Dedico essa capítulo á Ani, que é uma ótima pessoa e merece esse capítulo e á Leonardo com quem eu sempre estive brigando também.

Capítulo Terceiro: Revelações da Alma

Ou

Rosas e Vinho Branco – uma combinação explosiva

"Como?" foi tudo o que Ânnia exclamou antes de desmaiar na cama.

"Oh! Pela Deusa, Srta Claus, não faça isso comigo!" e Lucianne andou com passos rápidos na direção da mais nova amiga, os braços estendidos, os olhos brilhando de lágrimas. Passou as mãos pelo rosto da colega em um gesto delicado e, de súbito, lhe deu um tapa ao lado do rosto. A menina abriu os olhos de uma vez só, e sentou-se na cama de supetão.

"AH!" berrou assustada, e Lucianne lhe sorriu sentando na beirada da cama.

"Ainda bem que acordou de primeira" sussurrou com um sorriso. Ânny a encarou.

"Você é louca! Não pode Ter nascido a cinco séculos!"

"Tanto posso como o fiz!" e sorriu para ela, levantando-se e andando até a janela, que dava para o Beco Diagonal. Podia-se ver os chapéus coco indo de um lado á outro, assim como alguns pontudos que se elevavam na multidão.

"Louca! Insana! É isso o que você é!"
"Eu vim transportada por um feitiço, provavelmente o Abdeo Tempus... Um feitiço poderosíssimo, que chega a matar quem o lança..." novamente sua voz estava melancólica e lenta, enquanto pronunciava aquelas palavras "Minha única amiga me lançou aquele feitiço... Kaysha. Era uma ótima pessoa..." sorriu, virando os olhos azuis para a garota jogada na cama com a boca aberta.

"Não fique assim, triste..." ela sussurrou enquanto se levantava, e depois sorriu para ela, pronta para fazer graça novamente "Minhas condolências" falou enquanto fazia uma meia reverência bastante torta. Lucianne sorriu para ela um pequeno sorriso, que a outra retribuiu.

"Obrigada" sussurrou fazendo outra reverência "Mas as condolências são dispensáveis, já que de nada me servem..." e abaixou a cabeça, virando-se de costas para Ânnia novamente.

"Vai ficar mesmo de costas para mim?"
"Não gosto de chorar na frente dos outros..."
"Por que está chorando? Kaysha?" perguntou incerta.

"Também" e virou-se para a amiga, o rosto molhado por alguns poucos rastros de lágrimas. Os lábios tremiam levemente.

"Quer me contar os outros motivos?"
"Eu..." e sentou-se na cama, devagar "Primeiramente precisaria vestir minha roupa de dormir..." e apontou para a mala com um dedo comprido.

"Certo. Mas vai demorar tanto assim para contar?" Ânnia falou sorrindo enquanto se dirigia até a mala e a abria.

"Não... Mas estou com sono"
"Decerto..." a outra sussurrou, compenetrada em tirar as roupas de dentro da mala. Olhava o que tinha em suas mãos. Um outro vestido como o que a amiga vestira a pouco, só que preto, um outro corselete bege, algo que pareciam ser calças meio curtas e largas e cheias de renda, uma capa longa e preta de veludo e uma veste bruxa branca de mangas compridas "Cadê seu pijama?" perguntou.
"O que é um pijama?" a outra rebateu.

"Vestes de dormir"

"Estão nas suas mãos"
"Isso não é um pijama"
"É sim"
"Não é não"
"É sim!"
"Não, não é! Pijamas tem calça e blusa, e são feitos de tecido leve, como seda"

"Isso é um tecido leve. E calças são roupas para homens"

"Não, não são. Não são roupas leves, e não são para homens"
"São sim"
"Não são!"
"Ah, esqueça e apenas me passe isso, sim?"
"Certo..." e esticou o braço entregando as longas vestes para Lucianne.

