Capítulo 2 - O Aluno Desconhecido (mas nem tanto!)

Por um breve segundo os dois corvinais se encaram, como se buscassem algum assunto para discutir. A adrenalina de fugir dos balaços havia passado para Yoh, o susto que Cho experimentou, também.

- Hmmmm ... e agora?

- Sabe que eu não faço a menor ideia?

- Como assim, "Não faz ideia"? Você passou no teste para apanhador! Deveria estar comemorando – ela torce o rosto, não entendendo o que se passava pela cabeça do quartanista.

Quer dizer... não sei, quadribol nem mesmo é meu esporte favorito!

- Não? - ela arregala os olhos, surpresa com o que ele havia acabado de dizer - jura?

- Juro, aliás, sendo sincero, eu nem gosto desse negócio! O Carlos me arrastou pra fazer o teste, mas deve ter alguém melhor do que eu, com certeza - ele olha pela janela, e percebe que todo mundo no campo acenava pra ele - hmmm ... acho que não. Bom, acho que vou precisar de uma vassoura nova. Minha Cleanswape foi pro espaço.

- Eu te empresto a minha! – ela sorri de maneira debochada - Fazer o que, né? Bom, pelo menos sei que podemos fazer um bom jogo com você no time.

- Não brinque!

- É sério!

- FAla sério, Cho!

- Ora, é claro que eu...

- Aham - Florinda batia o pé para Yoh - com licença, mocinho... mas o que faz aqui? Ela está de repouso, não pode receber visitas, sabia?

- Hã ... na verdade, não. Bem, tome, Cho - ele tira sua varinha de dentro da camisa e puxa uma semente do bolso. Depois ele agita a varinha um pouco, e a semente se transforma em um lírio.

- Que lindo!

- Aprendi com um aluno da Lufa-Lufa assim que entrei em Hogwarts. Legal, não acha? Toma, é de coração!

- Obrigada - ela sorria amavelmente - estarei torcendo por você – acenava –. Será um ótimo jogo, e tenho certeza de que você será um grande jogador!

Naquele exato momento, Yoh abriu a porta da enfermaria, dando de cara com Harry, o qual parecia ter interesses fortes ali.

- Oi, Potter.

- Hã ... oi. - ele responde, meio que por hábito, e entra na enfermaria. Já estava acostumado a pessoas aleatórias o chamarem pelo nome, mesmo nunca tendo trocado uma palavra com as mesmas.

- Senhor Potter, já disse que visitas no momento não são permitidas – a enfermeira olhava feio para ele - se continuar insistindo, terei que me reportar a madame Pomfrey, e ela fará o mesmo com a professora Minerva.

- Mas... mas... - ele olha pra trás - por que ele pode e eu não? – ele procura o rapaz que acabará de cumprimentar, apenas para descobrir que o mesmo não estava mais em seu raio de visão - e ... cadê aquele cara?


Um pouco preocupado com a situação, Yoh andava rapidamente pelos corredores da escola. Tinha apenas alguns minutos para chegar ao campo, exigir uma vassoura nova de Carlos e ir para a próxima aula.

Que coisa! No fim, acabou meio que forçadamente entrando para o time da Corvinal.

Sem opção, ele começava a se conformar com a cruel realidade: teria que jogar. E o pior é que precisaria de uma nova vassoura nova. Mas que coisa, de onde Carlos tirou aquela ideia besta de enfeitiçar a vassoura?

Duvidava que ele tivesse feito tal coisa com os outros candidatos. DUVIDAVA! E o pior era que estava com pouco dinheiro. Implorava há anos por uma nova para sua mãe, e ainda tinha que atuar as piadas do seu pai quando o mesmo trouxera uma nova... do supermercado trouxa. Além disso, usar um modelo de treino no jogo era admitir derrota antes mesmo de entrar em campo.

Mas o que doía mais era a vassoura destruída. Era um modelo modificado pelo mesmo para se mover mais rápido e oferecer uma capacidade maior de desvio de obstáculos em alta velocidade. Carlos iria reembolsá-lo em cada galeão que havia gasto. Cada um, disso ele se ocuparia de garantir.

Bom, pelo menos tinha o lado bom da coisa: do jeito que estava, não tinha como piorar.

ELe tinha que aprender a não pensar na frase proibida.

A única coisa que percebe é que estava sendo arrastado em sentido contrário ao que estava se dirigindo. Quando se dá conta, percebe que um homem de vestes negras o segurava pelo braço, puxando-o pelos corredores. Ele toma postura e finca o pé no chão, tentando parar, mas continuava sendo arrastado como se fosse uma pena.

Ele o observa, tendo uma das maiores surpresas de sua vida ao se dar conta de quem o arrastava.

Snape.

Vulgo "Potter, você espirrou, menos dez pontos!"

