Para Ani, que tem me feito sorrir e para meu pai, que adora sorvete e me ensinou a viver nesse mundo.

Capítulo Segundo: O mundo se abre a seus pés

Ou

Sorvete faz bem á saúde.

O homem lhe acompanhou com passos firmes ao atravessarem o aposento. Lhe entregou sete livros, que colocou à sua frente numa mesa. Ela se equilibrou sobre as pernas, ereta, e o homem lhe sorriu.

"Srta. Fressô?"
"Sim, Sr. Claus"
"Os livros que deve ler são esses. Existem mais alguns que o Prof. Glein falou que seriam recomendados, mas resolvi que seria leitura demais para a Srta."
"Obrigada, Sr. Claus" ela sorriu e dobrou os joelhos em reverência. Ele sorriu para ela de volta.

"Srta. Fressô, devo lhe informar, que não é mais hábito no nosso tempo fazer reverências"
"Oh, me desculpe, Sr. Claus. Sei que é a terceira vez que me afirma isso ainda hoje, mas é realmente a força do hábito..." e sorriu.

Alistair Claus era um jovem de seus vinte e três anos, que trabalhava na seção de Mistérios do Ministério da Magia. A despeito de tudo isso, e de fazer parte de uma das famílias bruxas mais antigas e tradicionais do Mundo Mágico, ele era um jovem simpático. Ele fora designado por seu chefe, Teres Montmortre, a acompanhar aquela jovem para onde quer que ela fosse, e a ensinar sobre o mundo deles.

Estavam ambos agora numa biblioteca, em frente à uma pilha de livros sobre história e modo comportamental das pessoas na década de 90. A pobre garota iria Ter de ler sete volumes grossos que, segundo o Prof. Glein, de psicologia da Academia de Aurors, eram os melhores para adaptar a garota ao novo mundo ao qual ela era implantada.

Ambos ainda passariam por vários lugares, como academias de etiqueta e conduta, e depois iriam para o Beco Diagonal, onde a garota seria apresentada ao mundo bruxo. Mas antes disso, precisavam pegar aqueles livros – todos trouxas, por sinal – e leva-los até o carro (uma invenção que deixara a garota completamente pasmada, tanto que ela berrara ao ver aqueles automóveis pela rua).

"Não quer levar mais nenhum livro?"
"Acredito que não. Mal sei ler direito..." e ela sorriu constrangida para o homem ao seu lado, que já lhe ensinara bastante sobre a maneira de se falar à qual ela teria que se acostumar, e também mostrara algumas gírias, enquanto estavam no carro, a caminho da biblioteca.

"Certo... Mas pare de me chamar de Sr. Claus... Isso é tão... Formal... Ugh! Me chame de Ali. É meu apelido" e sorriu para ela, que o encarou com os olhos arregalados.

"Me desculpe, Sr. Claus, mas não acredito que tenhamos intimidade o suficiente para nos chamarmos pelos primeiros nomes" ela falou e ergueu o queixo, em sinal de proteção. Ele riu um pouco dela, que o encarou sinceramente pasmada.

"Por favor! Srta. Fressô, não estou lhe pedindo nenhuma intimidade... Estou apenas agindo da maneira que seria considerada normal para uma pessoa da nossa época! Ou melhor, da minha época..." ele sorriu para ela, que o encarou abismada.

"Pois na minha época é falta de respeito chamar as mulheres pelo primeiro nome"

"Mas na época em que está vivendo, é falta de respeito, ou pelo menos sinal de inimizade, chamar uma pessoa pelo sobrenome" ele retrucou enquanto pegava os livros nos braços e se dirigia à um balcão. Sorriu para a mulher que atendia as pessoas, enquanto sua companheira, Lucianne, quase desmaiava ao ver uma mulher atendendo estranhos.

"O que a Sra. pensa que está fazendo?" Lucianne perguntou com o rosto contorcido em uma expressão ofendida "O Governo não é contra seu trabalho? Não fazem idéia de que a Sra. é mulher?"

