado o buraco do vento, Miroku, Hayashaki teria sido destruído...
Kouga: Quer dizer que vocês tiveram a chance de destruir aquela coisa e deixaram escapar... Mas que molengas!
Inu-Yasha: Não se meta no que não é da sua conta, Kouga!
Kouga: Só que agora, por causa do fracasso de vocês, ele tem mais um fragmento... O MEU!
Inu-Yasha: Ora, não reclame! Se eu soubesse que você ia falar tanto, o teria largado no meio da floresta!
Kouga: (Cruzou os braços, com um ar de convencido). Humph! Se não fosse por mim, Kagome estaria morta! Admita! Você não tem competência para cuidar dela! É muito fraquinho!
Com o punho cerrado, Inu-Yasha fez menção de levantar-se, mas foi impedido por Kagome, que o segurou pelo braço.
Kagome: Vocês dois querem parar com isso? Não é hora para brigas! Miroku, o que foi que houve?
Miroku: Eu não estou bem certo, mas talvez Sango, Shippou e Kirara ainda possam ser salvos...
Kagome: Como?
Miroku: Eu não sei. Talvez, como Inu-Yasha desconfie, seja apenas mais uma armadilha daquele maldito... Talvez só tenha usado o rosto de Sango para me fazer parar o buraco do vento...
Kagome: Ou talvez ela ainda possa estar viva! E Shippou e Kirara! (Abriu um sorriso).
Miroku: Talvez... (Baixou o olhar, mas não pôde deixar de conter o sorriso que aquela idéia lhe trazia a face e alegria ao coração).
Um vento frio soprou. Kagome se recostou em Inu-Yasha e este a abraçou para aquecê-la. Kouga roeu-se por dentro diante da cena, mas tinha que admitir: perdera. Ela já havia feito a sua escolha. Fechou os olhos e um arrepio horrível percorreu-lhe a espinha. Abriu os olhos novamente e viu Inu-Yasha, em pé, com a mão sobre a Tessaiga. Miroku também se levantou e ficou observando ao redor. A floresta estava silenciosa. Era como se todos os seres vivos da área, a exceção deles, tivessem sido tragados para o nada. Kouga levantou-se e aproximou-se de Inu-Yasha.
Kouga: Ele está aqui, nos observando.
Inu-Yasha: Não sinto o cheiro dele, Kouga. Mas esse silêncio não é normal.
Kouga: Ele pode ocultar seu cheiro escondendo-se por debaixo da terra. Ele poderia estar bem debaixo de nós e nunca perceberíamos.
Inu-Yasha: Kagome, você sente alguma coisa?
Kagome: Eu só sinto o fragmento que está com Kouga...
Inu-Yasha: Então ele não está tão perto assim...
Kagome: Mas, quando eu e Kouga fomos atacados na última vez, eu também não pude sentir os fragmentos de Hayashaki, até ser tarde demais.
Inu-Yasha: Que ótimo! (Notou Miroku olhando preocupado para a direção atrás deles). O que foi, Miroku?
Miroku: Essa sensação... (Apertou a vista para tentar desvendar o que a escuridão da noite não deixava revelar-se).
Kagome: Fragmentos! Estão vindo rapidamente em nossa direção!
Inu-Yasha sacou a Tessaiga. Da direção que agora não só Miroku, mas também seus amigos, observavam, surgiram inúmeros redemoinhos. Inu-Yasha segurou Kagome firmemente e desviava destes que, vez por outra, eram destruídos por golpes de sua espada. Miroku usava ofudas, lançando-os contras os redemoinhos e depois acertava-os com seu bastão. Para Kouga aquilo seria brincadeira de criança, se não fosse o fato de ainda se sentir fraco por causa do veneno, mas conseguiu livrar-se de todos. Todos os redemoinhos foram destruídos e novamente o silêncio tomou conta do lugar. Kagome ficou olhando para o chão, enquanto abraçava fortemente Inu-Yasha.
