Dedico esse capítulo especialmente à Ani e Centaura. A primeira pelo apoio, a Segunda por ter descoberto (em termos) sobre o que falávamos no segundo título do terceiro capítulo.
Samhaim Girl
Capítulo Quarto: As Torres de Hogwarts
Ou
Um dia agradavelmente detestável
As rodas seguiam a cada minuto mais lentas. O barulho agudo dos freios podia ser ouvido da estação.
O homem franziu o cenho enquanto via o enorme trem e suas luzes ofuscantes chegando.
Fechou os olhos e respirou fundo pronto para repetir o ritual de todo dia primeiro de setembro.
Quando as portas do trem começaram a se abrir ele abriu os lábios e começou numa voz alegre a pronunciar a frase de sempre: "Alunos do primeiro ano por aqui!!!"
Podia ver algumas cabecinhas chegando mais perto, todas elas amedrontadas com seu tamanho.
Estava cansado. E curioso. Lembrava-se vagamente de Dumbledore falando de um par de meninas da Deusa chegando por lá. Queria vê-las. Desde o tempo dos Marotos que meninas da Deusa não apareciam por aquelas bandas para estudar... E duas ao mesmo tempo... Parecia loucura.
Realmente uma loucura. Uma insanidade. Aquelas meninas da Deusa eram todas loucas. Eram difíceis de se lidar. Já pensava no trabalho que os professores teriam com elas naquele ano quando a plataforma ficou vazia, exceto por ele e um grupo grande de alunos do primeiro ano.
Dentre eles, pode facilmente notar as duas meninas da Deusa.
Sim, teriam problemas aquele ano, Hagrid pensou antes de pousar seu traseiro enorme no banco do frágil barquinho.
"Tem certeza de que não passaremos por uma prova terrível?" uma menina de cabelos negros sedosos e olhos estreitos perguntou para Ânnia.
"Tenho sim, Milena"
"E nada de ruim vai acontecer com a gente na seleção, vai?" perguntou duvidosa. Ânnia a encarou entediada mas sorridente e respondeu mais uma vez:
"Nada de ruim vai acontecer, Milena..." sua voz estava arrastada.
"Mas e se colocarem a gente para brigar com um trasgo adulto? E aquele que vencer pela garra vai pra Grifinória, o que vencer pela inteligência vai para a Corvinal, aquele que vencer com astúcia para a Sonserina e aquele que perder vai pra Lufa-Lufa?" a menina tornou a perguntar alguns segundos depois.
"QUE DROGA, NADA DISSO VAI ACONTECER!" Lucianne respondeu perdendo a paciência. A menininha a encarou durante alguns segundos "E saiba que pra você nem vai ser preciso seleção! Pra Grifinória você não vai, pois é medrosa! Pra Corvinal muito menos, pois percebe-se que não é inteligente! Pra Sonserina, por favor! NUNCA! Obviamente vai parar na Lufa-Lufa!" terminou e a garota a encarou amedrontada e levantou-se indo para a ponta do barquinho.
Ânnia sorriu para ela.
"O que falamos sobre controlar o temperamento?"
"Alguma coisa bastante inútil, pelo visto, já que eu não me lembro!"
"Tudo isso é nervosismo?"
"É" falou cruzando os braços sobre o peito e procurando alguma coisa para fazer entre as exclamações assustadas dos primeiranistas á sua volta.
Resolveu treinar - mais uma vez, diga-se de passagem - a sua visão de aura. Fechou os olhos, concentrou-se e abriu os olhos. Percorreu com calma todos os primeiranistas. Podia avistar ao seu lado brilhando a aura sempre amarela de Ânnia, que era bastante comunicativa. A dela própria, num violeta intenso. Algumas azuis, verdes, mais uma amarela, azul-clarinhas... E, para seu próprio susto mais uma aura violeta brilhante.
Quem era a outra Filha da Deusa?- A JU....