"Poderia me ajudar a tirar o espartilho?"
"Por que raios você ainda usa essa joça se no meu tempo não se usa mais?"
"Costume" sussurrou enquanto se levantava com alguma dificuldade e se apoiava dobrada na cama para facilitar a liberação dos fios que prendiam o espartilho. Anny começou o trabalho de os soltar.

"Isso é um costume doido" a outra respondeu sorrindo "Quebra as costelas"
"Com certeza. Mas eu sempre era curada das costelas quebradas por Kaysha..." falou calmamente. Anny se espantou com a garota. Como ela conseguia se manter calma ao pensar que a melhor amiga estava morta?

"Ela parece ser uma boa pessoa... Me fale mais sobre ela" sussurrou com a voz soando levemente infantil. Lucianne sorriu, virando o rosto para ela.

"Kaysha era a mulher mais bonita que eu conheci em toda a minha vida. E olhe que eu conheci a princesa da França, que era um verdadeira beldade. Kaysha tinha longos cabelos negros e olhos verdes brilhantes, que sempre estavam sorrindo, não importava a situação. Tinha a voz mais doce e melodiosa que eu escutei, e era ela quem me botava para dormir quando éramos pequenas. Os pais dela morreram quando ela tinha três anos, e ela foi mandada para um templo, e criada por Kamyna. Quando meus pais morreram, eu também fui para lá"
"Seus pais morreram?"
"Quando eu tinha cinco anos"
"Onde vocês moravam?"
"Na corte. Mas minha mãe era Sacerdotiza... Escondida. Tinha muito medo da Inquisição. O medo acabou quando a Inquisição a pegou e a matou, junto de meu pai. Ainda conseguiram me esconder e me mandaram, por fim, para Kamyna"
"O que é uma Filha da Deusa? E uma Sacerdotiza? Posso saber?" Ânnia perguntou consecutivamente, louca para Ter a resposta para tantas perguntas que se fizera antes.

"Uma Filha da Deusa é uma seguidora da Deusa não iniciada pelo templo. Sacerdotiza é aquela que já foi iniciada e batizada pela Deusa. Sacerdotiza é aquela que é a Deusa encarnada na Terra, com todo o conhecimento Dela e com toda a Sua força e Beleza. Percebe-se quando uma Filha da Deusa virou uma Sacerdotiza pelo ar de beleza que ela emana" falou sorrindo enquanto o espartilho escorregava devagar para fora do próprio corpo, e continuava vestida, ainda assim, com aquelas calças curtas e largas. Pegou o vestido e o puxou pela cabeça para baixo. Ânnia sorriu quando a cabeça dela apareceu por debaixo das dobras das vestes.

"Você é uma Sacerdotiza, então" falou ainda sorrindo enquanto se jogava na cama.

"Sim, eu sou. A maneira mais prática de se notar isso é por esse símbolo..." falou enquanto torcia os lábios num pequeno sorriso e apontava para uma pequena meia-lua de ponta-cabeça na testa. Ânnia a encarou intrigada.

"Por que uma meia-lua?"
"Pois a Lua é o símbolo da Deusa" falou com um suspiro andando até a janela. O sol estava se pondo no horizonte, tingindo os céus Londrinos de tons vermelhos e alaranjados. Um pássaro saiu de cima do telhado e planou sobre o Beco, indo parar no parapeito da janela, próximo a mão de Lucianne. Ela pegou o pássaro nas mãos e fez um carinho leve com a ponta do dedo na cabecinha do animal.

"Gostei de te conhecer, Lucianne"
"E eu a você, Ânnia"
"Já falei pra você me chamar de Anny?"
"Já" sorriram.

Harry passou as pontas dos dedos sobre os cabelos, e sorriu para Gina. Ela ficou vermelha como um pimentão, mas ele realmente não sabia o que fazer. E disse, então:

"Eu já sabia, Gina"
"Já?" ela perguntou assustada, enquanto se levantava num rápido movimento e ia até a janela do trem. Harry se levantou também, prestes a chegar perto dela. Luna o encarou com um pequeno sorriso, que ele correspondeu sentando-se novamente no assento almofadado.

