Dedico esse capítulo a Ani, que me deixa sempre muito feliz e à Píchi, que me deixou mais feliz ainda. Obrigada as duas.
Samhaim Girl
Capítulo Quinto: Amigos & Inimigos
Ou
Primeiro Ano com Louvor!
Desesperada, passou a mão por cima do tecido preto, tentando o ajustar melhor ao seu corpo; sem sucesso, claro.
"Se você não tirar esse maldito espartilho, vai ficar aparecendo!"
"Eu não vou tirar meu espartilho! Deu um enorme trabalho descobrir o feitiço para que ele se amarrasse sozinho. Não vou deixar todo aquele trabalho ser em vão! E, além do mais, acho que vou colocar aqui mesmo um corselete. Me sinto nua sem um!"
"Ora, por favor!" Eilen falava asperamente com ela. Lucianne já havia descoberto que sua colega era temperamental pela manhã.
"Ora, por favor, o quê?"
"Pare com toda essa ladainha. Já não bastava essa saia terrível ainda me tenta vestir um espartilho? Pela Deusa, que merda você tem na cabeça?"
Lucianne deu alguns passos espantados para trás. Eilen lhe encarou durante alguns segundos, e depois se moveu até o malão. Jogou um espartilho preto para a colega que lhe sorriu.
Não que a roupa não houvesse lhe caído bem. A saia de pregas negras da escola havia sido substituída por uma comprida saia preta até os pés. Eilen garantia que era brega; Annia, quando fora com ela comprar o uniforme, aplaudira; Lucianne, por sua vez, achava que era patético e desaconselhável usar uma saia sem volume algum. A blusa da escola era a mesma de todas as outras. Havia nela bordado o símbolo da Corvinal, em azul.
Mas era a blusa da escola que estava trazendo problemas para Eilen e Lucianne. Pois o espartilho aparecia claramente por baixo do tecido claro da blusa escolar. Mas nada que não pudesse ser calmamente transponido com a ajuda de um corselete.
Lucianne passou o corselete pela cabeça e o jogou sobre a blusa. O símbolo da escola sumiu por baixo do pano negro, e Eilen balançou a cabeça. Sussurrou alguma coisa, e o símbolo da escola se bordou no corselete tal qual um brasão de guerra. Lucianne lhe sorriu.
"Sejamos ativas em relação ao nosso amor a casa, sabe?" ela falou dando de ombros e jogando por cima do próprio uniforme o casaco preto revestido de azul para aquecer-se do frio esmo que fazia do lado de fora. Era leve mas persistente. As arrepiava.
Jogando as mochilas nas costas as duas desceram com pouca dificuldade as escadarias que levavam até o salão comunal. Do outro lado viram descendo Henri e Joshua, que olhavam arredios para os lados, as mochilas sobre os ombros, os olhos percorrendo o salão em busca de alguém. Se encontraram os quatro entre as duas escadas e se cumprimentaram.
"Viram Alcher?" Joshua perguntou agressivo enquanto todos caminhavam rapidamente em direção à entrada para a casa.
"Não. O que ele fez... Dessa vez?" Eilen perguntou num sorriso debochado. Os meninos a encararam atravessados.
"Ele não nos acordou, o maldito! Pedimos para que ele nos acordasse... Mas ele não acordou! E agora estamos atrasados..." Joshua foi falando em seu sotaque americano. Eilen lhe sorriu.
"Era de se esperar. Olha só para quem foram pedir um favor?"
"Ah, cale a boca, Dieneng... Não pedi a sua opinião"
"Mas eu tendo a ser um tanto quanto intrometida! Adoro dar minha opinião!!!" ela falou com a voz azeda, e Lucianne decidiu parar um segundo no corredor, para ficar o mais longe possível dos dois colegas matinalmente temperamentais. Henri imitou o seu gesto, e sorriram um para o outro. O menino tomou a iniciativa da conversa.
"Esses dois são insuportáveis pela manhã, não?" Lucianne lhe sorriu e concordou com a cabeça, sem encara-lo nos olhos "Adorei o seu uniforme customizado. Espero apenas que não lhe cause problemas..."ele falou num sorriso. Seus olhos ternos como na primeira vez que o vira, na noite anterior. Parecia ser uma boa pessoa.
"Obrigada. Não acho que vá causar problema algum as minhas vestes. Recebi uma permissão de Alvo Dumbledore para utiliza-las. Sabe como é, não? Vivi toda minha vida num outro estilo de mundo. Agora tenho de me adaptar vagarosamente a este, como o próprio Dumbledore me disse uma vez..." ela sorriu e o encarou durante alguns segundos nos olhos. Algumas mechas lhe caíram sobre a íris azul brilhante, a fazendo desfocalizar o olhar dele.
"Parece ser uma ótima pessoa. Apesar dos foras no Alcher..."
"Definitivamente, procuro não fazer mal a ninguém. Mas Alcher realmente me deixa fora do sério"
"Dê um sorriso..." ele falou a instigando com as mãos a sorrir "Seu sorriso é bonito..."
"Ah..." e ela deu um sorrisinho, corando levemente. Ele riu baixo da cor das bochechas dela "O que houve?"
"Você está corada..." ele falou num sussurrou enquanto ajeitava melhor o paletó da roupa. Ela lhe sorriu também, dando de ombros devagar.
"Nunca antes me disseram que meu sorriso era bonito" ela falou e o encarou nos olhos "Bem, em qualquer caso, nunca morei com homens, e as mulheres com quem eu conviva eram bastante sérias. Aliás, sérias demais"
"Se você as considera sérias demais com um comportamento desses, eu realmente devo acreditar que são megeras" Joshua falou se intrometendo na conversa com um enorme sorriso. Eilen se jogou sobre os ombros da amiga.
"Você agora deve estar pensando em tirar esse maldito espartilho, não?" ela perguntou ao ver a careta de Lucianne. Esta apenas a encarou com um sorriso desdenhoso enquanto voltava a se alinhar.
"Usei espartilho a minha vida inteira. Não vejo problemas em o usar agora..."
"A vida inteira?" Eilen perguntou espantada, largando os ombros da amiga e se dirigindo devagar até a mesa de café da manhã. Já haviam chegado no salão. Henri passeava com o olhar pelo céu mágico acima deles. Lucianne sorriu.
"Sim, a vida inteira... Não acha que Tasalegoo se daria bem num templo com os Druidas?" ela perguntou extasiada. Era ótimo ver pessoas com o amor dele pela natureza.
Sua amiga se sentou observando o rapaz.
"Sim, ele daria um ótimo druida"
Serviram-se da comida que havia na mesa.
Enquanto Lucianne colocava açúcar no seu mingau, Annie entrou pela porta sorrindo e andou até a mesa da Corvinal.
"Bom diaaaaa!!!" ela falou num tom cantado, e se atirou nos ombros da amiga, lhe dando um pesado abraço "Com vão?" ela perguntou sorrindo e acenando displicente para os outros colegas de ano da Corvinal "Como foi a sua noite? Tudo satisfatório na Corvinal? Na Lufa-lufa é tudo ótimo! O pessoal é muito legal!" e sorriu, soltando os ombros de Lucianne, que a encarou séria.
"O pessoal da Corvinal me pareceu bastante simpático", respondeu, amável. Eilen, Joshua e Henri a encararam estranhando. Não parecera exatamente simpática com ninguém, até o momento "Esses são Henri Tasalegoo e Joshua Pultread" falou apontando para os meninos "e essa é Eilen Dieneng" e sorriu para a colega de quarto. Annia passou os olhos pelo rosto da outra com um sorriso enorme.
"Ah! Por que raios você não me avisou que tinha mais uma Sacerdotiza aqui na escola? Puxa, pelo que escutei sobre você, Lucy, parece que teremos problemas" ela falou sorrindo enquanto acenava para Eilen "Você também é problemática, Eilen?" perguntou num sorriso enorme. Eilen lhe encarou durante alguns segundos estudando a pergunta.
"O que é ser problemática para você?"
"Agir igual à Lucy"
"Lucy?"
"A Lucianne. Ela odeia esse apelido. O uso para irrita-la..." falou sorrindo.
"Bem, parece que sou, durante alguns poucos momentos, problemática"
"Meus pêsames, então" a menina falou enquanto empurrava Lucianne mais para o lado e se sentava entre ela e Eilen "Vou tomar café da manhã aqui. Posso?"
"Esteja à vontade" Joshua falou sorrindo. Annia virou seu olhar para o menino e o encarou nos olhos durante alguns segundo, séria. Depois, sorriu para ele.
"Obrigada, Joshua"
"Bem vinda a sua casa!" Jasmin falou sorrindo enquanto andava até Henri "O Benjamin está vindo agorinha mesmo com os horários das aulas. Já sabem como funciona, né?" todos balançaram a cabeça em concordância. Jasmin sorriu e olhou Annia, que vestia o uniforme da Lufa-lufa "E você, mocinha, o que está fazendo aqui?" perguntou com voz amável, e Annia a encarou.