"É obvio que sabem que sou mulher" a mulher lhe respondeu com as sobrancelhas erguidas "E por que raios seriam contra meu trabalho aqui?"
"A Sra. é mulher! Não é motivo o suficiente?"

"Srta. Fressô, as mulheres ganharam os mesmos direitos que os homens, mas todos mesmo, a mais ou menos trinta anos" Claus logo se dirigiu a ela, com vontade de rir, para explicar a situação.

"Oh! Me desculpe... Eu não fazia mesmo idéia! Mas como deixaram isso acontecer?" ela perguntou levando uma mão para cobrir as boca aberta, os olhos mais arregalados que nunca.

"Perceberam que as mulheres eram mais influentes do que faziam idéia..." sorriram.

Alugaram os livros e saíram ambos dali com passos apertados.

Entraram no carro, e Lucianne começou a o olhar bastante assustada.

"Quer dizer que as mulheres ganharam direito de andar de cavalo com as... Pernas abertas?"

"Oh, e muito mais do que isso! Ao ler os livros entenderá"

O carro andou durante alguns minutos no meio do trafego, devagar. Chegaram à classe de etiqueta bruxa da Madame Adelphis, indicada pelo próprio Alvo Dumbledore.

Entraram no grande prédio Vitoriano e pararam em frente à uma enorme escadaria dupla de mármore.

Da escada desceu uma mulher alta e delgada, com mãos finas onde, em um dedo, jazia um enorme anel de sinete folheado à ouro. Olhos azuis cândidos se dirigiam de um á outro, e os lábios estavam curvados em um pequeno e afável sorriso. Não parecia uma mulher doce, mas não parecia severa. Parecia apenas... Uma mulher. Uma mulher enérgica, que sabia quando falar, e o que falar.

"Boa Tarde. Bem vindos à minha casa. O que desejam?"
"Gostaria que a Sra. desse algumas aulas de etiqueta bruxa prática para a jovem Srta. Fressô. Tenho recomendação de Alvo Dumbledore"
"Ah! Alvo... Que saudades tenho dele! Se o encontrarem, por favor, mandem-lhe recordações de Madame Adelphis. Mas vejamos o que posso fazer quanto a você, minha jovem..." e andou com passos firmes até os dois, e começou a analisar Lucianne com os cândidos olhos azuis "Hum... Pelo visto é enérgica em seus pontos de vista, e é diícil de dobrar, por mais que se adapte bem á novas situações..."
"Como sabe de tudo isso, Minha Senhora?"
"Ora, querida, você carrega o símbolo das seguidoras da Deusa. Até hoje não encontrei uma delas que não agisse dessa forma..." sorriu um pouco mais e colocou as mãos sobre os ombros da jovem, os ajeitando levemente.

"Pode ajuda-la a se adaptar ao nosso mundo, Madame?"
"Óbvio! Ela é nascida-trouxa?" perguntou, enquanto olhava, com óbvio interesse para as roupas que a garota utilizava. Apesar da insistência de Alvo Dumbledore, ela se recusara a usar qualquer uma das roupas que lhe haviam sido oferecidas, e acabara vestindo uma veste quase que idêntica à qual utilizava na hora que havia chegado ali. Um corselete apertado do lado de fora, um espartilho – obviamente mais frouxo do que o qual estava acostumada – por de baixo das vestes, um pesado manto verde escuro de veludo lhe cobrindo o corpo, assim como uma ou duas camisas, as quais ela se recusara a deixar de vestir.

"Não. Ela é... Bem, não sei se posso lhe contar, Madame. Tem algum problema se eu não contar?"
"Absolutamente não" ela falou sorrindo para o jovem "Mas vou precisar de espaço e de um tempo com ela para ajusta-la..."
"Certamente. Deixarei as duas à sós. Volto em duas horas. Está bom assim?"
"Está ótimo, meu Senhor. Apenas precisaremos que ela volte aqui mais vezes"
"Isso não é problema" e sorriu, deixando as duas sozinhas na sala, para um rigoroso treinamento de etiqueta bruxa.

"Vamos, vamos! Pare com isso! Você tem de elevar a varinha com mais classe!"
"Que mal lhe pergunte, Madame Adelphis, mas qual a utilidade de saber como erguer a varinha?"

