Um amor de academia

Eles chegaram na festa e todos se divertiram muito. Satoshi bebeu um pouquinho a mais, portanto Sakura dirigiu na volta. Assim que eles chegaram no apartamento, Sakura tirou os sapatos e a meia calça.

- Estou morta! Tomoyo e Eriol sabem como dar uma festa...

- Verdade, mas podemos começar a nossa própria festa agora. – ele a abraçou por trás e beijou seu pescoço.

- Satoshi! – ela se afastou dele. – Por favor, controle-se!

- Vamos, princesa, não banque a difícil... – a abraçou novamente.

- Pare! – ela o afastou de si e lhe deu um tapa. – Vá tomar um banho frio. – foi até seu quarto e se trancou.

Satoshi foi para seu quarto, se trocou e se deitou.

- "Não foi agora, mas eu vou conseguir o que quero, querida Sakura". – pensou ele antes de cair no sono.

No dia seguinte, Sakura acordou cedo, colocou comida para Tsuki e começou a fazer o café. Logo Satoshi acordou e foi até a cozinha, encontrando Sakura ao fogão fazendo panquecas.

- Sakura, eu...

- Não tem problema. – disse ela, respondendo a pergunta incompleta. – Você não estava muito lúcido ontem, esqueça.

- Mesmo assim, eu não deveria ter bebido tanto, e se de repente eu ficasse irritado e acabasse te batendo? Iria querer me matar por isso depois.

- Mas o que acabou acontecendo foi que eu me irritei e te dei um tapa, me desculpe.

- Não se preocupe, você com certeza teve motivo. E olha que o tapa não foi muito fraco não... – ele brincou, passando a mão no local, que ainda estava ligeiramente vermelho.

- Coitadinho... – ela abaixou o fogo assim que tirou a panqueca e foi até ele. Acariciou a face dele e depois o beijou. – Eu devia ter me controlado um pouco mais...

- Se tivesse se controlado eu provavelmente não teria desistido.

- Vamos mudar de assunto? – pediu ela, se afastando dele e voltando para o fogão. Nessa hora Tsuki entrou na cozinha vindo da sala e começou a miar alto para Satoshi. – Tsuki, o que deu em você? Pare com isso. – o gato se calou à voz da dona.

- Você realmente acha que ele te entende? – perguntou Satoshi, estranhando.

- Claro que sim, gatos são muito inteligentes. Mas normalmente Tsuki só mia assim para alguém que não é bem-vindo aqui, ou quando essa pessoa quer me machucar. Acho que ele ficou assustado com o que houve ontem. – ela terminou a panqueca e depois se abaixou para acariciar Tsuki. – Não fica assim, Tsuki, não tem com o que se preocupar, viu?

A manhã continuou tranqüila, Satoshi logo foi embora para trabalhar e Sakura foi para a academia depois do almoço.

- Sakura, tudo bem? – cumprimentou-a Kari.

- Tudo sim, Kari, e com você?

- Tudo, mas você não me parece muito bem não.

- Não se preocupe, estou bem sim. – ela sorriu. – Vou me trocar, a gente conversa depois. – ela entrou na academia, se trocou no vestiário e foi para a área de musculação.

- Sakura, olá. Tudo bom?

- Tudo sim, e com você, Hotohori?

- Também... Como foi ontem?

- Bem... Eriol e Tomoyo sabem como dar uma festa...

- É, aquele jeito inglês educado do Eriol não tem nada a ver com a personalidade dele...

- Verdade. – os dois riram.

A rotina da academia continuou sem nada novo, Shaoran chegou por volta das cinco e Sakura o deixou um pouco mais livre. Ele já estava bem acostumado com as coisas lá e ela queria fazer um pouco de esteira para compensar o que ela comera na festa. Mas, perto das seis horas, Sakura ainda estava na esteira elétrica (pra quem não sabe é aquela q você controla a velocidade no painel) quando viu Shaoran cair no chão. Ela bateu no botão para desligar (é, tem um botão no "corrimão" da esteira para alguma emergência) pulou o "corrimão" e correu até ele.

- Meu Deus, o que aconteceu com você, Shaoran... – ela perguntou em voz baixa enquanto verificava pos sinais vitais dele. – Pulso fraco, respiração normal... Está pálido... Louco, não deve ter comido direito...

