Capítulo 6

- A Promessa de Draco -

era uma bela manhã de quinta feira. Após o 'pequeno' desentendimento entre Rony e Hermione na noite anterior, eles não se falaram mais e desde que acordaram, evitavam se encontrar. Harry achou melhor não dizer nada pois não era a primeira vez que isso acontecia. Antes eles já haviam brigado por causa de bichento e acabaram fazendo as pazes. Por que seria diferente agora? Rony estava lendo e relendo uma carta que chegou até ele, alegando que não estava com muita vontade de sair do quarto hoje. Harry limitou-se a dizer "humm..." e mergulhou em suas cartas. Enquanto na cama ao lado, Rony olhava na direção do mesmo pergaminho há mais de 10 minutos e apertava na mão direita o broche de monitor, Harry estava cercado por pergaminhos e papéis espalhados. Na gaiola de Edwiges três outras corujas de porte médio brigavam para beber um pouco de água após uma longa viagem. Se Edwiges estivesse ali, com certeza não permitiria isso. Ele havia recebido cinco corujas só nessa manhã, mas duas já foram embora. Ainda na noite anterior, Harry abriu o presente de Rony que só viu quando foi dormir. Era uma foto do time de quadribol da Griffinória, quando Harry, Fred e Jorge ainda jogavam. Rony também estava na foto como um goleiro recém escolhido o que fez Harry lembrar do mau começo de Rony, mas depois ele mostrou ser um excelente goleiro. Com certeza Harry voltaria a jogar esse ano letivo, mas aquela foto tinha sido a primeira em que os dois amigos estavam juntos no time. Gina também deu um presente junto com o de ROny. Ela deu um legítimo pomo dourado que ganhou como recordação após a última partida. No começo Harry até ficou um pouco surpreso pois sem dúvida era um presente e tanto, mas depois se acostumou com a idéia já que Gina não tinha tanto interesse assim em ser apanhadora e segundo ela mesma disse, Harry merecia esse pomo mais do que ela. Claro que ele não concordou. Modéstias à parte, Harry acabou ficando com o pomo, lembrando-se de uma cena que viu na penseira de Snape. Seu pai brincando com um pomo dourado. Além desses dois presentes, Molly deu um suéter novo para Harry.

"Harry, não vai ler?" disse Rony, que notou como Harry olhava para um pergaminho ainda enrolado sem a mínima menção de que ia desenrolar.

"ahn?" - Harry pensava em seu pai - "ah sim! vou sim! Esse aqui é de... Neville! Que surpresa! Ele não escreveu nessas férias, mas parece que sabia do meu aniversário."

Harry desenrola o pergaminho e dentro dele havia umas sementes verdes enroladas em um pano. Ele pega as sementes e começa a ler:

"Caro Harry

Parabéns pelo seu aniversário! Desejo muitas felicidades e muitos anos de vida. Essas sementes que estão em sua mão (se já não murcharam) são sementes de pequenas Landárias. Elas demoram algumas semanas para germinar e eu teria te mandado antes para que quando nos encontrássemos no trem, elas já tivessem brotado, mas só consegui essas sementes há pouco tempo. Eu teria te mandado sementes de Landárias selvagens, mas minha avó disse que precisava delas por causa das fadas mordentes. Uma praga chegou aqui em casa e estamos tendo um pouco de trabalho para dar conta delas, mas aos poucos estão sumindo. Não sei se você se lembra das aulas, mas as Landárias precisam ser molhadas diariamente, exatamente na mesma hora. No começo dá um pouco de trabalho, mas depois que crescem ficam divertidas, eu te garanto.

Como foram os seus Nom´s? eu me dei bem em algumas, mas outras me saí bem mal...."

Harry soube logo que ele falava de Poções. Ele pára um pouco, pensando em suas notas e no que deveria fazer. Ainda não havia chegado a uma conclusão e sabia que mais uns minutos conversando com Hermione, ela o convenceria a falar com o diretor, mas Harry não sabia se era isso o que queria. Ele continua lendo a carta.

"A gente se vê no trem para Hogwarts e nos falamos melhor. Mais uma vez, parabéns!