"Para ser considerada uma bruxa de classe, deve-se saber agira com classe" a mulher lhe respondeu de modo a terminar a conversa. Mas Lucianne se aprumou e, levantando a varinha da maneira desejada por Mdm. Adelhpis, sorriu, continuando a falar.

"Não estou aqui para me tornar uma bruxa de classe, Mdm. Adelphis. Estou aqui para me adaptar ao mundo" e sorriu mais ainda, baixando a varinha e encarando a mulher á sua frente, que, subitamente, se mostrara uma mulher mais severa que o esperado.

"Pois então deveria tentar treinar sozinha!"
"Você não entende... Eu não conheço esse mundo. Não conheço a história, a maneira de vida..." o sorriso sumia devagar, e a mulher lhe encarava, parecendo respeitosamente intrigada.

"E o que lhe deixou tão alheia ao tempo?"
"Vivi longe dele a vida inteira. Faz um dia que me integrei à esse mundo... Uma amiga minha me obrigou a vir para ele" virou-se devagar andando com passos firmes até a janela de caixotilho que havia num canto da sala, que iluminava todo o aposento "E agora preciso me apresentar como uma pessoa normal. Acreditamos todos que a Sra. poderia me ajudar, mas... Já estou perdendo as esperanças. Acho que devo procurar outra pessoa..." e virou-se para a mulher, sorrindo novamente.

"Por que não me avisou antes? Poderíamos ter pulado toda essa ladainha...!" a mulher exclamou com um ar afetado, que Lucianne achava ser incomum naquele rosto sempre sério, e ainda assim sorridente.

"Certo, Mdm. Adelphis... Certo.." e sorrindo, começou a tomar suas verdadeiras lições.

Alistair entrou no enorme saguão com os olhos vidrados. Adorava arquitetura, e a arquitetura daquele local, em especial, o deixava seriamente encantado.

Ouviu passos e virou os olhos para a escadaria. Sabia que por ela desceriam a Sra. e a jovem. Sorriu quando a imagem das duas, lado a lado, apareceu na escada. Não havia a mínima diferença na imagem das duas descendo e subindo as escadas, quando deixara Lucianne ali, para tomar as aulas.

"Boa Tarde, senhoras. Como foram?"
"Ótimas" Mdm. Adelphis fez questão de sorrir para o jovem à sua frente, enquanto entregava a mão de Lucianne à ele.

"Gostou da aula?" ele perguntou à ela com um sorriso.

"Sim. Foi adorável" ela respondeu com um pequeno sorriso no rosto enquanto tomava sua mão de volta ao corpo. Respirou fundo e o encarou nos olhos.

"Para onde vamos agora, Sr. Claus?"

"Ao Beco Diagonal"

Quando o carro parou à frente d´O Caldeirão Furado, Lucianne o encarou assustada. Pela primeira vez desde que chegara ao novo mundo, sentia medo. Um medo enorme. Aquele lugar era tão parecido com o bar onde... Balançou a cabeça para espantar aqueles pensamentos.

"Encontraremos com minha irmã aqui... Ela entrará esse ano em Hogwarts, também, assim como você. Ela poderá lhe instruir um pouco mais sobre o mundo mágico, e a ajudará a comprar seus materiais. Aqui está o dinheiro necessário. Minha irmã lhe ensinará a utiliza-lo" e entregou à ela um saquinho. Desceram do carro, e a garota ansiou por correr para longe dali, mas Alistair Claus a puxou para dentro pela mão. Ao entrarem ele sorriu e acenou para um mesa longe da porta.

Ambos caminharam até a mesa, onde uma garotinha estava sentada. Tinha cabelos loiros na altura dos ombros, sardas no nariz, pele bronzeada e olhos turquesa. Lucianne admitiu internamente que era um menina bastante angelical e bonita.

"Srta. Fressô, essa é minha irmã, Ânnia Claus. Anny, essa é Lucianne Fressô"

"Muito prazer!" a menina falou com uma voz alegre.

