Um amor de academia
Ao ser expulso do quarto, viu médicos e enfermeiros se aglomerarem ao redor da cama de Sakura, discutindo a situação ao mesmo tempo em que levavam-na para a sala de cirurgia.
Tomoyo resolvera passar por ali e ver Sakura, mas viu Shaoran parado em frente ao quarto dela, tremendo.
– Shaoran o que houve? – perguntou, preocupada.
Ele estava em choque. Planejara tudo... Sempre quisera desposá-la, estar com ela para tudo e o tempo todo. Queria protege-la para que não sofresse novamente... E agora ele estava a ponto de perdê-la sem poder fazer nada! Praguejava contra Yamagata, sem nem saber o destino que lhe fora reservado após o tiroteio, e nem se importava.
Ouviu a voz de Tomoyo soar próxima e se virou.
– Sakura... Ela... – não conseguiu formar uma frase que fizesse sentido. Sua mente ainda estava confusa, com pensamentos divergentes, deixando-o ainda mais atordoado.
– Acalme-se, Shaoran... – pediu ela, serenamente. – Sente-se aqui um instante. – levou-o até uma cadeira. – Vou pegar um pouco de água para você. – tentava não transparecer nervosismo, o chinês já estava suficientemente transtornado. Aproveitou para ligar para Eriol, pedindo que fosse ao hospital e que dissesse a todos que fossem para o local também.
– Aqui está. – ajudou-o a beber em goles pequenos, para que não engasgasse. – Mais calmo?
– Acho que sim. – respirou fundo. Não estava realmente calmo, apenas mais lúcido, no máximo...
– O que aconteceu? – perguntou, ansiosa.
– Eu vim falar com Sakura... Estava planejando isso desde que ela fora levada por Yamagata... Pedi-a em casamento, Tomoyo...
– Que notícia maravilhosa, Shaoran! – animou-se. – O que te deixou tão transtornado? E onde está Sakura?
– Ela... Recusou o pedido. – murmurou. – Algo saiu do previsto e ela foi levada para a sala de cirurgia... Expulsaram-me do quarto logo que ela perdeu os sentidos...
– Não é motivo para ficar assim, Shaoran. – disse Tomoyo, tentando acalmá-lo e também a si mesma. – Logo os médicos vão voltar e falar que foi só um susto...
– Ela me disse... Que não seria justo prender-me a alguém que iria deixar este mundo... Ela não tem mais esperanças, Tomoyo... O que posso fazer? – perguntou, desesperando-se totalmente, agarrando-se à blusa dela.
– Eu não sei... Mas tentemos nos manter calmos... É a única coisa que me vem à mente nesse momento... Já avisei Eriol e todos devem estar aqui logo. – segurou as mãos dele, fazendo-o soltar sua roupa e sentindo-o suar frio.
– Eu vou tentar.
Em meia hora todos estavam novamente no hospital, com exceção de Yelan que teve que ficar na empresa, mas pediu para lhe avisarem assim que tivessem informações.
Passada uma hora e meia, o médico finalmente foi até a sala de espera falar com eles.
– O que aconteceu? – perguntou Touya.
– Será que eu poderia falar com o sr. Li a sós um instante? – pediu o médico, recebendo um aceno de cabeça de Shaoran, levando-o para uma sala separada.
– O que aconteceu com Sakura? – perguntou, tentando parecer frio, mas falhando miseravelmente e demonstrando todo o seu nervosismo e ansiedade.
– A srta Kinomoto está em um estado delicado, mas conseguimos estabilizá-la.
– O que causou aquela súbita perda de sentidos? Ela me disse que ia morrer... – indagou, preocupado.
– De certa forma ela acertou... – ele suspirou. – A srta Kinomoto perdeu o bebê que estava esperando.
– Bebê? – Shaoran gritou, alterado. – Como assim? Ela estava grávida?
– Estava sim. Eu já desconfiava quando ela chegou... Mas não pude ter certeza, pois o feto era novo demais. – explicou.
– Acho... Acho... Que não era meu... – Shaoran murmurava, cerrando os punhos em fúria.
– Como? – perguntou o doutor, sem entender.
– Eu e Sakura sempre nos precavemos quanto a isso... Esse bebê não era meu... Aquele maldito do Yamagata... – Shaoran saiu da sala correndo, indo ao andar para onde Satoshi fora levado.
Passou por todos na sala de espera quando correu para as escadas.
– Shaoran, o que houve? – perguntou Meiling, preocupada, sendo ignorada e vendo o primo continuar a correr.
