"…" – Fala.
'…' – Pensamentos.
§§ – Flashback.
Minamata…
Fazia dois dias que Xiao Lang estava na cidade de Minamata, no sul do Japão. A pequena cidade era bastante acolhedora e tinha poucos visitantes naquela época, por isso, não tinha movimento. Exatamente como ele gostava.
Estava caminhando na beira da praia, apesar do dia estar ensolarado e não ter uma única nuvem no céu, o vento que vinha do mar era bastante frio. Fechou um pouco mais o casaco e decidiu sentar na areia.
Ficou escutando o relaxante som das ondas estourando calmamente nas pedras e começou a observar algumas pessoas fazendo caminhadas na beira da praia e algumas mulheres empurrando carrinhos de bebê na calçada.
Uma garota passa correndo por ele a caminho do mar e fica parada encarando o oceano. Ele não sabia o por que de ficar observando-a, mas notou a agitação dela quando passou por ele. Seus olhos desviaram-se da figura, mas alguma coisa atraía-o de novo para ela. Ele a viu entrando na água, mas ainda não tinha certeza do que ela pretendia, afinal poderia ser apenas uma maluca que gostava de tomar banhos gelados. Mas ele teve a certeza de que algo estava errado quando a viu entrar cada vez mais no fundo, levantou-se e correu em direção a ela. Agora estava certo do que ela pretendia.
Sakura havia andado por horas. Decidiu parar, não se livraria de seus problemas caminhando. Mas também não tinha forças para enfrentá–los. Doía demais.
Quando voltou a si sentiu a água fria batendo em sua pele, pareciam milhões de facas penetrando sua carne.
Começou a se debater, percebendo que o que tentava fazer era errado, mas era tarde, pois já tinha ido mais longe do que imaginara. Suas roupas pesavam muito e ela quase não conseguia se mexer.
'Mamãe,… ajude-me…' – foi a última coisa que pensou antes de perder sua consciência.
''''''''
Ela se sentia flutuando. A sensação era bem diferente do peso a que estava submetida antes. Sentia–se aquecida. Segura.
'Será que eu morri?' – perguntou-se abrindo os olhos com certa dificuldade. Levou algum tempo até se acostumar com a claridade do local. Piscou algumas vezes e viu um teto branco com uma luz forte. Um som irritante de alguma coisa apitando. Estava em um hospital – 'Ah… não!' – tentou se levantar, mas seu corpo doía.
"Finalmente acordou!" – uma enfermeira entrou no quarto, dando uma olhada na prancheta aos pés da cama – "Como está se sentindo?" – colocou a prancheta na mesa de cabeceira e pegou uma lanterninha para verificar a dilatação da pupila.
"Bem,…" – mentiu tentando mais uma vez se levantar – "Como eu vim parar aqui?" – perguntou sentando–se com a ajuda da enfermeira.
"Foi trazida inconsciente para cá ontem,…" – sorriu – "teve sorte, se demorasse um pouco mais não teria resistido, pois engoliu muita água…".
"Quando poderei sair?" – olhou incomodada para todos os fios e para a agulha de soro em seu braço.
"Isso não é comigo,… Senhorita…" – sorriu gentilmente para a garota – "ah sim… ainda não temos seus dados na ficha…" – a garota fez uma expressão de desânimo.
"Sakura Kinomoto,… 23 anos… moro em Tomoeda…" – ela respirou fundo – "Posso sair daqui agora?".
"Acalme–se Srta. Kinomoto!" – ela sorriu – "Chamo-me Ayumi Tsukane,… qualquer coisa que você quiser é só pedir,…".
"Eu quero ir embora!" – interrompeu-a.
"Pelo visto não gosta de hospitais…" – Ayumi balançou a cabeça – "Aguarde alguns minutos, por favor! O médico já virá lhe atender, ele lhe dirá quando poderá sair, está bem?" – ela se virou e saiu do quarto deixando a jovem de olhos verdes desesperada.
