Um amor de academia
Era uma bela tarde em Tóquio, um dia ensolarado de férias de verão... Final de agosto, logo as aulas começariam e todos voltariam às suas rotinas, quer dizer, quase todos.
No aeroporto um rapaz acabara de desembarcar de um vôo vindo de Hong Kong. Cabelos rebeldes castanhos e olhos cor de chocolate, um corpo musculoso e bem definido. Estava no auge de sua forma aos 22 anos, nunca descuidara de sua forma física, não só por vaidade, mas por segurança própria. Assim que pegou a bagagem foi para seu apartamento: era um local pequeno, comparado à enorme mansão que vivia em Hong Kong, mas não deixava de ser muito acolhedor. Desfez suas malas e resolveu dar uma volta. Observava cada canto, mas seu olhar parou logo na esquina de sua rua. Uma enorme academia, não podia ser melhor que isso... Ele poderia continuar a fazer musculação como fazia em Hong Kong enquanto se formava administrador de empresas. Isso mesmo, Shaoran Li se formara em administração para cuidar da empresa de sua família, porém acabou conseguindo convencer sua mãe de que ele queria mesmo estudar Arqueologia e tinha ouvido sobre uma universidade em Tóquio. Sua mãe relutou, mas no fim consentiu já que o jovem parecia não ter jeito de ser convencido do contrário.
Entrou na academia e falou com uma recepcionista.
- Bom dia, senhor.
- Bom dia. Escute, eu acabei de chegar na cidade, vim de Hong Kong, e lá eu fazia musculação, estava pensando se não haveria um jeito de eu dar continuidade a isso por aqui.
- Mas claro que sim, senhor...
- Li, Shaoran Li.
- Senhor Li, vou pedir que te acompanhem até a área de musculação para que te apresentem ao local e os monitores de exercícios.
- Obrigado.
- Tanaka, leve o senhor Li até a ala de musculação.
- Tudo bem, Kari. – o rapaz, que parecia ter uns trinta anos, acompanhou Shaoran até a ala de musculação. Por sorte Shaoran estava com os trajes apropriados para fazer esporte, assim começaria logo. – Bom, vejamos a quem posso encaminhá-lo...
- Não precisa, eu já fazia musculação antes, posso me virar sozinho.
- Sinto muito, mas são as regras da academia. O senhor se acostumará logo e ficará mais livre depois, vejamos agora... – ele observou a sala de musculação cheia de gente. – Acho que Hotohori poderá ajudá-lo nesse início. Venha comigo.
- OK. – ele seguiu o homem e o viu falar com um rapaz que parecia ter 25 anos.
- Desculpe, estou meio lotado... Cinco alunos começando...
- Rapazes, algum problema? – Shaoran viu uma garota da idade dele se aproximar deles. Ela tinha longos cabelos castanho-claros, presos por uma trança e olhos verde-esmeralda muito brilhantes. Ela usava um short preto curto e um top com o símbolo da academia.
- Você está muito cheia, Kinomoto? – perguntou Tanaka.
- Não, só estou com uma aluna avançada. Alguém precisa de ajuda? – respondeu a garota, com um tom de inocência.
- Esse é o senhor Li, ele está começando hoje aqui e pensei que talvez você pudesse ajudá-lo.
- Você normalmente só me passa rapazes quando não tem mais opção... – comentou ela com um tom de riso.
- Claro, você não lembra o que fez com os primeiros? – disse Hotohori, rindo com os outros dois.
- Bom, você sabe que fiz aquilo por falta de opção, mas isso não vem ao caso agora...
- Hotohori, por favor! – chamou a voz de um rapaz.
- O dever me chama. – disse Hotohori indo até o rapaz.
- Vê se não vai extrapolar, hein, Kinomoto. – disse Tanaka.
- Pode deixar. – ela piscou para o amigo. – Bom, será que eu posso saber seu nome? – perguntou ela a Shaoran, que ainda estava meio espantado.
- Shaoran... Shaoran Li.
- Sou Sakura Kinomoto, muito prazer. – eles apertaram as mãos. – Alguém já fez uma ficha sua?
- Não.
- Então venha comigo, por favor. – os dois foram até um balcão onde ela pegou uma ficha com tabelas e preencheu com o nome dele. – Qual sua idade?
- Vinte e dois.
- Altura?