"Já, sim, Gina. Parece que era meio... Visível, isso tudo..."

"Visível?" ela perguntou com a voz vaga, e Harry não agüentou e se levantou, deixando de lado qualquer advertência da parte de Luna.

"Sim, Gina, visível. Mas não fique chateada"
"Eu não estou chateada" ela falou virando-se para ele "Estou furiosa!"

"Por favor, Gina... Não fique alterada..."
"Como você soube? Não tente encobrir ninguém" e lançou um olhar firme para Luna, que engoliu em seco.

"Não estou mentindo. Estava na sua cara!"
"Não estava não!"
"Estava!"
"Não estava!"
"Ah... Gina, por favor!" Luna falou com a voz exasperada, e continuou "Eu desconfiei e falei para o Harry. Está bom? Gostou? Está feliz?" perguntou com um sorriso. Era incrível a capacidade daquela garota de estar sempre sorrindo.

"Você, desconfiar? Você é desligada demais para desconfiar de alguma coisa, Luna!"
"Gina, acalme-se" Harry falou firme para ela, lhe segurando pelos ombros.

"Certo.." ela sussurrou e se jogou na poltrona "Mas pare de mentir, Luna"

"Ok, eu falei pra ele depois de você Ter me contado... Semana passada" Luna falou com um sorriso esticando as pernas preguiçosamente sobre o banco, se preparando para olhar a paisagem do lado de fora. Gina segurou as pernas dela no meio do caminho.

"Você realmente não merece a vida que leva, Luna..." Gina falou, prestes a sorrir.

"Luna, não precisa mentir para me safar dessa... Gina, eu forcei a Luna a..."
"Harry, a Luna não consegue mentir para mim. Ela está dizendo a mais pura verdade" Gina falou com um meio sorriso soltando as pernas da amiga sobre seu colo, enquanto Harry sentava-se na sua frente "Mas não se preocupe... Eu já esperava isso da parte dela..."

"Okay... Okay" Harry falou em um meio sorriso para as duas garotas "E o que você vai fazer a respeito dele?"
"Não sei. De verdade, não sei"
"Virgínia Wesley não sabendo o que fazer? Que vergonha! Contatarei imediatamente a sua mãe e o Profeta Diário, e..."
"Harry" Gina o encarou torto.

"Okay, não está mais aqui quem falou..."
"Onde estão Rony e Hermione?" Luna perguntou, ainda sorrindo, enquanto observava a paisagem do lado de fora do trem começar a andar devagar, as pessoas na estação sumindo lentamente no horizonte. Havia há dois anos e meio superado sua paixonite por Rony. Assim como havia crescido. Muito pouco, devia-se dizer de passagem, mas crescido.

"Provavelmente brigando" Harry falou amargamente.
"Ou fazendo as pazes... Eles já estavam brigados" Gina falou com a voz cansada. E realmente estava cansada. Cansada da Guerra, cansada da escola, de Luna, de Harry... É, isso mesmo, ela estava de TPM.

"Mas é mais provável que estejam no vagão dos monitores, brigando ou fazendo as pazes. Ou simplesmente se vangloriando pela Taça das Casas do ano passado" Harry teimou em completar. Luna lhe sorriu.

"Certo..." sussurrou e voltou a olhar distraídamente a paisagem. O silêncio entre eles era subitamente confortável. Todos estavam calmos e relaxados, jogados nas poltronas da cabine, jogados uns sobre os outros, prestes a dormir.

Até que começaram a ouvir gritos. E mais gritos, e berros. E barulhos de pés se chocando fortemente contra o chão. E, finalmente, a porta da cabine deles se escancarou, e a cena que apareceu pelo portal fez os três acordarem de seu torpor e rir.