– Senhor Li! – tentou chamar o médico, mas ele não ouviu.
Sua mente era um turbilhão, ele não conseguia pensar em mais nada a não ser na possibilidade, para ele concreta, de Yamagata ter tocado em sua flor. Faria-o pagar por tudo que fizera a ela.
Abriu a porta da sala onde o vira ser levado e encontrou seu corpo, já sem vida.
– Era isso... Que eu queria te dizer... Ele não sobreviveu ao tiroteio... Saberemos se ele fez algo somente quando a srta Kinomoto acordar. – explicou o médico, ofegante.
– Quero vê-la. – disse, furioso.
– Não pode vê-la... Ninguém pode.
– Eu quero vê-la! – gritou, irritado, partindo para cima do médico.
– Enfermeiro! – dois enfermeiros seguraram o rapaz e o doutor pegou uma seringa, colocando um líquido dentro. – Eu odeio ter que fazer isso, mas o senhor me obriga... – aproximou-se com a seringa.
– Shaoran! – Meiling e Mai Su chegaram e viram o médico aplicar o sedativo nele. – O que você fez com ele? – perguntou Meiling, ao vê-lo amolecer e logo desfalecer, amparado pelos enfermeiros.
– Ele estava agitado demais, eu tive que sedá-lo. – explicou. – Acordará em algumas horas.
– Deixem-no comigo... Vou levá-lo para a sala de espera. – disse Mai Su, aproximando-se de Shaoran e carregando-o nas costas para fora dali.
Acomodaram-no em um sofá que havia lá e logo o doutor foi vê-los.
– Quando chamei o sr. Li para conversarmos, disse-lhe que a srta Kinomoto estava grávida e que perdera o bebê.
– Grávida? – espantou-se Tomoyo. – Não posso acreditar nisso! Satoshi não poderia... Essa não... – Tomoyo foi segura pelos braços de Eriol, consolando-a.
– Acalme-se, Tomoyo... Esse filho poderia muito bem ser de meu primo, você sabe disso. – disse Meiling.
– Não, Meiling... Sempre converso com Sakura e ela me disse que eles se preveniram todas as vezes. – debulhou-se em lágrimas, amparada pelo noivo.
– Foi exatamente isso que Li me disse... Tentou ver o sr Yamagata, mas este, infelizmente, não sobreviveu ao tiroteio. – o médico falou com pesar. – E podemos sempre esperar que possa ter acontecido algum acidente.
– Então a única coisa que podemos fazer é esperar que Sakura acorde para que nos diga o que aconteceu lá. – concluiu Fuyutaka.
– Mas o sr Li não me deixou terminar... – continuou ele. – Devido à delicadeza da situação e tudo o que a srta Kinomoto passou, infelizmente ela não poderá mais ter filhos.
– Não... – Yukito deixou-se cair sentado numa cadeira. – Sakura ficará arrasada
– Sinto muito. – respondeu simplesmente, meneando a cabeça.
– Por quê? Por que tudo tem que acontecer com ela? – perguntou Tomoyo, desesperada.
– Calma... Sakura vai saber como lidar com isso... – disse Eriol brandamente. – O que temos que fazer é ajudá-la a passar por tudo isso.
– Eriol está certo... É uma bênção Sakura ter sobrevivido... – pronunciou-se Fuyutaka.
Abriu os olhos sentindo o corpo dolorido e encontrando duas gemas vermelhas encarando-o. Em seguida sentiu o pescoço ser enlaçado e o ar lhe faltar.
– Me... Meiling! – ela percebeu que o estava sufocando e soltou seu pescoço.
– Desculpe, Shaoran... Mas você me deixou preocupada... Está dormindo há muito tempo.
– O doutor deu-lhe uma dose bem forte de sedativo... – Mai Su se aproximou. – Você está bem? Parece péssimo.
– Como você quer que eu esteja? Creio que já saibam o que Yamagata fez com Sakura e...
– Não é nada confirmado, Shaoran... Não foi encontrada nenhuma evidência concreta de estupro, apesar do estado deplorável em que a trouxeram. – disse o homem.
– Mai Su está certo, temos que ter fé. – disse Tomoyo, aproximando-se com Eriol. Apesar dos olhos inchados, demonstrava serenidade. – Satoshi não conseguiria fazer nada com Sakura... Ela estava consciente até perder os sentidos em seus braços, não seria fácil forçá-la a qualquer coisa... – riu um pouco. – Nós dois sabemos muito bem como ela é teimosa...
– Você está com uma cara péssima, Shaoran. – disse Meiling, vendo o primo fitar o chão em silêncio. – Vou pega rum café para você.