O diretor da Sonserina, professor de poções.

- Eí! Mas o que... professor Snape? O que houve? Por que está me arrastando? Deseja alguma coisa?

- Primeiro o arrogante do Potter... não irei tolerar outro engraçadinho presunçoso em Hogwarts!

- Mas...

- Calado!

-...

Yoh continuava sendo arrastado pelos corredores da escola. Vez ou outra um aluno parava e perguntava o que estava acontecendo, mas ele apenas dava de ombros.

Mas o mais estranho foi quando passaram perto da sala comunal da Sonserina. Os alunos se preparam para caçoar do pobre infeliz, mas pararam, quando perceberam que, pela primeira vez em cinco anos de Hogwarts... não era o Potter.

Não era o Potter?

E... quem era aquele sujeito?

Estavam tão acostumados a ver Snape pegando no pé de Harry, que não esperavam por aquilo. Que aluno teria sido burro o suficiente para provocar Snape a ponto de deixá-lo furioso daquele jeito? Conseguir a atenção de Snape, principalmente com o Potter estudando em Hogwarts, era algo muito difícil. Exigia planejamento, dedicação, estratégia e empenho.

- Deixa pra lá - um deles falava - deve ser algum idiota da Lufa-Lufa.

Snape continua arrastando-o, até que bate em uma sala muito familiar para Yoh.

A sala de aula.

Aula do professor Flitwick.

O diretor da Corvinal!

- Flitwick - ele começava, interrompendo a aula do professor - preciso falar com você.

- O que foi, Severo? Estou quase terminando a aula, me dê alguns minut... - ele arregala os olhos ao ver Snape segurando um rapaz, o qual lhe era familiar - hmmm... senhor Kneen?

- Oi, professor... – com a mão que estava solta, ele cobre o rosto, como alguém que finge de morto para enganar um urso. Para seu asar, aqueles olhos acinzentados eram difíceis de se esquecer.


- Voar perigosamente, colocar em risco a segurança dos demais alunos, atrapalhar dois professores em sala de aula, desacato...

- Desacato? - ele estava visivelmente preocupado - mas eu não desacatei ninguém!

- Fique quieto, mocinho! Não me interrompa! Se fosse da minha casa, já o teria expulsado!

- Glup!

- Aham... não precisamos exagerar, Severo. Diga-me, Yoh... o que você estava fazendo exatamente?

- Hã, bem... sabe o que é, professor? eu... hã... bem, nós tivemos alguns problemas com nossa apanhadora e...

- Nada de desculpas, garoto - Snape estava pior do que nunca. Na verdade, agora era o nunca, já que o mesmo nunca dera muita atenção para ele, apenas para os alunos da Grifinória.

- Bem... eu estava voando por causa da...

- Naquela velocidade?

- Que velocidade, Snape?

- Alguns alunos se assustaram e erraram a formula da poção. Gerou um vento forte que espalhou os manuscritos dos alunos na aula de Minerva.

- Yoh... estava voando tão rápido assim? Nos limites da escola?

- Hã... sim, professor. Desculpe.

A porta da sala dos professores se abre, e naquele exato momento, Carlos adentra na sala.

- O que foi, Carlos? Estamos ocupados aqui.

- Eu sei, professor. É por minha culpa.

- Você o incitou a voar naquele velocidade?

- Bem... infelizmente nós tivemos um acidente hoje cedo e por causa disso, fomos desfalcados, estávamos sem a nossa apanhadora, Cho.

- Não estava sabendo. Tão grave assim?

- Ele quebrou alguns ossos, mas ouve um problema na enfermaria e madame Pomfrey avisou que ela iria ficar algum tempo sem poder se mover direito. E como o torneio de quadribol está próximo, resolvemos recrutar um novo apanhador, e Yoh passou no teste. Ele estava perseguindo um pomo dourado com dois balaços em seu encalço - Carlos se aproxima do professor e fala bem baixo no ouvido dele - estavam enfeitiçados com o feitiço que o senhor me ensinou, o de imantização - ele se afasta, tornando a falar alto - e Yoh foi único que passou no teste, agora é nosso novo apanhador. Desculpe se ele causou algum problema, eu estou pronto para assumir toda a responsabilidade, por favor, não o expulse, professor Flitwick.

- Hmmm – o professor de feitiços torcia o cenho, observando ambos. Não conhecia Yoh pelas suas habilidades de voo, tampouco imaginava que alguém fosse capaz de escapar daquele feitiço. Não importa qual fosse o objeto, fazia um seguir o outro até atingi-lo.

Mas mesmo assim, foi perigoso, alguém poderia ter se ferido. Mas o torneio estava próximo, e estavam sem apanhador...