- 1,85.
- Certo... Aniversário?
- 13/07.
- Faz mais ou menos um mês que fez anos... Parabéns... – ela continuou a preencher a ficha sem perguntar nada a ele. – Você não é daqui, estou certa?
- Não, cheguei de Hong Kong faz algumas horas.
- Sei... Pelo jeito já fazia musculação antes, não é?
- Fazia... Por isso preferia ficar mais livre nos exercícios...
- Não se preocupe, não vai ter que me agüentar muito... – disse, meio sem emoção.
- Mas... – Shaoran ia falar algo, mas seu celular tocou (finge que o celular dele de Hong Kong funciona no Japão também). – Alô? Que foi, mãe? Cheguei bem sim. Sei, sei... Achei uma academia perto do apartamento. Eu não vou me alienar do mundo por causa da academia, mãe, não se preocupe. Ta certo, te ligo quando sair daqui. Tchau. – ele desligou e notou que Sakura ria. – O que foi?
- Desculpe, mas não pude evitar... Parece quando meu irmão me liga...
- Mais velho?
- Sete anos de diferença. Ele é uma coisa... Isso quando não passa por aqui. – ela continuou escrevendo a ficha. – Bom, agora chega de papo e vamos começando porque assim que meu horário acabar tenho umas coisas pra resolver. Venha comigo.
Sakura acompanhou Shaoran em cada exercício, sempre falando para ele pegar leve, mandava os menores pesos e ele estava começando a ficar irritado.
- Eu já disse que não sou iniciante, posso fazer mais que isso. – disse ele pela milésima vez.
- Escute aqui, eu tento fazer tudo numa boa, mas não mudo meu modo de fazer as coisas do nada. Agora quem fala os exercícios sou eu, então, por favor, sejamos breves.
- Será que eu posso saber quantos anos a senhorita tem?
- A mesma idade que o senhor, só que faço anos antes. Por que a pergunta?
- Estava curioso em saber como começou a trabalhar aqui tão nova. Os outros parecem tão mais velhos. – ele começou a fazer o exercício.
- Estou terminando a faculdade de educação física, trabalho aqui quando não estou na faculdade, é o jeito que achei de sobreviver. Além do que assim também posso fazer musculação e artes marciais aqui.
- Parece ter um tempo bem ocupado.
- É, mas...
- Sakura! – uma voz a chamou e ela se virou.
- Yuki! Que surpresa maravilhosa! – disse ela abraçando o homem que a cumprimentara. Parecia ter uns 25 anos (ele tem 29, mas ele parece tão novinho...), cabelos curtos meio prateados... Realmente era um rapaz muito bonito, e, pelo jeito com que ela o cumprimentara podia ser muito bem o namorado. – O que faz por aqui? Achei que só fossemos nos ver na festa de noivado...
- Acabei mais cedo as coisas e resolvi dar uma passadinha por aqui, talvez malhar um pouco...
- Espero que tenha trazido a roupa, porque de terno e gravata você não vai fazer nada.
- Trouxe sim, só vim dar um olá, achei que iria estar ocupada.
- Não, estou só adaptando o sr Li às normas da academia.
- Se Touya te visse assim...
- Nem sonhe com isso, ele ficaria louco da vida.
- Em certa parte ele tem razão, você poderia se vestir um pouco mais discretamente, Sakura.
- Yukito, você sabe que cansei de ter minha vida controlada, agora não me venha com essa história de novo.
- Certo, me desculpe.
- Vá se trocar enquanto eu procuro sua ficha no arquivo. – ela se virou para Shaoran. – Desculpe a interrupção, já fez as três séries?
- Já.
- Então vamos para o outro aparelho que preciso pegar uma ficha de um amigo enquanto o senhor faz a série. – eles foram para o aparelho e Sakura foi pegar a ficha de Yukito.
A aula continuou normal, até que, quando Sakura e Shaoran conversavam sobre a série de exercícios que ele fizera, ele já sem camiseta, devido ao calor, eles ouvem um berro.
- Sakura Kinomoto! – era uma voz autoritária, de homem. Sakura estava de costas, mas fez uma careta. Shaoran viu o homem se aproximar furioso da garota, tinha cabelos e olhos negros, tinha uma fisionomia boa também, parecida com a de Yukito.