Uma menina, provavelmente do primeiro ano, segurava uma outra garota de longos cabelos vermelhos. Harry sorrira para ela, quando percebera que ela estava em pânico. Corria de um lado ao outro, a trança que prendia seus cabelos meio desfeita, as vestes esquisitas amassadas. Aliás, talvez as vestes fossem a coisa que mais chocassem nela, fora aqueles brilhantes – e no momento assustados – olhos azuis. Ela não vestia nem o uniforme de Hogwarts, nem vestes bruxas, e muito menos vestes trouxas. Vestia uma roupa que Harry só conseguiu classificar como medieval.

"O que houve?" Gina perguntou parecendo mais prestativa do que se sentia. Malditas pivetes que interrompiam seu descanso...

A menor das duas, a que parecia tentar controlar a colega sorriu para Gina e acenou com a cabeça para acalma-la.

"Minha amiga está com alguns probleminhas com o trem..." falou ainda sorrindo e dando uma gargalhada ao ver a amiga começando a pular no mesmo lugar "Me desculpem, de verdade, pelo comportamento dela... Mas ela é doidinha assim mesmo...." e sorria novamente, tentando segurar a amiga pelos braços "Vocês não sabem nenhum feitiço estuporante, sabem?"

"Ah, eu sei" Gina falou novamente, com um sorriso falso no rosto.

"Pode aplicar nela para mim? Mas não com muita força..." a jovem falou ainda sorrindo. Gina a achou estupidamente parecida com Luna.

"Com todo o prazer... Estupore!" sibilou sorrindo, agora, sinistramente.

"Obrigada" a menina falou enquanto a amiga tombava sobre os braços dela "Vocês não sabem de nenhuma cabine vazia, sabem?"

"Ah, podem ficar aqui! São bastante divertidas, não Harry?" Luna perguntou sorrindo, enquanto virava o olhar das meninas para Harry, que sorriu de volta.

"Sem problemas... Podemos tentar curar esse pavor da sua amiga por trens..." Ele falou sorrindo.

"Não acredito que isso seja possível nesse momento... Err... Que mal lhe pergunte, qual seu nome?"
"Harry. E o dela é Gina e o dela é Luna. Mas pode a chamar de Lunática. Ela adora" falou sorrindo enquanto apontava preguiçosamente para as amigas, que estavam novamente esparramadas sobre as poltronas "E o de vocês?"
"Meu nome é Ânnia Claus e o da loquinha é Lucianne Fressô"
"Engraçado" Luna falou sorrindo "nunca ouvi falar de nenhum dos nomes no mundo mágico"
"São nascidas-trouxas, Luna" Gina respondeu com a voz arrastada, e Luna riu com gosto.

"É mesmo! Como sou desligada..." sussurrou sorrindo, enquanto via Harry fazer sinal para que Ânnia se acomodasse ao seu lado. Ela colocou Lucianne estendida no chão com bastante delicadeza e se sentou ao lado dele.

"Vai deixar ela no chão?" Gina perguntou curiosa.

"Vou sim. Ela não liga. Acreditem em mim" falou sorrindo, enquanto virava os olhos para a paisagem lá fora.

"Está no primeiro ano, Ânnia?" Luna perguntou sorrindo.

"Estou sim. E a Lucy também..."
"Ah, então vocês a chamam de Lucy?"
"Não, apenas eu tenho tendências masoquistas entre todos que a conhecem... O resto a chama de Srta. Fressô, senão ela fica histérica..." Ânnia falou sorrindo também, enquanto fazia um aceno displicente com a mão. Luna parecia Ter simpatizado com a garota, e sorria.

"Fica mesmo?" Harry perguntou se metendo no meio da conversa. Ânnia sorriu para ele e concordou com um aceno da cabeça.

"Fica doidinha! Bom, doidinha ela já é, mas.."

"Por que doidinha?" Gina acabou perguntando, sem tirar a careta emburrada do rosto.

"Ah... Ela não está realmente acostumada com nada do mundo! Viveu a vida inteira isolada do resto do mundo em um povoado...Mas Dumbledore em pessoa a tirou de lá. E eu a estou introduzindo nesse nosso mundinho moderno..." Ânnia falou sorrindo. Luna a encarou embasbacada.