Abraços

Neville Longbottom

PS: as aulas de defesa contra as artes das trevas vão continuar, não vão? Fiquei com um Excelente nos testes!!"

Harry então enrola as sementes no pano e depois enrola no pergaminho. Ele coloca as duas coisas na mesinha ao lado da cama onde estava o tabuleiro de Xadrez com a partida do dia anterior ainda montada (o lugar menos bagunçado) e pega outro pergaminho para ler. Harry estava realmente contente que Neville tinha se saído bem no teste de Defesa Contra as Artes das Trevas e agora imaginava se todos os outros que também fizeram as aulas teriam se saído bem. Hermione e Rony tinham conseguido ótimas notas. O outro pergaminho era de Hagrid e junto com a carta veio uma pequena caixa de madeira. Por experiência própria, ele resolve ler a carta antes.

"Caro Harry

Como vai? Espero que esteja tudo bem aí no Caldeirão furado. O diretor me avisou que você estaria aí e me contou de você sabe o que."

Harry não sabia se ele se referia ao ataque de Hermione ou à destruião do quartel da ordem. Ele continua lendo a carta.

"Espero que tenha se saído bem nos testes, pois quero vê-lo em minha turma de NIEM de Trato com criaturas mágicas! Já imaginou eu dizendo isso? 'Minha turma de NIEM'! Reservo grandes surpresas para a turma, principalmente você, Hermione e Rony. Garanto que vão gostar."

Um calafrio percorre as costas de Harry, pois ele sabia mais ou menos o que Hagrid queria dizer com 'surpresa' e 'vocês vão gostar'. Da última vez, tinha sido um gigante. Ele continua lendo.

"GRAWP sente saudades e não vê a hora de revê-los novamente. Ele está ficando muito inteligente e já consegue dizer muitas palavras sem errar a pronúncia! Esse pequeno presente junto com a carta foi escolhido por nós dois. Espero que goste.

Abraços

Hagrid e Grawp"

Harry não deixou de achar graça ao imaginar um gigante com saudades de alguém e pensou nessa hora se realmente GRAWP tinha escolhido o presente. Se fosse uma grande cabeça de dragão assada, talvez...

Harry enrola o pergaminho e pega a caixa. Pela falta de fechadura, ele supôe que seja algo inofensivo. Ao abrir, Harry vê que era o livro adotado por Hagrid para as aulas do sexto ano e junto com o livro, uma foto de Hagrid e Grawp a céu aberto, na floresta proibida. Mais da metade das árvores da foto estavam arrancadas e Hagrid tinha trabalho em conter Grawp. Nesse momento, as corujas na gaiola encerram o embate e vão embora. Era Edwiges que tinha acabado de chegar na janela.

"hehe..."

"o que é?" disse Rony, sendo tirado de seus pensamentos.

"veja isso." disse Harry entregando a foto a Rony.

"não acredito que ele ainda esteja por lá. Será que ele quer que a gente ensine mesmo o irmão a falar nossa língua?" disse Rony com uma expressão desolada.

"sei lá, viu... Veja o livro desse ano!" disse Harry, tirando o livro da caixa. Era um grosso de capa dura com aparência de couro velho. 'Criaturas Exóticas e Raridades' de Julia Grimenz.

"Sim, o Hagrid já me deu um desses. Ele escreveu para mim no começo da semana. Ele não se esqueceu de mim..." disse Rony, devolvendo a foto.

"Eu já pedi desculpas..." disse Harry.

"haha eu só estou brincando." - dizia Rony, que aparentemente ia passar o primeiro semestre inteiro falando nisso - "me lembrei agora do Bicuço. O que houve com ele?"

"Lupin o deixou ir embora antes de fugir. Tomara que esteja bem." disse Harry, guardando a carta de Hagrid e o presente de volta na caixa.

"isso se ele não parou pra dormir em nenhum telhado trouxa, né...?" disse Rony, voltando a fitar o teto.

"ele não vai fazer isso." disse Harry colocando a caixa de lado e pegando mais uma carta para ler. Dessa vez era de Luna, aluna meio aluada da corvinal. O pergaminho não era muito grande e ao desenrolar, uma pena de correção automática cai em seu colo.

"Caro Harry..."

Parabéns. Muitos anos de vida.

Abraços!"