"Estou tomando café da manhã com a Lucy" falou sorrindo e se virando para o prato á sua frente. Jasmin lhe sorriu de volta e pousou a mão sobre a sua cabeça.
"Certo. Boas aulas!" falou e saiu de perto. Annia levantou os olhos para Lucianne, que lhe encarava com um sorriso torto.
"Por que raios depois que eu fui para a Lufa-lufa todo mundo me trata como demente?" ela perguntou indignada enquanto jogava ovos e bacon no seu prato. Lucianne sentiu uma louca vontade de gargalhar.
"Não era você mesma que dizia que as pessoas da Lufa-lufa eram tachadas de bobonas? O pessoal da Corvinal pensa a mesma coisa, apenas..." falou num sussurro enquanto tomava a primeira colherada de mingau.
O professor entrou na sala. Todos permaneceram em silêncio. De um lado de seus lados, estava sentada Eilen, com um sorriso torto nos lábios. Do outro, Ghutus Farten. Ela virou os olhos nervosamente do professor para Farten, ao seu lado. Ele lhe sorriu sarcasticamente, e ela virou-se para Eilen, que deu de ombros e voltou seu olhar para o professor, que os encarava. Lucianne repetiu seu gesto, esfregando as mãos sob a carteira, mesmo estando um tremendo calor.
"Eu sou Severo Snape, e os ensinarei a arte das Poções" o professor disparou num murmúrio. Lucianne afundou na carteira enquanto os murmúrios do professor ecoavam no silêncio das masmorras. Era, de todo, assustador.
Fechou os olhos, enquanto a voz do professor entrava em sua cabeça devagar. Ouvia sobre como eram todos uns incompetentes, ouvia sobre os ingredientes da próxima poção, sobre como prepara-la. Devia ser uma poção simples, e ela finalmente sorriu para o nada. Ajeitou-se na carteira e começou a preparar a poção meticulosamente.
Verdadeiramente, a poção lhe parecia fácil. Bem, ao menos comparada as poções que lhe obrigavam a preparar no templo, aquela lhe parecia fácil.
Sussurrava um mantra calmamente sob a respiração, na esperançado professor não ouvi-la. Decididamente, não deu certo.
"O que pensa que está fazendo, Fressô?" o professor perguntou para a corvinal estreitando os olhos. Seu nariz enorme devia estar a menos de cinco centímetros da bochecha de Lucianne. Ela se virou para ele e sorriu, os narizes se tocando.
"Estou recitando um mantra"
"Um mantra? Ah, mas que coisa doce" sua voz estava venenosa. Lucianne entortou o sorriso, que antes passava levemente por doce.
"Isso mesmo, mestre" ela falou num sussurro, virando os olhos novamente para a poção e inserindo o próximo ingrediente com calma.
"E para que estava recitando um mantra na minha aula?"
"Para me segurar e não lançar um feitiço de limpeza sobre seus cabelos" ela falou indiferente enquanto mexia o caldeirão sem pressa. Sentiu, sem medo, seu braço ser preso com força por alguma coisa. As mãos do professor.
"Não seja insolente!"
"Prefiro ser insolente a mentirosa" ela falou enquanto empinava o nariz e sorria para o professor.
"Pois todo esse seu bom caráter" ele sibilou, furioso "vai te render uma detenção!"
"Estou comovida..." ela sussurrou virando-se para encarar o professor. Sorriu "Não é desse modo que se atinge a perfeição, Severo Snape. A perfeição se alcança com paciência e carinho" ela falou e colocou devagar as suas coisas na mala, levantando-se de um salto "Vou-me indo agora. Pode provar a poção, aliás. Eu já terminei" e sorrindo deixou a sala.
Eilen, ao seu lado, apertou os olhos em incredulidade. Como ela conseguia ser tão... Idiota? Todos no mundo sabiam que não se devia provocar Severo Snape. Ou as punições seriam duras.
E a dela seria muito mais do que o normal.
Gina percorreu com os olhos a sala. Estava... Entediada. Sim, essa era a palavra.
O sol estava entrando mornamente pelas janelas de caixotilhos da sala de runas antigas. A professora explicava coisas as quais ela já se habituara há tempos.
Suspirou, enquanto brincava com a pena.
Levantou os olhos e viu a professora explicar - novamente! - de onde vinham as malditas runas celtas.
E então, ouviu-se um clique desesperado, e Gina virou os olhos para a porta que havia se aberto. Observou a imagem loira parada ali, e sorriu.
"O que deseja, Sr... Hum, perdão, acredito que não saiba seu nome..." Gina viu, de sua cadeira, Draco rolar os olhos nas órbitas, como sempre fazia quando estava aborrecido. E foi sorrindo que o observou responder a pergunta da professora, enquanto apoiava-se na porta sob o braço.
"Draco Malfoy"
"E o que deseja, Sr. Malfoy?"
"O que acha que eu desejo? Assistir à sua aula..." ele falou debochado.
"E o que o leva a querer assistir a minha aula?" ela perguntou visivelmente contrariada. Gina tinha vontade de gargalhar da cara da professora.
"A sua linda imagem parada na frente do quadro, professora Reginald" Draco falou ironicamente e recebeu como resposta um olhar de completo desprezo bem dado pela professora "Bem... Hm... Eu.... Fui expulso..." e a professora soltou um muxoxo que soou bastante com 'não me espanta' que fez Draco recolocar suas palavras "Quer dizer, desisti de assistir as aulas de Trato de Animais Mágicos. O diretor me deu passe livre para tentar outros cursos... Mas como sou novato em qualquer um deles... Me colocaram um ano abaixo do normal..." e então Gina não se conteve e riu baixinho da situação em que Draco se encontrava.
Aquele palerma, com certeza se achava o melhor. E agora estava ali, na frente de uma classe de alunos interessados, fazendo a pose do que ele realmente era: um palerma.
Sorriu.
"Então sente-se onde achar conveniente..." a mulher que lhes dava aula resmungou e Gina balançou a cabeça enquanto levantava o braço.
"Professora, seria recomendável o Sr. Malfoy sentar-se comigo. Sei muito bem que sou a aluna mais avançada do curso, e poderia auxilia-lo..." ela propôs tentando parecer inocente. Draco sentiu vontade de gargalhar ao ver a professora estender uma mão indicando o caminho a ele.
"Obrigado, Virgínia"
"Estou apenas protegendo o que é meu" ela falou dando uma piscadela fingida enquanto se aprumava na cadeira.
Draco a encarou durante alguns segundos desejando que o que ela havia dito - sobre ele ser dela - não fosse apenas a brincadeira que era. Desejando que fosse tão real quanto o que sentia por ela...
"Como?" Harry perguntou estreitando os olhos verdes, que se transformaram em dois riscos mal traçados. Snape o encarou furiosamente.
"O que você acha que ouviu, Potter?" perguntou parecendo mais um moleque insolente do que o mestre de poções "Você vai ficar de detenção durante uma semana"
"Mas que merda eu fiz?" ele perguntou exaltado. Snape entortou os lábios num sorriso e respondeu com a voz seca.
"O que acha que fez?"
"Falei a verdade! As suas aulas são realmente entediantes... E eu apenas não deixo de vir nelas porque tenho de Ter isso no currículo para passar na academia de aurores, senão largava de ver a sua cara macilenta de vez na hora..." Harry exclamou em um tom baixo e cheio de tédio. Snape o encarou furioso.
"Duas semanas de detenção com uma molequinha do primeiro ano, e trate já de sair da minha sala..." ele falou enquanto dava as costas à Harry e voltava para sua mesa.
Harry Potter jogou seu material na bolsa, e saiu em passadas pesadas da sala quente nas masmorras onde tinha aulas de poções depois de ouvir um "Oito horas em ponto" de seu professor.
Lucianne recebeu um tapinha nos ombros de Eilen, que jantava calmamente com Annia ao seu lado. As duas estavam discutindo qualquer coisa sobre trouxas, e Lucianne tinha de ir para a detenção.
"Trate de se cuidar, Lucy" Eilen havia adquirido o hábito de Annie de a chamar irritantemente de Lucy "Sabe, o Snape é perigoso. Realmente tome cuidado. Vá pelo caminho da luz" exclamou ao receber um muxoxo e o bater de pés se afastando como resposta.
"Ainda não acredito que aquele bastardo te deu uma detenção de duas semanas logo no primeiro dia de aula!" Rony exclamou enquanto enfiava na boca um enorme pedaço de costeleta de boi. Hermione o encarou desaprovadoramente.
"Não xingue um professor, Rony"
"Snape não é um professor... É um filho da puta mesmo" Rony falou dando de ombros enquanto mordia um enorme pedaço de uma coxa de frango que havia em seu prato.