Espremeu os olhos e voltou á visão normal, sem desviar o olhar da garota. Uma menina com cabelos castanhos lisos e compridos, olhos verdes que brilhavam por detrás das grossas lentes de um par de óculos. Os lábios fartos estavam curvados num sorriso gentil, e seu olhar era simpático e vago. Tinha na testa a meia-lua. Era uma Sacerdotiza, como ela. Seus olhos estavam pousados sobre Lucianne, assim como os de Lucianne estavam sobre os dela.
E, pela primeira vez desde que percebera de verdade a morte de Kaysha, sorriu com ternura.
Levantou a mão até a testa e abaixou o rosto. A menina do outro lado da flotilha de barcos repetiu seu gesto.
Sorriram juntas. Sim, eram ambas Filhas da Deusa, e estavam ambas com os destinos enlaçados.
Quando Hogwarts apareceu aos olhos dos alunos, nem o mais sonserino de todos conseguiu não soltar uma exclamação. Era óbvio que em suas mentes o castelo era belo e grandioso. Mas não tanto... Não com todas aquelas torres, com a pedra batida e lisa das paredes, com o ar de magia que pairava em volta dele...
"Ah..." Lucianne murmurou sob a respiração, como se não quisesse que ninguém ouvisse sua voz. Seus olhos dançavam pela imagem do castelo, e por toda a magia do lugar. Podia senti-la, podia vê-la, podia respira-la. E agora sabia que fazia parte dela.
Sentiu-se, durante alguns segundos, plena e feliz e finalmente viu um lar em um lugar. Nem o templo no qual vivera anos a fio e nem mesmo o castelo no qual morara com os pais e a corte lhe pareciam com um lar depois de ver aquele castelo. Apesar da grandiosidade, parecia acolhedor. Ela finalmente sentia-se como um filamento das torres, e não o grão de poeira sobre elas.
Sorriu, virando os olhos para Ânnia, que espreitava com perceptível adoração o castelo. As lágrimas lhe borravam a cor dos olhos azuis, e Lucianne lhe sorriu.
"Não precisa chorar. Já sabemos que é lindo!"
"Não é lindo! É perfeito!" sua amiga sussurrou embasbacada, sem desviar os olhos do monumento á sua frente.
Um sorriso foi se formando nos lábios das duas quando os barquinhos atracaram. Suspiraram docemente ao colocar os pés na lama molhada, e Ânnia finalmente pareceu sair de seu estado de profunda adoração, e acabou soltando um palavrão no ar úmido do lugar.
"Ânnia!"
"Oh, me desculpe, mas essa lama realmente parece merda!"
"Ânnia!"
"Desculpe, não está mais aqui quem falou..." ela sussurrou levantando as mãos em defesa. Lucianne lhe sorriu, e ambas ouviram a voz do homem grande.
"Me sigam, por favor!" andaram pela lama e subiram um barranco. As meninas tinham um certo problema com seus uniformes, mas nada que não fosse transponível, principalmente por Lucianne e Ânnia, que estavam acostumadas a apostar corridas nas ruelas do Beco, que eram, em sua maioria, subidas.
Apareceram com as vestes meio sujas na porta do castelo, mas todos sorriam. Sorriam como pessoas que estavam prestes a Ter uma nova vida começando.
Harry passou os olhos pelos primeiranistas e sorriu enquanto via Ânnia lhe acenando com alegria e excitação. A menina lhe parecia bastante ativa. Seus olhos pousaram durante alguns segundos sobre Lucianne, que encarava compenetrada o teto mágico. Não mostrava assombro ou paixão, apenas interesse. Era uma menina que ele chegaria a considerar fechada demais, quieta demais. Principalmente para andar com Ânnia e toda a sua superatividade.
Hermione passou a mão pelos cabelos e sorriu para Harry.
"Acha que o Rony vai demorar muito para pegar aquelas instruções com o Hagrid?" ela perguntou nervosa enquanto seus olhos se arrastavam rapidamente até a porta fechada do salão.
"Não, Mione, eu não acho" ele respondeu com um sorriso. Gina, ao seu lado, balançou a cabeça em negação.