"....bem direto....." disse Harry, imaginando aquele olhar vidrado encarando-o. Ele enrola a pena e guarda dentro da caixa de Hagrid aproveitando para guardar a semente de Neville também.

"o que?" disse Rony.

"er... nada não" disse Harry, pegando a quarta carta. Sem abrir, ele reconheceu que era a lista do material que ele iria precisar esse ano em Hogwarts. Ele desenrola e começa a ler.

"...Caldeirão de Estanho, tamanho padrão 4? Uniforme novo? Só falta varinha nova! e olha só quantos livros! Dois em média, para cada matéria!!" dizia Harry com indignação em sua voz.

"mas não tem que comprar tudo, a não ser que queira fazer todas as matérias. Com suas notas, você pode. Exceto runas e..." dizia Rony, antes de ser interrompido.

"eu sei, eu sei. Não vou fazer tudo. Só vou fazer o que mereço fazer." - Harry realmente não estava gostando de que falassem sobre seus resultados. - "mas veja, só em poções Snape exige três livros! O que ele acha que vai fazer conosco?"

"comigo nada. Estou livre dele. Mas acho que esses livros valem para o sexto e o sétimo ano. Se não for assim, meus pêsames." dizia Rony.

"o que você vai fazer esse ano?"

"Trato com Criaturas mágicas, claro. Quero trabalhar com animais. Já falei com meu irmão na Romênia e ele disse que ia me avisar quando surgisse uma vaga..." dizia Rony, indiferentemente.

Harry não esperava que Rony dissesse isso. Sempre achou que ele teria muito medo de animais para trabalhar nesse ramo.

"e se você tiver que cuidar de aranhas?" dizia Harry.

"não diga isso. Essas coisas não são criaturas mágicas, são pragas do inferno. Se eu tiver que cuidar delas, vou ter que levar um pesticida. Mas não pretendo trabalhar com aranhas... prefiro dragões... quem sabe eu acabo cuidando de Noberto..."

"realmente, não consigo imaginar você trabalhando com dragões..." dizia Harry. Na verdade, ele conseguia sim. Ele imaginava Rony fugindo de labaredas e se escondendo atrás de grandes rochas enquanto um bando de dragões fugia das jaulas.

"não tenho muita opção, tenho? Com as notas que tive, essa é a melhor escolha..." dizia Rony, num tom de voz que denunciava que eles estava voltando a ficar com raiva.

"bem, e quais as outras matérias que você vai fazer?" Harry evita falar mais das notas, vendo a mudança de humor do amigo.

"Feitiços, defesa contra a arte das trevas e talvez eu faça transfiguração ou herbologia."

"só quatro?"

"e você quer quantas? Acha que o sexto ano é igual aos primeiros? As coisas são bem mais difíceis e você tem que escolher precisamente as matérias que vai fazer. Só a Mione que provavelmente vai fazer milhares, mas ela é ela..." dizia Rony, ainda olhando o teto. Harry fica mais aliviado ao ver que Rony já chamava a amiga por 'Mione' apesar dele fazer questão de mostrar que ainda está com raiva dela.

"é... ela é ela..." concordou Harry, colocando a lista de material de lado e pegando o último pergaminho. Rony ficou em silêncio, pois também percebeu que falou de Hermione e não poderia se esquecer que ainda estavam brigados. Harry desenrola o pergaminho que veio sem nenhum presente anexado e começa a ler curioso. Escrito em letras maiúsculas, eram breves linhas.

"Herdeiro de Salazar Slytherin

Aquilo que lhe pertence está escondido e só você poderá revelar. Não perca mais tempo."

Harry olha no verso, mas só tinha isso escrito no pergaminho.

"Rony..."

"sim?"

"veja isso" e Harry passa o pergaminho para Rony, que lê atentamente.

"Quem escreveu?" foi a primeira coisa que ele disse.

"eu também queria saber" disse Harry olhando para a gaiola, mas apenas Edwiges estava lá. Todas as outras corujas já tinham ido embora.

"parece uma brincadeira de mal gosto. Não dê importância." disse Rony, devolvendo o pergaminho enrolado.

"é... talvez seja..." Harry pega o pergaminho e guarda junto com as outras coisas.