- Me dê licença um instante, sim? – pediu ela, entregando a ficha e a caneta com que ela anotava as coisas nas mãos de Shaoran e se virando para encarar o homem. – Maninho, que surpresa.
- O que significa isso?
- Isso o que? Estou trabalhando, oras...
- O que você está vestindo?
- Touya, eu já falei que não tenho mais treze anos e que posso muito bem me virar sozinha, quanto mais decidir o que eu vou vestir.
- Ou o que não vestir, não é? Sakura, pelo amor de Deus, seja razoável.
- Olha, Touya, toda vez que você vem aqui é a mesma coisa. Eu não vou mudar meu jeito de vestir, agir ou pensar só por sua causa, agora com licença que eu estou ocupada. A não ser que haja algo que eu possa fazer por você ou que você queira que eu faça a mesma coisa que fiz da última vez que você veio aqui, me dê licença. – ela continuou encarando-o.
- Não use esse tom de voz comigo...
- O que você pode fazer para me impedir? Me bater? Nem se conseguisse, não teria coragem, não aqui no meio de tanta gente.
- Touya, esqueça. – disse Yukito, aproximando-se dos dois, já sem camisa e suado. – Sakura já tem sua própria vida, já está quase se formando, acho melhor deixá-la tomar seu próprio rumo.
- Até você, Yuki? Ou só está dizendo isso para eu não levar outra surra?
- Um pouco dos dois.
- Sua sinceridade me assusta.
- Touya, estou trabalhando, o que você quer? – insistiu Sakura.
- A que horas você acaba?
- Em meia hora.
- Eu vou esperar, te levo para seu apartamento.
- Estou de carro, não precisa.
- Está querendo se livrar de mim tanto assim?
- Touya, nos vemos na festa de noivado, conversamos lá, agora tenho mais o que fazer. – ela se virou e continuou a preencher a ficha, após pegá-la das mãos de Shaoran. – Desculpe por isso, agora vamos ver... – os dois foram se afastando de Touya e Yukito conversando.
Shaoran acabou tomando banho ali na academia, já que lá havia uma loja de roupas para esportes e ele fez umas comprinhas básicas lá. Saiu e viu que Sakura saia do vestiário, com uma saia jeans até a metade das coxas e uma camiseta colada ao corpo branca. Ficou bobo olhando para ela, não que não tivesse garotas bonitas em Hong Kong, mas havia algo mais nela.
- Algum problema? – perguntou Sakura.
- Nada... Só estava pensando.
- Escute, acho que não tem sentido sermos tão formais um com o outro, não acha?
- Bom, por mim não há problema algum.
- Posso te chamar pelo primeiro nome?
- Só se eu puder fazer o mesmo.
- Claro. – ela riu. – Você comentou que chegou hoje na cidade, é isso?
- É, vim fazer faculdade aqui e cuidar da filial da empresa de minha família aqui.
- Vai entrar na faculdade agora?
- Já terminei administração e vou fazer arqueologia agora.
- Sei... Talvez você vá gostar mais das aulas de arqueologia do que pensa que pode ser possível... Isso depende da faculdade que você entrar.
- Entrei na estadual daqui, fiz o teste em Hong Kong mesmo. Minha mãe deu um jeito, achou que, quanto mais eu ficasse lá seria mais fácil de eu mudar de idéia.
- Bom, pelo jeito não foi o que aconteceu. – os dois foram andando até a recepção da academia. – Kari, a gente se vê amanhã. – ela se despediu da amiga com um beijo no rosto.
- Claro, e depois me conta como foi a festa de noivado.
- Eriol vai ter mais o que contar do que eu, mas eu conto sim. – as duas riram. – Tchau, Tanaka. – ela o cumprimentou também e saiu conversando com Shaoran.
- Eu sei que provavelmente vou ser indiscreto, mas que festa é essa?
- Ah, é a festa de noivado de uns amigos meus... – nessa hora eles ouvem um berro vindo da academia, chamando pelo nome de Sakura e quando se viram vêem Yukito correndo até eles. – Yukito, o que foi?
- Meu carro está no conserto, será que você poderia me dar uma carona?
- Claro, sem problemas. Shaoran, você já tem carro? Posso te levar até sua casa se quiser.
- Não, obrigado. Moro aqui na rua mesmo.
- Tudo bem então. Volta amanhã, não é?