- Pois bem, senhor Yoh... dessa vez... e somente dessa vez, o senhor não será expulso.

- Ufa! - ele soltava a respiração.

- Obrigado, professor - dizia Carlos com imensa alegria.

- No entanto, irei tirar cinquenta pontos pela falta de responsabilidade.

- O que? - Yoh não conseguia acreditar - cinquenta pontos da gente?

- Cinquenta pontos de cada um, Yoh. Isso mesmo, estou tirando cem pontos da minha própria casa. Está bom para você, Severo?

- Hunf! Você é igual à Minerva, Flitwick. Pois bem, mocinho - ele encara Yoh nos olhos - Não pense que termina aqui, entendeu? Não vou tolerar outro que não aceita regras como o Potter, ouviu?

- Mas eu não fiz nada de...

- Aprenda a ficar calado quando eu falar! Menos dez pontos para a Corvinal! - ele se retira, batendo a porta.

- Carlos...

- SIm?

- Aconteceu o que eu acho que aconteceu?

- O que?

- Snape... ele tirou dez pontos da Corvinal... por minha causa?

- Sim, meu caro. É isso mesmo... finalmente ele prestou atenção em você! Agora você existe para ele!

- COmo estou feliz... olha a minha cara de alegria (T_T).

- Aham, senhores, para a sala. Temos aulas. E Carlos...

- SIm, professor?

- Cuide para que ele treine todos os dias daqui em diante, até a data do jogo.

- Certo, mas... vou precisar de uma vassoura!

- Vassoura?

- Sim, a minha foi partida.

- Professor - Carlos tinha um sorriso no rosto - o senhor não podia fazer que nem a professora Minerva, que deu uma vassoura de presente para o Potter?

Até hoje se perguntavam se o professor Flitwick era humano ou duende. Mas os estudantes da Corvinal eram gentis o suficiente para não perguntar. Não precisavam: a resposta que ambos receberam acabou com qualquer dúvida. E com certeza se lembrariam dela pelo resto de suas vidas.


Quando Yoh e Carlos entram no salão, os alunos da Corvinal em peso se levantam e começam a aplaudi-los. Antes que pudesse esboçar qualquer reação, o quartanista se sentiu envolvido em uma abraço dado por Rika. Era difícil se librar daqueles braços, e por dois motivos: primeiro, era uma sextanista; e, segundo, possuía uma anatomia favorável aos que gostavam de se sentir abraçados. Mas, com a ajuda de Carlos – e sobre protestos do próprio Yoh – conseguem se sentar.

- Por que estão batendo palmas, Fred? – Hermione dirigia um olhar curioso para a entrada do saguão e, em seguida, para a mesa da Corvinal. Ela acompanhou os alunos que entravam, mais pela atenção que receberam da Corvinal, do que qualquer outra coisa.

- Deviam estar batendo palmas para o Carlos. Ele é o novo capitão da Corvinal no lugar do Davies.

- Ah...

Carlos, por sua vez, tinha uma expressão altiva.

- Viu, a casa toda adorou!

- Pouco me importa. - Disse o moreno olhando para o lado, como se procurasse alguma coisa.

- Vai Yoh, você se importa sim – Carlos batia no ombro do colega, percebendo que a atenção dele estava em qualquer lugar, menos na mesa em que estavam sentados.

Em meio a essa total falta de atenção de Yoh ao que o cercava, Carlos deu um tapa no ombro dele, apontando para um primeiranista da Corvinal que se aproximou. Mas ele realmente estava disperso, como se olhasse para outra coisa, ou direção. Só se deu conta de que o primeiranista estava falando algo, quando ele perguntou se Yoh era japonês, de forma muito constrangida.

- Mas heim?

Yoh olhou para Carlos que abafou o riso, Rika parou com o garfo meio caminho da boca esperando pela resposta que ele daria ao pobre garoto.

- Claro que não!

- Então por que seu primeiro nome é Japonês?

- E eu sei lá! E quem disse que é japonês? Pode ser, sei lá, francês! – Carlos e Rika olhavam para Yoh, virando o pescoço. O primeiranista, por sua vez, tinha uma expressão incrédula – vem cá, qual é o seu nome, mesmo?

- Kazue...

E você é japonês, Por acaso? Tá, não precisa responder! Eu nem mesmo sei de onde meus pais tiraram esse nome, vai ver, foi de uma viagem para a Asia e acharam que isso soava bem – ele falava enquanto encarava o garoto com um semblante que era um misto de tranquilidade e sarcasmo.

- Tem razão, desculpe incomodar, senhor!

O garoto saiu de perto dele e voltou a seu lugar, Yoh olhou para Carlos que estava olhando-o de forma estranha.

- O que foi? Esta me achando bonito? Eu sei que sou...

- Estava calmo com o novato... estranho...