"ei, vamos comprar o seu material? Cansei de ficar aqui deitado." disse Rony, pondo-se de pé.

"vamos..." - Harry também levanta.

...

No bar, poucas pessoas ocupavam as mesas. O movimento durante o dia era baixo se comparado à noite. Hermione andava por ali, procurando por Lupin. Ela tinha coisas a dizer a ele e sabia que estaria por ali. Então ela vê em uma das salas reservadas, Lupin e Molly. Rapidamente ela dá alguns passos até lá, mas pára ao ver que Dumbledore e Julius também estão por lá. O que estariam fazendo ali? Hermione ainda não confiava inteiramente naquele homem. Ela lembrava muito bem de como ele a assutou e como havia mentido ao dizer que ela não seria mandada para Azkaban. Se bem que ela realmente não foi... talvez ele já soubesse o que Dumbledore iria sugerir. Inclusive foi ele quem deu a última palavra para que ela voltasse para casa.

Enquanto pensava tudo isso, Dumbledore olha de relance pela porta e vê Hermione ali parada. Ele acena discretamente para ela como se estivesse chamando-a, que percebe e vai ao seu encontro. Julius olha pela porta para ver quem ele está chamando e a encara. Hermione o encara por uns poucos segundos, mas desvia o olhar para Dumbledore. Ela chega até a sala reservada e cumprimenta a todos.

"boa tarde, Hermione. Vai almoçar conosco?" disse Lupin.

"Não queria incomodá-los."

"não hesite. Sente-se! Não será incômodo nenhum a não ser que fique apenas olhando." disse Dumbledore. Hermione segura um sorriso e se senta entre Dumbledore e Julius. Era o último lugar vago. No canto da sala, estava a espada embainhada de Julius.

"espero que goste de anfíbios. Pedimos um prato variado, com diversos tipos..." disse Molly, olhando o cardápio.

"ah, claro. Pra mim está ótimo." disse Hermione.

"e você Julius? Aconselho que coma algo. Talvez não seja um lugar cinco estrelas, mas garanto que a cozinha é limpa e tudo é preparado com bastante atenção" dizia Dumbledore, amigavelmente.

"está bem. O senhor me convenceu. Mas não diga aos meus irmãos que comi... eles acham que estou de jejum." disse Julius, ajeitando sua cadeira. Aparentemente ele estava de saída.

"aqueles dois são seus irmãos?" foi a primeira coisa que Hermione pensou. Ela olha direto para Julius. Após uma pequena pausa, Julius responde com serenidade.

"eu os chamo assim."

"na verdade, senhorita Granger, são mais do que irmãos. Para fazerem parte da sagrada tríade, é preciso que haja uma forte ligação entre eles." explicava Dumbledore, ajeitando um guardanapo no colo. Hermione não diz mais nada e também ajeita o seu guardanapo.

O dono do estabelecimento chega com duas bandejas e distribui a comida pela mesa. Tinham estranhas carnes assadas e cozidas, molhos fumegantes e bebidas transparentes para acompanhar.

"ahh, parece estar ótimo" - disse Lupin, com água na boca. - "ao menos não tenho mais que almoçar o que eu mesmo preparo."

"até parece que vivia cozinhando. Umas duas vezes por semana você almoçava lá em casa." disse Molly.

"e almoçava muito bem. Eram os dias mais felizes"

"e você sabe que é sempre bem vindo!" disse Molly, satisfeita com o elogio.

"er... diretor..." - dizia Hermione, em voz baixa enquanto se servia. - "eu queria saber se já..."

"por favor, Alvo ou Dumbledore já está ótimo. Meus pais devem ter tido um grande trabalho para pensar nesse nome." dizia Dumbledore, deixando Hermione corada.

"er... sim... pelo menos aqui fora do colégio" disse Hermione

"obrigado"

"e quanto a mim, só Hermione ou então Granger."

"sem dúvida. Senhorita, só dentro do colégio."

"hehe, certo. Bem, eu queria saber se já descobriram algo sobre o Pecclar."