Inu-Yasha: O que foi, Kagome?
Kagome: Os fragmentos... parecem estar por toda a parte!
Enormes troncos ergueram-se do chão e foram tão alto que pareciam tocar o céu, fazendo um círculo ao redor do acampamento, cercando-os.
Inu-Yasha: Maldição! (Soltou Kagome e avançou contra os troncos, fazendo-os em pedaços com sua Tessaiga).
Mais troncos surgiam do solo, dessa vez, tentando acertá-los. Enquanto tentava desviar dos troncos, Kagome acabou sendo afastada do grupo. Não percebeu que atrás de si formava-se um redemoinho. Diante daquela cena, Inu-Yasha ficou com o coração na boca. Tentou chegar até ela, mas os troncos pareciam querer impedi-lo, bloqueando seu caminho propositadamente.
Inu-Yasha: Kagome! Atrás de você!
Kagome então virou-se e viu o redemoinho seguindo em sua direção. Deu dois passos para trás, mas outro tronco surgiu atrás dela, impedindo-a de recuar. A menos de meio metro do redemoinho, sentiu um vento soprar e ela foi empurrada para fora de seu alcance. Kagome caiu de joelhos e ao virar-se para o redemoinho, apavorou-se diante do que viu.
Kagome: Kouga!
Era tarde demais. Ele a havia empurrado para fora do redemoinho, mas fora pego por ele. Logo Kouga e o redemoinho foram tragados para dentro da terra. Lágrimas vieram aos seus olhos, mas não permitiu que nenhuma caísse. Segurou os soluços e localizou, caídos em um canto, seu arco e a bolsa com flechas.
Hayashaki: Finalmente eu tenho a Jóia de Quatro Almas! Agora só falta a sacerdotisa!
Do solo abaixo de seus pés, surgiu Hayashaki. Kagome rolou para um lado e pegou seu arco e prendeu a bolsa com as flechas em suas costas. Ao levantar o olhar, percebeu que Hayashaki a observava com um certo prazer mortal. Ela levantou-se e o encarou friamente. Percebeu que sua presença estava muito mais poderosa. Seu poder parecia infinito. "Como adquiriu tanto poder com apenas os fragmentos que tirou de nós?". Determinada, puxou uma de suas flechas.
Kagome: Eu quero meus amigos de volta!
Hayashaki: Por que você não se junta a eles? Estão todos aqui!
Dito isto, arrepiou seus galhos e, na ponta de cada um deles, rostos se formaram. Para o espanto de todos, puderam ver Sango, Shippou, Kirara e Kouga dentre aqueles rostos.
Inu-Yasha: (Tentava abrir caminho entre os galhos que se formavam). Kagome!
Kagome: Pare, Inu-Yasha!
O hanyou ficou confuso com a atitude dela. Chegou até a sentir um frio no estômago. Ali, parada, diante daquele monstro, com sua flecha em riste, sem demonstrar qualquer sinal de medo. A ponta da flecha já começava a brilhar, mesmo antes de ser lançada. O jeito dela o fez lembrar-se de Kikyou. Sacudiu a cabeça, desfazendo-se daquele pensamento. "Não! Elas são completamente diferentes!", tentava enganar-se. Mas de uma certa forma, sabia que elas eram parecidas, eram a mesma alma. E isso o incomodava porque ainda se sentia magoado por ter sido usado por Kikyou. Seus pensamentos foram interrompidos por um som, como um assobio. Kagome havia lançado sua flecha, que cortou o ar como um relâmpago e foi de encontro à ponta de um galho que Hayashaki lançara em sua direção. A flecha reluzente foi abrindo caminho através do galho até atingir o tronco do monstro.
Hayashaki: Sua maldita! (O poder da flecha começava a se espalhar lentamente por seu tronco. Os galhos atingidos formavam casulos pulsantes).
Miroku: Kagome, você o pegou!