"E ela estava histérica por causa disso?"
"Sim..." Ânnia falou enquanto encarava tristemente a amiga que estava deitada no chão "Mas se quiserem saber mais sobre ela basta conversarem... Acho que já é seguro acorda-la..." falou enquanto cutucava Lucianne com a ponta do pé. Ela se mexeu um pouco, virando de lado es se acomodando um pouco melhor no chão. Anny sorriu.

"Enervate" Harry sussurrou apontando com a varinha para ela. A menina, ao contrário de todas as outras com as quais ele se acostumara, levantou-se num gesto brusco, assustando a todos.

"ÂNNIA! NÃO ACREDITO QUE ME COLOCOU NOVAMENTE SOBRE O ENERVATE!" ela berrou a plenos pulmões, fazendo Gina e Harry se assustarem e Luna sorrir.

Era idêntica mesmo a Gina.

"Me desculpe, Lucy, mas você estava histérica! Você entrou nesse trem e ele começou a se mover, e você a ficar histérica, e mais histérica... Até que eu encontrei alguém bom o suficiente para te colocar num enervate!"
"E quem foi que fez esse disparate?" ela perguntou furiosa. Luna estava começando a rir. Harry já sorria para a cena. Gina estava começando a ficar pálida.

"Foi Gina..." falou sorrindo "Quem fez esse bem á humanidade!" e apontou com um dedinho fino para a cabeleira ruiva de Gina, e Lucianne se virou para ela.

"Pois eu acho melhor você pedir desculpas, Srta. Gina, senão terá de pagar pelo que fez!" a garota falou com o nariz empinado, o corpo ereto, os olhos frios e duros a encarar Gina. Gina, por sua vez a encarou de volta com o olhar duro, o rosto começando a ficar vermelho como um tomate, os olhos brilhando de fúria mal-contida.

"Não peço desculpas para menininhas metidas a besta, muito menos se elas são histéricas!" ela sibilou com fúria, e Lucianne apertou os olhos.

"Então vai Ter de pagar pelo que fez. É isso o que quer? Posso te dar mais uma chance"
"Menininhas metidas a besta e histéricas não me botam medo algum" Gina retrucou jogando-se no banco, como que dando a luta por encerrada. Estava cheia de brigar naquele dia.

"Pois saiba que o tamanho do inimigo não mede seu poder!" Lucianne retrucou entredentes, quando as vestes de Gina começaram a pegar fogo. E enquanto Gina berrava de pânico, Lucianne ia sentindo-se mais e mais fraca, e ia caindo devagar para trás...

"Vamos, vamos, acorde, Lucy!" era a voz de Ânnia exclamando, com certeza.

TAP!

A dor invadiu o corpo de Lucianne, e ela levou a mão á bochecha ardida. Maldita fosse Ânnia! Não sabia se controlar? Aquela insana...

"Estás louca? O que pensas que fazes? Deves Ter miolo de pão no lugar de cérebro!" ia exclamando com a voz aguda, e abriu os olhos, encontrando brilhantes olhos verdes acima dos seus. Decididamente, aqueles não eram os olhos de Ânnia.

"AH!" E levantou-se. Eram os olhos do menino! Havia caído no colo do menino! Pela Deusa!!! Isso não poderia acontecer! Era errado, muito errado...

"Calma!" ele falou sorrindo para Lucianne. Ela o encarou meio zonza. Maldita fosse Ânnia!
"Estou calma" falou. Ele a encarou duvidoso.

"Pois eu aposto que nunca esteve mais alterada!" Gina falou com desdém na voz, e Lucianne virou-se para olha-la. Estava com as vestes parcialmente queimadas, mas ainda assim inteiras.

"Oh! Eu queimei as tuas vestes!!! Desculpe-me! Hei de concerta-las... Assim que souber um feitiço para isso..." Lucianne ia falando com um sorriso enquanto tirava a varinha das vestes. Todos a encaravam com alguma estranheza.

"O que você está fazendo, Lucy?"
"Pedindo desculpas á ela" a menina respondeu enquanto apontava Gina com o queixo.