"Sim. Ele foi invocado. Não é uma criatura natural." - Julius disse subitamente, encarando o prato e dando uma mordida em algo que parecia uma coxa. Hermione olha para ele e Dumbledore continua comendo. Molly e Lupin conversavam alegremente. - "e estava sendo controlado. Não conseguimos saber quem o invocou nem quem o comandava, mas não foi o Riddle nem você..."

"eu sei que não fui eu." murmurou Hermione.

"...nem nenhum dos comensais conhecidos, presos ou soltos." Julius continuou explicando.

"e vocês têm alguma idéia de quem tenha sido?"

"não. Um pecclar não fala e o máximo que pudemos conseguir dele já conseguimos. Apenas recomendo que tome cuidado por onde anda. Eu estarei por perto para ajudar." disse Julius.

"assim como na audiência..." murmurou Hermione, enquanto tomava um gole.

"sim, assim como na audiência." - disse Julius. Por pouco Hermione não engasga. Ela não sabia que ele conseguia ouvir seus resmungos. - "estarei no colégio esse ano."

"então..." dizia Hermione, tirando suas próprias conclusões.

"sim. É a primeira vez que dou aulas, mas espero que tudo ocorra bem. Dumbledore me contou que eu não teria problemas com você ou com o Harry." dizia Julius.

"obrigada..."

"sei que será um excelente professor, Julius. Você foi um dos melhores alunos que já passaram pelo colégio." disse Dumbledore.

"obrigado"

"Você estudou em que casa?" Hermione teve um súbito interesse e não resistiu perguntar.

"Sonserina"

"ah..." e Hermione volta-se para seu prato. Nenhum dos sonserinos que ela conhecia eram pessoas boas e agora ela estava confusa. Ele parecia ser um bruxo digno, até porque chegou a se tornar cavaleiro de Merlin, membro da sagrada tríade. Um dos postos mais honrados que há.

"não gostamos muito de griffinórios, mas isso não vai influenciar em nada nas aulas." completou, Julius. Hermione olha surpresa pra ele, que permanecia sereno. Dumbledore ri.

"não se assuste, senhorita Granger. Um dos melhores amigos dele era da Griffinória. Pessoalmente reconheço que há uma certa rivalidade entre Sonserinos e Griffinórios, mas nem todos são assim."

"sim... senhor diretor!" disse Hermione, dando ênfase ao 'diretor'

"oh, perdão. Terrível mania a minha de achar que sempre estou no colégio." dizia Dumbledore. Hermione ri, mas ainda pensava no que Julius tinha dito. Por mais que Dumbledore confiasse nele, era difícil de ignorar aquilo que ele disse. Dumbledore também confiava no Snape...

O almoço transcorre num clima ameno. Julius é o primeiro a terminar e pede licença para sair, se desculpando por deixar a mesa cedo.

"perdão, mas eu preciso ir. Preciso encontrar meus irmãos." dizia Julius se levantando e pegando sua espada.

"Claro, fique à vontade. Nos encontraremos no colégio." disse Dumbledore. Molly e Lupin também se despedem dele. Julius sai, olhando de relance para Hermione que não deixa de notar e volta-se para Dumbledore.

"Senhor. Queria saber também sobre a ordem. O que houve?" disse Hermione, com voz apreensiva.

"Não sabemos." - e dumbledore fica com uma expressão fechada - "alguém entre nós nos traiu."

"alguém de fora não poderia ter descoberto a casa, de alguma maneira?"

"todos sabiam do risco extremo e sempre evitavam falar sobre a ordem como estamos falando agora, em local público." - dito isso, Hermione cora de novo. Dumbledore continua - "mas agora que não há mais a sede, podemos falar. Creio que nem você nem Harry tenham dito algo sobre isso, estou certo?"

"sim!" disse Hermione sem pestanejar. Ela realmente nunca disse uma palavra sobre a ordem para outra pessoa.

"então, sei que é impossível de alguém descobrir aquele lugar a não ser que tenha recebido informação de quem sabia do endereço. Estamos investigando os novos membros."

"e quem são?"

"muitos. Você conhece apenas Julius, mas existem muitos outros." disse Dumbledore, com pesar na voz.

"Julius?!" Hermione surpreende-se. Essa constante mudança de opinião a respeito do caráter dele estava deixando Hermione confusa.