"O prazer é todo meu" Lucianne respondeu com a voz calma, enquanto a garota a convidava a sentar-se com ela na mesa. Alistair despediu-se, e as duas se encararam.

"Não se sente desconfortável sentada assim? Aqui não é escola de etiqueta não..." ela falou. Lucianne sorriu para ela.

"Srta. Claus, estou tão acostumada a me sentar assim como a respirar. Não acho que tenha necessidade de sentar-me com outra postura" respondeu.

"Ah, certo. Bem, não me chame de Srta. Claus não... Me chame de Ânnia. Ou de Anny, como é mais comum..."

Lucianne quase respondeu que era um ultraje chama-la pelo primeiro nome, mas Mdm. Adelphis lhe falara o quão normal era chamar as pessoas pelo primeiro nome naqueles dias. E repetira aquilo milhares de vezes a seguir, o que fizera Lucianne, naquele momento, parar um segundo e depois responder:

"Certo, Ânnia" ambas sorriram.

"Vamos, temos de ir ao Beco Diagonal!"

"E o que em lá?"
"É uma espécie de shopping..."
"O que é um shopping?"
"Ah... Esquece... Você não é trouxa, não?"
"Bem... Mais ou menos" ela sorriu.

"Oh... Meio a meio, não é?"
"Hum..." Lucianne sorriu para a garota ao seu lado. Ânnia era bastante alegre. Talvez alegre demais. Mas fazer o quê?

"Certo, certo... Vou parar com as perguntas..." e então tirou do bolso das vestes uma varinha, que bateu num tijolo em especial.

Um portal foi se abrindo à frente das duas, em um movimento continuo e lento. Daria para passar duas, ou três delas juntas, uma sobre as outras naquele portal! Era enorme!
"Ânnia, o que é isso?"
"O Beco Diagonal" e sorriu, estendendo a mão e lhe indicando o caminho. Lucianne colocou o primeiro pé no Beco e gritou.

Nunca, jamais, Lucianne botara os pés em um lugar tão explêndido! Tão maravilhoso, tão... Oh, pelo amor da Deusa, tão mágico!

Todas aquelas pessoas andando apressadas de um lado para outro, as pequenas crianças com as carinhas encostadas contra o vidro das lojas de doces, os narizinhos espremidos contra as vitrines, mulheres velhas tomando alguma bebida fumegante num restaurante na esquina, sentadas em pequenas mesinhas de ferro, homens vestindo roupas estranhas como as de Alvo Dumbledore.

Seus olhos brilharam e correram de uma loja para outra, identificando lojas especializadas em vassouras, caldeirões, vestes, comida e material para poções. Haviam botânicas, restaurantes, bibliotecas e centros bancários! Avia de tudo naquele lugar.

Sentiu vontade de gritar, mas tudo o que fez, depois do susto inicial foi sorrir e se virar para Ânnia.

"O que achou?" a outra perguntou sorrindo, enquanto um homem passava correndo a centímetros delas.

"Esplêndido!" sussurrou enquanto andava para dentro.

As duas desceram as escadas do Gringotes, com as bolsas tinindo as moedas de ouro. Lucianne se assustava. Nunca vira tanto dinheiro em suas mãos. Carregava ainda a bolsinha que Alistrair lhe alcançara, e sorria para a idéia do que podia comprar com aquilo. Talvez um cavalo. Quem sabe, melhor ainda não conseguisse uma estátua, uma das raras estátuas da Grande Mãe?

Mas, alheia aos pensamentos de Lucianne encontrava-se Ânny, que bradava que tinham de comprar caldeirões, varinhas, vestes e vassouras.

Lucianne sentia vontade de rir da gula da garota de entrar em todas as lojas, mas apenas sorria para esta. Tinham apenas um ano de diferença de idade, mas, mentalmente, Lucianne era tão madura quanto a mão de Ânnia, segundo veriam dentro de meses.

"Lucianne! Vamos, vamos, temos de comprar a sua varinha" e corria por entre as pessoas, esbarrando em algumas delas, as quais Lucianne pedia desculpas. Em alguns minutos pararam na frente de uma loja antiga com os dizeres: Olivaras – Fabricantes de Varinhas de Ótima Qualidade 382 a.C.