Kagome abaixou seu arco lentamente, enquanto o vento soprava e afastava os cabelos de seu rosto. Encarou Inu-Yasha com um sorriso doce e angelical. Ele retribuiu o sorriso com ar orgulhoso. "Você ficou muito forte, Kagome...". Mas antes que pudessem se aproximar um do outro, um galho surgiu por trás de Kagome e envolveu seu corpo, erguendo-a no ar e fazendo-a derrubar seu arco.
Hayashaki: Se eu absorver o poder da sacerdotisa, esse poder purificador não será mais uma ameaça para mim! (Parte dos casulos começou a cair dos galhos).
Inu-Yasha: Kagome! NÃO! (Ergueu a Tessaiga sobre a cabeça). "Não posso deixar que você morra!" (Começou ver as nuvens de energia sinistra se chocando). "Sango, Shippou, Kirara... Me perdoem!".
Miroku percebeu que ele iria usar a ferida do vento, mas ainda não sabia como libertar as pessoas dos casulos e muito menos se sua Sango estaria dentre aqueles que estavam pelo chão. E mais casulos formavam-se a cada instante, como se o poder daquela flecha os estivesse expulsando do corpo de Hayashaki. Num ato impensado, Miroku atirou-se contra Inu-Yasha, derrubando-o no chão, evitando que o golpe se completasse. Fortes correntes de vento começaram a invadir o local.
Inu-Yasha: Miroku! O que você pensa que está fazendo? Ele vai absorvê-la!
Miroku: Mas e quanto a todas as pessoas que ele já absorveu, Inu-Yasha? Ainda podemos salvar a todos! Kagome...
Inu-Yasha: Saia da minha frente, Miroku! (Empurrou o monge com força para longe de si e levantou-se. Caminhou com certa dificuldade até Hayashaki, pois agora os ventos ao redor do local eram quase como um gigantesco redemoinho. Olhou para o negro céu da noite, cujas nuvens giravam em grande velocidade circular). Ele está... (Percebeu que toda a área seria sugada para dentro do monstro). Maldição! (Novamente ergueu sua espada).
Miroku: (Apoiou-se em uma árvore). Inu-Yasha!
Fechou os olhos para não ver o golpe final. "Não... Por que, meu Deus? Por que me deste tanta esperança só para tirá-la de mim de novo?". Seus pensamentos foram interrompidos por um estrondo ao seu lado. Notou uma trilha aberta através da mata por uma das raízes de Hayashaki que ainda não tinha sido atingida pelo poder da flecha de Kagome. No final dela estava Inu-Yasha, com a ponta da raiz presa ao lado direito de seu peito, segurando-o contra uma árvore. Hayashaki havia percebido o intento dele e tratou de evitar o golpe que o destruiria com certeza. A Tessaiga havia sido jogada longe, fincando-se no solo, e, ao cair, destransformou-se. Inu-Yasha segurava aquela raiz, tentando inutilmente impedi-la de perfurar ainda mais a sua carne. Para sua infelicidade, estava ferido do lado direito do peito e, mesmo que conseguisse se livrar, não poderia usar a ferida do vento com toda sua força. Dependeria de Miroku agora.
Kagome: Inu-Yasha! (Tentou soltar-se, mas foi em vão).
Inu-Yasha: Miroku! Use o buraco do vento! É a nossa única chance!
Miroku virou-se e ficou observando aquela criatura que prendia seus amigos com suas ramificações. "Que diferença faria agora se eu me deixasse levar por esses ventos?... Pelos menos, estaria com ela..." Sentiu-se envergonhado dos próprios pensamentos. Afinal, ele havia se tornado um monge, assim como seu pai e seu avô, para ajudar as pessoas, e não para deixar simplesmente que elas morressem. "Meu pai e meu avô teriam muita vergonha de mim agora se ouvissem meus pensamentos...". Ficou olhando para o seu punho direito. "De um acerta forma, você acabou tirando a minha vida...". Começou a retirar o colar de contas ao redor dele lentamente.
Autora: By Mandora
Comentários: bymandora@click21.com.br