- O esquentadinho é o Chaz – e continuava olhando para o lado, como se acompanhasse a movimentação dos estudantes que circulavam por ali.

- Que seja, mantenha esse comportamento, agora você está jogando pela Corvinal!

- Claro que não.

- Não?

- Não estou jogando pela nossa casa – ele sorria jovialmente para Carlos - estou jogando pelas garotas! Elas adoram um apanhador!

Carlos não respondeu e voltou sua atenção à comida. Agindo como quem não estava atento, começou a prestar atenção no que Yoh estava fazendo desde que se sentaram à mesa: acompanhando o movimento dos olhos do amigo, percebia que ele parecia procurar alguma coisa, ou melhor, alguém. O amigo olhava em direção a entrada, seguia pelo corredor... até se deter na mesa da Grifinória.

- Que foi? Procurando alguma coisa ali?

- Eu? Olhei só por olhar.

- É? – Carlos se vira, olhando totalmente para a mesa da Grifinória – tá aprontando o que? – e tentava encontrar o alvo de Yoh. O que ele tanto procurava?

Talvez tenha sido o resultado do treino. Ou de não ter sido expulso. Ou porque dormira muito na noite anterior. Ou era a luz do sol, ou a conjunção dos astros, não importava. Estava se sentindo muito, deveras confiante naquele momento, como se fosse capaz de superar todos os desafios que estivessem à sua frente. E foi por estar neste estado de espírito que ele deteve seus olhos em um ponto bem específico da mesa da Grifinória. Na mesma hora Carlos se tocou do que estava chamando tanto a atenção de Yoh: um par de olhos castanhos acompanhados de uma cabeleira ruiva.

- Caçula Weasley?

- O que? - Pergunta Carlos, sendo puxado brevemente do que acabara de constatar.

- Aquela menina. - Diz ele apontando para a mesa. - É a caçula Weasley?

- Como se você não soubesse... quer arrumar mais confusão? Ela tem três irmãos mais velhos ali, pertinho dela!

- Ela é irmã do Fred e do Jorge.

- A Ariel ser amiga deles só te salva nos corredores. Quer virar alvo preferencial dos gêmeos Weasleys durante o jogo? Você não vai querer toda essa atenção, e tirando o pessoal da nossa casa, para todos os efeitos nós AINDA não temos um apanhador novo – Yoh engole a comida rapidamente e se levanta – Ei!

Ele não estava pensando muito. Apenas se levantou e, quando Carlos percebeu, Yoh estava em frente à mesa da Grifinória. Por sua vez, a ruiva só percebe que havia alguém em sua frente, quando uma pequena sombra projeta-se para cima dela. Quando ergue o rosto, depara-se com aquele par de olhos acinzentados.

- Oi? – ela é pega de surpresa, mais pela situação, do que a proximidade.

- Oi.

- Você... quer falar comigo?

- Hmmm... a gente ainda não se conhece.

- Acho que não. – e se perguntava que raios fora aquilo que aquele sujeito dissera.

- Bem deixa eu me apresentar. - Ele se senta de frente para ela, e Amanda, a qual estava ao lado de Gina, dá uma risada baixa. - Sou Yoh Kneen, prazer.

- O prazer é todo meu. Sou Virginia Weasley, mas pode me chamar de Gina. – E, seja por ter sido pega de surpresa, seja porque seu cérebro ainda estava processando que ela estava sendo alvo da atenção em particular daquele rapaz, ela responde de maneira amável.

Rony, do outro lado da mesa, olhava a cena, já conseguindo ficar roxo de raiva. Hermione apenas balançava a cabeça de um lado a outro, reprovando a atitude dele. Na verdade, não fosse a reação de Rony, ela nem teria prestado atenção. Harry era outro: estava preocupado demais com Cho. Na mesa da Corvinal, Carlos e Miranda estavam olhando para o jeito de Yoh e achando graça.

- Se ele continuar assim será o garoto mais popular de Hogwarts.

- O lema dele não é esse.

- É, mas se ele quiser, ele se torna.

- Bem minha cara loirinha. - A menina corou um pouco e Carlos sorriu de canto. - Mais tarde reuniremos a equipe para mostrar bem nosso jogo para o "calouro".

- Eu aviso às meninas. – Ela diz, prestando atenção a uma coisa curiosa: os olhos verde-escuro de Carlos estavam diferente. E não era só isso: a brisa que adentrava no salão principal, ao balançar seus cabelos castanhos, evidenciava uma expressão que ele tinha quando parecia estar tramando algo – Você fica um charme com essa cara, sabia?

- Ah, Miranda! Pare com isso – ele enrubescia diante do elogia dela.

- O que houve entre o Yoh e o professor?

- Qual professor?