– Sem açúcar... Preciso acordar de vez.
Uma hora depois, o médico foi avisar que Sakura tinha acordado e que seria melhor Shaoran estar com ela quando ele contasse tudo.
Assim que entrou no quarto viu Sakura quase sentada na cama, com o encosto levantado e a agulha do soro presa ao braço, enquanto um barulho irritante soava do monitor que mostrava seus batimentos.
– Sakura! – abraçou-a firmemente, tentando não apertar demais para não machucá-la ainda mais. – Não me assuste mais... – tinha os olhos marejados e a voz embargada.
Ficaram envolvidos naquele abraço por alguns minutos, Sakura sem muita reação ao sentir seu amado chorando e Shaoran querendo ter certeza de que ela não sairia de perto dele.
– Perdoe-me... Eu não queria, mas eu realmente senti como se fosse morrer naquele momento... – disse, cansada. – Agora... Será que alguém pode me dizer porque todo esse suspense? Algo não me cheira nada bem. – pediu, olhando preocupada para Shaoran.
– Deixe-me explicar a situação, srta Kinomoto... – começou o médico. – Estava parcialmente certa quando achou que ia morrer... – suspirou. – A srta estava grávida e perdeu o bebê. – disse, vendo-a arregalar os olhos e esconder o rosto nas mãos em seguida, em prantos.
– Sakura... – Shaoran queria fazer a pergunta que estava presa em sua garganta, mas não conseguia. Para ele tudo estava mais do que claro: Yamagata abusara de sua flor.
– Eu odeio ter que fazer isso, mas não acabou... – disse o doutor, com pena de Sakura. – Infelizmente, devido às circunstancias, a srta não irá poder engravidar novamente...
– Não... Não pode ser... – quase caiu da cama em prantos, mas foi amparada por Shaoran, segurando-a firmemente contra seu corpo.
Não podia acreditar em tudo aquilo. Como se não bastasse perder o filho que suspeitava esperar, não poderia mais ter esperanças de, algum dia, ter uma criança que realmente pudesse chamar de 'meu filho'. Não poderia suportar algo assim.
Sentiu o calor reconfortante e o perfume de Shaoran acalentarem seu coração. Ele não a deixaria, mesmo depois de tudo o que acontecera. Percebeu que ele chorava também, provavelmente pensava que Satoshi era o pai da criança. Afastou-se do corpo dele e fitou os olhos chocolate, que sempre lhe inspiraram tanta confiança, transparecendo toda a dor que ele sentia.
– Calma... – pediu, secando o rosto dele. – Satoshi não me fez nada, Shaoran. – viu a surpresa nos olhos dele, logo substituída pelas lágrimas novamente. – Algo deve ter acontecido e não percebemos... Era seu...
– Sakura, eu... – foi silenciado pelo indicador dela, enquanto meneava a cabeça.
– Não diga nada, eu sei... – suspirou. – Vamos dar um jeito nisso... Isso é... Se você ainda mantiver a sua proposta.
– Claro que sim, Sakura... – sorriu serenamente. – Agora mais do que nunca.
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Dois anos depois...
– Meu anjo? – o homem tentava acordar sua esposa. – Acorde Sakura.
– Ahn? Shaoran, o que foi? – perguntou, abrindo ligeiramente os olhos, ainda sonolenta.
– Não vai me dizer que esqueceu que dia é hoje? – perguntou, desconfiado.
– Não, Shaoran, eu não esqueci... Só que estou com sono, você sabe como eu fico quando não durmo o suficiente... – resmungou, sentando na cama e esfregando o rosto.
– Eu sei sim... Fica uma linda descabelada. – brincou, mexendo nos cabelos embaraçados dela.
– Shaoran Li! – reclamou.
– Estou brincando, meu amor... – suspirou. – Eu trouxe seu café.
– Bem que você podia fazer isso mais vezes, não é? – brincou, enquanto ele depositava a bandeja em seu colo.
– E você podia fazer isso também, sabia? Eu também mereço, não acha? – perguntou, sabendo exatamente a desculpa que ela iria dar.
– A culpa não é minha se você, mesmo de final de semana, acorda cedo demais. – ele riu, ela era extremamente previsível quando os dois discutiam. – Qual a graça?
– Acho que só esse ano já foi suficiente para você não conseguir me surpreender mais. – aproximou-se do rosto dela, assim que ela baixou o copo de suco que bebia, e beijou-a suavemente. – Agora será que eu mereço um 'bom dia' decente?