Ela não suportava hospitais. Ficou olhando para a porta impacientemente desejando que o médico aparecesse o mais rápido possível. Com certa dificuldade, virou seu corpo colocando as pernas fora da cama. Ia tentar se levantar quando um homem de meia idade, cabelos grisalhos, olhos castanhos claros entrou no quarto – "Boa tarde!" – olhou para a paciente e sorriu pegando a prancheta – "Deu-nos um susto Srta. Kinomoto,… mas ainda bem que acordou!… Eu sou o Dr. Yukoshi Takada… Vamos ver logo como você está… a Srta. Tsukane disse que estava ansiosa para ir para casa!…".
"Eu agradeceria muito…" – ela sorriu aliviada com a idéia de poder sair dali.
O médico fez todos os exames enquanto fazia algumas perguntas de praxe para a jovem.
"Parece que tudo está bem com a Senhorita, mas devido às condições em que foi trazida ao hospital, e por não morar em Minamata, terá que ficar em observação por pelo menos dois dias…" – ela escondeu o rosto e balançou a cabeça negativamente – "a não ser…" – ergueu rapidamente a cabeça fitando o médico que fazia certo suspense.
"A não ser o quê?" – irrita-se fazendo com que o homem risse um pouco.
"Que alguém se responsabilize por você…" – ela deitou na cama colocando as costas da mão na testa. Não conhecia ninguém na cidade, a prima havia indicado o lugar e uma pousada em que costumava passar o verão, para que se desligasse um pouco de Tomoeda e de… – 'Você não vai ficar pensando nele!' – repreendeu-se mentalmente.
"Eu poderia me responsabilizar pela alta…" – ela ergueu a cabeça fitando um belo rapaz de cabelos castanhos rebeldes e olhos chocolate, nariz afilado, queixo fino e um físico maravilhoso – "Isto se a senhorita aceitar, é claro!" – olhou para Sakura que o fitava curiosamente.
"Boa tarde Sr. Li!" – o Dr. Yukoshi o cumprimentou recebendo um cordial aceno com a cabeça.
"Você não é médico… não é mesmo?" – ela perguntou desconfiada.
"Não… este é o Sr. Shaoran Li…" – o médico disse – "Foi ele quem a trouxe para o hospital ontem, Srta. Kinomoto!…".
"Então creio que eu deva agradecer por salvar minha vida Sr. Li…" – ela sorriu fracamente.
"Não foi nada,…" – observou-a perguntando–se por que ela entrara no mar no dia anterior.
"Eu vou voltar a fazer minha ronda… por favor, me avisem a decisão que tomarem quanto à alta!" – o homem se retirou deixando–os sozinhos no quarto.
"Eu agradeço por querer me ajudar,… mas não quero causar–lhe mais problemas…" – ela se sentou na cama abaixando a cabeça.
"Não seria incômodo algum Srta. Kinomoto…" – ele se sentou em um sofá que ficava encostado à parede.
"Tem certeza que não serei um problema?…" – ele negou com a cabeça. Ela ficou pensativa por alguns segundos. Não conhecia o jovem que estava ajudando-a, mas não queria ficar no hospital por mais dois dias, olhou para o rapaz que esperava uma resposta e sorriu agradecida – "Tudo bem… contanto que eu possa retribuir sua ajuda…".
"Certo!" – ele levantou e esboçou um sorriso – "Irei falar com o Doutor… já retorno!…" – saiu do quarto deixando a japonesa com confusos pensamentos. O jovem estava sendo muito educado e gentil com ela. Mas parecia tão triste – 'Espero poder ajudá–lo!' – pensou voltando a se deitar, enquanto esperava que Shaoran Li retornasse.
Continua…
N/A – Eu quase matei a Sakura nesse capítulo, que também ficou curtinho, mas é claro que o Shaoran não permitiria isso…
Agora é que a estória vai realmente começar e ainda tem muito 'chão' pela frente, espero que todos estejam gostando e que continuem acompanhando Corações Partidos, enviando muitos reviews… hehe…
Agradecimentos para, é claro, Miaka Hiiragizawa, Felipe S. Kai, Rô e também para Andrea Meiouh, Kaw Titã e AnGeL nAnDa que deixaram reviews.
Beijinhos e até a próxima…
Yoruki.
Propaganda: Na realidade não precisa fazer propaganda, mas Eu aconselharia todos a lerem a série 'Os Feiticeiros', da Kath Klein. É tudo de bom!...