- Sakura, ele está bem? – perguntou Hotohori.

- Parece-me que ele está meio cansado e, como posso dizer, talvez faminto.

- Não acredito... Achei que ele fosse tão esperto pra fazer algo assim...

- Ele é, só se descuidou um pouco, eu acho. Me ajude a tirá-lo daqui e levá-lo até a lanchonete.

- Tudo bem.

- Escutem, não foi nada, está tudo sob controle, podem voltar aos exercícios de vocês. – disse Sakura, tirando Shaoran de lá com Hotohori. – Pode deixar que eu cuido dele agora...

- Não quer que eu chame a Kari? – perguntou depois de colocar Shaoran sentado em uma cadeira.

- Não precisa, posso cuidar dele. Vá lá. Seus alunos precisam de você.

- Ta certo, qualquer coisa me chame.

- Tudo bem. – ele se foi.

- Escute, tem como você fazer alguma comida para ele? E quero um pano úmido gelado.

- Tudo bem, eu faço... – a moça entrou na cozinha e logo voltou com um pano úmido. – Pode ser Yakissoba?

- Pode sim. Obrigada, eu pago depois. – ela sentou ao lado dele e passou o pano pelo rosto dele, despertando-o.

- O... O que aconteceu?

- Você desmaiou no meio da academia.

- Ta brincando... – ela balançou a cabeça negativamente. – Não acredito...

- Deixe-me fazer uma pergunta, desde que horas não come nada?

- Bom... Acho que desde as sete e meia da manhã.

- Seu louco! E ainda veio fazer academia?

- Foi uma correria na empresa, não deu tempo.

- Mesmo assim, não faça mais isso... É perigoso.

- Sakura, o yakissoba.

- Obrigada Mizuno. – ela pegou o prato e colocou na mesa na frente dele. – Coma isso, vai se sentir melhor.

- Obrigado, acho que vou comer mesmo...

- Se quiser algo mais pode pedir para a Mizuno que ela providencia, eu acerto com ela depois.

- De jeito nenhum, eu posso pagar.

- Shaoran, por favor, não seja tão teimoso.

- Mas, Sakura...

- Nada de "mas". Eu vou pagar e ponto final.

- OK, OK... Sabia que você é muito cabeça dura?

- Eu sei, pra conseguir o que quero tenho que insistir, então sou muito teimosa. – ela sorriu.

- Sakura? – alguém a chamou da porta da lanchonete e a garota se virou.

- Satoshi, que surpresa... Achei que ia ficar a tarde inteira no trabalho. – ela foi até ele e o beijou. – Já está se sentindo melhor? Você me disse que estava com dor de cabeça hoje cedo.

- Estou melhor sim. Quanto ao trabalho consegui uma janela para sair mais cedo, não havia muita coisa para fazer, muitos saíram.

- Ah, que falta de educação a minha... – disse Sakura. – Satoshi, esse é Shaoran Li, um dos meus alunos apesar de estar muito avançado. Shaoran, esse é Satoshi Yamagata, meu namorado.

- Prazer. – disseram os dois.

- Escuta, Sakura... – começou Satoshi.

- Que foi? – perguntou, virando-se para o namorado novamente.

- Eu estava pensando em sairmos para jantar hoje...

- Desculpe, mas não posso. Primeiro, se eu sair duas noites seguidas e comer do jeito que eu comi... – ela nem terminou a frase, sabia que ele entendera. – Segundo, prometi a meu pai que iria ajuda-lo com umas coisas da faculdade hoje de noite. Desculpe.

- Tudo bem, não se preocupe, a gente deixa para depois.

- Eu te ligo se chegar em casa cedo, pode ser?

- Pode sim. – ele a beijou novamente. – Eu vou indo, mesmo tendo saído cedo ainda tenho umas coisas para fazer em casa.

- Ta bem, Tchau. – eles se despediram com um último beijo e ele se foi. – Então, Shaoran, já acabou aí?

- Já.

- Quer mais?

- Não, estou bem assim.

- Certo, então quero que me ouça com atenção agora. Toda vez que você não se alimentar direito, não venha fazer exercícios, é perigoso. Coma algo e venha mais tarde. Entendeu?

- Entendi.

- Hoje é melhor que você não faça mais exercícios, venha amanhã que faremos um trabalho aeróbico se você quiser.