"bem..." - Dumbledore dá um longo suspiro e se limpa com o guardanapo. - "o pior momento é quando você deve desconfiar dos amigos, Hermione, e Julius é um grande amigo meu. Eu estou passando pelo mesmo que Harry passou naquela noite, mas ele se saiu muito melhor que mim. O caso dele se resolveu rápido."

"..." - Hermione ficou em silêncio por um momento. - "e o senhor não tem certeza de que não possa ter sido Julius? Por que o chamou para ser professor?"

"hehe... eu tenho certeza de que não foi ele, mas isso não prova que não foi ele, não é verdade?" - e Dumbledore se levanta - "bem amigos, eu devo partir imediatamente. Vou preparar o colégio para mais um ano letivo."

"está bem, Dumbledore. Manteremos contato com você." disse Lupin.

"diretor..." disse Hermione, olhando para ele.

"sim, senhorita Granger?" disse Dumbledore dando ênfase no 'senhorita'

"hehe... er... eu acredito no senhor. Não foi ele." disse Hermione, meio sem jeito.

"obrigado" disse Dumbledore com um sorriso escondido na grande barba. Em seguida ele vai embora.

"ele quem?" disse Lupin, que estava ocupado durante a conversa, falando sobre os gêmeos. Hermione também levanta.

"eu tenho que comprar meu material. Até mais!" e Hermione sai correndo.

"...dumbledore pagou a conta?" disse Molly, procurando algum eventual saco de dinheiro deixado sobre a mesa.

enquanto corria, subindo as escadas, Hermione quase esbarra em Rony que vinha descendo junto com Harry. Eles param e olham um para o outro. Harry passa direto, apenas acenando para Hermione.

"...licença..." Hermione abaixa o olhar e continua subindo. Rony não diz nada, apenas acompanha Harry.

...

"duas brigas antes das aulas começarem... esse ano promete..." sussurrava Harry.

"o que disse?" perguntou Rony.

"nada não. Ah, olha só! parece que os alunos já estão começando a comprar o material!" disse Harry, apontando para as lojas do beco diagonal. As ruas estavam mais cheias que o normal. Devido ao maior número de calouros, estes receberam sua lista de material primeiro e grande parte deles já tinham comprado tudo, mas alguns pequenos alunos corriam por ali. Harry lembrou de seu primeiro ano e de quão excitado estava ao conhecer aquele lugar com Hagrid. Tudo parecia tão novo e interessante, mas hoje tudo parecia tão igual...

"sim, vamos nos apressar antes que levem tudo e os preços aumentem." disse Rony.

Os dois seguem para a loja de livros, que estava superlotada. O vendedor quase não conseguia encontrar a si próprio, tentando atender ao maior número de pedidos possíveis.

"livro padrão de feitiços!" - dizia um aluno. - "Magia através dos séculos!" - dizia outro aluno - "Hogwarts, uma história!" - dizia um terceiro - "tem gente que compra isso?" - pensava Rony.

Os dois procuram uma pequena brecha para entrarem na loja sem pisar nos pés de alguém. Claro que não obtiveram sucesso, mas pelo menos entraram. Eles sobem as escadas para a sessão dos livros mais avançados para sexto e sétimo ano. Lá estava bem mais calmo, porém tinha alunos duvidosos entre escolher herbologia ou adivinhação. Aritimancia ou transfiguração. Estudo dos trouxas ou trato de criaturas mágicas. Alguns chegavam a decidir apenas ao olhar o preço dos livros ou a quantidade de livros adotados. Harry e Rony seguem pelo longo corredor, olhando a lista de material e ouvindo os gritos desesperados lá embaixo que eram cada vez mais altos.

"vejamos... Teoria elementar da Transfiguração, de Herbert Lockhart. Esse sobrenome..." dizia Harry. Rony olhava na prateleira organizada em ordem alfabética e pega um exemplar novo em folha.

"e também, Introdução à metamorfose, de Julian Sollo, quinta edição" disse Harry, enquanto Rony procurava e pegava mais outro exemplar.

"pronto. Ufa! são pesados!" Dizia Rony, segurando os livros.

"você não vai pegar os seus?"

"eu vou usar os de Fred e Jorge. E Gina vai usar os meus. É uma edição mais antiga, mas é a mesma coisa... só muda uma figura aqui, outra ali..." dizia Rony.