"Quer parar de comer como se não houvesse amanhã, Rony?" Hermione falou enquanto observava Rony dar uma garfada no seu pudim de rins enquanto puxava um pastelão de carne para seu prato.
"É meu último ano em Hogwarts... Então trate de me deixar aproveitar, Mione" ele respondeu com a boca cheia e Harry sorriu, e depois olhou para o relógio fazendo uma careta.
"São sete e meia. Melhor eu ir indo..." ele falou enquanto pegava um punhado de balinhas de hortelã e colocava em seu bolso "Podem separar uma laranja para mim? Estou doido para comer laranja... Mas tenho de ir para a detenção" falou se levantando.
"Claro!" Hermione falou sorrindo para ele "E tome cuidado..."
"Com o Snape não se brinca!" Harry completou entediado "Eu sei, Mione, eu sei..."
"Mas parece não saber! Pois se soubesse não estaria indo cumprir detenção agora, bobão!" ela falou mostrando a língua de modo divertido ao ver Harry rolar os olhos nas órbitas e sair.
"Pobre Harry..." Rony ainda ousou completar antes de colocar uma garfada de farofa na boca.
Toc, toc, toc.
Foi tudo o que ela fez ao chegar na sala. Bater na porta devagar.
Não conseguia imaginar que teria de cumprir uma detenção por causa de um comentário tão besta. Por que raios ela se exaltava tão facilmente?
Ah... Maldita criação a sua!, exclamava lentamente na cabeça enquanto via a porta se abrir e Snape aparecer com a cara amassada de sono.
"Está atrasada" ele falou a encarando no fundo dos olhos. Ela sorriu, tentando parecer agradável.
"Eu sei disso, professor. Me desculpe. Mas me perdi no caminho" e deu de ombros enquanto o via a encarando feio nos olhos e apontando o caminho para dentro da sala.
"É bom saber. Isso lhe custou mais uma semana de detenção"
"Perdão, acho que não ouvi direito... Mais uma semana de detenção?" ela perguntou incerta. Ele sorriu.
"Você ouviu muito bem e sabe disso. Agora são duas semanas de detenção"
"Duas semanas? Mas você disse que era um dia!"
"E você acreditou que a sua insolência na aula merecia apenas um dia de detenção?" ele perguntou espremendo as sobrancelhas num traço comprido. Ela suspirou, tentando parecer calma e obediente. As Sacerdotizas que a haviam ensinado no templo tantas coisas, haviam também lhe ensinado como mestres adoravam obediência e concordância. E era isso o que ela daria a Snape.
"Decididamente não. Me desculpe, sinceramente, mestre. Não pretendia lhe desrespeitar de forma alguma. Mas estava realmente mal com alguns problemas que tinha para resolver e me descontrolei" sorriu para ele de modo claro, e ele a encarou, relaxando os músculos da testa.
"Certo. Suas semanas de detenção..."
"Vou começar agora? O que tenho de fazer?" ela perguntou juntando as mãos sob o colo ereto. Ele a encarou espremendo novamente as sobrancelhas. Ela sorriu "Estou com sono. Pretendia ir cedo para a cama hoje" ela sussurrou como explicação. Ele a encarou.
"Não irá começar agora" falou prazerosamente. Parecia sentir mesmo prazer ao fazer os alunos infelizes "Vamos esperar o Sr. Potter. Ele cumprirá detenção com você"
"Potter? Que Sr. Potter?" ela perguntou estreitando os olhos.
"Oh, não me diga que nunca ouviu falar do Potter..." Snape falou desinteressado enquanto andava até sua mesa e se sentava com as mãos sobre o carvalho lustrado.
"Já li alguma coisa sobre ele... Mas não me lembro direito o que, se quer saber a verdade... Tive de ler quase cem livros nas férias!" ela exclamou sorrindo e andando devagar até uma mesa, se apoiando nela.
"Ele é o Potter. Harry Potter, lembra-se? O menino-que-sobreviveu" falou sarcástico.
"Ah, ele!" ela falou sorrindo e dando de ombros "Agora me lembro. Cinco livros inteirinhos sobre ele, o Sr. Claus me fez ler..." ela falou enquanto fechava os olhos sorrindo "De qualquer modo, acho que uma detenção com ele pode ser interessante.. Aliás, o que foi que ele fez?" questionou e Snape fechou a cara se levantado mal-humorado.
"Não é de seu interesse" falou com a voz rouca. Ela sorriu debochada para as costas dele.
"Me desculpe os modos, mas acho que se estou perguntando há de me interessar" ele se virou para encara-la. Permaneceu em silêncio.
"Desrespeito ao professor" respondeu afinal. Ela sorriu.
"Certo, mestre. Mas acho que devia reconsiderar a minha pena" ele a encarou com desprezo e a porta se abriu bruscamente.
"Me desculpe o atraso, Professor Snape" o garoto de seus cabelos negros e olhos verdes apareceu no portal sorrindo irônico. Lucianne se limitou a sorrir para o garoto da cabine.
Passou a mão pela testa suada.
"Mas, de verdade, eu não estava esperando que Cho tivesse me beijado, naquele dia" Harry falava em um sussurro para ela enquanto esfregava com vigor o chão das masmorras.
"Com certeza. Deve Ter sido um choque"
"E se foi!" sorriram um para o outro. Ele a encarou durante alguns segundos "Você, provavelmente, nunca beijou"
Ela deu de ombros e balançou a espessa cabeleira ruiva. Harry havia soltado seus cabelos num feitiço, dizendo vagamente que eles eram mais bonitos soltos. Sorrindo comentou o que ele havia dito "Minha idade não interfere na minha maturidade" disse simplesmente e Harry sorriu.
"Então já beijou?"
"Mais ou menos"
"O que vem a ser esse mais ou menos?"
"Não importa agora..." e ela se virou para ele com enormes olhos questionadores "Aquela ruivinha... Gina, se não me engano... Ela estava apaixonada, não? Era por aquele loiro?"
"Er... Balinhas de hortelã?" Harry se levantou e foi buscar mais um pedaço de pano, não sem antes estender a mão tirando do bolso algumas balinhas. Ela apanhou duas nas mãos.
"Ah, certo" e sorriu para ele "Ele parece ser um tanto quanto arrogante... Estou certa?" ela perguntou e ele deu de ombros, voltando a esfregar o chão.
"Ele é bastante arrogante... É o exemplo de sonserino perfeito"
"Nem todos os sonserinos são nojentos" ela falou parando durante um segundo de esfregar a parede. Ele levantou os olhos e a encarou.
"Todos eles tem sido nojentos, ao menos comigo"
"Pois bem, os deixe ser. Mas não julgue todos por apenas um" ela falou e voltou a esfregar a pedra.
Permaneceram em silêncio durante alguns segundos.
Tinham de limpar toda a área Sul das masmorras - diga-se de passagem, a parte mais usada - em duas semanas. Tinham um bocado de trabalho, e por isso haviam começado a conversar. Nada era melhor do que conversar para passar o tempo.
"Por que você recebeu detenção?" ele perguntou para ela, que sorriu.
"Disse que estava sussurrando um mantra para me controlar e não jogar um feitiço de limpeza nos cabelos dele. Sempre disse a verdade. Não seria naquela aula que pararia"
"Você falou isso?"
"Falei. E você, o que fez?"
"Ah... Disse que se pudesse parava de freqüentar as aulas do Snape e de ver aquela cara macilenta dele..."
"Me parece que ele recebeu insultos demais num mesmo dia" ela falou sorrindo e novamente esfregou a testa para limpar o suor.
"Por que você usa essa roupa?" ele perguntou apertando as sobrancelhas. Ela riu.
"Tenho o costume. Fui treinada desde pequena" disse e ele a encarou.
"Ora... Não consigo pensar em nenhuma família que obrigue seus filhos desde pequenos a usar... Espartilho, corselete e saias compridas"
"Pense numa família medieval..." ela falou sorrindo enquanto ia esfregar um pedaço mais longínquo da parede.
"Medieval?" ele perguntou baixinho chegando mais perto.
"Medieval"
"Mas... A época medieval foi a mais de quinhentos anos"
"Exatamente"
"Mas você não pode ser tão velha!"
"E não sou mesmo" ela sorriu dando de ombros e sentando-se no chão. Encostou a cabeça na parede e fechou os olhos.
"Então, o que acontece?"
"Bem... Eu viajei no tempo..." ela falou abrindo os olhos e as íris azuis dela encontrando as verdes dele.
"Viajou no tempo? Como?"
"Um feitiço que minha amiga fez. Nada de demais..." ela sorriu "Apenas me parece que ela morreu..." e fechou novamente os olhos.
"Morreu? Feitiço? Viagem no tempo? Eu preciso de um minuto..." ele falou enquanto se recostava na parede ao lado dela. Ela lhe sorriu.