- Olhe. O Snape não para de olhar para o coitado do Yoh, logo ele que não faz nada para chamar atenção.

Carlos apenas olhou e não disse nada, o professor estava agindo como se fosse o Potter no lugar de Yoh. De onde estava, percebia que o amigo parecia conversar animadamente com a Weasley e a outra garota, qual era mesmo o nome dela? De qualquer foram, era evidente que, em meio à conversa, era para a ruiva que ele dava mais atenção.

- Hmmm - Fred olhava para o recém-chegado - não te conheço de algum lugar? Hmmm ... Yoh?

- Oi, Fred. Tudo bem?

- Tudo ótimo - ele estica a mão e ambos se cumprimentam - há quanto tempo, cara!

- Desde o baile do torneio tribruxo, lembra?

- Ah, sim - Fred consentia silenciosamente. Lembrava-se de ter vendido algumas de suas gemialidades para Yoh, em especial, suas bombas de merda sem efeito sonoro.

- Espere – se antes Gina ainda estava confusa, agora estava curiosa – como você fez para ir ao baile, se alunos abaixo do quarto ano só podem ir se forem convidados? – e perguntava, enquanto sua mente, em parte, ainda processava de onde veio aquele sujeito, ou como veio parar ali.

- Uma amiga muito generosa me convidou – ele dava um sorriso – e depois me largou no baile dizendo que não ia ficar de babá, e foi se divertir – e, intimamente, agradecia à Rika pela ajuda.

Naquele momento, Yoh voltou sua atenção para Gina, ignorando todos ao redor. Rony cutucou Harry para ele ver como a irmã estava se dando bem com o garoto da Corvinal.

- Olhe, Harry. Conhece ele?

- Quem? – Rony fechou o cenho e apontou para o garoto ao lado de Gina.

- Aquele.

- Parece familiar. – Diz isso ajeitando os óculos, quando algo, como uma força inexplicável, o faz se levantar e ir para perto do menino. – Você estava com a Cho, não estava?

- Sim, estava. – Yoh viu bem quem era. –Boa noite, Potter.

- Boa noite. Você é...?

- Yoh Kneen, sou do quarto ano da Corvinal. – Diz estendendo a mão que Harry aceita meio a contra gosto.

- Bacana e então p... – Gina toca no braço de Yoh, chamando sua atenção.

- E então, Yoh... qual a sua matéria favorita?

- Herbologia - ele mexe a varinha e uma rosa aparece, a qual ele entrega para Gina. Em seguida, mexe a mão no bolso e, com a palma da mão aberta, assopra algo que parecia pó, em várias direções.

Em seu canto, tentando não dar mais atenção à birra de Rony do que deveria, Hermione escuta um estalo e, quando se dá conta, havia uma flor azulada em seus cabelos. Mas, quando olha ao redor, percebe que as garotas que estavam mais próximas de Gina também possuíam flores de todas as cores em seus cabelos.

Aquilo definitivamente chamou a atenção de Rony.

- Hmmm... até que tem garotos interessantes nas outras casas - Hermione sorria ao sentir o leve cheiro da flor em seu cabelo. - por que será que nunca ninguém da minha casa fez isso?

- Hunf. - Rony vira o rosto e olha para onde sua irmã estava. – Ele só quer aparecer.

- Sério, Ronald Weasley? Por ele ser cavalheiro, tratar uma mulher como se deve tratar?

- ELE É MAIS NOVO QUE VOCÊ, HERMIONE GRANGER! – ela toma um susto, e Rony percebe que falou aquilo mais alto do que deveria. Hermione, por sua vez, respondeu sussurrando.

- Eu disse que queria algo com ele? Eu disse que há garotos interessantes nas outras casas. - Falando isso ela saiu da mesa e foi em direção à torre da Grifinória. Rony foi atrás dela e, quando saiu do salão principal, não a encontrou.

- Não deveria ter explodido assim Rony. – Diz Harry, o qual o havia seguido para fora do salão.

- Mais... mais...- Rony se sentou e encarou o chão.

- Ora... vejam só, o pobretão do Weasley chorando pelo amor da sangue-ruim, isso é comovente. –

O dia não podia ficar mais agitado, pensava Harry, enquanto escutava a voz de Draco, o qual, aparentemente, não tinha nada de mais importante para fazer. E, para pior, estava acompanhado dos seus guarda-costas. - Que foi, Weasley? Perdeu a voz?

Draco só sentiu quando o punho de Rony foi parar no seu queixo. O soco não fora tão forte, mas por ter sido pego de surpresa, caiu no chão. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, alguns alunos começaram a sair do salão, e Draco percebeu que não poderia resolver aquilo ali. Porém, espumando de raiva, ele resolveu dar um aviso à Rony, enquanto se afastava ali com os sonserinos que o acompanhava, entrando no salão principal.