- É, mas dessa vez vou vir mais cedo porque depois tenho que ver umas coisas na filial da empresa. – ele fez careta e Sakura riu.
- Tudo bem, agora nas férias trabalho quase o dia todo.
- Tchau. – ele se afastou.
- Shaoran? Vocês já estão nesse pé? – Yukito riu.
- Você quer carona ou não?
- Desculpe, vamos. – os dois entraram no carro, era um Mitsubishi prateado. – Mas sério agora, vocês parecem que estão se dando muito bem.
- Ele é meio esquentadinho e cabeça-dura, mas é uma boa pessoa. – ela parou no farol. – Além de ser maravilhoso. – os dois riram. – Poxa, acho que eu tenho direito, não é?
- Eu não falei nada... Mas deixe o Touya ouvir isso... Ou até o Satoshi...
- O Touya que se dane, ele não tem mais nada a ver com minha vida, eu olho pra quem eu quero. – ela voltou a acelerar quando o farol abriu.
- Foi por isso que você saiu de casa, não foi?
- Mesmo meu pai não sendo tão rígido e quase não estando em casa, eu me sentia meio presa. Sei que poderia ficar lá o quanto eu quisesse e é quase como se eu não saísse de casa, já que meu pai me ajuda muito financeiramente, mas me sinto um pouco mais livre... E não tem nada a ver eu achar Shaoran bonito com o meu namoro com Satoshi.
- Eu sei como é isso, e é até melhor, assim você pode deixar as coisas do seu jeito sem ninguém reclamar.
- É... Além do que, eu nunca poderia ter o Tsuki se morasse com meu pai.
- Seu pai nunca deixaria você ter um gato, isso é verdade. Se bem que o que você sempre quis é um cachorro.
- É, mas eu quero um Labrador, não posso ter em um apartamento.
- Verdade.
- Pensei em deixá-lo com meu pai, mas ele não tem tempo e nem disposição para cuidar de um cachorro.
- Tem razão.
- Chegamos. – ela parou o carro em frente à uma casa com um bambuzal. – Nos vemos de noite, certo?
- Certo. – ele desceu do carro e abriu o portão de sua casa.
- Oi amor. – disse uma mulher alta, de longos cabelos ruivos e olhos castanhos, o beijando. – Sakura, Yukito foi te irritar na academia de novo?
- Que isso, Nakuru, não é incomodo para mim. Não tenho pressa hoje, quando não der para trazer eu simplesmente falo que não vai dar.
- Você não quer tomar um chá? Acabei de fazer um bolo maravilhoso.
- Não, Nakuru, obrigada. Fiquei de ir falar com meu pai antes de ir me arrumar em casa...
- Tudo bem, então nos vemos de noite.
- Até de noite. – Sakura pos os óculos escuros e foi até a sua antiga casa, que ainda matinha as mesmas paredes amarelas, o mesmo portãozinho de ferro e a mesma árvore que dava para seu antigo quarto. Quantas vezes não usara aquela árvore para sair escondida de casa se encontrar com seu antigo namorado? Riu disso e foi entrando. – Olá, alguém em casa?
- Sakura, estou na cozinha! – disse o pai.
- Pra variar. – comentou com ironia e foi até o local. – Tudo bem, pai? – ela o beijou no rosto.
- Tudo, e com você?
- Tudo bem também. Escute, sobre a festa de noivado de Eriol e Tomoyo...
- Sakura, eu já disse que não vou. É uma festa de jovens, eu não tenho mais pique para isso.
- Mas Tomoyo e Eriol ficariam muito felizes se fosse.
- Mas eu não vou. Sinto muito, Sakura.
- Tudo bem então.
- Você está com algum problema?
- Não, só pensando... Faltam só duas semanas para as aulas, eu preciso falar lá na academia... Também preciso ver os materiais para as aulas... – ela suspirou. – Não é hora de pensar nisso.
- Você devia parar um pouco para descansar, Sakura.
- Eu não estou sobrecarregada, pai. – nessa hora o celular dela toca. – Alô? Satoshi, o que foi? Ai, me desculpe... Eu tinha esquecido que você ia pra minha casa... Tudo bem, estou aí em dez minutos. Também te amo, beijos. – ela desligou.
- Esqueceu do Satoshi?