"Sabe, Hermione, você está fazendo tempestade em copo d'água, sabia?"
"De verdade, Mione, você não acredita que o Rony vai ser atacado pelo Pirraça, acha?" Luna perguntou também sorrindo para apoiar Gina.
"Não de verdade, mas eu acho que ele pode perder a seleção, e..."
"Caramba! Ele já assistiu seleções demais para o meu gosto!" Gina falou "Eu de verdade sairia daqui para não assistir a seleção, não fosse pelo mero fato do jantar ser servido depois dela..." Gina falou enquanto batia os talheres no prato e Luna recitava num sussurro uma música das Esquisitonas. Harry sorriu para a cena.
Os nomes, ao longe, começaram a ser entoados, como numa música calma. Harry virou os olhos ao ouvir os nomes.
"Claus, Ânnia" McGonagall informou com um sorriso enquanto a jovem andava em passos incertos até o banquinho com o chapéu. Seus olhos foram cobertos pelo tecido, e logo o chapéu anunciou:
"LUFA-LUFA!" Ânnia se levantou com um sorriso enorme e se dirigiu até a mesa de sua nova casa. Harry fez uma careta.
"Parece que nenhuma das duas vai cair na nossa casa..." ele falou enquanto apontava para Lucianne, que ainda estava a fila dos primeiranistas, em seu rosto estampado um olhar de cansaço.
Sorriu e balançou a cabeça ao ouvir o que Gina havia respondido ao se comentário.
"Graças a Merlim!"
"Dieneng, Eilen!" Minerva exclamou, e Lucianne virou o olhar desanimado para a figura que se dirigia para o banquinho em passos altivos. Era a outra Filha da Deusa. Finalmente sorriu.
Havia ficado desanimada com a idéia de Ânnia Ter ido parar na Lufa-lufa, pois tinha absoluta certeza de que não era aquela a casa para ela. Ficaria separada de sua nova colega.
Mas viu Eilen ser selecionada para a Corvinal, e sorriu. Era aquela a casa em que achava que iria cair, apesar das provocações de Ânnia que não parava de repetir que ela cairia na Sonserina.
"Farten, Ghutus!" Minerva chamou novamente, e Lucianne se virou para o garoto que saia da fila naquele instante. Seu olhar pousou sobre ele, e ela sentiu uma sensação nauseante ao encara-lo nos olhos, que logo sumiam debaixo do tecido do chapéu.
Era como... Se ele não fosse uma pessoa com quem ela conseguiria sequer conversar. Sequer encarar nos olhos. Sequer ouvir a voz. Uma pessoa que lhe trazia angustia, que lhe trazia tristeza e aflição.
"Oh, droga..." ela falou ao ver ele sendo selecionado para Sonserina, a mesa ao lado da Corvinal. De lá, sem ela mesmo Ter descoberto porquê, ele jogou um sorriso de terrível superioridade para ela.
Mas se ele se achava superior, ela lhe provaria que era melhor.
Sorriu ao ouvir seu nome sendo chamado.
Moveu os pés lentamente na direção do banquinho, e pode ver Dumbledore lhe sorrindo de seu lugar na mesa.
Sentou-se devagar no banco alto, com toda a graça que conseguiu impor no movimento, e o chapéu roto lhe foi colocado sobre a cabeça.
"Oh, o que vejo aqui? Mais uma filha da Deusa?" uma voz sussurrou em sua cabeça "E uma filha da Deusa com temperamento mais difícil do que o resto? Isso é que é uma escolha difícil! Vejo muito conhecimento, sabedoria, garra, força... Mas vejo também tristeza e mágoa... Desejo de vingança. Mas sei que tens sabedoria o suficiente - e maturidade também - para entrar na... CORVINAL!" a última palavra ela ouviu ecoar por todo o salão, e tirou o chapéu da cabeça andando até a cadeira ao lado de Eilen.
Uma menina ao lado de Eilen estendeu a mão até ela e lhe sorriu.