– Claro que sim... – puxou-o para outro beijo, mas não puderam continuar, senão a bandeja cairia na cama.
Sakura terminou de comer e Shaoran levou a bandeja para a cozinha. Voltando ao quarto, viu que Sakura estava deitada novamente.
– Ah, Sakura... – ele deitou-se sobre ela. – Você vai fazer isso hoje?
– Shaoran, bobinho... – ela sorriu marotamente. – Eu só queria fazer uma coisa... – passou os braços pelo pescoço dele, puxando-o para um beijo envolvente. – Feliz aniversário...
– Mais feliz que esse não poderia ser... – disse, sem fôlego, rolando para o lado. – O tempo passa rápido, não? – comentou, sentindo-a apoiar-se em seu peito.
– É mesmo... Há exatamente um ano atrás, nesse mesmo horário, eu estava sendo acordada por Tomoyo e Meiling para me arrumar para o casamento... – passava a ponta dos dedos pelo tórax nu dele, já que ele estava somente de short. – Você não me desejou feliz aniversário, Shaoran... – comentou, inocentemente.
– Não farei isso com simples palavras... Não seriam dignas de serem ouvidas pela minha bela rainha... – sentou-se na cama, acompanhado por ela. – Você sabe que eu te amo, não sabe?
– Sei sim, Shaoran... Você fala isso pelo menos três vezes ao dia... – sorriu. – E eu não me canso de ouvir.
– Feliz aniversário, meu amor... – beijou-a com paixão, mas logo se separou dela. – Ainda é de manhã... Você tem que dar aulas e eu tenho que ir para a empresa... – ia se levantar quando sentiu seu pulso ser seguro pela mão fina de pele delicada que sua amada possuía. – O que foi? – estranhou a atitude dela.
– Eu avisei Houji que provavelmente atrasaria hoje... E você não tem reunião na empresa... Não há pressa. – sorriu serenamente, chamando-o com o indicador da outra mão.
– Sua malandrinha... Preparou tudo isso, planejou tudo meticulosamente... Acho que está pegando a minha mania... – sorriu, sentando-se ao lado dela novamente.
– Credo, Shaoran! Pare com isso! – exclamou, rindo. – Uma pessoa calculista nesta casa é o suficiente.
– Ah, é? – agarrou-a pela cintura e começou a fazer cosquinhas, vendo-a debater-se em seus braços.
– Pára, Shaoran! – ela tentava falar, mas não conseguia sem rir. – Eu não estou conseguindo respirar! – exclamou depois de algum tempo. Vendo que era verdade, Shaoran soltou-a na cama, observando o sorriso, as curvas de seu corpo e a sua expressão acalentar lentamente.
– Então... Já que a minha querida esposa criou o momento oportuno, eu seria muito ingrato em não aproveitar... – deitou-se sobre ela e capturou seus lábios rapidamente, demonstrando exatamente como ele a queria.
Sakura chegou à escola e se dirigiu diretamente à quadra, onde sabia que Houji estaria com os alunos.
– Bom dia, Houji! – cumprimentou sorrindo. – Obrigada por segurar a minha barra hoje...
– Bom dia, Sakura! Já não era sem tempo! – ouviu-se uma voz grossa e autoritária vinda da mesma direção da qual Sakura andara.
– Senhor Mizayaki... Bom dia! – cumprimentou, sorrindo constrangida.
– Notei sua ausência hoje no horário de entrada. – comentou inocentemente o diretor.
– Bom, senhor, é que hoje é uma data especial para mim e acabei me demorando mais pela manhã do que eu imaginava... – foi interrompida.
– Não estou lhe pedindo explicações... Queria parabenizá-la pelo primeiro aniversário de casamento e desejar-lhe felicidades. – pegou um embrulho de uma sacola que carregava. O nervosismo não permitira a Sakura reparar na mesma. – É para você. – estendeu o pacote. Era retangular e fino. – É delicado, tome cuidado.
– Está bem, muito obrigada. – sorriu, abrindo o pacote. Era uma bela pintura do nascer do sol refletido no mar. – É linda senhor!
– Lembrei-me que o seu marido tinha um ótimo gosto para pinturas e me atrevi a fazer esta para dar-lhes de presente.
– Tenho certeza de que ele irá adorar... Muito obrigada. – sorriu, vendo-o se afastar.
– Falou isso sinceramente ou foi só para não atiçar a fera? – perguntou seu colega, rindo.
– Um pouco dos dois... Não podemos negar que é uma linda pintura... Mas não entraria nas favoritas de Shaoran... – pensou um pouco. – Para ser sincera, com a moldura certa, ficaria perfeita no escritório dele... Ele não gosta de manter muitos quadros lá, acha que o ambiente fica carregado demais... Esse quebraria a monotonia daquele lugar.