- Não quero sermões. – disse ela, se levantando e suspirando. – Eu vou indo, nos vemos amanha. – ela saiu da casa e foi rapidamente até o seu apartamento, encontrando Satoshi na portaria. Era um belo rapaz, vinte e quatro anos, alto, cabelo escuro, olhos azuis esverdeados, elegante e charmoso. – Desculpa, amor. – disse ela, entrando na portaria.
- Tudo bem, você anda ocupada. – ele a abraçou e a beijou. – Você não tinha a obrigação, mas é que você conhece a minha mãe... Ela não quer que eu chegue em casa muito tarde, mesmo tendo me formado.
- Sei como é isso. Mas você sabe que sempre que precisar estamos aí. Agora vamos para o meu apartamento que o Tsuki deve estar morrendo de fome.
- Vamos então. – os dois subiram pelo elevador e chegaram no quarto andar. Sakura abriu a porta do apartamento 43 e logo Tsuki pulou em seu colo.
- Oi, meu anjinho, tudo bem por aqui? – ela deixou Satoshi passar e depois trancou a porta. – Está com fome, não está? – ela foi até a cozinha e colocou ração na tigela do gato. – Coitadinho, sua água também acabou? Deve estar morrendo de sede. – ela deixou o gato comendo ração e foi encher a outra tigela com água.
- Seu apartamento é bonito. – disse ele, observando o local. A sala era bem bonita, tinha dois sofás, um de três e outro de dois lugares, ambos na cor bege, logo de frente para o sofá maior havia uma estante de madeira com uma TV de vinte polegadas, um vídeo cassete, um aparelho de som, CDs e livros. Também havia uma mesa de madeira retangular com uma tampa de mármore branca e quatro cadeiras, posicionadas nos lados maiores da mesa. A cozinha era ligeiramente apertada, mas tinha um espaço perfeito para fogão, geladeira e armários e a cor predominante no piso e nas paredes era branca com alguns detalhes coloridos nos azulejos. Na cozinha o chão era piso frio, mas no restante do apartamento era piso de madeira clara.
- É a primeira vez que você entra... Tinha me esquecido. Obrigada, faço o que posso. – ela deixou a tigela de água no chão ao lado da de comida e depois abriu a janela da cozinha. – Quer um chá?
- Não, obrigado. Estou bem assim. – ele a abraçou pela cintura. – Lembro quando te vi pela primeira vez, saindo da academia, há seis meses atrás... Nunca imaginei que poderia chegar tão perto de você como estou agora.
- Milagres acontecem. – disse ela, o beijando, mas o telefone toca, interrompendo-os. – É o Touya. – disse ela, se afastando dele e atendendo ao telefone. – Alô? Fala, Touya. Não, por que? Estou aqui com o Satoshi, vamos juntos para a festa. É, estamos sozinhos, qual o problema? Ah, Touya, o que você quer? Eu estava ocupada. Só me encher, pra variar, não é? Ah, vai cuidar da sua filha, pra variar um pouco, vai? Ta certo, a gente se vê na casa do Eriol. Tchau. – ela desligou. – Ele não muda... Você acredita que hoje ele apareceu na academia e armou o maior escândalo?
- É bem dele. – disse Satoshi, rindo.
- Venha, vou te mostrar os quartos. – os dois passaram por um corredor onde havia duas portas à esquerda e duas à direita, só que as da direita eram bem para o final do corredor. – Aqui tem o banheiro de visitas. – disse, abrindo a primeira porta da esquerda. Era um banheirinho pequeno, bem simples, com a cor creme predominante no piso, paredes, vaso sanitário e pia. – Aqui um quarto de hóspedes, onde você vai ficar. – ela abriu a porta. Era um quarto até que bem espaçoso, com uma cama de solteiro, uma cômoda e uma escrivaninha, todas em marrom escuro. Também havia uma porta que dava para um banheiro bem parecido com o outro, só que maior e com um chuveiro. – Acha que vai precisar de mais alguma coisa?
- Não. – ele entrou no quarto e colocou a bolsa com roupas que ele havia levado sobre a cama e se sentou na mesma. – A cama é macia...
- É, você não gosta?
- Não, na verdade prefiro macia mesmo.
- Que bom... – ela sorriu. – A porta aqui em frente é o meu, vamos dizer, escritório. Uso para estudar, arrumar as coisas... E a ali no fundo é o meu quarto, uma suíte também.