"Bem vinda à Corvinal!"
Tudo o que Lucianne fez em resposta foi apertar a mão da outra e lhe sorrir.
Quando o banquete foi servido, Lucianne já havia descoberto que a menina que lhe havia apertado a mão era Ursula Paem. Era uma quartanista bastante popular.
Havia descoberto também que mais quatro pessoas haviam sido selecionadas para a Corvinal, fora ela e Eilen.
Uma menina com cabelos cacheados de tez morena e olhos pretos como a noite, chamada Aylwin Brownson, que parecia bastante comunicativa, estava sentada à frente de Lucianne. Aliás, segundo Lucianne, aquela garota era comunicativa demais.
Não haviam mais garotas. Mas haviam mais três garotos. Joshua Pultread, um americano com ar intelectual mas bastante otimista de olhos azuis encantadores. Um outro garoto chamado Henric Tasalegoo, do cabelos loiros e olhos castanhos gentis, parecia a Lucianne bastante simpático e altivo. E, para terminar o grupo de garotos, havia Adam Alcher. Segundo todas as garotas da mesa, ele parecia ser detestável, arrogante e metido. Mas, segundo Lucianne, era uma pessoa encantadora - se você soubesse como lidar com ele. E Lucianne sabia muito bem lidar com ele.
"Alcher, pode me passar as batatas?"
"Desculpe-me, Fressô" ele falou com um sorriso arrogante fazendo uma terrível imitação de um francês ao falar o sobrenome dela "Mas elas estão longe demais de mim para que possa pega-las" terminou. A terrina de batatas estava na frente dele.
"Você poderia me passar as batatas, Alcher?"
"Estão longe demais de mim"
"Pode passar as batatas, Alcher?"
"Não"
"Me passe as batatas, Alcher"
"Sonhe com essa idéia. Pois não vou dar as batatas"
"Passe as batatas, Alcher!"
"Nem pensar"
"PASSE AS MALDITAS BATATAS, ALCHER, SIM?"
"Claro!"
Lucianne sorriu para o menino de olhos verdes à sua frente. Era bastante difícil de lidar. Mas ela conseguiria lidar com qualquer pessoa.
Eilen sorriu para ela, ao seu lado.
"Bastante persuasiva!" falou num sorriso.
"Obrigada"
"Não havia imaginado que haveria mais uma Sacerdotisa por aqui..."
"Nem eu" ambas sorriram "Mas ainda assim me parece uma idéia fantástica"
"Plenamente" a outra respondeu enquanto apartava a terrina de batatas que Adam lhe estendia. Passou para Lucianne "Acredito que deva estar triste de Ter entrado na Corvinal..." ela sussurrou.
"Por que estaria?"
"Ânnia Claus está na Lufa-Lufa"
"Sim"
"Então, como são amigas, pensei que..."
"Ora, sentirei falta dela sim. Mas pelo que ela disse, não existe nada que restrinja minha ida até a mesa dela para conversarmos"
"É, realmente, não tem"
"Então, não há problemas. E, em qualquer caso, tenho uma Filha da Deusa ao meu lado"
"Esse termo ainda é usado?" Eilen deu um sorriso zombeteiro.
"Ele não é usado mais?" a outra perguntou abobalhada.
"Faz uns dois ou três séculos..."
"Oh! Sequer imaginei!"
"Bem... De onde você é?"
"França"
"Que parte?"
"Paris"
"Uma lindo lugar!"
"Absolutamente"
"Eu sou daqui mesmo, mas tenho descendência Búlgara. Dizem as más línguas que daí vem a explicação para meus cabelos" ela falou com um sorriso "Minha mãe é loira como não sei o quê"
"Certo..." respondeu enquanto colocava um batata educadamente na boca.
"Posso saber por que é tão polida?"
"Desculpe?"
"Por que está tentando passar por educada?"