A garota arregalou os olhos. Quer dizer que aquela loja já existia antes dela nascer!

Entraram as duas no lugar, e Ânnia sentou-se numa cadeira enorme que havia do outro lado da loja. Lucianne andou com passos – finalmente! – incertos, e um homem apareceu à sua frente.

Era velho, com um enorme nariz de batata, queixo redondo, e olhos azuis brilhantes. Os cabelos curtos e aparados já eram brancos, e estava meio curvado pela idade. Mas sorria. Um sorriso diferente de todos os que ela já havia visto em toda a vida; nunca um sorriso lhe parecera tão misterioso.

Ela sorriu de volta para ele, polidamente, a cabeça semi-abaixada.

"Levante o rosto, minha jovem..." ela levantou o rosto, o sorriso sumindo e o encarou nos olhos "Não lhe esperava por aqui... Deveria Ter comprado sua varinha a mais de quinhentos anos"
"Ela é velha, mas não tanto, Sr. Olivaras!" Ânnia se meteu na conversa e o homem sorriu para ela.

"Olá, jovem Claus! Como passa?"
"Bem, muito bem, Sr. Olivaras... E o Sr.? Como tem passado?"
"Ótimo" sorriu para a menina e voltou os olhos para Lucianne.

"Eu ia comprar uma varinha?" ela perguntou surpreendia.

"Todas as filhas da Deusa recebem uma varinha aos dezoito anos... Mas o que aconteceu para você parar aqui?" Ânnia encarava os dois meio assustada, e mexia os lábios em uma pergunta muda... 'Filha da Deusa?'

"A Inquisição" ela falou com um sorriso. Fosse quem fosse aquele homem, ela confiava nele mais do que em qualquer outra pessoa que já encontrara naquela época...

"Oh, claro... Sempre a Inquisição..." e o homem lhe sorriu enigmaticamente mais uma vez.

"Vocês se conhecem?" Ânnia perguntou enquanto olhava de um para outro.

"Não, não nos conhecemos" Lucianne respondeu no mesmo momento, e, logo depois se virou para o senhor à sua frente.

"Me mandaram vir aqui comprar uma varinha"
"Acho que já sei qual vai servir à você..." e pegou uma caixa longa, sorrindo para ela "Que mal lhe pergunte, mas o que foi que te trouxe para cá?"
"Foi a busca pela varinha..." ela falou sorrindo. Tinha o costume de fazer graça algumas vezes com as Filhas da Deusa, e por isso era conhecida como desaforada na sua época. E soube que o Sr. Olivaras não achara muita graça na piadinha quando a olhou sério "Desculpe-me... Vim através de um feitiço" e sorriu novamente para ele, em busca de um brilho estranho em seu olhar. E ele veio.

"Abdeo Tempus... Nota-se" ele falou para ela.

"Como soube?"
"Sei de mais coisas do que imagina, Srta" e tirou a varinha da caixa a entregando à ela com um gesto simples "Pelo de um unicórneo fêmea, pego na Itália. Vinte e sete centímetros, freixo. Ótima para feitiços... Acredito que a Pedra da Lua seja uma boa pedida... Sempre saem varinhas diferentes para Sacerdotisas, mas a Pedra da Lua apenas para as grandes... E vejo coisas grandiosas para você, Srta" falou sorrindo.

Ela o encarou durante alguns segundos. Para a estranheza de Ânnia que estava ao seu lado, a varinha ficou parada alguns segundos.

"Vamos, vamos, tem de querer que ela funcione, ou não funcionará!"
"Sim..." ela falou. Estava pensando vagamente, naquele momento em um enorme Freixo que havia perto do seu templo... Ela adorava a árvore, e pensava nela quando Olivaras a chamara de volta a realidade.

Vagamente mexeu a varinha, ainda pensando no enorme e velho freixo, sorrindo.

"Oh!" Ânnia exclamou, e Lucianne virou-se para ela.