"Não precisa se preocupar... Já está tudo na mais perfeita paz" ela falou enquanto se levantava novamente e voltava a esfregar devagar a parede.
Por volta das três da manhã Filch veio os levar de volta para suas torres. Permaneceram em silêncio durante toda a noite.
"Vamos, vamos! Corra com essa roupa!!!! CORRE!" Lucianne ainda não fazia idéia de como - e acreditava piamente que havia sido por culpa de Eilen - mas Annia havia ido se trocar na Corvinal para a festa de Halloween.
E agora estavam as quatro garotas correndo de um lado à outro, puxando vestidos e jogando feitiços enfadados para todos os lados.
Apenas Lucianne estava jogada calmamente em sua cama, as pernas cruzadas de maneira relaxada.
"Você não vai se mexer?" Annia perguntou espremendo os olhos, e Lucianne sorriu para a amiga.
"Vou me mexer tanto quanto você vai mudar esse corte de cabelo horrível" falou dando de ombros e se ajeitando melhor na cama para observar a bagunça que duas das garotas faziam no quarto.
Annia a encarou profundamente.
"Meu cabelo não é horrível" e levou as mãos até as medeixas azuis. Haviam mais ou menos duas semanas que a menina havia aprendido alguns feitiços de mutação, e mudara o corte de cabelo. Diga-se de passagem, havia mudado bruscamente o corte de cabelo.
Quer dizer, mudar o cabelo de mechas loiras, lisas e curtas para algo em torno de um azul claro brilhante, comprido e ondulado devia ser considerado brusco, certo?
"Ah... Fique quieta..." respondeu calmamente fechando os olhos. Annie suspirou exasperada e jogou um vestido em cima da colega.
"Vista essa roupa e desça. Não quero saber de você tendo hipoglicemia por falta de comida. Você vai descer ao menos para jantar"
"Okay" sussurrou e puxou o vestido para suas mãos "Mas não vou vestir isso"
"Vista o que quiser" Annia falou virando-se de costas e tentando prender os cabelos sem muito sucesso.
Lucianne se esticou até o malão. Puxou o espartilho, o corselete, o vestido e a capa. Estava fazendo frio naquele dia das bruxas. E ela não queria nem pensar em passar muito tempo naquela comemoração. Já tinha tudo pronto para comemorar seu Samhaim com Eilen. E o queria comemorar logo.
Suspirou enquanto arrancava devagar as vestes para substitui-las pelas novas, pensando no seu feriado, que agora era considerado pagão tanto quanto há anos atrás.
Eilen veio em seu auxílio para prender melhor o espartilho. Se afastaram sorrindo, uma para outra enquanto Lucianne jogava a capa por cima dos ombros. O outono estava chegando e com ele, o frio.
Fechou os olhos, suspirou e levou as mãos aos cabelos. Passou-as por eles e sor5riu ao ouvir um valoroso 'Merda!' sendo exclamado por Annia.
"Ainda não entendo como você e a Eli" Eli era a maneira de Annia chamar Eilen "conseguem fazer esse malditos feitiços sem varinha!"
"Qualquer um consegue, Anny" Eilen exclamou dando um sorriso misterioso e passando a mão pelo rosto, que apareceu levemente maquilado. Os cabelos pesados e fartos de Lucianne já caiam em várias tranças incertas sobre os ombros.
"Em qualquer caso, Lucy, as suas roupas estão esplêndidas!" Aylwin exclamou exultante, e Lucianne virou sorrindo para garota.
"Obrigada"
Depois de se conhecer bem, Lucianne tinha um temperamento agradável e carinhoso. Quer dizer, depois de se conhecer muito bem.
"Realmente... Eu adoro suas vestes" Eilen exclamou divertida, e Lucianne lhes sorriu. Annia lhe piscou um olho enquanto ajeitava os cabelos com um feitiço.
"Estou descendo... Quem vai comigo?" Lucianne perguntou se dirigindo para a porta.
"Só um minutinho!" Ayl exclamou sorrindo enquanto terminava de puxar a blusa por sobre a cabeça.
"Vamos?" e as quatro garotas desceram as escadas devagar.
A música nunca lhe parecera tão entorpecente. Os doces todos a haviam deixado com um leve enjôo, mas Mdm. Ponfrey já havia comentado que lhe daria um remédio assim que a festa acabasse.
Fechou os olhos sentindo tudo rodar.
Não devia Ter tomado aquelas coisas que Annia havia lhe estendido.
Mas lhe haviam parecido tão inofensivas!
Nunca poderia imaginar que pudessem lhe fazer tanto mal.
Estendendo a mão para apoiar-se melhor na mesa da Corvinal, Lucianne tocou em algo.
Abriu os olhos e levantou o rosto para encontrar olhos verdes brilhantes sorrindo para ela.
"Ah, olá, Harry"
"Olá, Lucy. Se incomoda se eu sentar aqui?"
"Claro que não..." ela sorriu para ele e estendeu uma mão indicando um lugar que estava vago ao seu lado, já que Eilen havia ido dançar.
"Muito bonito seu vestido" ele falou sorrindo e estendendo o braço para pegar um pirulito. Colocou-o na boca e Lucianne não pode deixar de sorrir.
"Você tem fixação por pirulitos, certo?" ela perguntou bem-humorada.
Depois da confissão dela de que havia vindo do passado, ambos haviam se tornado bons colegas. Melhor dizendo, amigos.
"Achei que nunca fosse descobrir"
"Pois meu intelecto é bastante superior ao esperado..." ela falou fechando novamente os olhos e se apoiando na mesa.
"Cerveja amanteigada?" ele perguntou estreitando os olhos. Ela não pode ver pois estava com a cabeça apoiada na mesa.
"Acho que sim. Annia que me deu"
"Aquela garotinha é maluca... Mas tome aqui. Acho que pode te ajudar" e ele estendeu um copo para ela, que o encarou com estranheza.
"O que é isso?"
"Café com leite" e sorriu "Sempre ajuda a não Ter ressacas"
"Falou o especialista" ela sussurrou entornando o copo sem receio. Confiava cegamente em Harry.
"Convivendo com Rony, Fred e Jorge, não haveriam motivos para não ser especialista no ramo" ele falou estufando o peito e gargalhando.
Ela sorriu sentindo-se melhor. Devolveu-lhe o copo.
"Obrigada. Realmente ajudou, Harry"
"Ei, você me chamou de Harry!" ele falou animado. Ela sorriu.
"Parece que sim"
"Uau! Você nunca tinha me chamado assim! Agora é que meu dia está feito..."
"Claro, claro..." e sorriu, se virando para a pista. Nunca imaginara que uma garota de onze anos podia parecer tão louca quanto Annia parecia. Com os cabelos azuis soltos sobre a face, encobrindo os olhos e pulando feito uma louca ao lado de Eilen, ela parecia verdadeiramente insana.
Suspirou, adorando a vida que estava levando.
Era realmente ótimo Ter amigos, liberdade e intelecto unidos. Era uma coisa esplendorosa saber ler e escrever, e Ter todas aquelas lições para aprender. Era louca pelos estudos. Adorava o saber. E os amigos, então! Toda aquela gente que parecia ser maluca ao seu redor, sem medos nem pudores, apenas buscando ser feliz... Adorava tudo aquilo, de verdade.
"Um pirulito pelo seu pensamento"
"Adoro tudo isso"
"Eu também"
"Hei, quer dançar?"
"Claro"
Pularam, pularam e pularam feito insanos.
Nunca Lucianne havia se sentido tão livre.
Era maravilhoso estar ali, pulando ao ritmo da música com todos os seus amigos por perto: Harry, Luna, Annia, Eilen, Aylwin, Henri e Joshua. Todos eram ótimas pessoas, e eram livres como ela.
Sentiu-se como um passarinho que acabava de sair de sua jaula.
Um preso que saia de sua cela.
Enfim, estava livre... Livre para viver e tentar ser feliz.
"Eu não tenho para onde ir"
"Vai pra minha casa!"
"Não. Não vou mesmo"
"Poxa... Minha mãe queria te conhecer"
"Na plataforma ela conhece"
"Você quer ficar no castelo, né?"
"Pode crer nisso"
"Eilen também vai ficar?"
"Não, Annia. Ela não vai ficar"
"O Harry vai, né?"
"Vai. Ele também não tem pra onde ir"
"E o Wesley e a Granger?"
"Alpes Suíços. Os pais da Hermione convidaram Rony para ir junto"
"Hum... Você sozinha com o Harry?"
"Não pense futilidades. Não tenho tempo para isso. Prometi ajudar com a organização do Natal"
"Você tem certeza? Lá em casa vai Ter peru... Sei que você gosta de peru! Devorou quase que metade de um inteiro no banquete de Halloween. Eu bem vi!"
"Ah, cale a boca. Vai Ter peru em Hogwarts também"
"Você é uma estraga prazeres, sabia?"