- Tudo bem, eu venho.

- Agora vá para casa e descanse. E não quero ver você desmaiando de novo, estamos entendidos?

- Estamos.

- Ótimo. – ela pegou o prato da mesa e deixou no balcão. Pagou Mizuno e depois saiu da lanchonete com Shaoran. – Então vejo você amanhã.

- Certo, até amanhã.

Sakura entrou na academia de novo, e foi para a área de musculação. Assim que seu expediente acabou, ela tomou banho e foi para a casa de seu pai.

- Cheguei, pai!

- Sakura, estou aqui embaixo. – disse ele, a voz vinda do porão seguida de um baque.

- Pai! – ela largou as coisas no chão e correu até o porão. Viu-o caído no chão com alguns livros sobre ele. – Tudo bem? – ela tirou os livros e o ajudou a levantar-se.

- Sim, só me descuidei um pouco.

- É a segunda pessoa que me fala isso hoje... Enfim, o que está procurando?

- Aquele meu livro grosso sobre o Egito.

- Pai, está na última prateleira lá no fundo. – ela foi até a última prateleira e pegou o livro. – Lembra que eu disse que arrumei tudo? Todos os de Egito estão aqui.

- É verdade... Tinha esquecido.

- Mais algum?

- Não, era só esse, os outros já estão lá em cima.

- Então vamos. – os dois foram até a sala.

- Quer jantar antes?

- Não, vamos começar e depois damos uma pausa para jantarmos. A não ser que esteja com fome.

- Não, vamos.

Eles ficaram fazendo roteiros de aulas, blocos de anotações, desenhos de esquemas até umas nove, quando pararam para jantar.

- Eu estava com saudades da sua comida. – disse Sakura, quando eles terminaram de jantar.

- Pode vir sempre se quiser, só me avisar antes.

- Tudo bem então... – ela suspirou e se espreguiçou. – Vamos continuar?

- Vamos.

Os dois conseguiram terminar tudo, mas já era quase meia-noite.

- Sakura, é melhor você dormir aqui em casa, filha.

- Não precisa se preocupar, pai. Não é muito longe daqui, e Tsuki precisa ser alimentado...

- Tudo bem, mas toma cuidado.

- Eu vou. Tchau. – ela saiu da casa e chegou em seu apartamento dez minutos depois. – Tsuki, meu aninho, desculpe demorar assim... – disse ela assim que o gato pulou em seu colo como de costume.

Sakura alimentou Tsuki e foi dormir. O dia seguinte praticamente se repetiu até a hora da academia. Chegando lá, Sakura estava com cinco alunos iniciando e não conseguia parar. Shaoran chegou assim que ela conseguira sentar um pouco.

- Você não me parece muito bem. – brincou ele.

- Ora, seu malandro... Estou trabalhando e não está sendo nada fácil hoje.

- Percebe-se.

- Certo, agora venha cá antes que me chamem novamente. – os dois foram até a bicicleta. – Faça uns trinta minutos em nível quatro pode ser?

- Pode. – ele ligou a bicicleta e começou.

- Você chegou tarde hoje.

- É, não deu para parar quieto na empresa hoje, então acabei indo para casa comer alguma coisa, como você disse.

- Vida dura, não?

- Muito... E isso porque nem começou a faculdade.

- Eu fico imaginando como que eu vou fazer quando começar...

- Professora Kinomoto! – chamou uma menina, não parecia ter nem quinze anos.

- Ai... Volto assim que ficar um pouco mais fácil parar...

- Tudo bem. – ele riu.

Sakura voltou a falar com ele cerca de vinte minutos depois. Por sorte todas as alunas haviam terminado a aula e tinham ido embora.

- Finalmente... – ela suspirou enquanto se aproximava de Shaoran.

- Acabou com aquelas meninas?

- Acabei, elas foram embora já.

- Bom, acho que já está bom assim, não? Estou meio cansado de ficar sentado aqui.

- Tudo bem, mas vai compensar na esteira, OK?

- OK. – ele se levantou e eles foram até uma esteira que estava vaga.

- Vamos ver... Veja se cinco está bom para começar. – ela colocou na velocidade cinco e ele começou a andar.

- Meio lento. – disse ele.

- Vou deixar no cinco e meio e você aumenta de acordo com o tempo. Mas não quero que ponha direto nos onze...