"Eu sou educada"
"Uh... Muita gente hoje em dia é educada"
"Cale a boca, Alcher!" Eilen respondeu à provocação do colega "Ou eu não respondo por mim"
"Certo, certo... Atacada" completou em um murmúrio baixo. Lucianne segurou o punho de Eilen, que estava prestes a atacar Alcher.
"Precisa saber como agir com pessoas de tão baixo escalão" Lucianne falou com um sorriso para Eilen e se levantou, dando a volta na mesa e se sentando entre Alcher e Henri Tasalegoo, que lhe sorriu.
"O que você quer, Fressô?" e novamente fez a patética imitação de francês ao falar o sobrenome dela.
"Por que tenta imitar um francês ao falar meu nome? Está tentando, assim, parecer mínimamente sensual? Pois que eu saiba, nem mesmo imitando um francês você conseguiria parecer sensual. E olha que acho que até aquele velho carrancudo ali" e apontou para um homem na mesa dos professores vestido de negro com um nariz enorme e cabelos sebosos "poderia parecer sensual imitando um francês. Ao menos conquistaria alguém. Ao contrário de você"
"Cale a boca, Fressô"
"Já desistiu de imitar o francês? Que bom! Assim pelo menos conseguirei passar a minha noite sem Ter pesadelos com a sua cara 'sensual' ao imitar alguém do meu país" o menino a encarou subitamente furioso. Lucianne lhe sorriu "Eu tenho a tendência de tentar ser agradável com as pessoas, sabe, Alcher? Gostaria de lhe pedir desculpas por agir assim... Mas é que você realmente não me dá opção" e sorriu para ele, se levantando e voltando ao seu lugar. O garoto levantou da mesa e foi embora do salão no mesmo instante.
"Uau! Você conseguiu!" Aylwin perguntou sorrindo.
"O que há de demais nisso?"
"Nada! Só que... Uau!" ambas sorriram, e Lucianne terminou de comer. Dumbledore levantou-se.
"Gostaria de dar alguns poucos recados... O Sr. Filch pediu-me para informar que esse no a lista de coisas proibidas dentro de Hogwarts aumentou, incluindo, aliás, todas as Gemialidades Wesley" ele sorriu, e com os olhos Lucianne perguntou à Ursula quem era Filch. Ela apontou para um homem que encarava todos os alunos com uma enorme carranca. Uma gata ronronava ao seu pé "Gostaria também de afirmar, novamente, que a Floresta nos arredores da escola é terminantemente proibida" e seus olhos correram pela mesa da Grifinória e acabaram pousando sobre Lucianne e Eilen "Fora isso, desejo apenas que alguma coisa entre dentro de suas cabeças ocas, de modo que possam nos ajudar futuramente. Obrigado" e sorriu, voltando a se sentar.
Lucianne estendeu a mão em busca da sobremesa e se serviu de pudim. Eilen lhe sorriu.
"Sabe o que me disseram no Beco?" ela perguntou para Lucianne, que arqueou as sobrancelhas em resposta "Que as Sacerdotizas eram temperamentais. Será que somos mesmo?" Lucianne respondeu com um sorriso e o levantar dos ombros.
Os pés batiam ritmicamente no mármore das escadas. Quando elas se moveram um pouco, Lucianne deu um berro. Eilen, ao seu lado, gargalhou alto e balançou a cabeça.
"Não se preocupe. Não irá cair!"
"Ela está se movendo sozinha! SOZINHA!" Lucianne retrucou num tom agudo, os olhos arregalados de terror. Eilen ria alto.
"Por favor! Lucianne, são apenas escadas"
"Isso mesmo, minha jovem" um retrato de um homem de longas barbas castanhas sussurrou em concordância com Eilen. Lucianne berrou novamente.
"O QUE É ISSO?"
"É o Apocalipse, Fressô"
"Ah... Cai fora, Alcher" Eilen falou num meio sorriso enquanto empurrava o colega para o lado, puxando Lucianne pelas mãos "Aqui é normal os quadros falarem"
"NORMAL? Como isso pode ser considerado normal?"