"Obrigada"
Ela acordou, naquele dia, tremendo. Puxou as cobertas até o queixo, e continuou tremendo. Estava tremendamente frio. Ela podia ouvir o barulho seco e fofo da neve batendo contra o vidro da janela do quarto das primeiranistas da Corvinal.
Suspirou, sentando-se na cama e indo até seu armário. Puxou um pesado robe e estava voltando para a cama quando ouviu um 'mas que merda!' vindo do andar de baixo.
Apertando o robe com mais força contra o corpo e puxando um cachecol no caminho, abriu a porta do quarto e desceu a escada em passos pequeninos.
Arregalou os olhos ao ver quem estava lá em baixo, ao lado da enorme árvore que ela havia ajudado a monitora a arrumar na noite passada.
Adam Alcher estava agachado no chão, um pacote negro aberto no seu colo. Ela pode notar as lágrimas correndo silenciosamente pelo rosto dele.
"Alcher?" perguntou, incerta, chegando mais perto.
"Fressô?! SAIA DAQUI!" Lucianne o encarou nos olhos durante alguns segundos. Silenciosamente, acentiu.
"Saio sim, mas com uma condição"
"Fale logo e suma!" ele sussurrou levanto as costas das mãos até os olhos para os esfregar.
Ela suspirou.
"Nunca mais chore por causa do seu pai. Sua mãe não gosta de te ver triste por quem não merece..." e saiu andando sem mais explicações.
Entrou no quarto e procurou uma roupa no armário. Estava terminado de prender a capa quando a porta de seu quarto abriu e por ela apareceram cabelos negros como a noite.
"Alô! FELIZ NATAL!"
"Ah, olá, Harry" respondeu soturna. Harry estreitou os olhos.
"Ei, e o meu feliz natal? Não ganho?"
"Claro..." ela deu um sorriso e andou até ele, lhe apertando a mão "Feliz natal, Harry. Que muito natais cheios de alegria preencham sua memória no dia de hoje" e puxou um pacote de cima da cama de uma das garotas "Annia me mandou te entregar isso. Acredito que o meu você já abriu"
"Sim, muito obrigada. Adorei aquele livro" e sorriu.
"Achei que você gostaria de mais meios de sabotar os testes da professora de adivinhação" falou sorrindo enquanto prendia os cabelos numa trança.
"HOJE VOCÊ NÃO PRENDE OS CABELOS!!!" exclamou feliz e passou as mãos pelos fios macios para solta-los.
"Harry, você é um saco"
"Obrigado!"
"Ah... Vamos logo que acho que vou desmaiar de fome" ela falou enquanto enrolava sobre o pescoço um cachecol vermelho.
"Não vai abrir seus presentes?" ele perguntou correndo os olhos até a pequena pilha no sopé da cama dela.
"Ah! Os presentes! Tinha me esquecido, até" sorriu e foi até sua cama. Harry lhe acompanhou e sentaram-se lado a lado.
"Primeiro abra o meu" e puxou um enorme embrulho prateado do topo do monte. Ela sorriu. Tinha a Harry como um irmão, assim como ele à ela.
Rasgou o embrulho com pressa, e do meio dele saltou uma calça que começou a fazer espalhafatosos passos de balé a frente dos dois. Ambos riram de se fartar até que as calças pegaram fogo e deram lugar à um lindo vestido longo medieval. Ela sorriu e correu até a peça estendida no chão.
"Harry, é maravilhoso!"
"É bom que tenha mesmo gostado! Tive um enorme trabalho em ir até a loja de antigüidades para adquirir esse daí!" e sentiu, ao terminar de dizer tais palavras, dois braços quentes apertando seu pescoço. Enlaçou a cintura da ruiva e lhe abraçou com força.
"Obrigada, obrigada..."
"De nada! Agora vamos abrir os outro presentes..." e começaram a puxar e rasgar pacotes dos mais diversos tamanhos e variedades.
Ao fim de todo o trabalho, Lucianne tinha à sua frente o vestido de Harry, uma pasta para colorir cabelos que ganhara de Annia, um livro sobre os principais fatos históricos no mundo da magia de Aylwin (o qual Harry e Lucianne se deram ao trabalho de abrir para procurar o nome dele no meio. Acabaram encontrando), um caldeirão lindo de Eilen, pacotes de doces de Joshua e Henri, um vale-ticket para pegar sete taças especiais de sorvete na Florean Fortescue, válido até o fim do ano que vinha da parte de Rony, Hermione, Luna e Gina e dos monitores da Corvinal recebera um pacote de bolachas com um creme muito suspeito, que ela preferiu nem experimentar.
Mas de todos os presentes que recebera, fora uma pequena jóia que a encantara mais; recebera-a de Dumbledore, e a jóia servia para guardar memórias segundo o manual que viera junto. No cartão que a havia acompanhado, as únicas palavras escritas eram as seguintes: 'O passado é parte da nossa vida tanto quanto o futuro. Nunca devemos esquecer nossas raízes'
Quando desceram novamente para o salão, na hora do almoço, encontraram a mesa farta. Lucianne deu um pequeno sorriso intimidado e seguiu ao lado de Harry. Encontraram Gina e Luna sentadas na mesa da Grifinória ao lado de Draco Malfoy.
Draco Malfoy.
"Malfoy? Você na nossa mesa? Lucy, prepare-se! O Apocalipse chegou!" e tentou se jogar embaixo da mesa, sendo impedido prontamente pelas pequenas mãos de Gina.
"Draco concordou em esquecer essa bobagem e sentar-se comigo no natal" ela sussurrou sorrindo e apontando para lugares ao seu lado. Lucianne sentou-se ao lado de Harry.
"Certo, certo... Se você me diz assim... Mas tem certeza de que não é um Imperius?"
"Absoluta" terminou resoluta e Harry encolheu-se na cadeira.
"Peru?" Draco perguntou estendendo para Lucianne a travessa. Seus olhos brilharam e ela puxou o prato para perto de si, o enchendo da carne tenra. Harry deu de ombros para a cena e começou a mordiscar algumas balinhas de hortelã.
"Você tem vício nessas balas" Lucianne ponderou alto, e Harry apenas sorriu para ela retrucando secamente:
"E você por peru..."
"Tenho mesmo. E por aquela coisa gelada também. Sevete, acho"
"Sorvete" ele corrigiu automaticamente.
"Que seja. Me passe as batatas, sim?"
"Claro" e estendeu para ela a terrina.
"Não quer puxar um?" ele perguntou sorrindo e apontando para o tubo de papelão que estava entre eles.
"O que é isso?"
"Surpresa. Pegue um lado!"
Lucianne, receosa, estendeu as mãos e segurou de um lado do tubo. Harry segurou do outro e puxou.
Houve uma explosão, um grito e vários passarinhos que saíram voando do tubo.
"Lucy?" perguntou entre risadas e Lucianne virou os olhos para ele, o encarando com desprezo. Notou os passarinhos voando alto e riu.
"Que lindos! De onde vieram?"
"Do tubo, bocó" ele falou rolando os olhos nas órbitas. Ela deu mais um grito, dessa vez feliz, ao ver vários dos passarinhos voando até seus ombros.
"Eles gostaram de mim" falou num gorgolejo e Harry ficou ali, observando a cena durante longos minutos.
Realmente, aquela garota era encantadora.
"NÃO!!!! SAI FORA, LUNA!" Lucianne bem que tentou, mas a bola de neve acertou em cheio sua face; Luna riu do outro lado do campo de batalha que eram os gramados de Hogwarts.
"Vem!" Harry falou pra ela a puxando pelo braço para trás de uma árvore "Você não pode deixar ela te acertar senão pega pneumonia!"
"Pneumo o quê?"
"Ah, esquece... Pega essa bola" e estendeu para ela uma grande bola de neve. Ela a segurou entre os dedos delicados e Harry mandou ela atirar aquela bola em Luna.
Ela esticou o braço e a bola de neve passou raspando pelo rosto da menina, que lhe mostrou a língua. Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, a bola acertou sua nuca.
"Feitiços de reverso são ótimos!" Harry falou sorrindo e saltando detrás da árvore.
E eles continuaram a briga de bolas de neve durante mais alguns minutos, sendo observados atentamente por um figura de preto sentada sob um enorme carvalho.
Entrou na sala tossindo, sendo acompanhada pelos ombros de Harry, que a carregavam.
Realmente, deixar Luna Lovegood lhe jogar bolas de neve na cara não era saudável. Parecia que tinha pego a tal de pneumonia.
"Hei, Fressô, o que aconteceu?"
Lucianne virou-se lentamente para o lado de onde vinha a voz e se espantou profundamente ao notar Alcher sentado numa poltrona á frente do fogo. E se assustou mais ainda ao notar que o tom da voz dele não havia sido de ironia ou desprezo, como de costume.