- Não vou, prometo.

- Sakura? – chamou uma voz e ela se virou.

- Eriol! Finalmente saiu daquele escritório e veio se exercitar um pouco?

- Que bela forma de se receber um amigo, não?

- Não venha com bobagens, só estou falando a verdade.

- Não vim antes por causa dos preparativos da festa.

- Vou fingir que acredito... – ela riu. – Venha, vamos pegar sua ficha.

Sakura ficou conversando com Eriol enquanto ele fazia os exercícios por uns quinze minutos. Logo depois voltou para o lado de Shaoran.

- Já está no dez? Você não tem jeito, não?

- Você também não. – os dois riram.

- Bom, você pode continuar aí sozinho? Meu horário acabou e eu estou louca para chegar em casa e cair na cama...

- Sem problemas.

- Então tudo bem. Te espero amanhã para a musculação, certo?

- Positivo. – os dois riram.

- Até amanhã. – ela saiu da área de musculação.

Sakura tomou um banho tranqüilamente, estava querendo chegar logo em casa. Quando saiu da academia, Shaoran lhe deu tchau pela janela que estava ao lado dele (ele ainda estava na esteira), ela entrou no carro, ligou e começou a dar ré. Quando não havia nenhum carro passando pela pista que ela iria pegar, ela entrou na pista. Mas antes que pudesse mudar para a primeira marcha, um caminhão desgovernado do outro lado da pista foi com tudo para cima dela, batendo no lado da porta dela.

Shaoran saiu da esteira correndo, pulando alguns aparelhos e também a catraca da saída. Chegando lá, o caminhão tinha dado ré, o motorista dele estava inteiro, só o caminhão um pouco amassado. Shaoran conseguiu tirar a porta, já que a mesma estava totalmente detonada.

Sakura estava inconsciente, ferida e sangrando muito. Shaoran a tirou de lá e logo aquele mutirão de gente rodeou a cena.

- Alguém aí tem uma porcaria de celular para chamar um médico? – ele berrou e todos pegaram seus celulares e começaram a discar.

- Sakura! – Eriol conseguiu passar por todos e se ajoelhou ao lado da amiga. – Pelo amor de Deus, Sakura...

- Calma, não há muito que fazer agora. – disse Shaoran tentando acalma-lo.

- Eriol... – Sakura abrira os olhos um pouco.

- Sakura, não fale nada, pode piorar. – Eriol segurou a mão dela, que também sangrava. – Não se preocupe com nada, vamos cuidar de você.

- Chame... Satoshi...

- Deixe de ser teimosa, vou chamar todo mundo, mas assim que você estiver no hospital. – disse ele. – Não se esforce, é tudo o que te peço.

Logo uma ambulância chegou e Eriol entrou junto com Sakura.

- Você não vem? Notei que está muito preocupado com ela também. – disse Eriol.

- Vou depois, trato das ações legais com o caminhoneiro e depois vu para lá.

- Você pode pegar as minhas coisas no armário? – perguntou Eriol, mostrando as chaves.

- Eu levo para lá assim que acabar aqui.

- Obrigado. – a ambulância fechou as portas e saiu correndo com a sirene ligada.

Shaoran falou com o caminhoneiro, chamou um dos advogados da empresa para ajuda-lo e, depois de longas três horas e meia de conversas, eles resolveram as coisas. Shaoran entrou novamente na academia, pegou suas coisas e as do estranho que ele nem sabia o nome e foi para o hospital. No caminho começou a pensar porque o tal homem lhe confiara suas coisas. Eles só tinham se visto na academia de longe e cuidaram de Sakura naquela hora. Era muito estranho, em Hong Kong ninguém faria isso, se ele quisesse a resposta teria que perguntar ao próprio rapaz. Ele tinha um jeito de inglês educado e refinado, mas na hora em que Sakura sofrera o acidente ele pareceu totalmente perdido, parecia somente uma pessoa comum, preocupada com uma amiga.

Chegou ao hospital e perguntou por Sakura. Disseram que já estava em um quarto e lhe indicaram o caminho. Ele foi até lá e encontrou quatro pessoas lá. O irmão dela, que ele reconheceu daquela vez na academia, um senhor que parecia ter uns cinqüenta e poucos anos, o inglês que agora estava bem mais calmo e, ao lado do mesmo, uma bela mulher que não parecia ter muito mais idade que ele, com longos cabelos escuros e olhos violeta que demonstravam uma grande preocupação.