"O que...?" mas antes de terminar a frase viu um enorme freixo crescendo em tempo inestimável á sua frente. E, quando ele tomou seu maior tamanho e parou de crescer, a casca foi enrugando, e... "É o Freixo do templo!"

"Ela acertou de primeira! Isso não é justo!" Ânnia falou indignada enquanto apontava para o Freixo enorme que se erguia dentro da loja. O Sr. Olivaras mexeu a própria varinha com um sorriso e o Freixo desapareceu.

"Mas isso é esplêndido!" Lucianne falou com um sorriso enquanto andava em largos passos – maravilhosamente descompassados, segundo Ânnia – até o Sr. Olivaras, os olhos cor de céu brilhando "Quanto quer por essa varinha?"
"São três galeões e sete nuques, Srta. Fressô" o Sr. Olivaras respondeu num sorriso enquanto tomava a varinha de suas mãos e colocava novamente na caixa, a envolvendo na seda fina que havia ali. Entregou a caixa nas mãos de Lucianne quando Ânnia lhe estendeu algumas moedas.

"Não se esqueça de que a sua varinha é poderosa demais para fazer coisas ruins..." ele falou como um último aviso enquanto as duas garotas – uma encantada e a outra indignada – saiam da loja em passos curtos.

Algumas horas depois, estavam as duas garotas sentadas na sorveteria Florean Fortescue, Lucianne olhando espantada para todas aquelas bolas de massa estranha á sua frente, com Ânnia já comendo sua taça de Chocolate Split.

"O que é isso?" perguntou enquanto apontava com um dedo para a taça com cinco bolas de sorvete, chamado carinhosamente pelos consumidores de "Combo Amargo".

"Sorvete, bolas..." a garota falou limpando o canto da boca que estava sujo de sorvete.

"E o que é sorvete, bolas?"
"É uma massa de neve com gosto"

"Neve com gosto?"
"Isso mesmo!" ela falou com um sorriso "A minha é neve com gosto de chocolate com morango, chocolate com granulado, chocolate com pedaços de chocolate, chocolate com amoras e o meu favorito, chocolate com grapefruit. A sua é o famoso Combo Amargo... Sorvete de limão, de laranja verde do pé, de acerola com pinga – que, aliás, é uma das maiores descobertas da América do Sul! – de vinagre e de giló. Não sei realmente porque você escolheu esse, mas..."
"Era o único número que eu havia aprendido hoje... Número um. Estava tentando lhe falar isso... Mdm. Adelphis estava me ensinando os números, e estava lhe contando que havia aprendido sobre o um... E o homem me estendeu, então esse tal de... Rombo Azedo"
"Não é Rombo Azedo, Lucy! É Combo Amargo! E ele te estendeu essa coisa porque você pediu!"
"Não pedi não! Ele que foi rude comigo e me estendeu essa coisa. Mas eu fui educada o bastante para aceitar!" falou levantando o queixo levemente, naquela pose típica – á qual Ânnia já estava se acostumando, aliás – de 'Eu sei bem do que estou falando!'

"Não.. Isso a gente não chama de educação. Chama de idiotice, por aqui..." Ânnia falou com os olhos apertados, enquanto pousava a taça de sorvete vazia sobre a mesa de ferro "Por que raios não tenta provar essa joça? Talvez você goste. Se não gostar me avise, que peço outro... Você realmente decidiu-se pelo pior de todos!"

"Certo..." e Lucianne esticou a colher com um pedaço de sorvete para perto da boca. Quando colocou a primeira colherada de sorvete na boca e a fechou, sentiu um enorme frio, e seus dentes doeram. Apesar de tudo, ela sentiu-se maravilhosamente bem, com aquele limão gelado dentro da sua boca "Mas isso é uma delícia!" e deu outra colherada. Em dez minutos havia comido toda a taça, se deliciando até mesmo com o sorvete de vinagre e o de giló.

"Gostou mesmo, hein? Quer mais, maluquinha?" perguntou Ânnia com um pequeno sorriso que se estendia por todo o seu rosto

"Adorei! Adoraria mais um pouco dessa neve com gosto..."
"Chame-o apenas de sorvete, maluquinha... Assim é mais fácil, não acha?"
"Sorvete... Certo. Hei do o chamar desse modo" e sorriu enquanto via Ânnia se levantar para pedir mais uma taça de sorvete.