"Pegou uma gripe daquelas, Adam" Harry respondeu sorrindo e Adam Alcher sorriu de volta. Por alguma razão ainda não explicada para Lucianne, Alcher parecia ser extremamente agradável com Harry. Aliás, apenas com Harry.
"Não era melhor tê-la levado para a enfermaria?"
"Acho que é melhor ela ir para a cama. Amanhã veremos Mdm. Ponfrey" Harry prometeu enquanto ajeitava a garota num sofá "Agora eu tenho de ir... Parece que o pessoal que está na Grifinória quer dar uma... Hum... Festa para comemorar o natal" sorriu constrangido e a garota pareceu não notar pois lhe sorriu de volta com carinho.
"Vá mesmo. E aproveite bastante. Acho que Burlin estava aqui na ceia de Natal" ela falou sorrindo e Harry a encarou assustado "Ora, por favor! Eu não sou demente! Sei o quanto você tem olhado para aquela colega da Gina..."
"Bem, então vou indo. Boa noite, Adam. Boa noite, Lucy" e despediu-se dando-lhe um beijo na testa e sorrindo. Saiu com um aceno e o bater da pedra atrás de si.
"Está sentindo-se bem?" Alcher virou-se para ela, preocupado.
"Acha que estou?"
"Não"
"Oh, você descobriu tudo!" ela sussurrou sorrindo. Magicamente, seu sorriso parecia divertido.
"Parece que sim..." longos minutos em silêncio. Ambos encaravam a dança do fogo. Lucianne parecia hipnotizada "Fressô.. Er... Por que você falou aquilo de manhã?"
"Ah, Alcher... Nem eu mesma sei... As vezes eu tenho essas coisas. Consigo saber de coisas que eu realmente não sei, entende?" sorriu para ele dando de ombros "Fui me aperfeiçoando com os estudos no templo onde passei minha infância... E já sei controlar esse meu poder. E eu queria muito saber o porquê de você, o onipotente Alcher, estar chorando..." e riram ambos. Sorriram um para o outro.
"Acho que vou dormir"
"Eu também"
"Boa noite, Fressô"
"Boa noite, Alcher"
E foi simples assim que os dois se tornaram amigos.
"AHHHH!!! EU NÃO VOU CONSEGUIR!!!!!!"
"Calma. Só falta mais uma prova, Eilen!"
"Uma prova? UMA PROVA? Tá maluca, Lucy? É a prova do Snape!"
"Ah... Bem, aí a coisa toda muda de pose"
"E se não mudasse, eu ia achar que você era louca..."
"Bem, pense pelo lado positivo: A final do quadribol é depois de amanhã!"
"Ah, Annia, cala a boca, por favor!"
"Você vai, né, Lucy?"
"Pare de me chamar de Lucy"
"Você vai, né, Lucy?"
"Vou, vou sim..."
"É verdade... É da Grifinória... O Harry vai estar lá"
"Oh, mas que brilhante dedução, Eilen!"
"Obrigada!"
"Ah, por favor... Vamos parar? Estou realmente com fome.
"LIVREEEEEEEEEEEEEEEEE!!!"
"Menos"
"LIVREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!"
"Pare, Annia. Você está parecendo uma maluca"
"FINALMENTE LIVREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!"
"Ai... Você é mesmo um caso perdido"
"Obrigada, Lucy"
"E não me chame de Lucy!"
Sentou-se na arquibancada da Grifinória com Adam, Annia, Eilen, Joshua e Henri ao seu redor. Percorreu com os olhos as plataformas altas cheias de pessoas, e logo avistou Hermione e Rony. Levantou a mãe e acenou alegre. Eles acenaram de volta.
Com um rugido, quinze vassouras correram para dentro do campo. Pode vislumbrar que um dos borrões vermelhos tinha cabelos negros e sorriu.
"VAI, HARRY!!!!!! PEGA O POMO E ESFREGA NA CARA DO MALFOY!!!!!!!" ela ouviu Eilen berrar ao seu lado. Riu.
Assistiu todo o jogo. Seus olhos corriam para cima e para baixo, em busca de ver melhor o borrão vermelho de cabelos negros que era Harry.
Podia ouvir berros desesperados da parte de Luna no outro lado da arquibancada. Sorriu ao ver Harry diminuir a velocidade no ar e levantar o pulso com o pomo na mão.
"ISSO!!!! VAI, HARRY!" e dessa vez não fora Eilen. Fora Lucianne.
Chegou numa Corvinal em festa. Quem disse que os sérios corvinais não comemoravam vitórias estava terminantemente enganado.
Passou por entre as pessoas, corvinais e grifinórios e lufa-lufenses misturados na bagunça, tentando chegar em seu quarto.
Apenas queria dormir um pouco.
Mas era como se ela fosse conseguir fazer isso.
Sentiu qualquer coisa em seu ombro e notou serem mãos. Benjamin a estava puxando para o meio da farra.
"Pegue um botão e ande por aí com ele!" falou grudando qualquer coisa no seu vestido. Ele ria tanto que ela acabou suspeitando que ele estava bêbado.
Levou os olhos até a plaquinha de metal e encarou as letras. 'MASSACRE!!!!!' era tudo o que havia escrito ali.
Suspirou, esquecendo de tirar a plaquinha ao ver Harry sendo carregado por um enorme grupo de Grifinórios pelo corredor. A passagem estava aberta.
"Hei, Harry!" era tudo o que ela conseguia ouvir. Todos pareciam berrar as mesmas palavras, como uma música macabra "Parabéns!"
Ela fechou os olhos e tudo se congelou durante um segundo. Eilen apareceu ao seu lado nesse meio tempo.
"Problemas! Muitos problemas!" ela berrou passando por ela e correndo para a sala de Dumbledore. Lucianne apenas a seguiu.
Chegaram arfantes até a torre do diretor, mas o barulho ainda não havia recomeçado. Sussurraram um feitiço para a gárgula se abrir, e ela virou-se de lado, dando passagem para as garotas.
O barulho exterior recomeçou no mesmo momento que elas gritaram em uníssono: "DUMBLEDORE!"
O diretor voltou sua face alegre para as duas, acariciando sem parar as plumas da ave em seu ombro. Elas pareceram não notar.
"Tem algo horrível aqui perto..."
"Vai fazer muito mal a todos..."
"Acho que são Comensais..."
"Um ataque?"
"Isso mesmo"
"Oh, por Merlin..." a confusão estava feita.
Não era Hogwarts, e sim Hogsmead que ia ser atacada.
Mas os feitiços refletiam de um lado á outro do céu, em flashes coloridos. Para quem via de longe, um espetáculo de fogos. Para quem via de perto, um espetáculo de dor.
Sangue corria pelo chão tal qual água em rio.
Vários alunos do último ano haviam fugido para ajudar na luta.
As lágrimas tombavam sob as faces escuras e os olhos pareciam sempre vagos e aflitos.
Três horas de absoluto terror.
Mas no fim, como deveria ser, o bem venceu.
Hogwarts e Hogsmead estavam seguras. Assim como os moradores das duas áreas.
Muitas pessoas estavam caídas sobre os leitos da enfermaria de Hogwarts, mas a situação estava sob controle.
E ela estava ali, na enfermaria, para ver uma das pessoas que havia se machucado na batalha.
"Olá, Harry. Melhor?"
"Oh, sim!" ele falou sorrindo. Tinha um arranhão feio de um lado á outro do rosto, um de seus braços estava enfaixado, assim como uma de suas pernas.
Luna e Gina dormiam de um lado do leito. Hermione e Rony estavam sentados juntos, numa cadeira próxima dali. Apenas ela estava acordada àquela hora da madrugada. Realmente, três da manhã não era o horário normal de visitas nos leitos da enfermaria.
"E você, está bem?" ele perguntou. Ela sorriu. Adorava Ter um 'irmão' como ele.
"Estou ótima. Mas não minta para mim... Está doendo muito?" ela perguntou encostando a mão sobre o ombro dele. O sentiu estremecer sob seu toque "O que houve?"
"Fui levemente espancado"
"Oh!" ela levou uma mão aos lábios "Quem fez isso com você?" perguntou num cochicho, parecendo subitamente furiosa "Vou espancar quem quer que seja o ser moribundo até a morte dele!"
"Calma! Menos agressividade!"
"Como ser menos agressiva? Você está todo roxo!" ela falou apertando os olhos. Parecia aflita.
"Como você sabe? Você não viu"
"Harry!" ela exclamou pasmada e levou a mão até a blusa dele. Abriu os dois primeiros botões e ele pode ver que estava realmente roxo.
"É, parece que estou roxo mesmo. Mas é mais normal do que aparenta, e..."
"Não é normal! Eu vou matar quem quer que tenha feito isso! Me diga quem foi!"
"Eu não vi"
"Mentira. Não minta para mim"
"Eu não vi, Lucy"
"Eu sei que você não viu. Mas ouviu e sabe quem é. Me fale agora!"