- Aí está você. – disse o inglês, se aproximando. – Como foram as coisas por lá?

- Está tudo mais ou menos acertado, um advogado está cuidando de tudo, ele foi falar com a empresa dona do caminhão e vai me ligar assim que tiver alguma novidade. – disse Shaoran, estendendo as coisas que estavam no armário do rapaz. – Suas coisas.

- Obrigado.

- Desculpe, mas eu nem sei o seu nome. – perguntou Shaoran, tentando ser educado.

- Mil desculpas, sou Eriol Hiiragizawa, pode me chamar de Eriol. Você é Shaoran Li, certo?

- Como sabe?

- Sakura me contou sobre você quando cheguei na academia hoje.

- E... – ele olhou para Sakura, que estava desacordada na cama e estava enfaixada em vários locais do corpo, inclusive na cabeça. – Como ela está?

- Não há muito que se dizer, não se sabe quando ela irá acordar ou em que estado o fará. Mas uma coisa é certa, a sorte foi que você a tirou do carro rapidamente, poderia ter agravado a situação se ela ficasse lá dentro. Ela tem muita sorte de ter alguém como você por perto nessa situação.

- ... – Shaoran a olhava fixamente enquanto ouvia as palavras de Eriol, mas a última frase fez com que ele olhasse o inglês espantado. Ninguém nunca o havia elogiado dessa forma, e olha que ele salvara muita gente de coisa muito pior. Antes que ele pudesse sequer agradecer as palavras de Eriol, seu celular tocou. – Com licença um instante. – ele atendeu. – Alô. Ai, Meiling, você não tinha hora melhor para ligar não? Não, agora fala, vai. Sei. Claro que não posso te ajudar, Meiling, você está em Hong Kong e eu no Japão, esqueceu disso? Espera um pouco. – ele tampou o bocal do telefone. – Isso vai demorar um pouco, vou lá para fora.

- Tudo bem. – disse Eriol.

- E, Eriol... Obrigado, mas não acho que realmente tive tanta importância nisso. Qualquer um poderia ter feito o que eu fiz.

- Depois discutimos isso. – disse, em tom de riso quando ouviram um berro vindo do celular.

- Já volto. – ele saiu do quarto. – O que foi?

- Onde você está? – era a voz de sua mãe.

- Estou em um hospital, mãe.

- Até onde eu sei você deveria estar em casa esse horário. Já é tarde, filho.

- Mãe, uma amiga minha sofreu um acidente grave e eu estou esperando a ligação de um advogado no celular, acho que podemos discutir isso depois, não podemos?

- Já se envolveu aí, Shaoran? Você não tem jeito mesmo...

- Mãe, não estamos discutindo com quem eu ando ou me envolvo, estou resolvendo uns problemas importantes agora.

- Tudo bem. Ah, e esqueça o que Meiling lhe disse, eu mandei que ela dissesse isso para que eu não fosse a primeira a falar com você.

- Muito gentil de sua parte usar pessoas como pretexto para satisfazer seus interesses.

- Obrigada, agora nos falamos outro dia. – e desligou.

- Depois sou eu quem não tem jeito. – ele desligou o celular e voltou para o quarto.

- Resolveu seu problema? – perguntou Eriol gentilmente quando ele entrou.

- Nem queira saber. – disse ele, com a maior cara de tédio do mundo, que fez a garota ao lado do inglês dar uma risadinha.

- Desculpe. – disse ela.

- Não se preocupe com isso, estou acostumado. – disse ele, se sentando em uma cadeira que estava vazia. – Sakura fez a mesma coisa quando me viu discutindo com a minha mãe pelo celular também.

- É, eu aposto que Sakura ainda comparou com as discussões dela e Touya. – comentou Tomoyo.

- Comparou sim...

- Sou Tomoyo Daidouji. – disse a garota, rindo da cara de desagrado de Touya.

- Moleque... – disse Touya baixinho, recebendo uma cotovelada do pai logo em seguida, fazendo Shaoran, Eriol e Tomoyo rirem.