"Sendo, oras..."
"Ah... Por favor, Dieneng!"
"Alcher, ela já não te mandou CALAR A BOCA?!" Lucianne perguntou com um sorriso escarninho.
"Aleluia! Nunca pensei que te diria isso, Alcher, mas obrigada. Trouxe a Lucianne de volta..." Eilen falou enquanto tentava empurrar Adam Alcher para mais longe delas.
"Ah, cale a boca..." Adam e Lucianne falaram ao mesmo tempo. A escada parou de se mover, e eles seguiram caminho trocando mais 'elogios'.
A monitora do grupo, Jasmin Plebus, do quinto ano, parou no corredor. Os alunos estancaram logo atrás dela, e puderam perceber uma cadeira à frente da monitora. Ela sorriu docemente para eles.
"Para entrar na torre da Corvinal, vocês devem encostar-se nessa cadeira e dizer a senha. Esse mês a senha é Cavaleiro Medieval"
"Que senha idiota" Adam sussurrou, e Jasmin se limitou a sorrir.
"Ela é tão idiota á ponto de te fazer render cinco pontos a menos para a sua própria casa. Antes mesmo de começarem as aulas" ela falou, e Alcher apenas a encarou emudecido.
Todos levaram as mãos até a cadeira de madeira. Jasmin falou a senha, e todos sentiram serem fisgados pelos umbigos, e levados pelo nada até seus pés tocarem no chão sólido.
Lucianne abriu os olhos, que percorreram todo o espaço á sua volta arregalados. Nada sobrara nela da garota que se dirigira até o banquinho na seleção de cabeça erguida. Agora ela era apenas mais uma corvinal embasbacada com seu novo salão comunal.
Seus olhos percorreram das poltronas fofas e aconchegantes em frente ao fogo forradas de veludo azul, passando pelas mesas de madeira escura e pesada com enormes e confortáveis cadeiras atrás e pelas tapeçarias que cobriam as paredes com cenas de batalhas até as grande estantes do outro lado da sala repletas de livros de magia. Um monte de almofadas estava ao seu lado, e um grupo de alunos de seus treze ou catorze anos tentava levantar as almofadas com a varinha. Acenaram devagar para eles andaram sorrindo até o grupo.
"Primeiranistas?" um deles, o mais alto, perguntou. Tinha olhos castanhos gentis e cabelos ruivos que lhe tombavam sobre os olhos. Eilen, ao lado de Lucianne, suspirou baixinho.
"Sim, primeiranistas. Pode me dar uma ajuda, Benjamin? Preciso levar os garotos para os quartos..." Jasmin falou com um sorriso para Benjamin.
"Oh, claro! Seria um prazer!" e o garoto se curvou em um sorriso à frente de todos os primeiranistas.
"Pare com as piadinhas, Benj!" uma garota que estava com Bejamin falou num sorriso. Acenou para os primeiranistas e deu as costas à eles "Essas suas piadinhas infames são UM SACO, sabia?" ela perguntou de modo audível, e Lucianne sorriu.
"Bem, como eu ia dizendo antes da maravilhosa Marry aqui me interromper" Benjamin disse ainda sorrindo enquanto dava um passo para o lado e estendia as mãos por toda a extensão da colega ao lado "Eu adoraria lhes apresentar os quartos. Mas antes devemos fazer um ritual muito profundo e necessário..."
"Benj..." Marry começou.
"Que, acredito eu, vocês vão adorar!"
"Benj, pare..." Marry ainda tentou.
"Obviamente, vocês devem imaginar o que é isso..."
"Oh, céus..." foi tudo o que Marry exclamou antes de andar para longe. Um outro garoto se aproximou do grupo sorrindo.
"Passarinho, você vai dar a excursão pra eles?"
"Estou saindo agora!" Benjamin exclamou feliz. O colega apenas sorriu e balançou a cabeça.
"Sobre o que vocês estão falando?" Alcher perguntou andando para a frente "Pois se for demorar demais eu me viro e acho o quarto sozinho... Estou morto de sono..."