- Irá pagar com o que tem de mais valor nesta escola, Weasley. Vai chorar noite após noite!

- Cala a boca, Malfoy!

- Chega Rony. - Diz Harry. - Ele não pode fazer nada. – e puxava o amigo para dentro do salão.

De onde estava, Yoh acompanhou com os olhos quando, bem na entrada do salão comunal, em meio a um monte de alunos, Rony bateu em Draco. Ali, teve uma leve sensação de que, de repente, o clima ficou pesado. Bem de leve. Mas, como aparentemente Fred e Jorge estavam conversando sobre um assunto diferente, e o Ronald havia saído do salão por um instante, aproveitou e fez um convite à Gina para ela ir assistir ao jogo inicial com ele.

O que tinha a perder? Podia ser uma boa companhia, ela pensava. Na verdade ainda estava um pouco surpresa com o tanto de coisas que estava acontecendo nos últimos minutos, mas...

- Aceito.

- Ok, então nos encontramos lá. Vou estar meio ocupado essa semana, não sei se poderemos nos ver muito.

- Tudo bem. – ela falava com um sorriso contido. "Nos ver"? Se ela tinha ainda um resquício de dúvida, ficou muito claro que aquilo era o que parecia ser.

- Ei, Kneen - Harry terminara de colocar Rony no banco - sabe como está a Cho?

- Heim? Cho? Que Cho? - ele tentava voltar ao tom da conversa, pego de surpresa pela pergunta de Harry - ah, desculpe. Ela está bem. Paralisada da cintura para baixo, mas está bem. Acho que vai ficar sem jogar durante alguns meses.

- Que chato, não? - Harry estava visivelmente chateado - e agora? Como a Corvinal vai fazer? - ele perguntava, embora estivesse mais chateado por Cho do que pelo time da Corvinal.

- Estamos fazendo alguns testes para apanhadores. Acho que pelo menos não dá pra fazer feio no jogo de sábado.

- Bem, boa sorte.

- Obrigado, mas é para os jogadores que deve dizer isso. - Fala com um sorriso.

- Err... mas você é da Corvinal, e certamente torce pela sua casa.

- Claro! Com licença, mas tenho que voltar para a minha mesa. - Ele se voltou para onde Gina Estava, bem como às meninas ao seu redor – legal fazer amizade com vocês!

Não fosse as cores do uniforme de Yoh, Gina juraria que era um estudante da Lufa-Lufa.

Ele sorriu e foi para a mesa da Corvinal, um pouco eufórico. Não acreditava no que acabara de fazer. Meio segundo a mais e não teria tido essa coragem.

Esses pensamentos duraram um instante, pois Ariel, Miranda, Julieta e Rika estavam de braços cruzados, mas logo um sorriso divertido apareceu na face delas. Ele agitou a varinha e jogou novamente o que parecia uma espécie de pó sobre a cabeça da garotas e, em seguida, flores apareceram para elas. As quatro sorriram e beijaram a face do rapaz que corou um pouco.

- Não sabia que me amavam tanto!

- Yoh deixa de ser bobo. - Diz Ariel com a mão na cintura.

- Você sabe que nosso amor é verdadeiro. - Completa Rika, Miranda e Julieta, mostrando uma caixa de bombom que estava na mesa.

- Senhora Jane lhe mandou. - Fala James, enquanto pega um pouco do que parecia ser a poeira que ele jogara. Ele não demora a perceber que eram micros sementes que o amigo utilizara para realizar sua magia.

- Ih! Minha mãe me mandando presentes. - Ele levanta uma sobrancelha. - Meu pai não mandou nenhuma carta, né?

- Não. - Fala Carlos, rindo. - E então, está no time ou não?

- Ai ... tá, tá bom, eu jogarei pela Corvinal... mas só até a Cho melhorar, ok?

- Tudo bem.

- E eu quero jogar do meu jeito!

- Mas isso nem F******!


- Aquele Weasley me paga! Ele me paga!

- Que vergonha, Malfoy - uma voz era ouvida novamente. Draco se erguia, mas a voz parecia vir de todo o lugar, de modo que ele não conseguia identificar a origem - apanhando de novo! Primeiro o Potter, agora o Weasley! Pensei que ser sangue-puro tinha suas vantagens...

Uma risada acompanhava a maioria dos alunos das mesas.

- Pelo menos eu tenho coragem, não fico me escondendo. Quem é? APosto que é o Potter. Ou o Weasley. Ou algum idiota da Grifinória, só pode!

- E por que da Grifinória, branquelo? Posso ser da Lufa-Lufa, Corvinal... posso até mesmo ser da Sonserina. Posso ser o cara do seu lado te tirando um sarro... mas... e daí?

- Vai ver só quando eu te pegar!