"Não"
Pararam durante alguns segundos. Ficaram se encarando em silêncio. As palavras pareciam ecoar ressonantes nos ouvidos e ambos. O olhar dela era raivoso, o dele resoluto.
"Você não vai mesmo me dizer?"
"Não"
"Então nunca mais me diga nada. Adeus" e saiu silenciosamente da enfermaria.
"Merda!"
Três dias passaram e Lucianne sequer chegou perto de Harry. Ainda conversava com Luna, que se apegara muito a 'pequenina furiosa', como chamava a garota. Mas não dirigiu sequer um olhar, uma palavra a Harry; se havia algo que a garota conseguia ser muito bem, era teimosa.
"O que eu faço?"
"Ela é uma pirralha do primeiro ano, Harry. Não devia estar tão preocupado"
"A Lucy está indefesa nesse mundo, okay? Ela precisa de mim"
"Ah, cale a boca, Harry..."
"Gina, seja mais educada!"
"Cale a boca, Lunática"
"E não me chame de lunática!"
"Por favor..."
"Harry, não se preocupe com a pequenina furiosa. Ela consegue se virar!"
"Não consegue não!"
"Consegue... Não seja insistente"
"Melhor, não seja palerma"
"Não se meta, Gina!" a ruiva se limitou a dar de ombros e continuar a comer.
"O que eu faço para pedir desculpas para ela?"
"Você quer pedir desculpas pra pirralha?"
"Fique quieta, Gina!"
"Okay, okay..."
"Mas o que eu faço? Eu quero pedir desculpas"
"Peça, poxa!"
"Rony, fique quieto também! Se eu for ficar calada, você também vai ficar!" Gina falou exasperada. Luna gargalhou.
"Se eu sou lunática, imagino o que vocês são!"
"Fique quieta, Luna!"
"Ah, Gina..." Luna riu. Depois se virou para Harry, tentando parecer séria.
"Convide-a para a formatura"
"Como?"
"Convide-a para a formatura! O que há de tão enigmático nisso?" Gina falou debochada. Harry a fuzilou com o olhar.
"Bem, Harry, Gina está certa. Não há nada de estranho em convida-la para a formatura. E peça desculpas no cartão. Ela vai aceitar, com certeza!"
"Okay" e Harry se levantou.
"Onde você vai?"
"Para onde mais? Pro corujal!"
'Lucy:
Primeiro, queria te pedir desculpas. Sei que agi de maneira um tanto quanto idiota na enfermaria, mas é que o Dumbledore tinha me pedido para não contar à ninguém sobre quem eu havia visto. Ele disse que se encarregaria dessa pessoa ele mesmo.
Depois, eu queria te pedir desculpas de novo e te avisar que nunca mais agirei daquela maneira novamente.
Finalmente, por último, eu queria te fazer um pergunta. Quer ir no meu baile de formatura?
Carinhosamente,
Harry.'
Ela apertou os olhos para a letra estranha e a coruja branca que havia lhe pousado no ombro. Estendeu um pedaço de carne para o animal e leu a carta. Fechou os olhos e suspirou.
"Tem pena, Eilen?" perguntou prontamente e sua amiga lhe sorriu estendendo uma pena comprida e parda "Obrigada"
Escreveu algumas poucas palavras e encaminhou a coruja com a carta, endereçada a Harry Potter.
'Harry:
Até te perdôo. Mas poderia me contar agora quem fez essa atrocidade? Prometo não correr atrás de quem quer que seja.
Atenciosamente,
L. Fressô.'
Harry pegou Edwiges e lhe atirou um pedaço de fígado. Tomou a carta do bico dela e a leu com atenção. Escreveu a resposta com duas palavras: 'Lúcio Malfoy'.
Sentiu-se plena novamente.
Elevou as mãos sobre o caldeirão, recitando as palavras do encantamento.
O cheiro das ervas defumando espiralava e entrava em suas narinas, a entorpecendo.
Sussurrou o encantamento de olhos fechados, imaginando o homem loiro e imponente que ela vira uma vez no jornal.
Elevou as mãos para o alto e abriu os olhos, facilmente vendo um jato de luz prateada correndo em direção à Mansão Malfoy.
Pronto. Estava feito.
"Uia..." a voz de Eilen cortou aquele silêncio momentâneo.
"'Uia' o quê, Eilen?" Lucy perguntou levantando as sobrancelhas.
"Você tá bonita"
"Mas tá bonita mesmo!" Annia ainda completou sorrindo. Lucianne sentiu um enorme calor nas bochechas.
"Por favor, Annia..."
"Por favor o quê? Faça mais elogios?"
"Fique quieta. Por favor, fique quieta"
"Não acha que está arrumada demais para apenas uma formatura?"
"É a formatura do Harry, você não entende, Eilen? Você sabe que a Lucy adora ele..."
"Por favor, Annia..." suas amigas permaneceram em silêncio. Lucy andou sorrindo até o espelho, para ver como estava. Incrível como conseguira se controlar até o dado instante.
Mirou nos olhos de sua imagem refletida. Íris azuis percorrem a imagem á sua frente. Tecido azul cobria todo o corpo da garota. Não era um vestido normal, não era uma ocasião normal. Havia apertado mais o espartilho do que o fazia todo dia. Realmente, o vestido que Harry lhe dera no natal era lindo.
Prendeu a respiração. Estava linda.
Observou com mais calma a sua imagem. O tecido seguia grudado por todo o caminho até sua cintura, afunilando levemente com a curva. Descia se alargando numa saia pomposa. Tudo em azul marinho com bordados prateados. Uma capa também azul pendia de seu ombro. O corselete jogado por cima do tecido era mais do que ricamente bordado. Lindo.
Apertou os olhos e sorriu para a imagem. O cabelo estava solto pelos ombros.
"Vamos dar uma ajeitada nesse seu cabelo..." Annia falou chegando mais perto com um pote nas mãos.
"O que é isso?"
"Tintura mágica. Funciona com o pensamento. Não é demais?"
"Ótimo" Lucianne respondeu receosa enquanto era empurrada até a cama mais próxima. Aylwin entrou no quarto no exato instante em que Annia começava a passar o creme no cabelo de Lucianne.
"AH! O que é isso?" a menina perguntou sorrindo e correndo até as duas.
"A Lucy está se arrumando para a festa de formatura do Harry" Eilen respondeu prontamente.
"Uau! Assim você vai acabar fisgando o menino-que-sobreviveu!"
"Por favor..." Lucianne sussurrou rolando os olhos nas órbitas e os fechando devagar.
"Lucy, imagine como você quer seu cabelo" Annia falou e Lucy sorriu. Abriu os olhos.
"O que é isso?" Annia perguntou. Eilen observava fascinada os cabelos da amiga.
Estavam cacheados como sempre e caiam-lhe sobre os ombros. A única diferença neles eram os fios prateados e as duas pequenas tranças que pendiam dos lados.
"Cabelos?" Lucianne perguntou irônica se levantando e indo até o espelho.
"O que você fez com eles?"
"O que você pediu"
"E o que eu pedi?"
"Para fazer o que eu queria... E eu quis cabelos de elfo" sorriu e passou a mão pela frente do rosto.
"Humpf!" Annia falou jogando-se numa das camas ao ver a garota voltar-se levemente maquilada.
"Está linda" alguém apareceu na porta sorrindo e as quatro garotas se voltaram. Encontraram Luna na porta, também arrumada.
"Obrigada, Luna! Você também está maravilhosa!" Lucianne falou andando até a amiga e lhe cumprimentando.
"Obrigadinha!!!" e Luna sorriu "Está pronta para ir?"
"Sim, estou"
"Então... Vamos!"
"Tchau, meninas!" Lucianne se virou para encontrar três amigas olhando-a encantadas.
"Boa festa, Lucy" responderam em uníssono e Lucianne saiu atrás de Luna.
Chagaram ao salão e encontraram um enorme grupo de Grifinórios sentados juntos numa mesa. Entre eles estava Harry, que logo Lucianne avistou.
"Ali" sussurrou apontando para a mesa e andou ao lado de Luna até lá. Os rostos de todos da mesa viraram-se para admira-las. Juntas formavam um lindo conjunto.
"Luna, Lucy! Oi!" Hermione exclamou feliz ao ver as duas.
Depois disso, Lucianne se viu dando parabéns à grande maioria das pessoas da mesa. E o último que restava era Harry, que lhe encarava sorrindo ternamente.
"Gostei do vestido. Onde arranjou?" ele perguntou sorrindo e puxando uma cadeira ao seu lado para ela sentar-se.
"Um amigo muito querido meu me deu no Natal. Ainda bem que ele me deu essa ocasião para utiliza-lo... Tinha medo que acabaria criando traças" e sorriu.
"Obrigado. Vai querer o quê?"