"E você está bem?"

"Sim estou"
"Acho que aquele estuporamento e toda aquela carga de energia podem não Ter feito muito bem para ela..." Harry sussurrou num tom maroto. Todos sorriram. Inclusive Lucianne.

"Provavelmente" Ânnia ainda exclamou antes da porta se abrir mais uma vez.

A luz bateu com força e refletiu nos cabelos loiros. Os olhos cinzas brilhavam de malícia, e seus lábios estavam torcidos num sorriso desagradável. Gina sorriu de seu lugar.

"Olá, Draco! Tudo bem com você?"
"Sim, Virgínia" ele falou enquanto empurrava Luna mais para o lado e se acomodava ao lado de Gina. Ela sorria enquanto encarava o loiro com os olhos brilhando.

"Olá, Malfoy"
"Bom dia, Potter"

"Oi, Draquinho!!!" Luna falou enquanto agarrava o pescoço do loiro e lhe dava um estalado beijo na bochecha. Em um segundo ela estava com milhares de bolhas por todo o rosto, e Draco, Gina e Harry riam.

"Decididamente, Lovegood, você tem de parar de fazer essas coisas"
"Com certeza" Gina concordou enquanto tirava o feitiço, que fora feito acidentalmente em Luna.

"O que lhe trouxe até nossa cabine, Malfoy?" Harry perguntou enquanto levantava uma sobrancelha.

"Ouvi dizer que duas fedelhas escandalosas estavam na sua cabine. Adoro escândalos e então vim para cá" ele falou com os lábios torcidos novamente. Há muito tempo já sorria assim para os três. Ou pelo menos um ano lhes parecia muito tempo.

"Eu não sou uma fedelha!" Ânnia se levantou empertigando-se firmemente na frente de Malfoy. Esse apenas a encarou com as sobrancelhas erguidas, os lábios tortos em deboche.

"Tem certeza?"
"O que é uma fedelha?" Lucianne perguntou baixinho para Harry.

"Tenho sim! E também não sou escandalosa!!!!" ela falou dando mais um passo na direção do garoto alto dos cabelos loiros, que não havia mexido um músculo para levantar-se.

"Ah, você, escandalosa? Quem disse isso?" Draco perguntou enquanto virava-se para Gina "Foi você, Virgínia?"
"Não, não fui"

"Fedelha é uma maneira bastante desagradável de se chamar alguém mais novo" Harry respondeu para Lucianne num sorriso "Isso é bem típico do Malfoy... Não fique brava!" ele ainda tentou enquanto via a menina se empertigar e andar em passos duros até Malfoy, colocando seu nariz a aproximadamente dois centímetros do dele.

"Saiba, Sr. Malfoy, ou qualquer que seja seu nome, que não somos fedelhas. E saiba que eu adoraria se você criasse coragem para levantar-se e olhar-nos nos olhos e pedir desculpas!" ela sibilou mirando sem medo os olhos cinzas.

"Você deve estar brincando!" Draco exclamou com maldade.

"Draco..." Gina tentou advertir, mas Draco a interrompeu.

"Eu pedindo desculpas para uma fedelha atacada? Por favor! Pelas barbas de Merlim! NUNCA!" ele terminou por berrar no rosto da menina, que fechou os olhos. E os punhos.

"Dou-te mais uma chance de pedir-nos desculpas" ela sussurrou enquanto afastava seu rosto do dele "Irei esperar um segundo" ainda falou enquanto Draco a encarava com os olhos estampando diversão.

"Draco, eu se fosse você..."
"Quieta, Virgínia! Eu nunca iria pedir desculpas a duas fedelhas atacadas!"

"Isso está se tornando repetitivo" Ânnia falou com a voz arrastada. Estava jogada na poltrona ao lado de Harry. Sabia que Lucianne faria ele falar, ou ele pagaria... Então, não havia motivos para ela se intrometer.