- Muda o disco, Malfoy! Só sabe fazer isso, ficar ameaçando as pessoas? Queria ver como se viraria sem esses dois brutamontes do seu lado. Ah, esqueci, nem adiantou, o Weasley te deu uma surra do mesmo jeito, com eles do lado. Que pena, não? Sua defesa não adiantou de nada...

- Ah! Eu mato esse infeliz! Apareça! Apareça!

No entanto, para a infelicidade de Draco, o salão ficou em total silêncio, novamente. Era ele e mais ninguém.

De sua mesa, Amanda dava um risinho. Não sabia quem era, mas estava literalmente acabando com o Draco.

Os alunos começaram a conversar. Além da enorme dor no queixo, Draco estava com uma raiva enorme daquela voz, de modo que decidiu que ainda iria descobrir o dono dela e, quando isso acontecesse, ele veria por que a família Malfoy é de má fé...

- Draco, eu vou para o jardim. - Avisa Crabbe saindo da mesa e se dirigindo à grande porta de carvalho.

- Hunff ... - O loiro olhou para a mesa da Grifinória aonde Rony estava com um ar de vitória, mas os olhos acinzentados encontraram sua vingança. - Você vai ver, Weasley.

Ariel estava olhando para os amigos, como se delineasse o que parecia só mais uma manhã comum: Miranda conversava com Carlos, e era evidente o xodó que um tinha pelo outro, embora retribuíssem de maneira comedida. Yoh, por sua vez, estava rindo. Era uma bobeira, ela pensava, mas era engraçado vê-lo rindo de uma brincadeira que estava fazendo com Draco. Só esperava que ele soubesse a hora de parar.


- Está bom aqui Gina, pode voltar. - Diz Amanda, ficando vermelha de vergonha.

- Está bem, qualquer coisa corra para perto do lago, estarei lá.

- Tá bom... vai logo... eu prometi vir sozinha...

Se cuida, Mandinha. Seu irmão, apesar de não estar mais aqui é ciumento. - Amanda fez sinal para a ruiva ir embora, e ela foi.

Crabbe não era mais gordo, estava diferente, mais alto e magro. O cabelo caia sobre os olhos e andava direito, não mais feito um gorila. Ele chegou e sorriu para Amanda, que sentiu as pernas tremerem. Gina sentou a beira do lago e ficou olhando para eles.

Alguns minutos depois, se viu olhando para os céus, contando as estrelas. Parecia diferente. Era algo diferente. Só então depois de observar a amiga novamente é que ela se deu conta de uma coisa, ou melhor, resgatou à memória: havia sido paquerada. Foi algo sútil e simpático e, apesar dele ter sido bastante gentil e educado com as outras garotas, percebeu que ele dedicou grande parte de sua atenção a ela.

"Você acha?", diria Amanda, de maneira debochada.

Por que?

Pensando bem... por que não?

Era uma adolescente, não uma criança, como seu irmão achava. Já era uma moça, e seu corpo já havia entrado em fase de desenvolvimento há algum tempo atrás. Há pouco tempo atrás estava tendo conversas com sua mãe que antes nunca imaginou que teria, assim como também já não se sentia mais a vontade de dormir com os irmãos, trocar de roupa na frente deles, ou ficar andando de toalha pela casa.

O pior era que aquilo a deixou ansiosa: ele disse que iria "sumir" durante a semana, não é? Agora teria que esperar até o próximo jogo para encontra-lo!

Apesar dela não saber muito bem, os trouxas tinham um nome perfeito para isso.

Hormônios.


Yoh, Ariel, Miranda, Rika, Julieta, James e Carlos saíram do salão e foram andar um pouco. Estavam conversando sobre as táticas de jogo que eles iriam fazer.

- Vamos lá na ala hospitalar tentar ver a Cho. - Diz Ariel.

Todos ali concordaram e andaram até a ala hospitalar, mas Florinda não deixou eles entrarem, alegando que ali não era local de recreio. Saíram praguejando a jovem enfermeira.

Ao longo da semana, o treino se intensificou bem mais. Yoh perdera a conta das vezes em que estava "cultuando o deus da inércia "e fora interrompido por Carlos, que o puxava para treinar. No final, eles o fizeram ler de cabo a rabo o livro "Quadribol Através dos Séculos", e lhe ensinaram suas melhores manobras.

Não que ele não as conhecesse, lógico. Muitas delas ele já praticava em suas corridas, apenas tinham nomes diferentes, para o horror de Carlos.