- Posso ver os dois?
- Claro que pode. – os dois saíram do quarto e entraram no escritório. Era uma salinha com duas escrivaninhas e uma estante. Uma das escrivaninhas estava cheia de papéis, livros, cadernos e canetas, a outra tinha um computador e a estante era cheia de livros.
- Você tem uma bela fonte de pesquisa por aqui...
- É, gosto muito de ler quando dá tempo... Você sabe disso.
- É, mas você tem um monte de livros na sala e agora mais ainda aqui... Não imaginei que fossem tantos.
- Bom, no meu quarto não tem nenhum. Vamos. – eles foram até a outra porta q abriram. Era um quarto muito bonito, com um armário embutido na parede, uma cama de solteiro, uma mesa de cabeceira, algumas prateleiras presas na parede onde havia retratos de seus amigos e família. Mas, em destaque, havia uma foto dela e de Satoshi no parque de diversões.
- Não sabia que ainda tinha essa foto. – disse ele, pegando o porta-retrato.
- É uma das poucas fotos que temos, não podia simplesmente jogar fora.
- Você sabe como eu odeio sair em fotos, nunca fico bem.
- Mas você saiu maravilhoso nessa. – ela pegou das mãos dele, colocou no lugar e ficou de frente para ele, o olhando bem nos olhos. – Você fica maravilhoso de qualquer jeito, sabe disso. – ela o abraçou pelo pescoço.
- Vamos começar com isso de novo?
- Começar com o que? – perguntou ela, o beijando.
- Sabe que eu adoro quando você faz isso? – disse ele, depois que os lábios se separaram.
- Por isso que eu faço. – nessa hora o telefone toca. – Hoje é dia... – ela suspirou e atendeu. – Alô? Oi, Hotohori, tudo bem? Claro que vou, por que? Não, quem foi que te disse isso? O Tanaka sempre fala besteira, esqueceu? É, sei... Não, Hotohori, não esqueci da revanche que fiquei te devendo no boliche. Semana que vem? Bom, mas é o aniversário da Kari. É uma boa idéia, podemos ir todos. Claro, sem problemas, só falar com ela. Tudo bem, a gente confirma tudo amanhã, pode ser? Tudo bem, até amanhã. – ela desligou. – Esse Hotohori...
- Hoje não é um bom dia... – comentou Satoshi.
- Eu não sei como você me agüenta. Sou tão esquecida e atrapalhada...
- Como eu também não sei... Mas o por que é fácil de saber.
- E porque seria?
- Não é óbvio? Eu te amo.
- Também te amo.
Eles ficaram lá conversando e namorando. Depois foram se arrumar para irem à festa de noivado de Eriol e Tomoyo. Satoshi iria com uma calça social preta e uma camisa social branca. Era uma festa de amigos, ele não iria de smoking ou de terno e gravata. Ficou pronto logo e foi para a sala esperar Sakura.
Sakura, por sua vez, iria com um vestido vermelho sem mangas de gola alta, ia até os quadris colado ao corpo e começava a ficar mais largo até acabar nos joelhos. Um sapato vermelho também de salto, para completar o visual brincos dourados em formato de estrela e uma gargantilha com um pingente de coração, também dourada. Ela terminou de se arrumar e foi até a sala.
- Você está ótimo. – disse ela. Ele se virou para olhá-la e ficou espantado.
- Meu Deus do céu... Eu fui abençoado com um anjo... – disse ele, se levantando e indo até ela.
- Não precisa exagerar... – ela ficou levemente vermelha.
- Você fica tão linda envergonhada... – ele levantou o rosto dela. – É um anjo mesmo... – a beijou.
- Vamos senão vamos chegar atrasados. – disse Sakura quando eles se separaram. Ela foi até a cozinha e colocou mais um pouco de ração e de água para o gato. – Fique bonzinho aqui, Tsuki, não faça bagunça. – ela acariciou o gato. – Vamos, amor?
- Vamos.
Os dois saíram do apartamento, desceram o elevador, entraram no carro e foram para a festa.
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Gente, esse fic saiu numa aula de química (olha como eu gosto de aula de química), comecei a mandar para umas amigas e elas gostaram...
Vamos ver o que vocês acham, mandem reviews, me contatem no ICQ#227187516 ou MSN: stella_oro@hotmail.com
Bjs, Miaka.