- Bom... – Shaoran ia falar, mas seu celular tocou. – Alô? Sim, é o Li. Só um minuto, Hikaru.  – ele pegou uma pasta que trouxera e tirou um papel dela. – Não, a reunião começa ás nove horas de amanhã, por que? Você está com o roteiro antigo da reunião, procure na mesa do Niimai que você vai achar o novo roteiro. Mas é claro que mandei um para você. Hikaru, por favor, são quase onze da noite e você ainda está no escritório, vá para casa. Tudo bem, nos vemos amanhã às oito horas em ponto. Certo, até lá. – ele desligou o celular.

- Trabalho a essa hora? – perguntou Eriol.

- Muitos workaholics trabalham comigo. – comentou Shaoran, sem ânimo, bocejando em seguida.

- Pode ir para casa se quiser, pelo que percebi você tem muitas coisas para fazer amanhã.

- Não tem problema, estou acostumado a passar noites em claro. E mesmo se eu chegar em casa ainda vou ter muita coisa para arrumar.

- Mesmo assim, não tem problema, a gente explica para ela. – disse Tomoyo. – Nem o namorado dela pôde vir... – comentou Tomoyo.

- Eu ia perguntar, mas achei melhor ficar quieto. Que espécie de namorado é esse que sequer vem ver a namorada quando ela está no hospital?

- Ele disse que estava cheio de trabalho. – comentou Tomoyo.

- Bom, só se trabalho surgir da noite para o dia. – disse Shaoran. – Ontem mesmo ele passou na academia falando que tinha saído mais cedo porque estava sem trabalho. Lá em Hong Kong não surge assim do nada, não sei se as coisas são muito diferentes por aqui.

- Eu nunca fui muito com a cara dele, mas Sakura é apaixonada demais por ele para ouvir qualquer coisa que eu diga... – disse Eriol.

- Ele pareceu bem atencioso com ela na academia, até a convidou para jantar. – disse Shaoran.

- Mas ela não foi porque foi me ajudar a fazer umas coisas para as aulas na faculdade. – disse Fuyutaka, se pronunciando pela primeira vez. – Também não gosto muito dele, mas Sakura já é uma mulher independente, tem que aprender a se defender se quiser realmente viver sozinha.

- Se ele fizer alguma coisa com a Sakura eu juro que ele vai se arrepender para o resto da vida. – disse Touya.

- Ora, me poupe, até eu que mal cheguei na cidade sei que Sakura é quem acaba te protegendo. – disse Shaoran e todos, menos Touya, riram.

- Ora seu moleque, como se atreve!

- Não devia falar assim com ele. – disse um homem alto de paletó abrindo a porta do quarto.

- E quem é você – perguntou Touya.

- Esse é Suzuhara, meu advogado. – disse Shaoran, se levantando rapidamente.

- E o que ele tem a ver com isso? – perguntou Touya.

- Eu nada, senhor Kinomoto, mas o senhor Li é o dono das empresas Li, traduzindo, o homem mais poderoso de Hong Kong e, me arrisco a dizer que, daqui também. – disse o homem fazendo Touya, Fuyutaka e Tomoyo ficarem perplexos.

- Suzuhara, chega. Vamos, o que tem para mim? – perguntou Shaoran.

- O dono da companhia vai pagar por todos os danos materiais que o acidente causou, também vai indenizar a srta Kinomoto por qualquer outro tipo de dano.

- Pelo menos isso. Mas isso demorou a você conseguir, não foi?

- Foi difícil, mas acabaram vencidos pelo cansaço.

- Quero que fique em cima disso, qualquer quebra do trato, por menor que seja, quero ser informado e que seja corrigida.

- Sim senhor.

- Isso tem prioridade, ouviu bem?

- Sim senhor.

- Pode ir agora, deve estar cansado depois disso tudo.

- Obrigado, senhor. – ele saiu do quarto.

- Escute, Eriol, assim que Sakura falou meu nome você percebeu quem eu era, certo?

- Foi.

- E você falou algo a ela?

- Não.

- Não quero que ela saiba, por enquanto, por favor.

- Deve ser difícil ter uma vida pessoal sendo tão importante.

- Na verdade não, mas as pessoas levam demais em consideração minha posição na empresa do que a minha pessoa. Sakura foi muito gentil comigo mesmo sendo por poucos dias, sem saber que sou o presidente das empresas Li. Não quero que ela mude isso só porque sabe. Vou contar isso, quando eu tiver a chance.