– E o que vocês vão fazer para comemorar este dia tão especial? – indagou, esperando que a garota ficasse ruborizada, o que não ocorreu.
– Shaoran vai sair mais cedo do trabalho, vamos cuidar da papelada para adotarmos o bebê ainda este mês. – respondeu, simplesmente.
– E...?
– Você não espera mesmo que eu conte os detalhes sórdidos, espera? Assim como vai ficar esperando eu contar o que fiquei fazendo durante meu atraso de hoje... Garanto para você que dormindo não foi... – saiu rindo da cara de tacho de Houji, indo em direção aos garotos para separar uma briga.
Durante o dia, foi cumprimentada pelos colegas de trabalho e recebeu alguns presentes.
Quatro em ponto estava em casa, tomou um banho e, quando ia preparar um chá, ouviu o carro de Shaoran entrar na garagem e estranhou o fato dele chegar tão cedo. Saiu da casa e viu-o descer do carro com um sorriso no rosto.
– Oi, amor. – ele se aproximou e beijou-a rapidamente nos lábios.
– Olá... O que faz em casa tão cedo? – perguntou.
– Eu deixei tudo arrumado na empresa... Precisava pegar seu presente antes das cinco horas. – voltou ao carro para pegar algo.
– Shaoran, não precisava! – ruborizou-se. – Achei que tínhamos combinado de não trocar presentes só por ser aniversário de casamento...
– Eu sei, mas quando vi, não resisti em comprar... – colocou a cabeça para dentro do carro e pegou uma "gaiola" de plástico com uma grade na frente (sabem aquelas caixas que você coloca o cachorro para levá-lo dentro do carro?).
– Não acredito! – espantou-se, ajoelhando-se no chão enquanto o amado soltava um filhote de labrador, com pêlos chocolate. – Shaoran, é lindo! Mas... Não temos nada para ele aqui em casa e... – viu-o retirar uma grande caixa com tudo o que precisariam. – Você pensou em tudo, não é?
– Só falta uma casinha de madeira, achei que gostaria de escolher. – sorriu, vendo-a levantar-se e se aproximar.
– Obrigada, Shaoran... Amo você... – disse, antes de beijá-lo ternamente, sendo interrompidos pelo filhote, que puxava a calça de Shaoran.
– Já começou a pentelhação... – disse ele e os dois riram.
– Vamos, acho que esse pequeno está com fome. – ela abaixou e brincou com o filhote mais um pouco. – Quer ajuda com as coisas?
– Não... Mas você poderia levar a minha pasta para a sala? – pediu, pegando a caixa do chão.
– Claro. – fez o que ele pediu e os dois entraram, seguidos pelo filhote.
– Depois de cuidar desse pequeno, temos que sair para ver os papéis da adoção, Sakura, não se esqueça... – sorriu, depositando a caixa no chão da cozinha.
– Não parei de pensar nisso o dia todo. – mordeu o lábio inferior, pegando a tigela de comida do filhote e colocando a ração. – Pronto, pequeno... – acariciou a cabeça do cachorrinho enquanto ele ia até a tigela, com a língua de fora.
– Acho que vou perder minha prioridade com esse cachorro por aqui... – comentou.
– Não mesmo... – aproximou-se dele, sentindo sua cintura ser enlaçada delicadamente. – Você é e sempre será meu número um...
– Eu posso dizer o mesmo de você... – sorriu, segurando, com a outra mão, a nuca dela e aproximando-a de si, para selarem o momento com um beijo carinhoso. – Não poderia ser mais sortudo em toda a minha vida, Sakura... Às vezes me pergunto se é certo alguém ser tão feliz como eu sou.
– Também já me fiz a mesma pergunta... – suspirou, encostando-se ao peito dele. – Prefiro pensar que tudo o que passamos foi uma provação... E isso nos uniu de tal forma que não existe nada que possa nos entristecer desde que estejamos juntos...
– Realmente... É algo que eu nunca tinha pensado... Mas faz sentido... – sorriu serenamente, fitando as esmeraldas à sua frente. – Explica a felicidade que sinto toda vez que viro a esquina e chego em casa. Eu juro, Sakura... Nada fará com que eu me afaste de você.
– E eu digo o mesmo. – sorriu, beijando-o novamente.
Envolveram-se no beijo ternamente, pensando em como eram felizes. Finalmente podiam curtir uma vida calma como qualquer outro casal.