- E ATENÇÃO, SENHORAS E SENHORES, MOÇAS E RAPAZES! ALUNOS DE TODA HOGWARTS, VENHO ATÉ AQUI LHES TRAZER TODA A EMOÇÃO DE MAIS UMA PARTIDA DESTE ESPORTE QUE TEM CONQUISTADO GERAÇÕES DE EXPECTADORES! ENTRANDO PELO LADO DIREITO, VESTINDO UNIFORME AMARELO-CANÁRIO, TEMOS OS ARTILHEIROS ANA ABBOTT, SUSANA BONES E JUSTINO FINCH-FLETCHLEY! COMO BATEDORES, O CAPITÃO MICHAEL LOUP E NICHOLAS CAGE! E NA POSIÇÃO DE APANHADORA, TEMOS A MENINA DE CABELOS DE VEELA ...

- Menos, Jordan. - Diz Minerva.

- CLARO, PROFESSORA... COMO EU IA DIZENDO NA POSIÇÃO DE APANHADORA TEMOS LUNA PERKES E, COMO GOLEIRO, ELTON CLARK!

- Amanda? O que que você tá fazendo aqui? - a ruiva olhava com um olho fechado para a amiga.

- O que EU estou fazendo aqui? Ora, não tinha nada pra fazer, então vim assistir ao jogo. E você?

- Quem, eu? Ora... eu só vim aqui assistir ao jogo. Sou a goleira titular, tenho que saber o que vou enfrentar!

- Sei... não tem nada a ver com aquela garoto da Corvinal que te convidou, não é?

- Imagina. Mas... cadê ele? ele disse que iria estar aqui, mas não estou vendo-o em lugar algum.

- Ahá!

- Sério! Ele disse que iria assistir o jogo do melhor lugar... mas não o vejo de jeito nenhum!

- Esquece isso, olha lá, o time da Corvinal vai entrar!

- E AGORA, ENTRANDO EM CAMPO, TEMOS AS ARTILHEIRAS ARIEL, MIRANDA E O CAPITÃO CARLOS! OS BATEDORES RIKA E JAMES! A INCRIVEL GOLEIRA JULIETA, E TAMBÉM O MAIS NOVO INTEGRANTE DO TIME, O INICIANTE YOH KNEEN!

- Yoh? - tanto Gina quanto sua amiga arregalaram os olhos. Apanhador?

Ele?

- Olha só, parece que o eu novo "amigo" é cheio de surpresas – Amanda, mais uma vez, ria de maneira debochada para Gina.

Eles vão entrando no campo, sendo Yoh o último. Usava óculos escuro nos olhos, cujas lentes eram bem pequenas. Totalmente descontraído, ele carregava a vassoura nas costas, enquanto olhava para as pessoas e sinalizava para os demais.

-E ai, Yoh? O que achou?

- Não muda de assunto, você ainda me deve uma vassoura!

- Só temos essa cleanswep, mesmo. Mesma coisa que a sua, não reclama.

- Mas não era, mesmo! A minha era toda personalizada! Não essa coisa velha e surrada que vocês me fizeram usar nos treinos!

- Afff! Não se preocupe, ainda vamos te dar uma nova.

- Quero só ver...

- Vamos fazer assim... pegue o pomo dourado... e te damos a vassoura que você quiser.

- A que eu quiser? - os olhos dele brilhavam.

- E que esteja acessível para nós, pobres bruxos.

- Saco!

- E OLHA SÓ! ISSO É NOVIDADE! O TIME DA CORVINAL TINHA O FAVORITISMO, MAS ELES SOFRERAM UM DESFALQUE DE ULTIMA HORA! SUA APANHADORA, A INCRÍVEL CHO CHANG, SOFREU UM ACIDENTE. O TIME ACABOU REALIZANDO TESTES DE ÚLTIMA HORA PARA APANHADOR, DE FORMA QUE O KNEEN FOI O ESCOLHIDO. NÃO HÁ NENHUM RELATO EM SEU HISTÓRICO ESCOLAR A RESPEITO DE QUADRIBOL, TAMPOUCO ALGUM DESTAQUE NA AULA DE VOO. REALMENTE, A CORVINAL ESTÁ EM MAUS LENÇOIS! PODE-SE DIZER QUE AS CHANCES DELA GANHAR UM JOGO SEQUER EM TODO O CAMPEONATO ESTÃO PERTO DE NULAS, SENHORAS E ...

- Chega, Lino! Narre apenas o jogo!

- Muito bem a todos, eu quero um jogo limpo!

Ambos os times montam em suas vassouras, ganhando altura e iniciando aquele jogo que, a respeito dos anos anteriores, não prometia ser muito emocionante. E o público presente era um demonstrativo de como as pessoas estavam animadas com a partida: tirando alguns um ou outro estudante aleatório da Sonserina e da Grifinória, a maioria esmagadora era de Corvinais e Lufanos. E, para a maioria dos expectadores, qualquer que fosse o resultado, tinha um gosto antecipado de gosto de consolação.