Só que ela não o fez pagar da maneira que se esperava. Ela, ao ouvir o que o loiro havia dito com tanto desdém, levantou o punho cerrado e o acertou no lado do rosto com uma força completamente inesperada.

Draco levou á mão ao rosto e a encarou com o ódio.

"Eu tentei te avisar..." Gina falou levantando os ombros "Quer um curativo...?"

"NÃO! QUERO É MATAR ESSA FEDELHA!" e ele acentuou tanto a palavra fedelha na sua frase que aumentou o ódio de Lucianne. E então aconteceu o que Ânnia estivera esperando primeiramente.

As roupas de Malfoy começaram a pegar fogo. Mas, por algum motivo, as chamas não eram quentes. Era um fogo azulado que começava a consumir, de qualquer jeito, a roupa do garoto.

E Malfoy não ficou assustado ou bravo. Começou a rir como um insano, de modo que todos o encararam durante alguns segundos como se ele estivesse verdadeiramente louco. E parecia estar. As chamas consumindo a sua camiseta e ele rindo.

Só que uma hora ele parou de rir, pois uma coisa que ele não esperava – realmente não esperava – aconteceu. Ele acabou descobrindo que o gel mágico fixador de cabelo que ele usava era inflamável. Seus cabelos entraram em chama, e também começaram a se consumir.

"Mas que porra...?"

"Finite Incatatem!" eles ouviram uma voz á porta exclamar. Harry sorriu.

"Bom dia, Hermione!"

"Bom dia, Harry"
"Obrigado, Granger. Mas eu podia me virar sozinho"

"Acho melhor você esconder a sua cabeça com um chapéu e quando chegar e Hogwarts ir ver Mdm. Ponfrey. Você está quase sem cabelos para cobrir sua cabeçona branca. De verdade, devia Ter ouvido meu conselho e parado de usar essa porcaria de gel mágico. Falei que ainda ia te fazer algum mal..." ela falou tudo num enorme sorriso para Malfoy, que lhe sorriu de volta.

"Pode deixar que eu me viro"
"O que está havendo aqui, Mione? Alunos encrenqueiros?" Rony perguntou sorrindo e vindo por trás de Hermione. Sorriu para todos os colegas "Ah, Malfoy! Que merda! Você sabe que é monitor e tem de dar o exemplo para todos essas alunos do primeiro ano que eu não faço idéia do que estão fazendo aqui!" Rony terminou ao passar os olhos chocolates pela cabine.

"Olá, Rony!" Luna e Harry falaram em coro.

"Cale a boca, Wesley..." Draco sussurrou depois do cumprimento dos amigos ao ruivo.

"Cale a boca você, Malfoy! E o que os primeiranistas estão fazendo aqui?" Rony perguntou enquanto apontava com o queixo para a menina jogada no sofá com um sorriso preguiçosamente curioso e para a outra de pé bufando.

"Estavam com problemas" Harry falou. Rony o encarou com uma sobrancelha erguida.

"Conversamos mais tarde sobre isso..." Rony falou enquanto empurrava Hermione para dentro pela cintura. Havia um ano e meio que eles namoravam. Harry jurava que eles eram anomalias da natureza... Nunca havia visto namorados tão grudados quando estavam juntos, e tão chatos quando separados. Pois se não estava grudados estavam brigados e, decididamente, Ronald Wesley e Hermione Granger estarem brigados nunca havia sido um bom sinal para Harry.

"Acho" Ânnia falou enquanto se levantava e colocava uma mão sobre o ombro de Lucianne, que encarava ainda Draco com ódio "Que eu e Lucy vamos embora buscar gente da nossa idade, senão vamos acabar sobrando..." terminou empurrando Lucianne para a porta.

Antes que qualquer pessoa dentro da cabine pudesse falar uma palavra sequer, as duas já estavam caminhando para longe.

"Você precisa maneirar, sabia?" Ânnia falou enquanto encarava Lucianne. Não muito longe haviam encontrado um banheiro e estavam as duas dentro deste.

"Maneirar em quê?" perguntou empinando o nariz. Ânnia rolou os olhos nas órbitas.