- Minha mãe comentou que o presidente das empresas Li vinha para o Japão cuidar da filial aqui... Mas nunca pensei que... – começou Tomoyo, mas foi interrompida por Shaoran.

- Que pudesse ser alguém tão parecido com qualquer um? Eu sei que foi isso que passou pela sua cabeça, não adianta fingir.

- Mas porque nem seu nome foi revelado? Nem as empresas que patrocina sabem seu primeiro nome. – questionou Tomoyo.

- Se eu divulgasse, mesmo que só para as empresas, a notícia iria vazar, não queria isso de forma alguma. Nem mesmo minha idade foi divulgada, isso só será dito na reunião com as empresas que patrocinamos daqui a uns dois meses. Estamos ainda ajeitando as coisas, está tudo uma confusão na empresa.

- Eu entendo... – disse Tomoyo. – Minha mãe vai ficar pasma quanto vir você sentado no lugar do presidente das empresas Li. – ela riu.

- Sonomi Daidouji, esse é o nome de sua mãe, ou estou enganado?

- Ela mesma.

- Na verdade eu não deveria dizer isso, mas a reunião de amanhã vai tratar especificamente da empresa de vocês. Como sua mãe deve ter dito, o patrocínio que daremos a ela não está exatamente definido. Temos que ver isso. Temos uma reunião por dia, cada reunião para a discussão de uma empresa.

- Entendo... Nenhuma opinião formada ainda. – disse Tomoyo.

- Pela parte deles eu não sei, pois a empresa tem outros acionistas, mas de minha parte posso adiantar que sua empresa tem um potencial excelente, uma das melhores que eu já vi.

- Isso tudo é graças à força de vontade da minha mãe, não tenho nada a ver com isso.

- Aí é que você se engana. – disse Shaoran, fazendo Tomoyo arregalar os olhos. – Por que você acha que sua mãe montou a empresa pra começo de conversa? Não foi só por ela, foi para dar uma vida boa a você. Sei tudo sobre a vida de sua mãe, ou quase, muitas vezes ela esteve à beira da falência e hoje é uma grande empresa e muito estável. Um dos melhores investimentos que uma pessoa pode fazer. Você tem sorte por ter uma mãe assim. A minha me obrigou a me formar em administração para continuar o trabalho dela. Isso porque tenho quatro irmãs mais velhas que poderiam muito bem fazer isso.

- Bom, minha mãe sabe que não tenho jeito para isso, então nem tentou me obrigar a nada. – disse Tomoyo rindo.

- Então Eriol vai ter que se esforçar. – disse Shaoran, fazendo Tomoyo e Eriol o olharem espantados. – Ei, não é tão difícil perceber a relação de vocês. Alianças de noivado nos dois, não saem de perto um do outro... E Sakura comentou comigo de uma festa de noivado de uns amigos dela...

A noite passou entre conversas. Fuyutaka foi embora meia noite e meia, estava cansado demais apesar de estar preocupado com a filha. Touya o levou e foi para sua casa, a esposa dele estava preocupada. Yukito chegou lá uma hora da manhã.

- Ora, ora... Olá, Yuki. – disse Eriol, ironicamente. Era o único com humor suficiente para brincar, Tomoyo dormira no sofá do quarto e Shaoran estava sentado na mesma cadeira que sentara mais cedo.

- Só peguei o recado na secretária agora, Nakuru não está em casa, ou você se esqueceu?

- Estou brincando, Yuki. – disse Eriol.

- Eriol, não sei se você percebeu, mas é o único com humor para brincadeiras. – disse Shaoran levantando o olhar que antes analisava um bloco de folhas.

- Eu só estou tentando melhorar o ambiente.

- Claro... – disse Shaoran, continuando a analisar a papelada. O celular dele tocou e ele atendeu. – É o Li. Eu sei que a reunião é em oito horas, Niimai. Não, você não vai mudar os tópicos da reunião. Niimai, a reunião será as nove e ponto final. Ta certo, agora vá dormir. Boa noite.

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Bom, gente, aqui está o capítulo dois. Eu ia demorar mais um pouco, mas me pediram tanto para publicar que acabei cedendo...

Me mandem review (comentário), mails (stella_oro@hotmail.com) ou me contatem em ICQ ou MSN.

Bjinhus, Miaka.