"está bem... vejamos, hummmm... Técnicas intermediárias de Feitiços, de Arnold Gutemberg, e Complementos de Técnicas intermediárias de Feitiços, também de Arnold. Por que não faz um livro só?" disse Harry, olhando a lista de material.

"ughh... talvez porque o autor não saiba qual dos dois é o complemento..." disse Rony, pegando dois grandes e pesados livros que pareciam ter no mínimo mil páginas.

"Ah! Adoro isso! e o que é melhor, só tem um livro! A Arte negra e Contra Feitiços Avançados de Julianne MacMillian." disse Harry com um sorriso em seu rosto que desaparece assim que Rony o entrega os livros de feitiço. Ele procura na prateleira e pega.

"agora o psicopata do Snape. Compendium básico de Poções, volumes 1 e 2, de Armando Hung." dizia Harry, tentando não derrubar os livros. Rony procura pelos dois, imaginando serem outros dois livros gigantescos.

"achei. Não sei se devemos ir no quarto levar esses primeiro, para depois voltar aqui e pegar esses dois, ou se deveríamos levar tudo de uma vez..." dizia Rony.

"Bora levar tudo agora, senão pode ser que suma da prateleira. Não duvido que Snape tenha encantado esses livros pra sumirem quando eu chegasse perto deles." dizia Harry, pegando os livros de Transfiguração. Rony concentra o máximo de força para segurar os livros de poção.

"ainda falta um, mas não sei qual é o título. Acho que preciso fazer exame de vista." disse Harry, tentando ler a lista por trás dos livros que estava segurando.

"é melhor fazer um curso de línguas. É em francês!" disse Rony, lendo o título do livro.

"Mas eu não sei francês! Como vou ler um livro em francês se não sei francês?? Vou perguntar se eles têm alguma versão traduzida!" disse Harry, virando-se para a escada.

"acho melhor esperar outra hora para perguntar isso..." disse Rony, vendo que mais alunos chegavam à loja e que o vendedor era indistinguível entre as várias cabeças.

"aqui, podem ficar com essa." - disse alguém, entregando um livro nas mãos de Rony. Harry e Rony olham surpresos. - "eu ia ficar com esse, mas é o último"

"e, não vai fazer falta?" disse Harry.

"não, não. Eu queria praticar mais meu inglês, mas fico com o francês mesmo." disse o aluno, pegando o livro de poções em francês, na prateleira. Era um pouco mais alto que Rony, mas tinha cabelo curto bem escuro e pele ligeiramente morena. Suas vestes e seu sotaque lembravam a de um exótico indiano.

"que sorte Harry!" disse Rony, ajeitando os livros.

"muito obrigado. Não lembro de já ter visto você..." disse Harry.

"ah, mas eu conheço você. Ou pelo menos, estou conhecendo agora, Harry Potter." - disse o aluno, com uma expressão amigável enquanto examinava a cicatriz na testa de Harry. - "meu nome é Maxmilian Beltazar, aluno novo em Hogwarts. O cumprimentaria se tivesse alguma mão livre."

Nenhum dos dois tinham mãos livres.

"e você é..." disse Maxmilian, olhando para Rony.

"Ronald Weasley. Prazer"

"Me chamem de Max."

"Bem, Max... obrigado de novo. Nos vemos em Hogwarts." disse Harry, procurando os degraus para não cair.

"até mais!"

Os dois descem e lá embaixo travam uma dura batalha contra a multidão até chegarem no balcão. Após uma longa espera e muito esforço pessoal, conseguem pagar os livros e sair dali ilesos.

"Harry. Eu vou morrer." dizia Rony, carregando dois pacotes.

"eu também, mas tenho que comprar o caldeirão antes." - dise Harry, carregando mais dois. - "pense no lado bom. Vamos carregar os livros dentro dos caldeirões."

"isso! vai ser ótimo! Exceto que cada um deve pesar uns 25 quilos."

Harry e Rony seguem até a loja de caldeirões. Estava bem mais tranquila e eles deixam os pacotes no chão, para descansarem enquanto olham a lista de material. O vendedor estava entretido arrumando os produtos da vitrine quando uma voz irritante e bem conhecida dos dois começa a sibilar.