"Não sei..." ela deu de ombros "Escolha para mim"
"Peito de peru" Harry sussurrou estendendo-se sobre o prato dela. Ela sorriu.
"Ainda se lembra"
"Claro!" ele deu uma gostosa risada "Pra isso que amigos servem! O amor acaba um dia... A amizade não..." ele disse devagar correndo os olhos até uma outra mesa, onde Buril estava sentada ao lado de um Sonserino mal-encarado.
"Não ligue para ela. Não era boa o suficiente para você" sussurrou colocando uma mão no ombro dele.
"Eu sei"
"Então dê um sorriso!" ela falou e deu uma garfada no peru. Harry sorriu e voltou-se para seu prato.
Passaram quase uma hora conversando animadamente. Mas em certo momento, Alvo Dumbledore levantou-se para discursar. Pais e alunos ajeitaram-se nas cadeiras sorrindo.
"Boa noite, amigos! Hoje é uma noite de festa" anunciou numa voz branda assim como seu sorriso "E em tempos negros como os nossos, festas são apelos em busca de sorrisos. Então sorriam e riam, pois hoje estamos em festa. Uma festa triste, de despedida, sim; mas ainda assim um dia de festa! Nos últimos sete anos via tantos atos de bravura quanto conseguiria e atos de amizade ainda maiores. Espero que a amizade a bravura continuem em seus corações, pois são os dois que os ajudarão a vencer nessa luta infindável que ocorre lá fora. Que seus corações estejam guardados de todo o mal; que eles sejam chamas que expandem o bem... Pois o bem vencerá no final" e deu um sorriso calmo para alguns sonserinos numa mesa "Obrigado. Agora gostaria de chamar os oradores das turmas desse ano" citou alguns nomes.
Lucianne, sentada na mesa do lado da dos Wesley, pode ver Rony levantando-se ao ouvir seu nome sendo chamado.
Mas o sono começou a abate-la ao ouvir as frases pomposas e exaustivas que os outros três oradores falavam. Apenas quando os cabelos vermelhos de Rony brilharam sobre as luzes das velas mais fortemente. Estava indo para a frente falar.
"Sete anos. O que a gente aprende em sete anos? Em qualquer outro lugar, acredito que pouca coisa. Mas aqui, em Hogwarts, com a nossa turma, aprendemos muitas coisas. Aprendemos a amizade, o amor, a alegria, a magia. Mas é claro que não foram apenas coisas boas... Aprendemos a dor, a morte, a solidão, a mentira, a traição, a guerra, a luta e poções... Brincadeirinha, professor Snape! Bem, eu nem sei direito o que dizer... Poderia dizer que foram anos inesquecíveis, mas para quê repetir o óbvio? Poderia dizer que adorei conviver com todas essas pessoas maravilhosas, mas, realmente, nem todos são assim. Poderia dizer, então, apenas a verdade: foram anos maravilhosos. Não foram os melhores anos da minha vida perdidos, como eu pensei ao entrar na escola; foram sim, mesmo, os melhores anos da minha vida. Não importa quantas coisas ruins aconteceram, quantas brigas tivemos - o que importa é que estamos aqui, e ainda conseguimos sorrir. Foram anos mágicos no lugar mais mágico que poderíamos conhecer. Nada do que eu disser pode resumir todas as experiências que passamos aqui, mas uma palavra apenas pode ser dita para resumir tudo o que viveremos daqui para a frente: Saudades... Obrigado e boa noite" e Rony voltou para o fundo do grupo. Fortes palmas foram ouvidas em todos os lados, e todas as pessoas de cabeças vermelhas ao lado de Lucianne levantaram-se para aplaudir, fazendo um barulho enorme. Tudo o que ela fez foi repetir os gestos dele.
"Potter, Harry!" ela ouviu a voz de Minerva McGonnagal exclamar.
Harry, ao seu lado, tremeu.
"É só um papel..." ela ouviu Luna cochichar para ele e sorriu.
"Vai, Harry... Eles vão gritar bastante!" falou apontando para os Wesley na mesa ao lado.
"Okay, Lucy" ele sussurrou e andou até a frente do público. Subiu as pequenas escada receoso.
Minerva McGonnagal lhe sorriu e estendeu o diploma.
"Ele vai embora..." foi tudo o que Lucianne conseguiu murmurar entre os berros de todos na sua mesa ao se dar conta da saudade que sentiria do menino.
O Expresso corria nos trilhos rapidamente, o ambiente ficando lentamente mais civilizado. As casinhas apareciam com mais freqüência, e ela sentia-se aliviada por estar chegando ao seu destino rapidamente; não acreditava que agüentaria muito mais tempo naquela coisa maluca.
A conversa rolava alegremente dentro da sua cabine. Annia, Eilen, Henri, Aylwin, Joshua e Adam estavam sentados a sua volta, como sempre. Adam estava ali apenas porque ela insistira muito, mas havia se comportado civilizadamente durante toda a viagem, o que acalmara os corações de seus outros amigos.
Enquanto os garotos discutiam das chances de entrarem para o time de quadribol no ano vindouro, as meninas discutiam com alegria o que iriam fazer nas férias. Lucianne já sabia o que faria: freqüentaria novamente as aulas de Mdm. Adelphis e se encontraria para tomar sorvetes e ir na biblioteca com os irmãos Claus. Nada mais. E as outras garotas iriam passear pelo mundo, conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas. E ela ficaria presa no Caldeirão Furado.
A porta se abriu assim que ela se deparou com a idéia da solidão e a falta que ela sentiria no ano vindouro sem Harry. E quem apareceu na porta foi o objeto de seus pensamentos.
"Oi, pessoal! Posso roubar a Lucy um momentinho?"
"Claro! Leve embora e suma com o corpo!" Annia falou. Eilen riu ao seu lado e Lucianne se levantou. Foi levada embora por Harry pelos corredores do trem.
"Ano que vem a gente não vai se falar muito" ela sussurrou sorrindo "Ouvi que você iria para a Academia de Aurores"
"Sim, eu vou..."
"Ouvi falar dela, apesar de não saber o que é"
"Uma escola para ensinar combate a pessoas más" ele respondeu sorrindo e la virou os olhos azuis para encara-lo.
"Parece interessante. Quem sabe a gente não se encontre lá um dia" ela afirmou sorrindo e ele riu.
"É, quem sabe? Eu posso ser seu professor" ele respondeu e gargalhou. Ela deu um pequeno sorriso.
"Talvez"
"Lucy... Posso te pedir uma coisa?" ele perguntou receoso. Ela sorriu.
"Esteja á vontade"
"Posso te visitar nas férias?" foi a vez dela de rir.
"Qanto mais vezes, melhor!" ela falou e ele a encarou com as sobrancelhas levantadas "Fico muito sozinha morando lá no Caldeirão Furado, sabe? Minhas únicas companhias são Mdm. Adelphis e os Claus. E eu realmente odeio aquele lugar..."
"Por quê?"
"Não gostaria de falar sobre isso agora. Se importa?"
"Não, claro..."
"Obrigada"
"Então... Eu vou te visitar. Mando Edwiges para te avisar antes. Ou senão, você vem até a minha casa e foge do seu lugar 'nada confortável'. Que tal?"
"Esplendido. Mas ainda assim.. Infame" e ela deu uma risada. Harry a encarou.
"Por quê?"
"Vivemos grudados. O que pensariam se eu fosse passar alguns dias na mesma casa que você? Sozinha com você? Bem, te mandavam para a prisão sob a acusação de pedofilia"
"Ora, fique quieta..." e riram de se acabar.
E então as sirenes tocaram baixinho, anunciando aos desavisados que estavam para chegar na estação.
"Foi ótimo Ter te conhecido" Harry sussurrou sorriso para ela, enquanto voltavam para a cabine apressadamente.
"Eu também achei"
De seus olhos tombavam lágrimas de solidão ao sentar-se na cama de seu quarto no Caldeirão Furado. Era triste se ver naquele lugar novamente. E sozinha.
Suspirou fechando os olhos e caindo no sono.
Seus sonhos estavam povoados por todos os seus amigos... Inclusive Harry Potter.
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N.A.: Aeeeeee!!! Desculpa pela demora, pessoal, mas tive problemas em escrever esse capítulo (é que os capítulos começam a ficar maiores agora, e eu ainda não estava acostumada). Mas ele está aqui! Com um dia de atraso mas ainda aqui!!!!!! Queria pedir para vocês terem paciência comigo, pois as vezes demora pro Tico e o Teco funcionar... Ainda mais agora, que estou entrando de férias (acho que passaremos algum tempo sem atualizações) e vou para Santos. Mas farei o possível e o impossível para fazer a coisa toda funcionar. Acalmem-se... Terão mais notícias minhas se deixarem reviews... DEIXEM REVIEWS E FAÇAM UM FICWRITER FELIZ!
Samhaim Girl