Voltou com um pote grande de isopor, o qual ela abriu com um sorriso e mostrou para a amiga "Morango, jabuticaba, chocolate, pitanga, banana com molho de kiwí, mamão papaia, doce de abóbora, groselha, cevada, licor com marshmellow. Meus sabores favoritos para você experimentar. Não acha maravilhoso comer todas essas coisas fresquinhas? E ainda fazem bem á saúde... Mas temos antes de te arranjar hospedagem... Venha... A gente come esse pote mais tarde..." e o colocou na sacola de papel que tinha nas mãos.

Andaram as duas novamente até O Caldeirão Furado e Ânnia sorriu para o dono.

"Olá, Tom. Essa daqui é Lucianne, minha amiga. Queria saber se você não conseguiria um quarto para ela... Tem como? Meu irmão me falou que viria acertar todas as coisas aqui com você..."
"Ah! Claro que tem, jovem Claus... Venha, chame sua amiga que arranjaremos o meu melhor quarto para ela..." e sorriu seu sorriso desdentado que ainda colocava um pouco de medo em Lucianne.

Subiram as escadas em silencio, Lucianne bem consciente do rangido da madeira sob seu peso, e chegaram a um estreito e longo corredor mal-iluminado.

Caminharam até uma porta de madeira escura e gasta, onde uma pequena placa de cobre informava que era o quarto de número três. Lucianne sorriu e entrou no quarto.

"Na realidade, jovem Claus, esse quarto já havia me sido pedido pelo Ministério. Me mandaram uma mala, que está ali ao lado..." Tom falou enquanto apontava para o que seria um armário, e sorriu para Lucianne.

"Obrigada, Tom!" Ânnia exclamou sorridente enquanto se atirava na cama e puxava Lucianne pela mão para vir junto. A outra estancou no lugar, e Ânnia a encarou "O que houve maluquinha?"
"Não posso fazer gestos bruscos. O espartilho me mataria"
"Quem é o Espartilho?" Ânnia perguntou séria enquanto se levantava da cama e via Tom fechando a porta do quarto com delicadeza.

"A pergunta feita deveria ser o que é um espartilho" Lucianne falou sorrindo enquanto se virava de costas "Poderia, por favor, soltar meu corselete?" perguntou, e Ânnia foi para a frente e ajudou a colega a se livrar da faixa de pano, Depois, Lucianne com gestos lentos tirou o tecido que a cobria e mais uma camisa, sobrando apenas o espartilho.

"Ah! Isso é o espartilho?"
"Isso mesmo" falou sorrindo.

"Mas, agora me lembrei, isso não é usado a mais de cinco séculos!"

Lucianne parou durante alguns segundos em silêncio e Ânnia a encarou naqueles momentos em expectativa.

"Não mesmo" ela falou sorrindo.

"Então por que o está usando?"
"Pois eu estou... Bem, pode-se dizer que eu nasci faz cinco séculos"
"Como?" foi tudo o que Ânnia exclamou antes de desmaiar na cama.

N.A.: Realmente, quando eu começar a ficar malvada com finais, poderá se dizer que eu fiquei ligada á fanfic... Ainda estou despertando... Ah, eu tenho notado que não uso muito a linguagem de cinco séculos atrás, mas é que eu realmente iria achar trabalhoso para se escrever e se ler, e achei melhor deixar essas chatices de lado e apenas colocar trama. Mas se alguém preferir muito... Apenas me avise! ^-^ Quanto a fic em si, preciso de mais reviews para escrever mais! Senão, não dá!!

Ani, esse capítulo foi em sua homenagem que me deixou review e me ajudou a sorrir entre as lágrimas... Obrigada menina! Seus gestos são maiores do que imagina! Desculpe por não colocar nada de Wicca aqui no capítulo...

E quanto a vocês, espertinhos que lêem a fic e não deixam reviews, nem pra falar mal.. Estou abismada com tal audácia!

Beijos!

Samhaim Girl