"cansado, Potter? Mal aguenta carregar uns livrinhos, gostaria de saber como vai fazer para lê-los"

"cai fora, Malfoy. Não vim aqui pra ver sua cara." disse Harry, que evitou olhar para trás. Rony encarava Draco com uma terrível expressão em seu rosto. Draco despertava nele tudo o que havia de ruim.

"vejo que não tem livros suficientes para os dois. O que vão fazer? Você vai dividir os seus livros com o Weasley? ah não, é mais provável que não tenham tirado notas suficientes nos NOM´s! que pena! Queria ver Snape humilhando vocês! hahaha" dizia Draco, pondo-se na frente de Harry e o encarando de forma desafiadora. Seu cabelo estava impecavelmente penteado e suas roupas mais imponentes que nunca. Parece que com a prisão do pai, Draco ficou com as características dele.

"Se quer saber, Malfoy, O Harry tirou Impressionante em todos os testes!" disse Rony, sem pestanejar. Ele achou que deveria dizer isso só para ver a cara de Malfoy no chão, mas Harry não achou uma boa idéia. Harry queria que o mínimo de pessoas soubessem disso. O sorriso idiota de Draco desaparece de seu rosto.

"mas é impossível" disse Draco.

"Impossível é o I que aparece no seu resultado, Malfoy" disse Rony, lembrando da sua irmã.

"eu não sei quem você teve que subornar, Potter, mas uma nota não significa nada. Quero ver se você vai ter capacidade para terminar os cursos que pretende fazer." disse Draco desafiadoramente.

"quem entende de subornos aqui é você, Malfoy" disse Harry.

"Eu não precisei pagar nem um sickle para ter os resultados que tive, Potter. A menor nota foi um Excelente."

"claro que não pagou um sickle pra isso! Com seu pai na cadeira, você não tem nem um centavo trouxa, Malfoy." disse Rony.

Imediatamente Malfoy avança contra Rony, segurando forte em sua camisa e jogando-o contra o balcão. Harry segura Malfoy pelos ombros e o puxa com força, derrubando-o em cima de vários modelos de caldeirões, espalhando todos pelo lugar. O dono da loja vê a confusão e sai da vitrine, aflito. Malfoy levanta, visivelmente nervoso e ofegante.

"NÃO FALE DO MEU PAI, SEU WEASLEY DE MERDA! VOCÊ NÃO TEM O MENOR DIREITO DE FALAR DO MEU PAI! POR SUA CAUSA MINHA MÃE TEVE QUE DESONRAR A IMAGEM DE MEU PAI! POR SUA CAUSA, EU TIVE QUE DESONRAR A IMAGEM DELE! E POR SUA CAUSA TAMBÉM, POTTER!" Draco gritava no meio da loja, pondo-se de pé e apontando na direção dos dois. Claramente ele estava fora de si.

"seu pai nunca teve honra, Malfoy. Ele nunca deveria ter se tornado um comensal." disse Harry, sem se intimidar com os gritos.

"VOCÊ VAI PAGAR CARO, POTTER. TODOS VOCÊS VÃO PAGAR COM A VIDA!" disse Draco, antes de sair da loja a largos passos. Na porta, Crabble e Goyle haviam acabado de chegar, carregando vários pacotes dentro de Caldeirões. Provavelmente estavam carregando as coisas de Draco também. Os três vão embora.

"meu Deus, o que houve aqui? Olha só pra isso. Digam por favor, o que vocês querem..." dizia o vendedor, arrumando os caldeirões derrubados.

"um caldeirão de estanho, tamanho padrão número 4, por favor..." disse Harry calmamente. Ele não pôde deixar de notar como Rony não parava de sorrir.

"Fomos incríveis, Harry! É a primeira vez que vejo o Malfoy irritado daquele jeito! Só faltou chorar! Ele ficou completamente louco, sem o pai dele por perto. Ele não é nada, sem o pai dele." dizia Rony.

"não sei não... do Draco, espero tudo." dizia Harry.

O vendedor pega dois caldeirões.

"er... só um..." disse Rony. Ele também iria usar o caldeirão dos irmãos.