"Ah, Alcher... Cale essa sua maldita boca!" Eilen exclamou. Benjamin sorriu e olhou para ela com os olhos estreitos.
"Essa garota tem estilo! Mas que classe! Mas que atitude!" começou. Lucianne deu alguns passos para a frente e encarou Benjamin nos olhos.
"Faça-nos um favor, sim? Leve-nos logo para conhecer a torre. Nunca pensei que diria isso" e ela sorriu, de súbito "mas estou seriamente inclinada a concordar com Alcher" terminou.
"Certo, certo... Parece que temos um grupo de estressados esse ano, Jasmin!"
"Com certeza" a garota comentou vagamente jogada numa poltrona em frente ao fogo com um livro na frente dos olhos.
"Certo, certo, bando de apressadinhos... Venham" e ele, ainda sorrindo de modo estonteantemente charmoso, andou até um quadro ao lado da porta "Conhecem ela?" perguntou. Todos balançaram a cabeça. Menos Alcher, que soltou um muxoxo para o grupo.
"Claro... É Rowena Revenclaw... A fundadora da nossa casa. Nasceu em 1412 e morreu em 1500... Era a mais rigorosa e séria de todos os fundadores... Como nossa futura monitora Jasmin, ela tinha a tendência de viver com a cara enfiada em um livro mofado. Era conhecida pelo seu conhecimento, e..." e Alcher começou a rir "Conhecida pelo seu conhecimento! Ah! Conhecida pelo... Ai, me desculpem pelo trocadilho..." ele falava entre gargalhadas. Benjamin levantou uma sobrancelha pra ele e lhe deu as costas, chamando o resto do grupo para uma voltinha.
Mostrou as dezessete tapeçarias da sala, citou o nome de alguns dos trezentos e quarenta e dois livros que haviam nas prateleiras da sala comunal, lhes mostrou onde haviam algumas passagens secretas, onde avia água e suco de abóbora, e a coruja particular da Corvinal, de nome Rowena, que fazia apenas entregas para as pessoas da casa. Mostrou, então, para terminar tudo, onde ficava o quadro de avisos com as mudanças periódicas de senha, informou sobre o campeonato de quadribol e os empurrou escada acima para seus quartos, onde os malões já estavam depositados caprichosamente.
Lucianne ouviu tudo o que ele disse com certo interesse, e sentiu-se movida a passar a noite em claro, apenas para poder puxar alguns daqueles exemplares de livros que haviam na sala comunal. Mas, no fim do passeio, deixou-se mover para dentro do quarto, em silêncio, e ficou o observando da porta durante alguns instantes.
Haviam três enormes camas de madeira escura, com pilastras ao lado formando cortinados em volta. Estava toda envolvida em seda de um azul profundo, da cor do oceano. Havia uma meia dúzia de quadros e uma estante com poucos livros do outro lado do quarto. Havia uma penteadeira de madeira escura e aparência maciça, onde estava depositado um espelho de moldura talhada. Cada detalhe - que corria desde as colchas com o símbolo da Corvinal bordados em linhas prateadas, passando pelos uniformes ao lado das camas nos criados-mudos que haviam ali até o banheiro adorável que havia do outro lado e que era evidenciado pela porta aberta - encantaram a garota.
E, ao deitar na cama macia com o travesseiro de plumas, ela agradeceu internamente por cair na Corvinal.
N.A.: Aiaiaiaiaiai... Eu realmente estou tendo umas crises de branco!!! ^-^ Como não recebo reviews, não me sinto instigada a escrever... ¬¬' Então, que tal vocês deixarem reviews??????????
Bem, anyway, gostaram da Eilen? ^_^ E do entrosamento de Lucianne com o mundo mágico? Esperei estar melhorando um pouco... E de Alcher? Alcher é ótimo! Adoro escrever sobre o Alcher!!!! ME DIGAM O QUE ACHARAM, PELAMORDEDEUS!!!!
Samhaim Girl