"No comportamento. Achei que as pessoas da época medieval fossem mais comportadas"
"Não se consegue ser comportada depois de passar um mês com você"
"Ora, então você foi estragada por mim? Me sinto verdadeiramente honrada!"
"Minhas condolências pela sua inteligência"
"Por quê?"
"Percebe-se que ela morreu"

"Ah... Cale a boca!"

"Precisamos mesmo andar nessa coisa horrível?" ela perguntou enquanto sentia um solavanco do trem e se segurava na parede do banheiro.

"Precisamos sim!"

"Ah... então vamos sair desse lugar? Está parecendo uma das latrinas do castelo onde vivi quando menor..."
"Vamos achar uma cabine..."
"Vamos... Onde colocaram nossos malões?"
"Sabe que eu não sei?" Ânnia exclamou calmamente. E parou durante um segundo, os olhos arregalados ao máximo "FICARAM NA ESTAÇÃO!" acabou por berrar.

"Não acredito nisso... Quer dizer que não há mais o que vestir? Nem com o que estudar? Estamos perdidas..." Lucianne sussurrou.

"Existe um jeito!" Anny falou com um sorriso enorme enquanto abria a porta do banheiro e saia correndo. Lucianne ainda ficou um momento dentro do banheiro em choque, mas depois se levantou.

"ME ESPERA!!!!" berrou antes de ver a amiga sumir. Seguiu andando nos seus passos contidos e retos até ver os cabelos loiros saindo de uma porta.

"... sabem?! Que ótimo!! Podem fazer?" uma pausa. A voz de Anny podia ser ouvida de longe enquanto ela conversava com os integrantes da cabine "AH!!! ADORO VOCÊS!!!" ela berrou e saiu pulando feliz pelo corredor. Parou os olhos sobre Lucianne, que a encarou com os olhos espremidos "Olha, Lucy! O Harry vai fazer um feitiço convocatório pra gente!!!"

"Um o quê?"
"Feitiço convocatório, maluquinha..." falou enquanto entrava na cabine e sorria. Lucianne a seguiu.

Quando Lucianne pôs os pés dentro da cabine, percebeu que estava na cabine que estivera alguns minutos antes. Seus olhos miraram sérios os de Draco, que curvou os lábios num sorriso. E ela sorriu de volta.

"Olá" ele disse.
"Olá" ela respondeu. Se encararam mais uns minutos antes da janela se partir em mil pedaços e por ela entrarem dois malões gigantes.

Ânnia agradeceu efusivamente para Harry e se despediu de todos com acenos enquanto puxava seu malão. Lucianne sorriu e murmurou um obrigada baixo e puxou seu malão também. Mal as duas saíram da cabine, Harry virou-se para Draco e sorriu para o loiro.

"Sabe, Malfoy, pedofilia é crime..."
"Cale a boca, Potter!" foi tudo o que o outro exclamou.

N.A.: Olá!!!! Realmente, eu acho que esse capítulo podia Ter saído melhor... Mas meu prazo é Segunda, e eu não estou inspirada... ^_^ Então deixo assim mesmo...

Bem, queria agradecer realmente á Ani, que tem se mostrado uma ótima pessoa pois ela faz o favor de DEIXAR REVIEWS!!! Que tal se tornar uma boa pessoa também? Deixem reviews e façam um ficwriter feliz!!!!!

E, aliás, eu adoraria saber se alguém consegue descobrir o porquê do segundo título ser aquele... Se descobrir juro que mando uma palhinha do que teremos no próximo capítulo e que dedico os próximos cinco capítulos a ele!!!! ^-^

E mais uma coisinha... (eu e minhas malditas coisinhas!) Alguém aqui é louco o bastante para achar Lucianne e Draco um casal fofo? ^-^ kkkk!!! Foi essa que eu ouvi de um amigo meu essa semana!!! Mas quem sabe mais á frente... Esse final foi pra você, Carlão!

Beijos,

Samhaim Girl.